segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

O Antimarxismo de Hitler prova que ele era de Direita? (resumo)

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A esquerda nos diz que Hitler e o seu movimento Nacional Socialista eram de direita ou, para ser mais exato, de extrema-direita. Um dos argumentos mais frequentemente utilizados para sustentar esta alegação é o fato de que Hitler (e, por conseqüência, o Nacional Socialismo) era antimarxista. Ora, poderíamos descartar o argumento logo de início, pois o mesmo parte do falso pressuposto de que o marxismo é a única doutrina de esquerda que existe e que, portanto, qualquer que seja contrário a ela é, automaticamente, de direita. Tal pressuposto é falso porque, desde seu surgimento, a esquerda sempre contou com doutrinas políticas que não intentavam implantar o comunismo. Os jacobinos da época da revolução francesa (pré-marxistas, pode-se dizer) e os democratas americanos a partir dos 1920 são apenas alguns exemplos de esquerdistas que não podem ser chamados de marxistas, ainda que encontremos em suas doutrinas algumas semelhanças com a ideologia do pensador alemão.
Na realidade, contanto que uma pessoa preserve traços esquerdistas básicos (como, por exemplo, a crença de que o governo deve multiplicar suas funções e impostos, a fim de fazer “justiça social”) é perfeitamente possível que essa pessoa seja esquerdista e, ao mesmo tempo, uma opositora ferrenha do marxismo. Como? Vejamos. Eu, por exemplo, acredito que a teoria de Marx é impossível de se realizar na prática, tal como ele havia pensado. Ele imaginava uma espécie de “ditadura democrática”, na qual todo o proletário iria governar, e que seria temporária, dando lugar ao posterior comunismo. Para mim, é óbvio que isso não daria certo em hipótese alguma, porque o homem tende a abusar do poder e uma ditadura do proletariado certamente se tornaria uma ditadura de líderes que se dizem “representantes” do proletariado.
Assim, mesmo que eu fosse esquerdista (como, de fato, já fui, embora não o soubesse) provavelmente seria veementemente contrário ao marxismo, dada a minha crença na impossibilidade prática do mesmo. Ainda assim, eu poderia crer na capacidade do Estado de fazer justiça social, votar em candidatos trabalhistas, ser contrário ao livre mercado, querer mais intervenção governamental, lutar por mais empresas e serviços públicos e etc.
Então, apontar Hitler e o Nazismo como antimarxistas em nada prova que eles eram de direita e não de esquerda. É preciso cavar mais fundo na questão. E eu acredito que uma boa forma de começar a cavar é indo até o livro em que Adolf Hitler expõe seus ideais nazistas, o Mein Kampf (Minha Luta).> O que será que ele diz sobre o marxismo? Será que o livro deixa claro que Hitler era contra o marxismo, justamente porque era de direita? Vamos ver.
Nesse tempo, abriram-se-me os olhos para dois perigos que eu mal conhecia pelos nomes e que, de nenhum modo, se me apresentavam nitidamente na sua horrível significação para a existência do povo germânico:marxismo e judaísmo.
Adolf Hitler enxergava uma relação entre o movimento marxista, o movimento social-democrata (que, na época, era uma variante menos radical do marxismo) e o povo judeu. Ao longo do livro ele vai explicando esse ponto de vista e mostrando como chegou a essa conclusão.
[...] a atividade da social-democracia não me parecia antipática. Como esse movimento se preocupava em melhorar as condições vitais do operariado – como eu acreditava na minha ingenuidade de outrora – pareceu-me melhor falar a seu favor do que contra. O que mais me afastava da social-democracia era sua posição de adversária em relação ao movimento pela conservação do espírito germânico [...].
Na idade de dezessete anos, a palavra marxismo era-me pouco conhecida, enquanto socialismo e social-democracia pareciam-me concepções idênticas. Foi preciso, também, nesse caso, que o punho forte do destino me abrisse os olhos para essa maldita maneira de ludibriar o povo.
É interessante ressaltar como ele mostra uma inclinação à esquerda julgar positiva a preocupação social-democrata com o proletariado. Não que a preocupação com trabalhadores seja monopólio esquerdista, mas um direitista jamais iria admirar a “preocupação” da esquerda com os mesmos, já que a “preocupação” esquerdista com os trabalhadores implica em ser contrário ao livre mercado e a favor do intervencionismo estatal. Então, já aqui começa a ficar claro que Hitler não se tornaria antimarxista por ser favorável às doutrinas econômicas de direita. Em outro ponto, Hitler afirma:
Vi diante de mim uma doutrina, constituída de egoísmo e de ódio, que, por leis matemáticas, poderá ser levada à vitória, mas arrastará a humanidade à ruína. Nesse ínterim, eu já tinha compreendido a ligação entre essa doutrina de destruição e o caráter de uma certa raça para mim até então desconhecida. Só o conhecimento dos judeus ofereceu-me a chave para a compreensão dos propósitos íntimos e, por isso, reais da social-democracia. Quem conhece este povo vê cair-se-lhe dos olhos o véu que impedia descobrir as concepções falsas sobre a finalidade e o sentido deste partido e, do nevoeiro do palavreado de sua propaganda, de dentes arreganhados, vê aparecer a caricatura do marxismo.
A relação que Adolf Hitler trava entre marxismo, social-democracia e o povo judeu começa a ficar mais explícita neste ponto. Perceba que Hitler fala em “propósitos íntimos e, por isso, reais da social-democracia”, o que quer dizer que o líder nazista era adepto de uma teoria da conspiração. Ele achava que a social-democracia, bem como o marxismo escondiam seus verdadeiros objetivos que estavam ligados, de alguma forma, a objetivos também escondidos do povo judeu. Ele continua em outra parte:
Pouco a pouco, compreendi que a imprensa social-democrática era, na sua grande maioria, controlada pelos judeus. Liguei pouca importância a esse fato que, aliás, se verificava com os outros jornais. Havia, porém, um fato significativo: nenhum jornal em que os judeus tinham ligações poderia ser considerado como genuinamente nacional, no sentido em que eu, por influência de minha educação, entendia essa palavra.
Vencendo a minha relutância, tentei ler essa espécie de imprensa marxista, mas a repulsa por ela crescia cada vez mais. Esforcei-me por conhecer mais de perto os autores dessa maroteira e verifiquei que, a começar pelos editores, todos eram judeus.
Examinei todos os panfletos sociais-democráticos que pude conseguir e, invariavelmente, cheguei à mesma conclusão: todos os editores eram judeus. Tomei nota dos nomes de quase todos os líderes e, na sua grande maioria, eram do “povo escolhido”, quer se tratasse de membros do “Reichscrat”, de secretários dos sindicatos, de presidentes de associações ou de agitadores de rua. Em todos encontravam-se sempre a mesma sinistra figura do judeu [...] Os líderes do Partido Social Democrata, com os pequenos elementos do qual eu tinha estado em luta durante meses, eram quase todos pertencentes a uma raça estrangeira, pois para minha satisfação íntima, convenci-me de que o judeu não era alemão. [...] Pouco a pouco, familiarizei-me com a sua doutrina e dela me utilizava como instrumento para a formação de minhas convicções íntimas. Só então compreendi quais eram os corruptores do povo.

