sábado, 27 de maio de 2023

O destino após a morte

Bispo Alexander (Mileant).

Traduzido por Olga Dandolo

 


ConteúdoO destino do homem após a morteA necessidade de rezar pelos falecidosO consolo cristão para os que estão tristesA "Panihida" (ofício memorial) em portuguêsOs dias em que se deve rezar pelos falecidos.

"Humilhações" ("toll houses").


 O destino do homem após a morte

A morte é o fim inevitável de toda e qualquer vida orgânica na terra, inclusive a humana. Mas do ponto de vista cristão, a morte de uma pessoa não é um fenômeno normal ou necessário. Por exemplo, a morte humana surge como resultado da desobediência dos nossos antepassados. Deus prevenia Adão a respeito dos frutos da árvore do conhecimento do bem e do mal, dizendo: "Não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitàvelmente" (Gen. 2:17). De Adão a morte passou para seus descendentes.

A morte do ser humano, porém, não significa a aniquilação de sua identidade, e sim apenas a destruição de seu corpo físico. As palavras "porque és pó, e em pó hás de tornar," referem-se ao corpo humano. No entanto a alma humana, como carrega dentro de sí a imagem e semelhança do Criador, é eterna: "e a poeira retorna à terra, para se tornar o que era e o sôpro de vida retorna a Deus, Que o deu" (Ecle. 12:7). Após a separação do corpo, a alma continua pensando, sentindo e agindo, porém já no outro mundo, o qual não se assemelha ao nosso mundo material.

Então o que acontece com a alma humana após a separação do corpo? A vida é dada ao ser humano para que ele aprenda a crer, a fazer o bem e desenvolver seus talentos. Isto tudo compõe sua riqueza espiritual, ou, conforme as palavras do Salvador, "tesouro no céu." A morte totaliza a vida do homem, e então sua alma deverá se apresentar diante de Deus para prestar contas e receber recompensas ou punições. Porém este julgamento logo após a morte ainda não é o julgamento final, pois, apenas a alma é julgada, sem o corpo. A respeito da existência deste julgamento preliminar, o Apóstolo Paulo escreveu: "como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo" (Heb. 9:27). Diante do fim do mundo, depois da ressurreição universal dos mortos, haverá o Terrível Julgamento Universal, no qual Deus irá julgar todas as pessoas simultâneamente. Aí então, cada pessoa, já com seu corpo ressuscitado, ou receberá a eterna recompensa ou a eterna punição.

Com relação ao julgamento individual, a Igreja Ortodoxa ensina o seguinte:

"Nós cremos que as almas dos mortos gozam de felicidade plena ou sofrem, de acordo com seus atos. Separando-se dos corpos, elas imediatamente passam ou para a alegria, ou para a tristeza e aflições: no entanto elas não sentem nem felicidade completa, nem completa tortura, pois, a felicidade ou tortura completas, cada um irá receber após a ressurreição geral, quando a alma se juntar ao corpo no qual viveu virtuosamente ou depravadamente. (Epístola dos Patriarcas Orientais sobre a fé ortodoxa, artigo 18).

Assim sendo, existem duas situações após a morte: uma - no paraíso, para as almas virtuosas; outra, para as almas pecadoras - no inferno. (A Igreja Ortodoxa não reconhece os ensinamentos católicos-romanos a respeito estado intermediário, o purgatório. Os pais da Igreja habitualmente atribuem a palavra "gehena" ao estado após o Julgamento Final, quando a morte e o inferno serão lançados no lago de fogo; Apo. 20:14).

Enquanto a pessoa vive, Deus lhe dá a chance de se arrepender e corrigir suas falhas. Após a morte, a possibilidade de arrependimento é removida. Entretanto, se a pessoa morreu sem merecer o paraíso, isto não significa que esteja condenado aos tormentos eternos. Até o Julgamento Final os tormentos dos pecadores no inferno são temporários e podem ser atenuados e até retirados pelas orações dos fiéis e da Igreja (Epístola dos Patriarcas Orientais, art. 18). As orações pelos falecidos sempre lhes trazem benefícios. Caso eles não tenham merecido o paraíso, estas preces aliviam seu destino no além-túmulo, e se eles se encontram no paraíso, estas preces os alegram e iluminam. Iremos explicar agora porque as preces pelos falecidos possuem tamanho poder.

 A necessidade de rezar pelos falecidos

Para podermos avaliar o poder das preces pelos falecidos, é necessário entender que a morte interrompe apenas o contato físico entre as pessoas, mas o contato espiritual continua. Este contato é realizado através da oração. O Evangelho nos ensina, que a oração, unida com a fé, tem um grande poder. Nas palavras do Senhor, ela pode mover montanhas. O Senhor Jesus Cristo e Seus Apóstolos ensinavam aos cristãos a rezarem um pelo outro.

