sexta-feira, 8 de agosto de 2025

INICIAÇÃO, ILUMINAÇÃO e LIBERTAÇÃO


Introdução


O tema deste livro é de extraordinária importância, pois aborda, plena e diretamente, o próprio núcleo da condição humana, que consiste na consciência de si mesmo. Dessa
consciência de ser emana tudo aquilo que definimos como puramente humano, a saber: raciocínio, discernimento, livre­‐arbítrio, criatividade.
Cada ser humano tem consciência de si mesmo, e essa consciência nos leva a pensar que somos quem somos, e somos como somos. Isso define nossa identidade, e essa
identidade é o resultado de um conglomerado de atributos que fomos coletando ao longo da vida.
Todos esses atributos, porém, procedem, quase em sua totalidade, de fora do nosso ser, do mundo exterior e seus fatores condicionantes. Por isso, desde a Antiguidade
se aplica o adjetivo “ilusório” para descrever a natureza dessa personalidade e sua identidade. O que verdadeiramente somos não sabemos, e como não sabemos,
tampouco conhecemos.
As três perguntas que, desde o passado remoto, a Voz da Sabedoria faz a cada ser humano que se aproxima de seu raio de ação – Quem és? De onde vens? Para onde vais?
– nada perderam de sua validade. Elas seguem atuais e exercem forte pressão sobre nossa consciência.
Nesta obra enveredaremos por caminhos que seguramente o inquietarão, pois algumas vezes tocaremos o âmago de sua consciência pessoal, e é possível que isto possa
incomodá­‐lo. Porém, se queremos falar de iniciação, iluminação e libertação, devemos, indubitavelmente, adentrar a própria natureza da sabedoria e do conhecimento.
Como se pode saber o que é a verdade, sem antes ter ajustado o instrumento de que se dispõe para isso?
O instrumento para a busca da verdade e, portanto, a resposta às três perguntas colocadas, é a nossa consciência. Portanto, tudo o que influi na consciência deve ser
observado detalhadamente para comprovar sua “afinação”.
Quando neste livro falamos de “consciência”, não nos referimos à capacidade racional, à capacidade de análise lógica, nem estamos falando dos mecanismos que configuram nossa capacidade de expressar pensamentos com palavras e frases construídas segundo um ordenamento lógico.

A razão é somente um dos componentes da consciência, um de seus instrumentos. 

No entanto, há outros de importância semelhante ou até maior, como por exemplo, nossa vida de sentimentos, nossos desejos, anseios, expectativas, medos e emoções, em
suma, tudo aquilo que toca nossa fibra sensível. Todavia, com a vida de pensamentos e sentimentos não se encerra o círculo de afluentes da consciência. Nossa força de vontade, nosso afã, nossa capacidade de resistência, enfim, tudo o que se desenvolve no âmbito da vontade também tem uma importância decisiva na constituição da consciência, ainda que, no geral, confundamos muito facilmente o que queremos
(vontade) com o que desejamos (sentimento).
E muitas vezes não sabemos muito bem se o que pensamos é o resultado de um processo lógico, racional, ou de um processo de desejo ou vontade, que acaba distorcendo a lógica para impor­‐se à razão. Todos fizemos muitas experiências a esse respeito, geralmente desagradáveis. Por essa razão, nos sistemas de iniciação pitagóricos, a iniciação era precedida de uma fase prévia, a da “purificação”. A
purificação é imprescindível para que a consciência se torne suficientemente clara, intensa e transparente, a fim de ver a luz sem deslumbrar­‐se. Condição sine qua non desta purificação é ser capaz de discernir com clareza os processos que contribuem na formação de nossos estados de consciência. 

Essa fase de purificação conhece diversos fatores:
1o) a eliminação ou supressão de todos os elementos que perturbam ou distorcem a consciência. Um exemplo muito claro disto é o consumo de bebidas alcoólicas e das demais drogas.
2o) a observação serena de nossa vida interior, isto é: a vida de nossos sentimentos, vontades e pensamentos, para poder verificar como influenciam na formação de nossas opiniões, disposições e estados de ânimo. Aqui devemos considerar,
particularmente, a esfera das nossas simpatias e antipatias.
3o) a formação de um sólido edifício ético, baseado em princípios espirituais, e o esforço para manter­‐nos íntegros.
Vemos, assim, que a libertação é precedida de um processo tríplice, que pode ser definido pelas palavras purificação, iniciação e iluminação. Cada fase conduz à outra e abre sua possibilidade. A conquista de uma delas, porém, não pressupõe obrigatoriamente o êxito da fase seguinte.
Uma imagem integrativa que pode ser útil a esse respeito é a seguinte:

• o processo de purificação pode ser associado à concepção;
• o processo de iniciação pode ser comparado à gestação;
• o processo de iluminação ao nascimento (vir à luz);
• o processo de libertação ao crescimento e desenvolvimento de um ser adulto
autônomo e livre.

A purificação nos prepara para que o Espírito fecunde em nós o germe de um novo

ser interior. Os rosa­‐cruzes clássicos falavam da fecundação da semente­‐Jesus no coração: a rosa­‐do­‐coração.
A iniciação é uma gestação e coincide com o desenvolvimento de todos os órgãos que permitirão a esse novo ser interior viver, manifestar­‐se e expressar­‐se.
A iluminação é o contato direto do novo ser interior com a própria Vida, é respirar pela primeira vez o Alento Divino, é sair do campo matriz e entrar no mundo da Luz.
A libertação é o processo pelo qual esse ser recém­‐nascido cresce, se desenvolve e obtém uma capacidade independente de levar adiante o plano de sua vida.
Esperamos que esta introdução tenha deixado claro que os três aspectos abordados neste livro não tratam de coisas desconexas entre si, mas sim das diferentes etapas do
caminho que conduz o homem material terrestre ao homem espiritual celeste, e que, a nosso ver, apresentam uma sequência muito precisa.
Como eixo condutor é preciso ter sempre presente que “saber” e “conhecer” não são a mesma coisa, e que nem tudo o que sabemos é verdade.
Sob esta luz talvez se possa compreender melhor as famosas palavras de Sócrates:
“Somente sei que nada sei”, paradigma da posição de um verdadeiro sábio.

Do livro 
INICIAÇÃO
ILUMINAÇÃO
LIBERTAÇÃO
de
Francisco Casanueva Freijo
Equipe de pesquisas do C.E.R
Centro de Estudios Rosacruz
Fundación Rosacruz – Espanha

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