É preciso entender o raciocínio de Hitler dentro de seu contexto. Em sua época, os judeus estavam espalhados por toda a Europa. Havia realmente muitos judeus e nas mais diversas camadas sociais. Isso incomodava muitos europeus, que preservavam um espírito um pouco xenófobo. Deste modo, o pensamento anti-semita não era incomum e nem recente, mas vinha se desenvolvendo havia algumas décadas.
Não sabemos ao certo se havia algo mais que fazia Hitler odiar os judeus, mas é neste contexto de diversos judeus espalhados pela Europa e de xenofobia crescente, que Hitler começa a crer que existia um enorme plano maquiavélico judaico para dominar o mundo. A presença de judeus em diversas profissões e camadas sociais seria parte do plano. Cada qual estaria estrategicamente posicionado, infiltrando na cultura suas idéias, enriquecendo e tomando conta de espaços e trabalhos. Desta forma, social-democracia e marxismo seriam apenas dois instrumentos nas mãos dos judeus para alcançar sua meta suprema. Por isso, ele alerta:
Se o judeu, com o auxilio do seu credo marxista, conquistar as nações do mundo, a sua coroa de vitórias será a coroa mortuária da raça humana e, então, o planeta vazio de homens, mais uma vez, como há milhões de anos, errará pelo éter. A natureza sempre se vinga inexoravelmente de todas as usurpações contra o seu domínio. Por isso, acredito agora que ajo de acordo com as prescrições do Criador Onipotente. Lutando contra o judaísmo, estou realizando a obra de Deus.
Fica evidente que Hitler enxergava o marxismo e todas as suas variações como braços do plano judaico de dominação mundial. Era isso que o fazia ser contrário ao marxismo. E para ele, a sua conclusão era fruto de muito estudo, conforme afirma em outro ponto:
Gradualmente o meu estudo me forneceu princípios graníticos para as minhas próprias convicções – tanto que desde então nunca pensei em mudar minhas opiniões pessoais sobre o caso. Fiz também um profundo estudo das ligações do marxismo com o judaísmo.
Conforme vai chegando ao fim do livro, Hitler vai se tornando cada vez mais enfático quanto a relação
entre marxismo e judaísmo.
Comecei a aprender e compreender, só agora, o sentido e a finalidade da obra do judeu Karl Marx. Só agora compreendi bem seu livro – “O Capital” – assim como a luta da social-democracia contra a economia nacional, luta essa que tem em mira preparar o terreno para o domínio da verdadeira alta finança internacional.
O entendimento de Hitler sobre a economia marxista era mais ou menos assim: o judeu encenava que estava lutando a favor do proletariado e que colocaria a economia em suas mãos. Ao mesmo tempo desprezava nacionalidades, criando uma mentalidade internacionalista. A idéia era quebrar as fronteiras entre países para que quando o judeu, em qualquer país, dominasse a economia, tivesse facilidade de dominar a economia de outras partes do mundo>, já que não nacionalidades não mais importam e a economia marxista deve ser uma só. A isso Adolf Hitler denominava “capitalismo internacional judaico”. Vejamos:
O que a chamada imprensa liberal fez antes da guerra foi cavar um túmulo para a nação alemã e para o Reich. Não precisamos dizer nada sobre os mentirosos jornais marxistas. Para eles o mentir é tão necessário como para os gatos o miar. Seu único objetivo é quebrar as forças de resistência da nação, preparando-a para a escravidão do capitalismo internacional e dos seus senhores, os judeus.
Em outro trecho, Hitler repete a dose:
Antes da guerra, a internacionalização dos negócios alemães já estava em andamento, sob o disfarce das sociedades por ações. É verdade que uma parte da indústria alemã fez uma decidida tentativa para evitar o perigo, mas, por fim, foi vencida por uma investida combinada do capitalismo ambicioso, auxiliado pelos seus aliados do movimento marxista.
Um trecho interessante que mais uma vez demonstra o viés esquerdista de Hitler, mesmo sendo antimarxista, é quando ele começa a falar sobre como acreditava que se deveria agir contra a imprensa judaica.
Seu pensamento segue o molde de todas as doutrinas de esquerda. A esquerda se define pelo pressuposto básico de que o homem é capaz de resolver a crueldade e as injustiças sociais através de alguma ferramenta. Essa ferramenta quase sempre é o governo, que deve receber o máximo de funções possíveis, a fim de conquistar essa meta. A crueldade e as injustiças, por sua vez, são sempre causadas por inimigos que precisam ser combatidos. Assim, em todo governo esquerdista, sempre há uma luta apocalíptica entre o governo e os “inimigos” do bem-estar social.
O que difere as várias doutrinas esquerdistas uma das outras é a visão que cada uma delas possui sobre quem são os inimigos do bem-estar social. Para marxistas, os inimigos são os burgueses, os líderes religiosos e os conservadores. Para Adolf Hitler, no entanto, os inimigos eram os judeus, os estrangeiros que residiam na Alemanha, os negros, os deficientes e todos os que se afastavam do “perfil ariano”.
Então, perceba que Hitler define os inimigos do bem estar social, apresenta a mão forte do governo como a grande solução para o problema e afirma que a nova imprensa estaria a serviço do Estado, o que nada mais é do que intervencionismo estatal, controle de empresas privadas e oposição ao livre mercado. Tudo isso “em prol” do bem estar social. Ora, isso é economia de esquerda pura!
