quinta-feira, 31 de maio de 2018

NEO-GNOSTICISMO SOB ANÁLISE - parte 8 - Perguntas sobre Samael

Antes de começarmos uma demonstração de alguns problemas na obra de Samael temos que sinceramente refletir sobre algumas questões. Farei uma lista de que questões (aqui e em outras partes) de acordo com o que vou lembrando sobre tudo que li e os anos que dediquei a ouvir palestras, fazer parte de ordens e testar práticas, etc. Mas principalmente sobre o que Samael diz de si mesmo em seus livros e outras publicações. 
Primeiro de tudo vamos ao senso comum, ele se diz gnóstico, então vamos examinar isso.
Como alguém que se diz gnóstico desconhece os princípios mais básicos e gerais de todas as escolas gnósticas da antiguidade, o conceito dos termos utilizados, os significados de algumas informações que estão simbólicas em um livro mas que estão explicadas em outros e além disso usa o nome do maior "vilão" do gnosticismo Samael? 
Samael é o nome do demiurgo, Samael Yaldabaoth e Saclas são nomes do demiurgo, o deus falso que colocou os humanos na prisão desse mundo e ele diz que Samael era um anjo caído e que se ergueu e que esse é ele. Mas não existe esse tal anjo nem no gnosticismo nem no cristianismo (ele diz ser cristão também) a não ser em lendas medievais. Na tradição cristã e judaica Samael é o nome próprio do anjo que se tornou Satanás, o adversário. Então quer dizer que Satanás se converteu, que não existe mais Satanás porque ele "se levantou"?
Como pode recorrer a lendas espúrias de místicos, muitos deles satanistas assumidos ou não, para explicar sua origem e seu nome em vez de explicar como esse nome é usado nos escritos gnósticos? Ele desconhece os livros mais básicos do gnosticismo. E ele usa o nome Samael não como os gnósticos usavam. Samael, segundo as profecias permanece "caído" até o fim dos tempos, e será então condenado, então os profetas, João e até o próprio Deus errou nas previsões?
Na bíblia a questão do nome é muito importante e os que entendem de kabalah confirmam a importância de falar o nome correto em relação a culto. A bíblia fala que a salvação vem pelo nome de Jesus (Yeshua ou Yehoshwah em hebraico e aramaico). O samaelismo evoca um culto ao nome de um demônio ou do prórpio Satã já que Samael é este nome. Que intenção há por trás disso? Alguns rituais ditos gnósticos de Samael evocam o nome repetindo três vezes ou ainda repetindo chamando três vezes "Mestre Samael".
Como sendo um um dito mestre, que domina um tal estado de jinas (que lava o corpo à "quarta dimensão" e atravessa paredes e entra em qualquer lugar e aparece em qualquer lugar num piscar de olhos, segundo ele) e entra em contato com os ditos mestres antigos e as tais hierarquias divinas e não sabia onde estavam escondidos os manuscritos preservados? Será que tais mestres gnósticos não sabiam onde estavam as provas dos escritos gnósticos? Ou será que por algum poder ele sabia e não queria encontrar porque desmoronaria suas teorias e conceitos fajutos? 
Por que tendo tanto poder e dizendo também que o vaticano escondia os documentos originais ele não foi lá em estado de jinas e trouxe esses documentos e provou a verdade que salvaria tantas pessoas segundo ele? Ele é tão mal informado que nem sabia dos livros que o vaticano já tinha assumido que ainda possuia. Ele não adivinhou onde estavam os manuscritos escondidos em cavernas Nag Hammadi nem que iriam ser achados e ainda desconhecia os achados disponíveis de sua época. Ele contradiz quase tudo que foi escrito pelos verdadeiros gnósticos antigos e não sabia sequer o conteúdo de tais escritos, além de distorcer completamente o significado dos que conhecia segundo suas próprias teorias sobre kundalini e tantra provindas do hinduísmo. Que tipo de gnóstico é esse?
Como faz uma edição comentada da Pistis Sofia dando significados absurdos em certas partes e ainda cometer erros em relação a nomes de pessoas no livro, confundir personagens? No meio do trabalho profetiza que terminará e morre antes. Como pode ser creditado tal "mestre", falso cristo (se dizia um cristo), falso profeta, pois várias de suas profecias, não só essa falharam? Inclusive profecias do fim dos tempos como todo fanático de si mesmo que se acha o iluminad; as falsas profecias são um claro sinal de um enganador ou enganado, um falso profeta.
Porque se levantarão falsos cristos, e falsos profetas, e farão sinais e prodígios, para enganarem, se for possível, até os escolhidos. - Marcos 13:22
E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. - 2 Pedro 2:1
Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. - Mateus 7:15
E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre. - Apocalipse 20:10
Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência, A qual professando-a alguns, se desviaram da fé. A graça seja contigo. Amém. - 1 Timóteo 6:20,21

quarta-feira, 16 de maio de 2018

HISTÓRIA DAS IGREJAS CRISTÃS DESDE A ORIGEM 4 - CAPÍTULO VII


OS ANABATISTAS DO SÉCULO XVI 

Tenho visto muitos historiadores da Igreja tentando responder erroneamente a questão de onde vieram os anabatistas do século XVI. A resposta correta é simples: Não vieram, já estavam. O movimento anabatista do século XVI é uma continuação dos movimentos anabatistas que atravessaram toda a Idade Média. Os costumes são iguais; a doutrina é a mesma; os membros tinham a mesma característica diante da sociedade. O fato de sabermos mais sobre os anabatistas do século XVI do que os anabatistas da Idade Média, não se deve ao fato de estarmos incertos sobre a existência dos últimos. Deve-se ao fato de que agora já tinham inventado a imprensa. E também, com a divisão do catolicismo no advento da Reforma, teríamos informações oficiais de dois lados, o catolicismo e o protestantismo. Além do que o século XVI está bem mais próximo de nossa época que o século IV. Pense bem: O que você sabe sobre o papa Silvestre do século IV? Quase nada. Que tal verificar na sua memória o que você sabe sobre Lutero, Cabral, e outros que viveram no século XVI? Tenho certeza que as informações sobre os últimos são bem mais amplas. Porque seria diferentes com os anabatistas? 