Os Evangelhos e outros livros do Novo Testamento contêem numerosos exemplos de como a oração de uns ajudava aos outros. Assim, pela fé do cortesão, o Senhor curou seu filho (Joã. 4:46-53); pela fé da mulher cananéia sua filha foi curada da possessão (Mat. 15:21-28); pela fé do pai seu filho possesso, que era surdo-mudo foi curado (Mar. 9:17-27); pelo pedido dos amigos, o Senhor perdoou e curou o paralítico, o qual eles desceram do teto, preso à cordas (Mar. 2:2-12); e pela fé do centurião romano, seu servo foi curado (Mat. 8:5-13). Outrossim, o Senhor realizava a maioria dessas curas milagrosas à distância, em ausência. O Santo Evangelista João o Teólogo nos convence a nos dirigirmos a Deus com preces, crendo que Deus realizará nosso pedido, dizendo: "A confiança que depositamos Nele é esta: em tudo quanto Lhe pedirmos, se fôr conforme a Sua vontade, Ele nos atenderá" (1 Joã. 5:14).

Tendo o poder da graça, a prece não conhece barreiras e não enfraquece com a distância. Sendo o resultado do amor, ela, como um raio do sol, penetra na alma das pessoas, unindo os que rezam a Deus e uns aos outros. Neste sentido, segue abaixo uma antiga história que ensina uma boa lição. Certa vez São Macarius do Egito, caminhando pelo deserto, encontrou um crânio humano. Quando o Abade Macarius tocou o crânio com um ramo de palma, veio uma voz do crânio! O ancião perguntou: "Quem é você?," e o crânio respondeu: "Eu era um sacerdote pagão e viví neste lugar. Tu, Abade Macarius, tem piedade de nós, que estamos em eternos tormentos e reza por nós, pois a tua oração nos traz conforto." O ancião perguntou: "Em que consiste o conforto das minhas orações?" O crânio respondeu: "Quando tu rezas por nós, surge uma luz e nós começamos a ver uma ao outro."

Deste modo, a prece unifica o nosso mundo com o outro mundo, onde os anjos, os santos e nossos parentes e amigos habitam. Do momento da ressurreição de Cristo a morte perdeu sua fatalidade formal e tornou-se o início de uma nova vida. Agora, conforme ensina o Apóstolo Paulo: "Nem a morte, nem a vida... nem a altura, nem os abismos, poderão nos apartar do amor de Deus... Vivemos para o Senhor; se morrermos, morreremos para o Senhor. Quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor. Para isso é que morreu Cristo e retornou à vida: para ser o Senhor tanto dos mortos como dos vivos" (Rom. 8:38; Rom. 14:8-9). Por esta razão não é apenas possível, mas sim também necessário rezar tanto pelos vivos como pelos mortos, pois, pela palavra do Salvador, para Deus TODOS ESTÃO VIVOS (Luc. 20:38).

Os cristãos que partiram desta vida, não interrompem sua união com a Igreja à qual pertenceram durante sua vida. Se eles são virtuosos, têem a permissão para rezarem por nós diante do trono de Deus; se são imperfeitos, eles necessitam das nossas preces. O Apóstolo Paulo compara a Igreja a uma montanha alta, a qual em sua base se apoia na terra, e seu pico penetra no céu. "Vós, ao contrário, vos aproximastes da montanha de Sião, da cidade do Deus vivo, da Jerusalém celestial, das miríades de Anjos, da assembléia dos primeiros inscritos no livro dos céus, e de Deus, Juiz universal e das almas dos justos que chegaram à perfeição, enfim, de Jesus, o Mediador da nova aliança" (Heb. 12:22-24). Em outras palavras, de acordo com os Apóstolos, existe uma relação próxima e viva entre a Igreja terrena e a celeste. A fé nesta unidade e no poder das preces serve como base para a prática que volta aos tempos apostólicos, para manter a ligação com os mortos: para pedir ajuda dirigir-se em preces aos santos mártires e aos Santos de Deus, e também lembrar dos falecidos na Proskomídia e em orações pelo seu repouso eterno.

Continua...



sexta-feira, 26 de maio de 2023

Che, o porco assassino?

 


Fidel e Che Guevara nos livros e nas salas de aula

  • PorTiago Cordeiro, especial para a Gazeta do Povo 

  • https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/educacao-em-cuba-fidel-e-che-guevara-nos-livros-e-nas-salas-de-aula/

  • 30/06/2019 21:22

Estudantes em Cuba exibem livro de Fidel Castro, em foto de dezembro de 2016.