A coisa vai ficando mais interessante na medida em que Hitler começa a apontar o socialismo pregado pelo marxismo como algo falso, que, na realidade, pretende fazer exatamente o inverso do que prega: fortalecer o capitalismo. Torna-se claro que Hilter é um socialista que deseja implantar o que ele julga ser o verdadeiro socialismo. Ele diz:
Doravante, só resta ao operário a tarefa de pelejar pelo futuro do povo judeu. Sem se aperceber, entra a serviço da potência que ele tem a ilusão de combater. Com a aparência de deixá-la atacar o capital, é que se pode melhor fazê-la lutar pelo mesmo. Nisso tudo, grita-se constantemente contra o capital internacional, quando em verdade o que se visa e a economia nacional. É esta que importa demolir para que, no seu cemitério, se possa edificar triunfalmente a Bolsa Internacional.
O processo aí empregado pelo judeu é o seguinte: aproxima-se do trabalhador, finge compaixão pela sua sorte ou mesmo revolta contra seu destino de miséria e indigência, tudo isso unicamente para angariar confiança. Esforça-se por examinar cada privação real ou imaginária na vida dos operários, despertando o desejo ardente de modificar a sua situação. A aspiração à justiça social, latente em cada ariano, é por ele levada de um modo infinitamente hábil, ao ódio contra os privilégios da sorte; a essa campanha pela debelação de pragas sociais imprime um caráter de universalismo bem definido. Está fundada a doutrina marxista.
Apresentando-a inseparavelmente ligada a toda uma série de exigências sociais bem legítimas, vai ele favorecendo sua propaganda e, por outro lado, despertando a aversão da humanidade bem intencionada em satisfazer aquelas exigências, que, expostas da maneira por que o são, aparecem desde o inicio, como injustas, e mesmo de impossível realização.
É que, sob esse disfarce de idéias puramente sociais, escondem-se intenções francamente diabólicas. Elas são externadas ao público com uma clareza demasiado petulante. A tal doutrina representa uma mistura de razão e de loucura, mas de tal forma que só a loucura e nunca o lado razoável consegue se converter em realidade. Pelo desprezo categórico da personalidade, por conseguinte da nação e da raça, destrói ela as bases elementares de toda a civilização humana, que depende justamente desses fatores.
Eis a verdadeira essência da teoria marxista, se é que se pode dar a esse aborto de um cérebro, criminoso a denominação de “doutrina”. Com a ruína da personalidade e da raça, desaparece o maior reduto de resistência contra o reino dos medíocres, de que o judeu é o mais típico representante.
Essa doutrina pode ser julgada justamente pelos seus desvarios em matéria econômica e política. Todos os que, de fato, são inteligentes hesitam em entrar no seu séquito, e os outros, a quem falta suficiente atividade intelectual ou preparo econômico, precipitam-se ao seu encontro. O judeu, dentro de suas próprias fileiras, “sacrifica” o elemento inteligente ao movimento, pois mesmo semelhante movimento não se pode manter sem inteligência. Assim cria-se um verdadeiro movimento trabalhista, sob a chefia de judeus. Aparentam visar à melhora das condições dos operários, tendo na mente, porém, em verdade, a escravização e o aniquilamento de todos os povos que não são judeus.
Impressionante esse trecho! Hitler deixa claro que não critica o marxismo tanto por seu conteúdo, mas por sua mentira. Ou seja, Hitler está querendo dizer que concorda com as propostas sociais marxistas, mas que se opõe ao marxismo porque, segundo ele, tudo não passa de um embuste judaico para escravizar as nações. É como se Hitler estivesse dizendo: “Ei! Vocês não são socialistas de verdade! São exploradores do povo!”. Para Hitler era claro que o “socialismo” marxista não passava de capitalismo judeu. A análise que ele faz do panorama mundial da época leva em conta essa concepção.
A internacionalização da economia alemã, isto é, a exploração do trabalho alemão por parte dos financeiros judeus internacionais, somente será praticável em um Estado politicamente bolchevizado. Mas a tropa de assalto marxista do capitalismo internacional judaico só poderá quebrar definitivamente a espinha dorsal do Estado alemão mediante a assistência amigável de fora. Por isso, os exércitos da França devem ocupar a Alemanha, até que o Reich, corroído no interior, seja dominado pelas forças bolchevistas a serviço do capitalismo judaico internacional.
Assim, o judeu é, hoje em dia, o grande instigador do absoluto aniquilamento da Alemanha. Todos os ataques contra a Alemanha, no mundo inteiro, são de autoria dos judeus. Foram eles que, na paz como durante a guerra, pela sua imprensa, atiçaram, premeditadamente o ódio contra a Alemanha, até que Estado por Estado abandonou a neutralidade e assentou praça na coligação mundial, renunciando aos verdadeiros interesses dos seus povos.
As ideias do judaísmo nesse assunto são de uma clareza meridiana. A bolchevização da Alemanha, isto é, a exterminação da cultura do nosso povo e a consequente pressão sobre o trabalho alemão por parte dos capitalistas judeus é apenas o primeiro passo para a conquista do mundo por essa raça.
Que Hitler era anticapitalista fica claro aqui. Ele não pretendia destruir todo o sistema capitalista, é verdade. Mas para ser anticapitalista não é necessário ter essa intenção. Basta encarar o capitalismo em seu estado puro como algo ruim e procurar domá-lo através do governo, intervindo intensamente na economia e engessando o livre mercado e a livre concorrência. É aquela velha retórica esquerdista de controlar o “capitalismo selvagem” em prol da sociedade.