A ORIGEM DOS ANABATISTAS DO SÉCULO XVI 

Admitir que os anabatistas atravessaram toda a idade média, mesmo que levando outros nomes, não é uma tarefa fácil. Para a igreja católica admitir isso ela estará afirmando sua exclusão em 225, além do que, que não é a igreja mais antiga. Para os protestantes - principalmente luteranos e presbiterianos - é dizer que não foram seus patronos Lutero e Calvino os resgatadores da verdade. 

Os anabatistas tem sua origem nas igrejas anabatistas que conseguiram escapar da perseguição católica durante o período das Trevas, que vai desde século IV até o século XVI. Apesar de terem outros apelidos além de anabatistas, estas igrejas eram o verdadeiro cristianismo, e todas, sem exceção, eram chamadas de "anabatistas". 

SUAS CARACTERISTICAS ORGANIZACIONAL E DOUTRINÁRIA

O historiador A.G. Dickens, no seu livro A Reforma, pg 131- 140-141, faz um relato muito significativo sobre a origem, organização e doutrina dos anabatistas do século XVI. Ele não defende os anabatistas, mas também não pode negar o fato de serem eles um grupo de cristãos totalmente diferente do catolicismo e protestantismo. Eis o relato de Dickens: 

"Em que sentido pode o anabatismo ser chamado de um movimento? Não podemos certamente falar de uma reforma anabatista como falamos de uma reforma luterana, zuingliana ou calvinista. Os anabatistas não tinham nenhum chefe espiritual, nenhum código de doutrina largamente aceito, nenhum órgão central dirigente (eram independentes). Não influenciaram os governos, não modelaram as sociedades nacionais, não conservaram uma administração política. Nessa comunidade marginal (ao lado) de crentes, a disciplina não limitava apenas ao batismo. A confissão de Schleitheim, um de seus documentos mais largamente divulgados, redigida em 1527, talvez pelo mártir Miguel Satler, reduz-se a sete artigos: O batismo, diz-se, só será concedido aos que conheceram o arrependimento e mudaram de vida, e que entrem na ressurreição de Jesus Cristo. Os que estão no erro não podem ser excomungados antes de advertidos por três vezes, e isto deve-se fazer antes do partir o pão, de maneira que uma igreja pura e unida se reuna. A ceia do Senhor é só para os batizados, e é um serviço comemorativo. Os membros devem deixar o culto papista (católico) e antipapista (protestante), não tomarem parte dos negócios públicos (que eram na sua maioria imoral), renunciam a guerra e as diabólicas e anticristãs armas de fogo. Os pastores devem ser sustentados pelas congregações, afim de poderem ler as escrituras, assegurar a disciplina da igreja e dirigir a oração. Se um pastor é expulso ou martirizado, deve imediatamente ser substituído, e ordenado outro, para que o rebanho de Deus não seja destruído. A espada destina-se aos magistrados temporais, a fim de poderem castigar os maus, mas os cristãos não devem usá-la, mesmo em legítima defesa, como também não devem recorrer à lei ou tomar o lugar dos magistrados. São proibidos os juramentos." 

O estudante deste tratado pode comparar o elo que liga os anabatistas do século XVI aos dos séculos anteriores e aos batistas. São o mesmo povo. Olhe bem para os artigos de fé acima mencionados. Compare com as doutrinas dos batistas. Existe alguma coisa que não está de acordo? São todos o mesmo povo. Todos eram e devem ser verdadeiros seguidores das Escrituras Sagradas.

AS DIVISÕES ENTRE OS ANABATISTAS DO SÉCULO XVI

Muitos há que condenam o movimento anabatista do século XVI dizendo que eles por algum tempo apelavam para a violência. Os que assim pensam se esquecem que toda igreja tem seu lado ruim. Veja a Igreja de Jesus. Não havia lá o Judas? Era Judas o verdadeiro representante da igreja ou um membro errado? Sim, os anabatistas tiveram membros e pastores que não honravam suas doutrinas. E eram justamente aqueles que estavam misturados com as revoluções luteranas, calvinistas e zuinglianas. Foi o caso de Melchior. Dickens afirma no seu livro A Reforma, pg 142 sobre ele: 

"Pode-se dizer que a Confissão de Schleitheim, no seu conjunto, contém muitas posições características e que era aceite pela maior parte dos anabatistas. Fora dela havia muitos preceitos religiosos ou sociais não aceites por todos eles e sujeitos a controvérsias. Doutrinas não incluídas na confissão eram rigorosamente sustentadas por certas comunidades, como a cristologia Melchiorita." 

Para quem não sabe Melchior Hoffiman é acusado de ser anabatista e de fazer um levante contra o Estado de Lutero na Alemanha. Dickens considera-o "sectários e extremistas à margem do anabatismo" (A Reforma pg 143). O historiador Christian diz que ele nunca foi um anabatista. 

Hoje estamos vivendo uma situação parecida. São batistas aqueles que se dizem batistas e não honram os artigos de fé bíblicos? São batistas os batistas que acreditam na salvação pelas obras? São batistas os que acreditam na salvação pela guarda do sábado? Porém na parede da frente de suas igrejas está escrito: Igreja Batista. É batista quem realmente vive como um batista deve viver. Foi o caso dos anabatistas do século XVI. Uma maçã podre não invalida as maçãs boas. 