Estudantes em Cuba exibem livro de Fidel Castro, em foto de dezembro de 2016. Foto: Ronaldo Schemidt | AFP.| Foto:

Em 1961, Fidel Castro decidiu que Cuba não poderia ter analfabetos. O país já tinha um dos mais altos índices de alfabetização do continente para a época, mas isso ainda significava que 24% da população não sabia ler nem escrever. Fidel então lançou uma vasta campanha de educação que, em apenas um ano, levou o conhecimento básico do idioma espanhol para quase toda a ilha. Profissionais de diferentes áreas se deslocaram para as regiões mais remotas e pobres do país, a fim de garantir que ninguém ficasse de fora do programa. Desde então, o sistema educacional de Cuba segue sendo um exemplo para o mundo. Seus professores e médicos, exportados para dezenas de países, comprovam que as salas de aula cubanas funcionam muito bem.

Esse é, em resumo, o panorama mais repetido sobre o sistema educacional do país. Cuba seria, portanto, um caso de ditadura que conseguiu garantir o acesso universal à educação de qualidade. Mas qual é exatamente a educação que recebem os 1,842 milhão de alunos do país?

Modelo Paulo Freire



Há poucos dias, uma editora e revisora cubana chamada Juliette Isabel Fernández Estrada, que tem um filho de sete anos estudando em uma escola de Havana, utilizou sua conta de Facebook para mostrar um exercício de matemática que consta num caderno para o ensino médio de seu país. O enunciado diz, em espanhol: “A fim de aumentar a política hostil contra o nosso país, o orçamento dos Estados Unidos contribui anualmente com cinquenta e nove milhões de dólares para os grupos contrarrevolucionários. Isso representa como média diária:” As alternativas apresentam diferentes alternativas para o cálculo.

Em outras ocasiões, Juliette já reclamou que é possível ver, nas escolas, crianças de cinco anos gritando “Pátria ou Morte”. Os livros de colorir incluem desenhos de Che Guevara e Fidel, que devem ser preenchidos de verde. Em outro livro didático, a imagem de um soldado com um fuzil nas mãos é acompanhada do seguinte texto: “O miliciano tem um fuzil. Ele ama a paz. Em boas mãos, o fuzil é bom.”

Para aprender a escrever e pronunciar o fonema correspondente a “ch”, o livro cita a frase: “O Che lutou em Cuba”. Crianças de seis anos em diante participam de grupos como a União dos Jovens Comunistas, e a data aniversário de nascimento de Che é celebrada com festa nas escolas. “Cuba segue o modelo de Paulo Freire de educação humanitária. As crianças e jovens não apenas aprendem através do engajamento, como também desenvolvem a capacidade de resolver problemas”, afirma Lynora Hirata, professora do departamento de educação da Universidade de Washington, que conheceu de perto as escolas cubanas – e gostou do que viu, a chamada “pedagogia da ternura”. “O processo educacional em Cuba introduz a criança a atos de respeito mútuo, através da interação cívica socialmente orientada, além de gestos sinceros e atenção genuína para com os outros e a comunidade.”

Para a professora, o sistema de ensino ajudou a formar “uma nova forma de consciência, energizada por uma ideologia de conquistas coletivas, que se sobrepõem aos ganhos individuais”. A professora da Universidade de Washington esteve em Cuba depois do fim da União Soviética, em 1991, quando o suporte financeiro russo desapareceu. Desde então, diz ela, “faltam nas escolas os suprimentos mais básicos, os materiais educativos não foram mais atualizados e os prédios não receberam mais manutenção. Ainda assim, as crianças aparecem com sorrisos e uniformes novos”.

Livros didáticos soviéticos da metade do século passado

Depois da educação pré-escolar, vem a educação primária, para crianças de 6 a 11 anos. Na sequência vem a educação média, que se divide em média, por três anos, e pré-universitária, por dois anos. A escolha de uma faculdade é orientada pelas demandas do país, e visam a formação para o atendimento coletivo. Segundo Margarita Quintero López, assessora do Ministério da Educação de Cuba, em um artigo que descreve a educação na ilha, o coletivo é mais importante, até mesmo na escolha da carreira. “Quando o aluno é aprovado no 9º grau, tem a possibilidade de continuar seus estudos. A partir daí, ele tem um amplo leque de opções, todas de interesse priorizado para o desenvolvimento econômico e social do país, em correspondência com a demanda de força de trabalho requerida para os próximos anos, entre elas: a formação de professores para os níveis primário e pré-escolar, operários qualificados e técnicos e a formação de bacharéis para continuar estudos universitários nas carreiras de interesse econômico e social”.