Também fica claro aqui que a briga entre marxistas e nacional socialistas era, na verdade, uma disputa entre duas doutrinas de esquerda que almejavam o status de “verdadeiro socialismo”, acusando-se um ao outro de “capitalista”. Esse tipo de disputa dentro do próprio pensamento de esquerda sempre foi muito comum. Revolucionários franceses dividiram-se em jacobinos e girondinos; revolucionários russos dividiram-se em bolcheviques e mencheviques; revolucionários bolcheviques dividiram-se em stalinistas e trotskistas; stalinistas também passaram a fazer oposição aos fascistas (que tinham profundas raízes marxistas). E por aí vai. Nenhuma dessas disputas, contudo, mudou o fato de que todas essas visões são de esquerda.
Ele [Hitler] invoca o poder do Estado mais uma vez para esclarecer às massas sobre suas misérias e para aniquilar o judeu. O Estado não pode “se conservar indiferente como o tem sido até hoje”. A partir daí, Hitler começa a investir pesado na “justificação” de seu racismo. E ele vai tão longe que afirma que o objetivo do Estado é preservar a raça pura. Diz:
Em face disso, a concepção “racista” distingue a humanidade em seus primitivos elementos raciais, Ela vê, no Estado, em princípio, apenas um meio para um fim e concebe como fim a conservação da existência racial humana. Consequentemente, não admite, em absoluto, a igualdade das raças>, antes reconhece na sua diferença maior ou menor valor e, assim entendendo, sente-se no dever de, conforme à eterna vontade que governa este universo, promover a vitória dos melhores, dos mais fortes e exigir a subordinação dos piores, dos mais fracos.
O Estado como ferramenta para o novo mundo e a luta entre raças nos oferece o tom de esquerdismo do nacional socialismo. No marxismo temos classes sociais. No nazismo temos raças. Mas, no fim das contas, temos em ambas as visões de mundo uma polarização da sociedade e um conflito que deve ser travado para que se alcance uma sociedade reformada. Neste momento que entra a função do Partido
Os princípios políticos do partido em formação devem ser como os dogmas para a Religião. Por isso, a concepção racista do mundo tem de tornar-se um instrumento que permita ao Partido as devidas possibilidades de luta, tal como a organização partidária marxista abre o caminho para o internacionalismo
Depois de fazer toda a análise do problema da sociedade, Hitler vem com a solução, claro! A solução estava em um partido forte, regido por princípios quase religiosos, que iria transformar o Estado em um verdadeiro Estado socialista. Não há nada original neste ponto.
Acredito que estes textos deixam bem claro que o antimarxismo de Adolf Hitler nem chega perto de colocá-lo na posição de direitista. A verdade é que Hitler era um esquerdista fervoroso, que considerava o Nazismo como o verdadeiro socialismo e o marxismo como uma doutrina judaica de dominação mundial, a qual ele freqüentemente denominava como capitalismo judaico internacional..
Um pequeno adendo           
Há pessoas que podem continuar insistindo que Hitler era antimarxista por ser direitista, baseando-se em alguns trechos de Mein Kempf que são apontados por esquerdistas como prova de que Hitler comungava de ideias básicas da direita. Eu gostaria de analisar pelo menos dois desses trechos, a fim de não deixar dúvidas sobre o esquerdismo de Hitler. O primeiro trecho é esse:
A doutrina judaica do marxismo repele o princípio aristocrático na natureza. Contra o privilégio eterno do poder e da força do indivíduo levanta o poder das massas e o peso-morto do número. Nega o valor do indivíduo, combate a importância das nacionalidades e das raças, anulando assim na humanidade a razão de sua existência e de sua cultura.
Alegam os esquerdistas que esse trecho é uma prova de que Hitler era de direita por três motivos. Em primeiro lugar, porque ele defende o “princípio aristocrático da natureza”, que seria um princípio no qual a direita acredita e a esquerda repele. Em segundo lugar, porque exalta o individualismo, criticando o marxismo por sua noção coletivista de sociedade. E, em terceiro lugar, porque exalta nacionalidades e raças, que é algo considerado conservador por quem é de esquerda.
Todos esses pontos, contudo, são falhos. Vamos começar pelo tal “princípio aristocrático da natureza”. O que viria a ser isso? Bem, para Hitler esse princípio tinha a ver com a alegação de que existem raças diferentes de homens e que algumas raças são superiores às outras. O pensamento fundamental de direita, no entanto, jamais defendeu uma sandice dessas. Embora seja verdade que muitos direitistas, ao longo da história, tenham sido racistas, tais concepções não passavam de opiniões pessoais que nada tinham a ver com a visão de mundo da direita. Até porque, ser racista independe de posição política. Pode-se ser tanto um direitista racista como um esquerdista racista.
O que a esquerda faz aqui é, na verdade, uma grande confusão. Ela confunde o “princípio aristocrático da natureza”, de Hitler, com o “princípio da diversidade natural”, este sim, defendido pelo pensamento de direita. Segundo tal princípio, os seres humanos nascem com diferenças de habilidades e, dentro dessas habilidades, há ainda quem seja melhor do que o outro. Isso é óbvio e não há preconceito nesta ideia. Por exemplo, em uma sala de aula nem todos são bons em química. Talvez, de 30 alunos, apenas 10 se deem bem nesta matéria. E dentro destes 10, certamente há um ou dois que é melhor do que os outros. Isso vale para qualquer habilidade. É por isso que existem hierarquias, divisões de funções e até mesmo uma divisão desigual de riquezas. Não obstante, acreditar nisso não significa acreditar em raças naturalmente inferiores ou superiores.