OS ANABATISTAS E LUTERO 

Os anabatistas do século XVI e o reformador católico Martinho Lutero escreveram uma página especial do cristianismo neste período. Quando Lutero iniciou o seu movimento encontrou nos anabatistas um apoio antipapista. Tinham de comum o fato de saberem que o papa era um servo de Satanás. Muitos anabatistas migraram-se para a Alemanha animados com o discurso antipapista de Lutero. A decepção não demorou a chegar. Quando Lutero conseguiu o poder temporal ele passou a perseguir os anabatistas. Primeiro usando discursos inflamados. Depois usou a intimidação. E por fim, usou a força. Para decepção de muitos de seus admiradores, Lutero não ficou devendo nada a nenhum papa em questão de crueldade contra os anabatistas. Veja alguns relatos sobre a perseguição de Lutero aos camponeses anabatistas feitas pelo escritor Stefan Zweig em seu livro Os caminhos da Verdade, páginas 184 e 198: 

"Lutero abraçava, sem restrições e definitivamente, a causa da autoridade contra o povo. O asno, dizia ele, precisa de pauladas; a plebe deve ser governada com a força... Iniciava-se já a perseguição aos livres pensadores e aos dissidentes, instaurava-se a ditadura do partidarismo... Arrancava-se a língua aos anabatistas, atenazavam-se com ferros candentes e condenavam-se a fogueira como hereges os pregadores, profanavam-se os templos, queimavam-se os livros e incendiavam-se as cidades." 

Lutero não pode ser visto como um defensor da causa de Deus. Tampouco alguém que resgatou o direito de ler a Bíblia. Não, de forma alguma. Ditadores não são homens de Deus. Homens que matam por causa de doutrina não são homens de Deus. Não vemos Jesus arrancar a língua de ninguém para pregar o evangelho. Porque então seus pregadores agiriam dessa forma? Lutero perseguiu os anabatistas porque estes não se sujeitaram a seus caprichos de ditador. 

Em Abril de 1525, por ordem de Lutero, o qual chegou a redigir um panfleto, numa linguagem violenta contra os anabatistas, pediu que seus súditos colocassem fim na desordem anabatista que atormentava o seu país. Naquele mês mais de cem mil anabatistas morreram assassinados pelos soldados luteranos. Essa é a verdadeira história sobre os anabatistas e Lutero. 

OS ANABATISTAS E CALVINO 

A relação entre Calvino e os anabatistas do século XVI não foram diferentes da que houve com Lutero. Todo revolucionário tem a tendência de se tornar um ditador. Aconteceu primeiro com Lutero na Alemanha. Pouco depois aconteceu com Calvino na cidade de Genebra. Nos livros que temos sobre a reforma não se pode esconder os atos de atrocidades que Calvino cometeu contra feiticeiros, humanistas e aos anabatistas residentes em sua cidade. No livro O Cristianismo Através dos Séculos, pg 254, diz que: 

"Para garantir a eficácia de seu sistema (o sistema de uma cidade santa), Calvino estabeleceu penalidades severas. Vinte oito pessoas foram executadas e setenta e seis exiladas em 1546." 
Temos o relato de uma testemunha ocular dos fatos, chamado Sebastião Castellio, que fora um pastor Calvinista e tornou-se depois um humanista, abandonando seu ministério devido a evidências tais quais temos a seguir: 

"Revolta-me o exemplo de como se procede nesta cidade o emprego da violência contra os anabatistas. Eu mesmo vi arrastarem para o cadafalso uma mulher de oitenta anos com sua filha, esta mãe de seis filhos, que não cometeu outro crime senão o de negar o batismo das crianças." (Extraído do livro Uma Consciência Contra a Violência, página 115). 

Se Calvino fosse um homem de Deus certamente agiria como a Bíblia ensina. Saberia que somente teremos uma cidade perfeita quando estivermos no céu. Saberia conceder a liberdade religiosa a seus concidadãos. Saberia que lugar de pastor não é no comando de cidades e sim conduzindo o seu rebanho. Quem manda matar a mãe de seis crianças por não aceitarem o erro do batismo infantil não pode ser um homem da dispensação da graça. Os verdadeiros batistas não tem nada a ver com o calvinismo. 

OS ANABATISTAS E ZUINGLIO 

Zwinglio foi um grande reformador e da mesma época que Lutero. Zurique foi a cidade que ele escolheu para fazer notório o seu movimento reformador. Muitos anabatistas foram para lá pensando justamente na liberdade religiosa que os reformadores pregavam antes de se tornarem cruéis ditadores. No começo houve uma grande amizade entre os anabatistas (principalmente os valdenses) e os simpatizantes de Zwinglio. Muitos anabatistas inclinaram-se para o zwinglianismo, principalmente em setembro de 1532. Parece que a maioria dos valdenses seguiram Zwinglio por este tempo. Mas foram decepcionados. Zwinglio aceitou a adesão dos que queriam, mas condenou aqueles que não quiseram se juntar a ele.

Assim que Zurique ficou em suas mãos, Zwinglio iniciou uma perseguição contra os indomáveis anabatistas. Por sua ordem o senado promulgou uma lei, segundo a qual, aquele que se atrevesse a batizar alguém que tivesse sido batizado antes, na infância, fosse afogado. Suas idéias se espalharam por todas as cidades suíças de ascendência alemã, e consequentemente, nestes lugares, os anabatistas eram afogados por batizarem seus membros. 

PORQUE OS ANABATISTAS NÃO SE UNIRAM COM OS REFORMADORES?