A professora Lynora Hirata reforça: “Cada curso criado pelo governo visa a meta de gerar e manter uma sociedade de cubanos saudáveis e letrados”. De fato, o sistema dá pouca importância à produção acadêmica competitiva e diversificada. Resultado: não existem no país vencedores de prêmios acadêmicos, do Nobel ao Fields. Em termos de desenvolvimento e inovação o país se sai muito mal no ranking da World Intellectual Property Organization: está em 85º lugar na quantidade de patentes registradas no ano de 2016.

Katherine Hirschfeld, professora da Universidade de Oklahoma, passou 11 meses em Cuba, entre 1996 e 1998. Acompanhou o sistema de saúde e teve acesso ao ambiente universitário. O que viu, na época, a levou a conclusões diferentes na comparação com a professora Hirata. “O que mais me impressionou no sistema educacional foi a completa ausência de livros e revistas acadêmicas nas bibliotecas das universidades. A maior parte das obras disponíveis datava da metade do século 20. Quando visitei casas cubanas, quase nunca vi livros ou revistas”, ela relata.

“Os jornais são todos publicações oficiais do governo”, prossegue, “e ninguém os leva a sério. O que havia era um mercado informal de CDs e DVDs, trazidos clandestinamente de Miami, com muita informação sobre cultura pop, TV e música”. Os professores de filosofia, diz ela, só podiam pesquisar e ensinar a obra de três autores: Fidel Castro, Raul Castro e Che Guevara. “Os livros didáticos que eu vi eram traduções para o espanhol de materiais soviéticos desatualizados, que priorizavam explicações marxistas-leninistas para as doenças e conclamavam os estudantes de medicina a se tornar militantes na batalha contra o imperialismo”.

Mudanças lentas



Nos últimos anos, o regime passou a abrir, devagar, o acesso à internet. Nesse sentido, o próprio fato de uma pessoa como Juliette Isabel Fernández Estrada poder se manifestar pela internet já representa um avanço. Até o fim da década passada, os moradores do país simplesmente não tinham acesso ao mundo exterior, de nenhuma forma. Em entrevista à revista VEJA publicada em 2009, a blogueira Yoani Sánchez contou que só viu cenas da queda do Muro de Berlim, que aconteceu em 1989, dez anos depois, graças a uma fita de vídeo levada clandestinamente para dentro do país. Mas, pelo que as reclamações de Juliette indicam, o conteúdo apresentado para as crianças ao longo de toda sua vida escolar ainda está longe de mudar.




quinta-feira, 25 de maio de 2023

O Pecado Ancestral e suas Consequências

Do livro Catecismo: Ensinamentos Básicos da Fé Ortodoxa 

Tema 15: O Pecado Ancestral e suas Consequências 


Oração para antes do estudo: 

Catecúmenos: Ó Cristo, que é a Verdade, a Vida e o Caminho, a luz verdadeira que ilumina cada um que vem ao mundo, faça com que a Luz do Seu Conhecimento Divino brilhe em nossos corações e abra os olhos de nossas mentes e ilumine os nossos corações para que possamos entender seus ensinamentos e aceitar a Tua Palavra. 

Fiéis: Apesar de sermos batizados, somos também pecadores. Antes que deixemos esta terra pela morte, permita a nós nos voltarmos para Ti, para que possamos ofertar a Ti o nosso coração, para que ele se torne Seu. Faça-nos que acolhamos a Ti dentro de nós, e que Tu permaneças conosco. Faça de nós os ramos que se juntam a Ti, que É a Videira, para que possamos dar muitos frutos e labutarmos para a nossa salvação.

A desobediência e a transgressão de Adão e Eva são chamadas de Pecado Ancestral. O que aconteceu? Como já disse anteriormente, Deus deu permissão Adão e Eva de comer do fruto de todas as árvores exceto o fruto da árvore "do conhecimento do bem e do mal.”. Em outras palavras, Deus disse a Adão e à Eva: "Você pode comer o fruto de todas as árvores que estão no jardim e que são comestíveis, apenas o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal que vocês não devem comer. No dia em que vocês comerem, vocês morrerão.”. 

Assim como uma pessoa culpada quer um cúmplice, Satanás, que tinha sido um anjo e por ter desobedecido a Deus se tornou Satanás, sentiu-se culpado e terrivelmente só em sua culpa. Sua natureza havia sido pervertida, de tal modo que ele nunca mais pode se arrepender. Ele sempre pensa e deseja o mal. Ele procura sempre o mal para os outros. E ele estava com ciúmes do homem. Ele viu que o homem estava muito feliz no Paraíso na companhia de Deus. Então, colocou seus planos malignos em ação. 