Ironicamente, a idéia de usar o racismo dentro da política para criar grupos de conflito no mundo é uma idéia que encontra maior aporte na esquerda. Afinal, a direita rechaça a idéia de ver o mundo como uma enorme luta entre classes, ao passo que a esquerda se baseia nisso. Burgueses x Proletários; Religiosos x Ateus; Conservadores x Radicais; Brancos x Negros; Heterossexuais x Homossexuais; Machistas x Feministas; Pró-vida x Pró-escolha e etc. O mundo esquerdista é polarizado. Tem que haver um grupo oprimido, que precisa se proteger e se vingar, e um grupo opressor, que precisa ser combatido. O mundo direitista não tem grupos. Só indivíduos. Assim, o princípio de Hitler é apenas uma variação da mentalidade grupal (ou classista) da esquerda.
Quanto à questão da exaltação do individualismo, feita por Hitler, há aqui um paradoxo. Todos reconhecem que o Nacional Socialismo não foi uma doutrina que defendeu a liberdade individual. O simples fato de criar um objetivo único para todos é uma prova de que o regime não tinha a intenção de dar autonomia de pensamento ao indivíduo, mas pretendia controlar sua vida através do Estado. Então, o que será que Hitler quis dizer quando criticou o marxismo por negar o valor do indivíduo?
A explicação é simples. Hitler havia reparado que a doutrina marxista criava uma enorme massa amorfa de pessoas através da mistura de nacionalidades e culturas diferentes. Tudo se perdia nessa mistura, pois a doutrina enxergava a todos como apenas proletários. Raça, cultura, língua, hábitos e nacionalidade eram engolidos por essa massa proletária. Como Hitler era essencialmente nacionalista e racista, ele precisava fazer seus leitores se sentirem desconfortáveis em relação à maneira como o marxismo via as pessoas. O que ele faz? Primeiro, ele mostra como que o indivíduo não tem valor no marxismo, pois é apenas mais um proletário. Depois define o indivíduo em termos de nacionalidade, raça, cultura, língua e hábitos (tudo o que a massa amorfa do marxismo não levava em conta). Por fim, apresenta o nazismo como uma ideologia que valorizava o indivíduo, já que levava em conta o que o definia.
A mágica estava feita. Com essa retórica, Hitler conseguiu fazer as pessoas se sentirem valorizadas dentro do nazismo. Como, de fato, existe um senso muito maior de aproximação entre pessoas de mesma nacionalidade, cultura e etc., elas não se sentiam dentro de uma massa amorfa, mas dentro de uma grande família.
Hitler fala em valorizar a personalidade, o indivíduo, mas deixa claro que isso é obrigação do Estado, bem como é sua obrigação cuidar do bem-estar dos cidadãos. Sua intenção é se intrometer na vida dos cidadãos, através do governo, ditando aquilo que o Estado acha que é bom para o indivíduo. Isso nada mais é do que coletivismo! Individualismo é o Estado deixar o indivíduo por si próprio.
Com relação à defesa de nacionalidades e raças feitas por Hitler, mais uma vez, isso não é doutrina de direita. A direita acredita em diferenças de habilidades entre as pessoas (o que leva à existência de hierarquia) e no patriotismo, que é bem diferente de nacionalismo. O patriotismo é o amor pela nação, enquanto o nacionalismo é a criação de uma classe política nacional que se opõe às outras nações. E eu torno a dizer que tal visão classista é uma variante da mentalidade classista comum à esquerda.
O segundo trecho que quero analisar é este:
A ação destruidora do judaísmo em vários aspectos da vida do povo, deve ser vista como um esforço constante para minar a importância da personalidade nas nações que os acolhem e substituí-la pela vontade das massas.
Os esquerdistas alegam aqui que a esquerda sempre prega que o poder seja dado ao povo, ao passo que Hitler abominava isso. Seria esta uma prova de que ele não era de esquerda, mas de direita. Verdade seja dita, Hitler não pregava que o povo tomasse o poder. Mas isso, no máximo, fazia dele um esquerdista mais sincero que os outros neste ponto. Afinal, todos os líderes esquerdistas que prometeram dar o poder ao povo, se tornaram ditadores. Eles não se consideraram ditadores, claro. Eram “representantes” do povo. Mas o fato é que jamais se viu o próprio povo governar. E certamente todo líder sabe que, ao fim de uma revolução, alguém vai ter que tomar as rédeas do governo e receber poderes despóticos. Hitler apenas não fingiu que isso não ocorreria. Foi direto ao ponto: tem que haver um líder.
Isso só reforça seu esquerdismo. Para a direita, a idéia de colocar todo o poder nas mãos do governo, seja por meio de uma só pessoa ou de um só partido, é ridícula, extremamente ridícula. Lembremo-nos dos pais fundadores dos EUA, conservadores até os cabelos. Eles tinham um medo terrível do despotismo. Por isso projetaram uma nação federalista e com um governo central bem limitado. Lógico que os EUA não são mais assim há tempos! Mas eram. E eram porque seus fundadores eram direitistas.
Então, se um homem pretende dar ao Estado um poder ilimitado e se tornar o grande líder da nação, a fim de mudar os problemas do mundo, isso certamente não é nem um pouco conservador. Na verdade, é progressista. O conservador tem medo desse tipo de revolução insana e prefere sempre a prudência.