Uma igreja que representa a pura doutrina deixada pelo Senhor Jesus não poderia se unir com nenhum movimento reformador do século XVI. Primeiro porque como o próprio nome diz, era uma reforma da igreja Católica. Se queriam reformá-la é porque admitiam que ela era uma igreja de Jesus, quando na verdade tinha deixado de ser desde 225. Segundo porque quando os reformadores vieram da igreja Católica não houve entre seus pastores iniciantes uma conversão de seus pecados. O que houve foi uma convicção da parte deles de que a igreja católica estava errada. Até os católicos tinham essa convicção. Terceiro que, não se convertendo, também não foram e nem podiam ser batizados, ordenança pela qual um crente professa publicamente que está aceitando Jesus e sua Igreja. Se não foram batizados com que autoridade podiam ministrar o batismo ou passar esta autoridade a outros? 

As igrejas que saíram da reforma cometiam erros que jamais podiam ser aceitos como sendo realizados pela igreja de Jesus. O primeiro é o batismo infantil. Todas as igrejas da Reforma batizavam crianças recém-nascidas. A Igreja de Jesus nunca realizou e nem permitiu o batismo infantil. O segundo erro é a formação de uma igreja oficial. Por exemplo: Luterana na Alemanha; Anglicana na Inglaterra; Presbiteriana na Escócia; Jesus nunca quis casar sua igreja com o Estado. Antes ensinou: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". Terceiro é a formação de uma hierarquia dentro da igreja, colocando uma igreja acima da outra e pastores comandando outros pastores. O quarto erro é o uso de armas para impedir a liberdade religiosa e se meter em guerras contra católicos. O quinto erro é o de praticarem o batismo por aspersão e não por imersão. Por estes e outros motivos os anabatistas jamais poderiam ter se aliado com as igrejas da reforma. 

A OPNIÃO DE HISTORIADORES DA IGREJA SOBRE OS ANABATISTAS 

Apesar de não concordar com os historiadores convencionais a respeito da história dos anabatistas (pois eles tratam os tais como dissidentes e hereges), penso ser importante a opinião destes homens sobre os anabatistas. 

A opinião de A.G. Dickens, no livro a Reforma: 
"Durante os últimos anos fizeram-se estudos que nos levam a ver com novo respeito o sopro do idealismo cristão que alimentava os anabatistas. As horríveis crueldades de que foram alvo por parte dos católicos e dos protestantes chocam mesmo aqueles que os estudos dos costumes do século XVI endureceu... a maioria destes sectários era constituída por homens sinceros e pacíficos, que teriam podido ser dirigidos sem recorrer ao fogo e ao afogamento... Haveria muito a dizer, se nos quiséssemos referir aos seus descendentes espirituais, as seitas do século XVII, da Inglaterra e da Nova Inglaterra (os batistas e menonitas), e para podermos afirmar que os anabatistas deram grande contribuição a liberdade religiosa e cívica." (página 143). 

"Uma revisão realista obriga-nos a acrescentar que nenhuma outra seita religiosa mostrou maior heroísmo passivo, face à perseguição." (página 141). 

Quando afirmamos que os anabatistas são os sucessores autênticos dos apóstolos não estamos idealizando uma fantasia. Estamos relatando uma verdade que jamais será publicada nos livros de história eclesiástica.

Autor: Pastor Gilberto Stefano 
Igreja Batista da Fé, 
Rua Jamil Dib Lufti, nr. 165 
Jardim Santa Clara 
17500-000 Marília, São Paulo 
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br
http://www.palavraprudente.com.br/estudos/gilberto_s/historiaigreja/cap07.html

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Os Waldenses e a Bíblia - parte 2

Verdadeira Bíblia e Verdadeira Igreja Inseparáveis

Por Élder Robert L. Webb

Um estudo cuidadoso da história dos antigos waldenses, e dos textos e traduções da Bíblia, revela claramente quão inseparável é a verdadeira Bíblia da verdadeira Igreja. Talvez isso pareça óbvio, mas achamos que deveria encorajar a Igreja em sua lealdade ao Texto Recebido, e sua melhor tradução para o inglês, a Versão do Rei Jaime [King James]. Nós também soamos uma advertência solene aos desinformados: "Não considerem as quase 100 traduções modernas e paráfrases feitas de textos corruptos como a palavra inspirada de Deus!"

Recentemente adicionamos várias das mais antigas traduções inglesas das escrituras do Novo Testamento à nossa coleção, incluindo reimpressões da versão original do King James de 1611, uma edição de 1607 do Novo Testamento de "Genebra", o Novo Testamento de 1526 Tindale e um manuscrito de 1388 do Novo Testamento de Wickliffe. Nós também adicionamos livros de Jean Leger (1669), George S. Faber (1838) e William S. Gilly (1824) à nossa coleção de livros sobre os antigos Waldenses e Albigenses. Veja o Apêndice neste panfleto para uma lista completa de acervos da Biblioteca Batista Primitiva sobre o assunto da história dos Valdenses. [Ou busque através do site de onde esse texto foi traduzido.]

Desejamos citar um livro intitulado Our Authorized Version Vindicated, copyright 1930, de Benjamin G. Wilkinson, que (sendo adventista do sétimo dia) não pode ser acusado de ser parcial para nós. O Sr. Wilkinson escreveu:

. . . ao longo dos séculos, havia apenas dois fluxos de manuscritos. A primeira corrente que levou o Texto Recebido em hebraico e grego, começou com as igrejas apostólicas, e reaparecendo em intervalos da Era Cristã entre os crentes iluminados, foi protegida pela sabedoria e erudição da igreja pura em suas diferentes fases; por tais como a igreja em Pella na Palestina, onde os cristãos fugiram, quando em 70 d.C. os romanos destruíram Jerusalém; pela Igreja síria de Antioquia, que produziu bolsa de estudos eminente; pela Igreja Itálica no norte da Itália; e também ao mesmo tempo pela Igreja Gálica no sul da França e pela Igreja Celta na Grã-Bretanha; pelo pré-waldense, o waldense e as igrejas da Reforma. Este primeiro fluxo aparece, com muito pouca mudança, nas Bíblias Protestantes de muitas línguas, e em inglês, naquela Bíblia conhecida como a Versão King James, a que tem sido usada por trezentos anos no mundo de fala inglesa.
O segundo fluxo é pequeno de muito poucos MSS [(manuscritos)]. Estes últimos manuscritos estão representados: (a) Em grego: - O Vaticano MS, ou Codex B, na biblioteca de Roma; e o Sinaítico, ou Códice Aleph, seu irmão (no Museu Russo em Moscou). (b) Em latim: - A Vulgata ou a Bíblia latina de Jerônimo. (c) Em inglês: - A Bíblia jesuíta de 1582, que depois com grandes mudanças é vista no Douay, ou Bíblia Católica. (d) Em inglês novamente: - Em muitas Bíblias modernas que introduzem praticamente todas as leituras católicas da Vulgata latina que foram rejeitadas pelos Protestantes da Reforma; Entre esses, destacam-se as Versões Revisadas .-- pp. 12, 13.

Mas vejamos o que os waldenses acreditavam, de acordo com seu próprio historiador Jean Leger. Wilkinson, página 32, diz:
Este nobre estudioso de sangue waldense foi o apóstolo de seu povo nos terríveis massacres de 1655, e trabalhou inteligentemente para preservar seus antigos registros. Seu livro, a História Geral das Igrejas Evangélicas dos Vales do Piemonte, publicado em francês em 1669, e chamado de "escasso" em 1825, é o objeto precioso dos pesquisadores acadêmicos. É a minha sorte ter esse mesmo livro diante de mim. Leger, quando ele chama (Robert) a Bíblia francesa de Olivetan de 1535 "inteira e pura", diz: "Eu digo 'puro' porque todos os antigos exemplares, que antes eram encontrados entre os papistas, estavam cheios de falsificações, o que fez Beza Em seu livro sobre Homens Ilustres, no capítulo sobre os waldenses, deve-se confessar que foi por meio dos waldenses dos Vales que a França hoje tem a Bíblia em sua própria língua. Esse homem piedoso, Olivetan, no prefácio de sua Bíblia, reconhece com gratidão a Deus, que desde o tempo dos apóstolos, ou seus sucessores imediatos, a tocha do evangelho foi acesa entre os waldenses (ou os habitantes dos Vales dos Alpes, dois termos que significam o mesmo ), e desde então nunca foi extinto ". --Leger, História Geral das Igrejas Waldenses, p. 165.
Wilkinson também mostra (pp. 42-43) que Erasmo reconheceu duas correntes paralelas de Bíblias:

OS DOIS FLUXOS PARALELOS DAS BÍBLIAS


Apóstolos (Original) / Apóstatas (Originais Corrompidos)

Texto recebido (grego) / Sinaiticus and Vaticanus Bible (Greek)

Bíblia Waldense (Itálico) / Vulgata (latim). Igreja da Bíblia de Roma.

Erasmus (Texto Recebido Restaurado) / Vaticanus (grego).

Bíblia de Lutero, holandês, francês, italiano, etc., (do texto recebido). / Francês, espanhol e italiano (da Vulgata).

Tyndale (Inglês) 1535 (do texto recebido). / Reims (em Inglês) da Vulgata (Bíblia Jesuíta de 1582).

Rei James, 1611 (do Texto Recebido) Movimento de Oxford. / Westcott & Hort (B e Aleph). Revisto em 1901.

Isto deve ser suficiente para persuadir o leitor a não considerar estas duas correntes de Bíblias igualmente puras ou boas. Acreditamos que as traduções que surgem dos textos corrompidos têm sido amplamente responsáveis ​​por desvios de muitas das doutrinas mais essenciais da fé cristã, isto é, a criação, inspiração plenária e preservação das escrituras, a divindade e nascimento virginal de Jesus Cristo, e a ressurreição dos mortos. Os batistas ingleses e galeses, tendo surgido dos anabatistas, que eram descendentes dos waldenses, foram apoiantes de traduções feitas a partir do textus receptus. O mesmo pode ser dito dos primeiros batistas na América. Não encontramos evidências de que a tradução de Wickliffe tenha ganho muito favor ou apoio deles. A tradução inglesa de Wickliffe foi feita a partir da Vulgata latina, ele ignorando grego e hebraico. A "Grande Reforma" que se seguiu mais de um século após a morte de Wickliffe não transformou a Bíblia Católica na "verdadeira Bíblia"; [nem a] Igreja [(saida da católica)] na "igreja verdadeira". Como mostrado acima, os reformadores protestantes e os waldenses se recusaram a usar os manuscritos católicos (Vulgata ou Vaticano). Não afirmamos que a versão King James é a única tradução que pode ser chamada de palavra inspirada de Deus, mas sim que o Texto Recebido é a única base subjacente para qualquer tradução do Novo Testamento passada, presente ou futura que deve ser assim considerada pelos cristãos. Traduções do Texto Recebido foram feitas na maioria das principais línguas do mundo.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

A impossibilidade do cálculo econômico na comunidade socialista


O cálculo econômico na comunidade socialista
Por Ludwig von Mises

Mas será que estamos realmente abordando as inevitáveis consequências
da propriedade comunal dos meios de produção? Não há
um meio através do qual algum tipo de cálculo econômico possa ser
associado a um sistema socialista?

