quinta-feira, 7 de agosto de 2025

O Novo Homem


A verdade não exige mais do que fazer aliança com o homem; mas ela quer que seja com o homem puro, sem nenhuma mistura com qualquer coisa que não seja fixo e eterno como ela. Quer que esse homem se purifique e se regenere continuamente e por inteiro, na fonte do fogo e na sede da unidade; quer que a terra absorva os pecados dele todos os dias, (...); quer que tenha o corpo sempre pronto para a morte e os sacrifícios, a alma pronta para o exercício de todas as virtudes, o espírito pronto para entender todas as luzes e fazê-las frutificar para a glória da fonte de onde provêm; quer que se considere em todo o seu ser como um exército sempre em prontidão, prestes a marchar ao primeiro sinal; quer que tenha uma resolução e uma constância que nada possa alterar, e estando avisado de que continuando encontrará apenas sofrimento, porque o mal vai se oferecer a cada passo, que essa perspectiva não o detenha em sua marcha, e que dirija sua visão exclusivamente, para o marco que o espera ao fim do percurso. (...) Porque tão logo o interior do homem se lhe abre, ela é inundada por uma carga de alegria, (...) 

As vezes, não pede a ele mais que a privação de tudo o que é insignificante, e para esse sacrifício negativo, ela o suprirá de realidades. A primeira realidade é dar-lhe sinais de advertência e de preservação, a fim de que não tenha como Caim, razão para temer e dizer: quem me achar, me matará. Em seguida, põe sobre ele os sinais do terror, para que sua presença provoque medo e faça seus inimigos fugirem; finalmente ela o ornamenta com os sinais da glória, a fim de que possa fazer brilhar a majestade do seu mestre e receber por todos os lados as honoráveis recompensas que são devidas a um servidor fiel. (...) 

Para nos curar, a verdade possui um medicamento real, que sentimos fisicamente quando ela julga oportuno administrá-lo a nós. Esse medicamento é composto de dois ingredientes, de acordo com nossa enfermidade, que é uma mistura do bem com o mal e que apanhamos de quem não sabe se preservar do desejo de conhecer essa ciência fatal. É um medicamento amargo, mas é o seu amargor que nos cura, porque essa parte amarga, a justiça une-se ao que há de viciado em nosso ser para lhe trazer a retificação; então, o que há de sadio e vivo em nós, se une, por sua vez, ao que há de doce no medicamento, e obtemos saúde. (...)

É fácil constatar que esse medicamento não deve ser confundido com as atribulações terrenas, com as doenças do corpo, com as injustiças que podemos receber de nossos semelhantes e que mantêm nossa alma na angústia. Todas essas coisas são para punir a alma ou submetê-la à provação, mas não lhe dão mais que uma sabedoria temporária; ou por outra, só podemos receber a Vida Divina por preparações de mesma ordem; e o medicamento do qual falamos é essa preparação exclusiva. Feliz é aquele que perseverar até o fim, desejando-o e aproveitando-o todas as vezes que tiver a felicidade de experimentá-lo! Constatará desse modo que o homem pode ter grandes coisas a dizer, não necessariamente ditas por ele, e que ele deve esperar que o façam dizer ou escrever. Pois o orvalho que Deus faz descer no homem é todo composto de ações totalmente vivas, totalmente formadas, totalmente completas, como guerreiros armados dos pés à cabeça, ou como médicos poderosos, portando nas mãos a ambrosia, ou como anjos celestes todos brilhantes tanto no interior como no exterior, luzes puras e santas da vida; e o homem destinado as ser o objeto e o receptáculo de tantos benefícios percebe pela inteligência, no meio desse orvalho sagrado, a mão suprema de Deus resplandecente de glória, que quer tomá-lo como o termo dessa incomparável magnanimidade. Tanto isso é verdadeiro que a palavra divina não pode vir a nós sem criar, ao mesmo tempo, todo um mundo. Meu Deus, bem sei que sois a vida, e que não sou digno de que vos aproximeis de mim, que não sou senão desonra, miséria e iniqüidade. Sei bem que tendes uma palavra viva, mas que as trevas espessas da minha matéria impedem que os ouvidos de minha alma a ouça. 

Contudo, fazei entrar em mim em abundância essa palavra, para que seu peso possa contrabalançar a quantidade de vazio no qual está absorvido todo o meu ser, e que no dia do seu julgamento universal, o peso e a abundância de vossa palavra, possam me resgatar do abismo e me elevar até vossa santa morada; colocai nas diversas regiões e faculdades que me compõem, numerosos trabalhadores hábeis e vigilantes que desobstruam os canais de todas as suas imundícies e quebrem até mesmo as rochas que se opõem à circulação das águas; então a vida de vossas fontes puras e ativas em mim encherá meus rios até a borda; então criareis um mundo de espíritos em meu pensamento, um mundo de virtudes em meu coração e um mundo de poderes em minha ação, e será o todo - poderoso, o santificador universal, que sustentará, ele mesmo, todos os mundos em mim, nutrindo-os continuamente com suas próprias bênçãos.

Do Livro O NOVO HOMEM de Louis Claude de Saint Martin

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