FISIOLOGISMO POLÍTICO

Segundo o http://www.dicionarioinformal.com.br/fisiologismo/

Fisiologismo
(Significado de Fisiologismo Por Lallamand (DF) em 12-07-2009)
           
É a parte podre das relações políticas, caracterizada pela troca de favores ou benefícios individuais pelo cumprimento das ações públicas.
Absolvição de parlamentares corruptos em troca do descontingenciamento de verbas públicas.


Segundo Wikipédia, a enciclopédia livre.

Fisiologismo é um tipo de relação de poder político em que ações políticas e decisões são tomadas em troca de favores[1] , favorecimentos e outros benefícios a interesses privados, em detrimento do bem comum[2] . É um fenômeno que ocorre freqüentemente em Parlamentos, mas também no Executivo, e está estreitamente associado àcorrupção política, uma vez que os partidos políticos fisiologistas apoiam qualquer governo - independentemente da coerência entre as ideologias ou planos programáticos - apenas para conseguir concessões deste em negociações delicadas.[3]

Mas isto só acontece em algum lugar bem distante, não é verdade? Alguma semelhança com o momento brasileiro?... 

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

LIBERTARISMO

O libertarismo , algumas vezes traduzido do inglês como libertarianismo, é a filosofia política que tem como fundamento a defesa da liberdade individual, da não-agressão, da propriedade privada e da supremacia do indivíduo. Suas raízes remontam ao taoísmo na China antiga, ao pensamento Aristotélico grego, à escolástica espanhola e ao renascimento e iluminismo escocês, que foram responsáveis por moldar o liberalismo clássico. Em diversas partes do mundo, o termo se confunde com a definição de liberalismo, embora libertarianismo tenha ganhado força a partir da expansão do movimento libertário nos Estados Unidos, visto que naquele país o adjetivo "liberal" se refere a alguém que defende em certa medida a intervenção do governo na economia. No libertarianismo, preconiza-se a liberdade em todos os aspectos.
As influências literárias sobre o libertarismo incluem John Locke, Frédéric Bastiat, David Hume, Alexis de Tocqueville, Adam Smith, David Ricardo, Rose Wilder Lane, Lysander Spooner, Milton Friedman, David Friedman, Ayn Rand, Friedrich von Hayek, Ludwig von Mises e Murray Rothbard8 . Existem, contudo, divergências significativas em termos de epistemologia, ontologia e metodologia na interpretação dos fenômenos sociais e econômicos entre esses diversos autores. Com particular relevância, Mises e Rothbard se distinguem de seus predecessores por rejeitar o empiricismo como método de avaliação científica.
Em seu mínimo denominador comum, libertários são aqueles que apoiam a expansão das liberdades individuais tanto econômicas quanto sociais, ou seja, uma justaposição entre liberalismo econômico e social. Vertentes do libertarismo mais próximas ao anarcocapitalismo defendem que as funções legislativas, punitivas e judicantes exercidas pelos Estados nacionais não deveriam ser exclusivas destes. Como todos os bens e serviços, a ordem legal representada no poder de legislar, julgar e punir poderia ser provida pelos mercados, em livre concorrência. Não seria o Estado, porém, o único possível provedor-garantidor da propriedade, da ordem, da vida.
O termo vem do inglês “Libertarianism”, usado em substituição ao mais conhecido “Liberalism”. “Liberal” é a anglicização do latim liber, e liberdade é o que o liberalismo "clássico" é, segundo os autores do século XIX, os chamados liberais. Na Europa continental, eles ainda são chamados assim. Nos Estados Unidos, o sentido foi modificado: o termo liberal agora se refere às políticas de um governo expansivo e ao welfare state. A alternativa contemporânea é libertarianismo.
Nos Estados Unidos o termo “liberal” foi apropriado por uma corrente política distinta e até mesmo oposta ao que se considera “liberal” nos países da América Latina ou da Europa. De fato, a designação “liberal” na América do Norte foi associada aos defensores da democracia social promotora da intervenção governamental, em especial nos mercados, isto é, os “liberais” americanos são aqueles que atribuem ao Estado uma necessidade vital de participação na indução econômica com vistas ao progresso social.
Tal apropriação linguística já foi abordada por Ludwig von Mises, economista e cientista social austríaco que influenciou grandemente a obra de Murray Rothbard. Rothbard (2003) sustentava o apoio ao resgate e à persistência do termo clássico “liberal”, no que encontrou apoio em outras referências.