Em todas as grandes empresas, cada seção possui, de certa forma,
uma independência em sua contabilidade. Cada seção é capaz de calcular
e comparar os custos da mão-de-obra com os custos dos materiais,
o que torna possível que cada grupo individual atinja um determinado
equilíbrio e classifique, por meio de uma abordagem contá-
bil, os resultados econômicos de sua atividade. Pode-se assim apurar
qual foi o sucesso que cada seção em particular obteve, bem como
tirar conclusões quanto à necessidade de haver reorganizações, cortes
de despesas, abolição ou expansão de grupos existentes, ou até mesmo
a criação de novos. Reconhecidamente, alguns erros são inevitáveis
em tais cálculos. Eles surgem parcialmente em decorrência das dificuldades
de se alocar as despesas gerais. Já outros erros surgem da
necessidade de se calcular aquilo que, sob vários pontos de vista, não
constitui dados rigorosamente determináveis — por exemplo, quando,
ao se avaliar a lucratividade de um dado método de produção,
calcula-se a depreciação das máquinas baseando-se na hipótese de
elas terem uma durabilidade já pré-determinada. Ainda assim, todos
esses erros podem ser considerados ínfimos, de modo que eles não
atrapalham o resultado líquido do cálculo. O que restar de incerto vai
entrar no cálculo da incerteza das condições futuras, que afinal é uma
característica inevitável da natureza dinâmica da vida econômica.

Seguindo-se essa lógica, pode ser tentador querer fazer — por meio
de analogias — estimativas e valorações individuais para determinados
grupos de produção no estado socialista. Mas isso seria totalmente
impossível, pois cada cálculo econômico para cada seção individual da
mesma empresa só pode ser feito se houver um livre mercado de forma-
ção de preços. É exatamente nas transações de mercado que os preços
de mercado — a serem tomados como base para todos os cálculos —
são formados para todos os tipos de bens e mão-de-obra empregados.
Onde não há um livre mercado, não há mecanismo de preços; e sem um
mecanismo de preços, é impossível haver cálculo econômico.

Alguns podem imaginar que é possível uma situação na qual a troca
entre determinados ramos de negócios seja permitida a fim de se
obter o mecanismo que determina as relações de troca (preços) e, com
isso, criar uma base para o cálculo econômico, mesmo na comunidade
socialista. Dentro da estrutura de uma economia uniforme, na
qual não há propriedade privada dos meios de produção, cada grupo
trabalhista é constituído de maneira independente, porém todos
continuam subjugados e tendo de se comportar de acordo com as diretivas
expedidas pelo supremo conselho econômico. Não obstante,
cada grupo trabalhista iria ofertar serviços e bens materiais ao outro
grupo somente em troca de algum pagamento, que teria de ser feito
utilizando-se o meio geral de troca. Grosso modo, quando se fala
da completa socialização da economia, é dessa maneira que algumas
pessoas imaginam como seria a organização da gerência socialista
dos negócios. Mas ainda não chegamos ao ponto crucial. Relações
de troca entre bens de produção somente podem ser estabelecidas se
estiverem baseadas na propriedade privada dos meios de produção.
Quando o “sindicato dos carvoeiros” fornece carvão ao “sindicato dos
metalúrgicos”, nenhum preço pode ser formado, exceto se ambos os
sindicatos forem os donos dos meios de produção empregados em
seus respectivos negócios. Isso não seria um socialismo, mas, sim,
um sindicalismo ou um capitalismo trabalhista.

Para aqueles teóricos socialistas que se fundamentam na teoria do
valor trabalho, o problema, obviamente, é realmente muito simples.
Segundo Engels,

Tão logo a sociedade se aposse dos meios de produção e
ponha-os a produzir em sua forma diretamente socializada,
o trabalho de cada indivíduo, por mais diferente que
sua utilidade específica possa ser, se transforma a priori e
diretamente em trabalho social. A quantidade de trabalho
social investida em um produto não precisará, a partir
de então, ser estabelecida indiretamente; a experiência
diária imediatamente nos dirá quanto será necessário, na
média. A sociedade poderá simplesmente calcular quantas
horas de trabalho são empregadas em uma máquina a
vapor, na colheita de um determinado volume de cereais
e em 100 jardas de linho de uma dada qualidade... Certamente
a sociedade também terá de saber quanto trabalho
será necessário para produzir qualquer bem de consumo.
Ela terá de arranjar seu plano de produção de acordo com
a disponibilidade de seus meios de produção — e, é claro,
a força de trabalho cai nessa categoria. As utilidades dos
vários bens de consumo, ponderadas entre si e em rela-
ção à quantidade de trabalho requerida para produzi-las,
irão em última instância determinar o plano. O povo irá
simplificar tudo, sem a mediação do famigerado “valor”(1).

Não é nossa tarefa aqui reafirmar as objeções críticas à teoria do
valor-trabalho. Neste ponto, elas podem nos interessar apenas na medida
em que nos permitem julgar a possibilidade de fazer do trabalho
a base dos cálculos econômicos em uma comunidade socialista.
À primeira vista, o cálculo em termos do trabalho também leva
em consideração as condições naturais — isto é, não humanas — da
produção. A lei dos retornos decrescentes já está incluída no conceito
marxista do tempo de trabalho socialmente necessário, uma vez
que a variação das condições naturais de produção altera o cálculo do
trabalho. Por exemplo, se a demanda por uma mercadoria aumentar,
e isso consequentemente fizer com que recursos naturais piores tenham
de ser explorados, então o tempo médio do trabalho socialmente
necessário para a produção de uma unidade irá aumentar também.
Se recursos naturais mais favoráveis forem descobertos, a quantidade
de trabalho socialmente necessário irá diminuir.(2)