Como o espírito que é, entrou no corpo de uma cobra. Então subiu na árvore do "conhecimento do bem e do mal", esperou por Eva, perguntou a ela: "Diga-me, Eva, é verdade que Deus lhe disse para não comer o fruto de todas as árvores?" Eva respondeu: "Não. Ele nos permitiu comer o fruto de todas as árvores exceto o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque se o fizéssemos nós morreríamos." A serpente disse: "Você não morrerá. Deus sabe que no dia que você comer desse fruto, vossos olhos se abrirão e vocês se tornarão como deuses. Você vai conhecer o bem e o mal.”.

Eva gostou das palavras doces e caluniosas de Satanás, e nisso estendeu sua mão e pegou uma fruta da árvore do conhecimento do bem e do mal. Ela comeu um pedaço e também deu a seu companheiro, Adão. Eles comeram juntos. Imediatamente, "seus olhos se abriram" e eles perceberam que estavam nus (Gênesis 3:1- 7). 

Muitos são aqueles que equivocadamente dizem que a Bíblia está sendo metafórica e que o fruto do conhecimento do bem e do mal ao qual a Bíblia se refere é a relação sexual entre Adão e Eva. Como já alertamos anteriormente, isso não é verdade, pois Deus tinha abençoado a relação sexual entre Adão e Eva quando lhes disse para "crescer e multiplicar". Então o que vem a ser o pecado original? 

É o esquecimento de Deus. Ou, se você preferir, é a tentativa do homem em destronar a Deus e entronizar-se em Seu lugar, para tornar-se Deus, no lugar de Deus. Não é então o simples comer de um fruto... São João Crisóstomo diz sobre Eva: "Ela estava cheia de fantasias grandiosas, na esperança de ser igual a Deus.”. E nesta esperança de ser igual a Deus, ela perdeu os sentidos. E quais as consequências do pecado ancestral? 

a) A morte espiritual: Ou seja, a separação do homem de Deus, a fonte de toda bondade. 

b) A morte do corpo: Isto é, a separação do corpo a partir da alma, o retorno do corpo para a terra. 

c) A quebra e distorção da "imagem": Ou seja, a escuridão da depravação da mente e corrupção do coração, a perda de independência, a perda da plenitude do livre-arbítrio, a tendência para o mal. Desde então, "a imaginação do coração do homem é o má" (Gênesis 8:21). O homem pensa constantemente no mal. 

d) A Culpa: Ou seja, uma má consciência, a vergonha que o fez querer se esconder de Deus. 

e) A hereditariedade: Ele não ficou apenas em Adão e Eva, transmitindo as marcas de sua natureza agora decaída para os seus descendentes. Todos nós recebemos tal herança em razão de sermos descendentes do mesmo antepassado, Adão. 

Tal verdade é um problema para a compreensão de muitas pessoas. Eles dizem: Por que devemos ser responsáveis pelas ações de Adão e Eva? Por que temos que pagar pelos pecados de nossos pais? Infelizmente isso se dá em razão de ser uma consequência do pecado ancestral a distorção da natureza do homem.

Digamos que você tem uma árvore selvagem de laranja, a partir da qual você faz um enxerto. Você receberá laranjas domesticadas, mas a raiz ainda será a da árvore de laranja silvestre. Para ter laranjeiras selvagens novamente, você deve fazer um retransplante da árvore. E foi exatamente isso que Cristo realizou em Sua Encarnação. 

Oração para depois desse estudo: 

Ó Nosso Criador, Adão e Eva, dando ouvidos a Satanás, blasfemaram. Em razão do seu egoísmo, permitiram-se serem enganados. Eles obscureceram a beleza de suas almas, distorceram a sua imagem. Catecismo: Ensinamentos Básicos da Fé Ortodoxa 112 Eles enfraqueceram a natureza da humanidade, e por causa deles, nós nos tornamos irreconhecíveis. Agora estamos constantemente a pensar no mal. Sentimos a culpa, estamos tão longes de Ti, perdemos nosso autocontrole e a plenitude de nosso livre arbítrio para fazer o bem. Ó Senhor, nós Te agradecemos por Teu amor, por enviar o Teu Filho unigênito para retransplantar a bondade, para nos dar a possibilidade de voltar a Ti. Tu, Senhor "quer todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade." Não nos prive da salvação. Nós Te glorificamos, Ó Senhor. Amém.