Com a redefinição semântica do termo “liberalismo” na América do Norte, os adeptos de ideias políticas advindas do liberalismo propriamente dito – o liberalismo clássico - ficaram desprovidos de uma nomenclatura política, e o termo libertarianism acabou por ser adotado naquele país para designar aqueles que defendiam ideias verdadeiramente liberais.

Libertarismo no Brasil

No Brasil, em 2006, ativistas, acadêmicos e estudantes iniciaram um movimento na internet para a criação do partido Libertários. A reunião de fundação ocorreu em 20 de junho de 2009, aprovando o estatuto e o programa partidário que foram oficialmente publicados no DOU em 19 de janeiro de 2010. Entretanto, ainda não conseguiram o mínimo de assinaturas de apoio para participarem de eleições.
Figuras públicas
•             Hélio Beltrão Filho, presidente do Instituto Ludwig von Mises Brasil
•             Leandro Narloch, jornalista e escritor
•             Lobão, cantor, compositor, escritor, e apresentador de televisão
•             Luiz Felipe Pondé, filósofo e escritor
•             Wagner Lamounier, músico e economista

Libertarismo nos Estados Unidos

Em setembro de 2001, um grupo de americanos lançou o Free State Project, campanha que conclamava os adeptos de todo o mundo a se mudar para New Hampshire e construir ali uma sociedade na qual o papel do estado seria o menor possível. O Free State Project e o Partido Libertário foram inspirados nos ideais do Libertarismo.
Dentro do Partido Republicano há uma ala libertária. Alguns pontos de vista de republicanos libertários são similares aos do Partido Libertário, mas diferem no que diz respeito à estratégia utilizada para implementá-las.
O Republican Liberty Caucus foi fundado em 1991 em uma reunião de um grupo de membros da Flórida do Comitê Organizador republicano libertário.
Figuras públicas: Justin Amash; Ron Paul; Rand Paul
Representantes dos EUA:
•             Membro da Câmara dos Representantes dos EUA Justin Amash do Michigan
•             Membro da Câmara dos Representantes dos EUA Ron Paul do Texas
Senadores dos EUA:
•             Senador Rand Paul de Kentucky
•             Senador Ted Cruz do Texas
•             Senador Jeff Flake do Arizona
•             Senador Mike Lee do Utah
Governadores dos EUA:
•             Ex-governador Gary E. Johnson do Novo México
•             Governador Mitch Daniels de Indiana
•             Governador Nikki Haley da Carolina do Sul
•             Governador Gary Herbert de Utah
•             Governador John Kasich de Ohio
•             Governador Paul LePage de Maine
Autores e estudiosos:
•             Nobel de economia Milton Friedman
•             Autor Zora Neale Hurston
•             Escritor do Wall Street Journal Stephen Moore
•             Economista e filósofo Murray Rothbard
•             Economista Mark Skousen
•             Médico e ex-congressista republicano e ex-candidato à presidência dos Estados Unidos Ron Paul
•             Escritor, editor e presidente do Instituto Ludwig von Mises, Alabama, E.U. Llewellyn H. Rockwell, Jr.
Outros:
•             O ator e cineasta Clint Eastwood
•             A atriz e filantropa Angelina Jolie
•             O ativista político Julian Assange
•             O fundador da wikipédia Jimmy Wales
•             Rádio talk show Stefan Molyneux
•             Rádio talk show Larry Elder
•             Rádio talk show Neal Boortz
•             Baterista e compositor da banda Rush, Neil Peart
•             Personalidade da TV Drew Carey
•             Personalidade da TV Tucker Carlson
•             Personalidade da TV Dennis Miller
•             Humorista P. J. O'Rourke
•             Empresário Wayne Allyn Root
•             O fundador da Paypal Peter Thiel
•             Ator Vince Vaughn
•             Rádio talk show Jerry Doyle
•             Ator e Produtor Tom Selleck
•             Político, ator e apresentador de televisão Jesse Ventura
•             Escritora e filósofa Ayn Rand
•             Ilusionista, comediante, músico, ator e autor Penn Jillette
•             Lutador de wrestling profissional e ator Kane (lutador)
•             Ator e Animador46 da sitcom South Park Matt Stone
•             Ator e Animador da sitcom South Park Trey Parker
•             Ator, diretor e lutador de artes marciais Dolph Lundgren
•             O músico, líder da banda Queens of the Stone Age, Josh Homme