 Essa consideração acerca das condições naturais de produção somente será válida se puder
ser refletida na quantidade de trabalho socialmente necessário.
Mas é nesse aspecto que a valoração em termos do trabalho se
mostra inadequada. Ela não leva em conta o emprego dos fatores
materiais de produção. Suponhamos que a quantidade de tempo de
trabalho socialmente necessário requerido para a produção de duas
mercadorias, P e Q, seja de 10 horas cada. Além disso, além do trabalho
requerido, a produção tanto de P quanto de Q exige o uso da
matéria-prima A, sendo que uma unidade desta é produzida em uma
hora de trabalho socialmente necessário; 2 unidades de A e 8 horas
de trabalho são utilizadas na produção da P, e uma unidade de A e 9
horas de trabalho são utilizadas na produção de Q. Em termos de
trabalho, P e Q parecem ser equivalentes, mas não são. Em termos de
valor, P vale mais do que Q. Somente essa última desigualdade corresponde
à essência e ao propósito do cálculo econômico. É verdade
que este excedente — o fato de P valer mais do que Q, de acordo com
o cálculo de valor — é um substrato material “fornecido pela natureza
sem qualquer adição humana”.(3)
 Ainda assim, o fato de tal bem existir
apenas em quantidades não-abundantes, o que necessariamente obriga
um uso mais frugal, tem de ser levado em conta, de uma forma ou
de outra, no cálculo do valor.
O segundo defeito do cálculo em termos de trabalho é que tal mé-
todo ignora as diferentes qualidades do trabalho. Para Marx, todo trabalho
humano é economicamente do mesmo tipo, pois ele é sempre
“o dispêndio produtivo do cérebro, dos músculos, dos nervos e das
mãos humanas.” (4)

O trabalho qualificado nada mais é do que um trabalho
simples que foi intensificado ou mesmo multiplicado.
Destarte, uma quantidade pequena de trabalho qualificado
é igual a uma quantidade grande de trabalho simples.
A experiência mostra que o trabalho qualificado sempre
poderá ser traduzido em termos de trabalho simples.
Não importa que uma dada mercadoria seja o produto do
trabalho mais altamente capacitado — seu valor sempre
poderá ser equiparado ao valor daquela que é produto de
um trabalho simples, de modo que ela representa meramente
uma quantia definida de trabalho simples.
Böhm-Bawerk não está muito errado quando diz que esse argumento
é “um truque teórico espantosamente ingênuo”. (5)

 Para julgarmos a visão de Marx nem é preciso averiguarmos se existe uma medida fisiológica
uniforme para todo o trabalho humano, seja ela física ou “mental”.
Pois é certo que existe entre os homens graus variáveis de capacidade
e destreza, o que faz com que os produtos do trabalho tenham
qualidades variáveis. Ao decidirmos se é válido fazer cálculos em termos
de trabalho, o que deve ser verificado é se é possível ou não colocar
diferentes tipos de trabalho sob um mesmo denominador comum sem
que os consumidores façam qualquer valoração dos produtos gerados
por cada trabalho. Porém, a prova que Marx tenta apresentar não logra
êxito. A experiência na verdade mostra que os bens são consumidos
em relações de troca sem que se considere se foram produzidos por
trabalho simples ou complexo. E apenas se fosse possível mostrar que
o trabalho é a fonte do valor de troca desses bens é que se poderia dizer
que certas quantidades de trabalho simples são diretamente iguais a
certas quantidades de trabalho complexo. Essa homogeneidade não
apenas não é demonstrada, como na verdade ela é exatamente o que
Marx estava tentando demonstrar através desses mesmos argumentos.

O fato de que, em uma economia de troca, as taxas de substituição
entre trabalho simples e complexo se manifestam em termos de salá-
rio em nada ajuda na tentativa de se comprovar essa homogeneidade
— um fato ao qual Marx não faz qualquer alusão nesse contexto. Esse
processo de comparação é o resultado das transações de mercado; ele
não as antecede, ele advém delas. O cálculo em termos do trabalho,
para funcionar igualmente bem, teria de criar uma proporção arbitrária
que fizesse essa substituição entre o trabalho simples e o complexo.
Mas isso o tornaria inútil como instrumento de organização
econômica dos recursos.

Há muito se supunha que a teoria do valor-trabalho era indispensável
ao socialismo, e que ela fornecia uma necessária base ética para
a exigência da socialização dos meios de produção. Agora já sabemos
o erro que isso representa. Embora a maioria dos defensores do socialismo
tenha empregado essa concepção errônea — inclusive Marx,
que, conquanto tenha adotado fundamentalmente outra visão, não
estava completamente livre daquela —, já está claro que os clamores
políticos pela implantação da produção socializada não requerem
e nem podem obter o suporte da teoria do valor-trabalho. Outras
pessoas que tenham idéias diferentes quanto à natureza e origem do
valor econômico também podem ser socialistas em seus sentimentos;
entretanto, a teoria do valor-trabalho é inerentemente necessária aos
defensores do modo socialista de produção de uma maneira que não é
exatamente a imaginada: em uma economia socialista, a produção só
poderá parecer racionalmente realizável se fizer uso de uma unidade
de valor objetivamente reconhecível, a qual iria permitir o cálculo
econômico em uma economia em que nem o dinheiro e nem as trocas
estariam presentes. E apenas o trabalho pode concebivelmente ser
considerado essa unidade de valor.

Notas:
1
 Friedrich Engels, Herrn Eugen Dührings Umwälzung des Wissenschaft, 7th ed., pp. 335 f. [Traduzido por
Emile Burns como A Revolução Científica de Herr Eugen Dühring - Anti-Düring (Londres: Lawrence &
Wishart, 1943).]
2
 Karl Marx, Capital, traduzido por Eden e Cedar Paul (Londres: Allen & Unwin, 1928), p. 9.
3
 Karl Marx, Capital, traduzido por Eden e Cedar Paul (Londres: Allen & Unwin, 1928), p. 12.
38 Ludwig von Mises
4
 Karl Marx, Capital, traduzido por Eden e Cedar Paul (Londres: Allen & Unwin, 1928), p. 13 et seq.
5 Cf. Eugen von Böhm-Bawerk, Capital and Interest, traduzido por William Smart (Londres e Nova York:
Macmillan, 1890), p. 384.