Políticas Libertárias

Por exaltar-se a liberdade em todos os aspectos, esta filosofia política apoia: a total igualdade de direitos civis entre pessoas do mesmo sexo, igualdade entre gêneros, a legalização do aborto (não é um consenso, visto que para muitos libertários- especialmente para os da vertente "right-libertarian" - o aborto fere o princípio da não-agressão), pesquisa em células estaminais, legalização da cannabis sativa como o uso de outras drogas (por ser o direito de liberdade de uso do consumidor, apesar de muitos libertários, especialmente os com orientação política de direita, serem contra a legalização e uso de drogas), a legalização da eutanásia e a presença de um Estado totalmente laico devido à liberdade religiosa. Portanto, o Libertarismo apoia que os direitos de liberdade de expressão, liberdade mental (ou de pensamento), direitos fundamentais, liberdade religiosa e qualquer outra liberdade individual. Também é destacável a total "desburocratização" estatal, a intervenção mínima do Estado, livre mercado e a redução de impostos.
Os libertários fazem uso do direito de propriedade privada para lidar com danos ao meio ambiente. Portanto, se alguém danificar ou prejudicar uma propriedade alheia, esta pessoa estará cometendo um crime e poderá ser processada por isso e terá que indenizar a quem foi prejudicado.

Libertarismo "utilitarista" e libertarismo "ético"

O anarco-capitalismo compõe-se atualmente de duas concepções paralelas: uma, "utilitarista", encabeçada por David Friedman, e outra, "ética", de viés jusnaturalista, desenvolvida por Murray Rothbard. Ambas as correntes tentam desconstruir o argumento da necessidade do Estado como entidade normativo-coercitiva da sociedade, seja por um viés ético-jusnaturalista, seja por um critério puramente consequencialista. Ambas são fortemente influenciadas pela teoria econômica.
Por um lado, a corrente "utilitarista" se vale das leis econômicas para provar que a existência de competição nos mais diversos níveis de decisão e de ações políticas e econômicas é mais eficiente que a ausência desta, inclusive para os chamados “bens públicos”, apontando nas falhas de governo a justificação para uma sociedade libertarianista. A corrente "utilitária" se preocupa em prover, deste modo, uma explicação científica do funcionamento da sociedade sem estado, na qual a ordem legal seja um bem econômico, sujeito às forças competitivas do mercado.
Por outro lado, a corrente ética, apesar de acolher em princípio a "visão utilitarista" em seu sentido econômico, é marcadamente cética sobre a capacidade desta de, por si só, legitimar uma filosofia política. Pautada no racionalismo, segue esta corrente os preceitos da chamada praxeologia (o método utilizado pela Escola Austríaca de economia para o estudo da ação humana), no sentido de encontrar o conjunto de leis naturais que regeriam o direito universal dos homens, estabelecendo uma ética da liberdade individual fundamentada na razão e na “natureza humana”.
Assim os anarcocapitalistas construíram uma nova abordagem jurídica. Por um lado, o libertarismo "utilitarista" demonstra que o direito, como mecanismo de solução de controvérsias, é um bem econômico que deve servir ao indivíduo em seu convívio social, devendo ser regularmente provido pelas leis do livre mercado. O libertarismo "utilitário" afirma o caráter instrumental do direito, aproximando o direito e o homem. Por outro, o libertarismo ético não afasta a instrumentalidade do direito, mas o fundamenta em preceitos éticos universais, isto é, à natureza do homem.
Em geral o argumento "utilitário" da necessidade de competição para a provisão de bens como segurança e justiça possui maior aceitação acadêmica pelo respaldo empírico da teoria econômica que o sustenta. Já os esforços teóricos dos anarco-capitalistas éticos no sentido de validar sua teoria política encontram recorrentemente dificuldades de aceitação, mesmo dentro do espectro geral dos libertarianistas. Isso decorreria, conforme Rothbard, da própria metodologia e natureza do objeto de estudo escolhido, que tende muito mais à filosofia ética, encontrando raízes nas teorias do direito natural, tão em desuso em um mundo essencialmente positivista e cientificista.

Esse texto na íntegra assim como todas as referências podem ser encontrados na wikipedia ou dispersos em outros sites. Suas partes apenas foram editadas aqui por apresentar bom um resumo do que é libertarianismo.