Do livro O cálculo econômico sob o socialismo de Ludwig von Mises
1ª Edição
Editado por:
Instituto Ludwig von Mises Brasil

Os Waldenses e a Bíblia - parte 1


História da Bíblia por Élder Robert L. Webb
[Nota do tradutor: Élder aqui é um título do seminário batista, significa ancião, não é nome próprio nem tem a ver com outras denominações que utilizam esse título (Robert L. Webb detém o M.Div. do Seminário Teológico Batista do Noroeste, um Th.M. do Regent College e um Ph.D. da Universidade de Sheffield, Inglaterra.)]

A palavra escrita de Deus é reverenciada por sua importância vital para o bem-estar da Igreja de Jesus Cristo, mas nunca foi planejada como um meio de salvação eterna. Jesus disse: "Examinem as escrituras, porque nelas considerais ter a vida eterna, e são elas que dão testemunho de mim". - João 5: 39. Jesus Cristo é a Palavra Viva, e nossa salvação está completa e completamente Nele.

Textos e Manuscritos Antigos (Original e cópias)

Os primeiros livros do Antigo Testamento foram escritos mais de 1.400 anos antes da época de Cristo. Nenhum dos manuscritos originais dos livros do Antigo ou Novo Testamento é conhecido. Agradou a Deus dar Seus oráculos inspirados a homens de três línguas básicas: hebraico, caldeu e grego.

Os livros do Antigo Testamento

Os "oráculos de Deus" do Antigo Testamento foram providencialmente confiados ao povo judeu ou hebreu (Romanos 3: 1,2). Os antigos Massoretes (estudantes da lei de Moisés) devotaram suas vidas à perfeição em preservar e copiar os livros do Antigo Testamento. A história do seu trabalho é um maravilhoso testemunho da preservação da Palavra de Deus para todas as gerações. Há muito pouca controvérsia em relação ao texto hebraico.

Os Livros do Novo Testamento

Cerca de 5.000 cópias do texto grego do Novo Testamento existem em segurança em todo o mundo. A grande maioria deles é idêntica ou quase idêntica ao "texto recebido" (também chamado de "texto majoritário", "textus receptus" ou "texto bizantino"). Este texto foi usado pelos waldenses e foi preservado pela verdadeira igreja através das eras. A versão King James na língua inglesa foi traduzida deste texto. 
Cópias atualmente publicadas do grego "textus receptus" estão prontamente disponíveis para serem compradas pelo estudante inquiridor.

Tradução Versus Interpretação Privada

Existe uma grande diferença entre fazer mais cópias de manuscritos originais na mesma língua e traduzir de um texto original para um idioma completamente diferente. Gaussen compara o trabalho de tradução ao "mesmo corpo vestindo roupas diferentes". (Veja Theopneustia, ou A Inspiração Plenária das Escrituras, por L. Gaussen). É digno de consideração que os livros do Antigo Testamento não foram traduzidos para outras línguas até muito perto da época da era cristã. Além disso, Jesus e os apóstolos evidentemente citavam a tradução grega (Septuaginta), pelo menos em parte; mas Deus expressamente ensinou que nenhuma profecia da escritura é de qualquer "interpretação particular". O leitor deve fazer essa distinção clara em sua mente. A palavra "interpretar" é usada às vezes nas Escrituras do Novo Testamento para significar "traduzir" (Veja I Coríntios 14: 13, 27). A grande questão sobre uma tradução é se o Senhor a autorizou (não se a Igreja a autorizou). Visto que acredito que Ele propôs que as escrituras sejam mantidas por Sua Igreja, creio que Ele providencialmente direcionou sua tradução para as línguas (línguas) onde Sua Igreja existiu.

Primeiras Traduções Gregas

O apóstolo Paulo, o pregador dos gentios, podia falar ou escrever em hebraico e grego (ver Atos 21:40; as epístolas do Novo Testamento de Paulo foram escritas em grego). Os apóstolos citavam o texto hebraico do Antigo Testamento em muitos lugares no Novo Testamento. Eles, sem dúvida, tiveram acesso ao texto hebraico original na língua original.

Traduções inglesas adiantadas

As Escrituras foram traduzidas para o latim, francês, holandês, alemão e outras línguas onde a Igreja de Jesus Cristo existiu através dos séculos. Quando a perseguição levou a igreja a nações de língua inglesa, o Senhor providencialmente direcionou sua tradução para lá. Algumas das primeiras traduções inglesas incluem: John Wycliffe (1380); William Tyndale (1526); Cranmer's (1539); A Bíblia de Genebra (1557); e o anglo-rhemish (1582). Estes cinco são mostrados com a King James Version em um livro chamado English Hexapla.

The King James Version

Pode haver pouca dúvida de que é para a vantagem da Igreja de Jesus Cristo que a mesma tradução seja geralmente usada pelas pessoas nas nações onde a igreja existe. Os tradutores da King James Version eram principalmente estudiosos puritanos e anglicanos, cujos vieses pessoais eram assim equilibrados, resultando em uma tradução que poderia ser geralmente usada por pessoas de língua inglesa. Estes eram homens de notável talento e integridade. O rei Jaime não estava pessoalmente envolvido no trabalho de tradução, de modo que seu caráter e nome não têm nenhuma conseqüência especial. O que É IMPORTANTE é a evidência da direção providencial de Deus para esta tradução inglesa e Sua bênção sobre ela desde então.

Texto completo em: http://www.giveshare.org/library/bible/waldensesandbible.html