segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Do Livro Living Buddha, living Christ de Thich Nhat Hanh

THE BERKLEY PUBLISHING  G ROUP
Publ i s hed by the Pengui n G roup
Pengui n G roup (USA) I nc.
375 Huds on Street, New York, New York 10014, USA

REAL COMMUNICATION
On  t he  al t ar  in  my   hermi t ag e  in  France  are  imag es  of
Buddha  and  Jesus,  and  every   t ime  I  l ig ht   incense,  I
t ouch  bot h  of  t hem  as  my   sp i ri t ual   ancest ors.  I  can  do
t hi s because of cont act  wi t h t hese real  Chri st ians. When
y ou  t ouch  someone  who  aut hent ical ly   rep resent s  a
t radi t ion,  y ou  not   only   t ouch  hi s  or  her  t radi t ion,  y ou
al so  t ouch  y our  own.  Thi s  qual i t y   i s  essent ial   for
dialog ue.  When  p art icip ant s  are  wi l l ing   t o  learn  from
each  ot her,  dialog ue  t akes  p lace  just   by   t hei r  being
t og et her . When t hose who rep resent  a sp i ri t ual  t radi t ion
embody  t he essence of t hei r t radi t ion, just  t he way  t hey
walk, si t , and smi le sp eaks volumes about  t he t radi t ion.
In  fact ,  somet imes  i t   i s  more  di fficul t   t o  have  a
dialog ue  wi t h  p eop le  in  our  own  t radi t ion  t han  wi t h
t hose  of  anot her  t radi t ion.  M ost   of  us  have  suffered
from  feel ing   mi sunderst ood  or  even  bet ray ed  by   t hose
of  our  own  t radi t ion.  But   i f  brot hers  and  si st ers  in  t he
same t radi t ion cannot  underst and and communicat e wi t h
each  ot her,  how  can  t hey   communicat e  wi t h  t hose
out side  t hei r  t radi t ion?  For  dialog ue  t o  be  frui t ful ,  we
need  t o  l ive  deep ly   our  own  t radi t ion  and,  at   t he  same
t ime,  l i st en  deep ly   t o  ot hers.  Throug h  t he  p ract ice  of
deep  looking  and deep  l i st ening , we become free, able t o
see  t he  beaut y   and  values  in  our  own and  ot hers’
t radi t ion.
M any   y ears  ag o,  I  recog niz ed  t hat   by   underst anding
y our  own  t radi t ion  bet t er,  y ou  al so  develop   increased
resp ect ,  considerat ion,  and  underst anding   for  ot hers.  I
had  had  a  naive  t houg ht ,  a  kind  of  p rejudice  inheri t ed
from  my   ancest ors.  I  t houg ht   t hat   because  Buddha  had
t aug ht   for  fort y -five  y ears  and  Jesus  for  only   t wo  or
t hree, t hat  Buddha must  have been a more accomp l i shed
t eacher .  I  had  t hat   t houg ht   because  I  did  not   know  t he
t eaching s of t he Buddha wel l  enoug h.
One  day   when  he  was  t hi rt y -eig ht   y ears  old,  t he
Buddha  met   King   Prasenaj i t   of  Kosala.  The  king   said,
“ Reverend,  y ou  are  y oung ,  y et   p eop le  cal l   y ou  ‘The
Hig hest   Enl ig ht ened  One.’   There  are  holy   men  in  our
count ry  eig ht y  and ninet y  y ears old, venerat ed by  many
p eop le,  y et   none  of  t hem  claims  t o  be  t he  hig hest
enl ig ht ened  one.  How  can  a  y oung   man  l ike  y ou  make
such a claim?”
The Buddha  rep l ied,  “ Y our majest y,  enl ig ht enment   i s
not   a  mat t er  of  ag e. A  t iny   sp ark  of  fi re  has  t he  p ower
t o  burn  down  a  whole  ci t y.  A  smal l   p oi sonous  snake
can  ki l l   y ou  in  an  inst ant .  A  baby   p rince  has  t he
p ot ent ial i t y   of  a  king .  And  a  y oung   monk  has  t he
cap aci t y   of  becoming   enl ig ht ened  and  chang ing   t he
world.”  W e  can  learn  about   ot hers  by   st udy ing
ourselves.
For  any   dialog ue  bet ween  t radi t ions  t o  be  deep ,  we
have  t o  be  aware  of  bot h  t he  p osi t ive  and  neg at ive
asp ect s of our own t radi t ion. In Buddhi sm, for ex amp le,
t here  have  been  many   schi sms.  One  hundred  y ears  aft er
t he  p assing   of  t he  Buddha,  t he  communi t y   of  hi s
di scip les  divided  int o  t wo  p art s;   wi t hin  four  hundred
y ears,  t here  were  t went y   school s;   and  since  t hen,  t here
have  been  many   more.  Fort unat ely,  t hese  sep arat ions
have,  for  t he  most   p art ,  not   been  t oo  p ainful ,  and  t he
g arden  of  Buddhi sm  i s  now  fi l led  wi t h  many   beaut i ful
flowers,  each  school   rep resent ing   an  at t emp t   t o  keep
t he  Buddha’ s  t eaching s  al ive  under  new  ci rcumst ances.
Living   org ani sms  need  t o  chang e  and  g row.  By
resp ect ing   t he  di fferences  wi t hin  our  own  church  and
seeing   how  t hese  di fferences  enrich  one  anot her,  we  are
more  op en  t o  ap p reciat ing   t he  richness  and  diversi t y   of
ot her t radi t ions.
In  a  t rue  dialog ue,  bot h  sides  are  wi l l ing   t o  chang e.
W e  have  t o  ap p reciat e  t hat   t rut h  can  be  received  from
out side  of—not   only   wi t hin—our  own  g roup .  If  we  do
not  bel ieve t hat , ent ering  int o dialog ue would be a wast e
of  t ime.  If  we  t hink  we  monop ol iz e  t he  t rut h  and  we
st i l l   org aniz e  a  dialog ue,  i t   i s  not   aut hent ic.  W e  have  t o
bel ieve  t hat   by   eng ag ing   in  dialog ue  wi t h  t he  ot her
p erson,  we  have  t he  p ossibi l i t y   of  making   a  chang e
wi t hin  ourselves,  t hat   we  can  become  deep er .  Dialog ue
i s not  a means for assimi lat ion in t he sense t hat  one side
ex p ands  and  incorp orat es  t he  ot her  int o  i t s  “ sel f.”
Dialog ue  must   be  p ract iced  on  t he  basi s  of  “ non-sel f.”
W e  have  t o  al low  what   i s  g ood,  beaut i ful ,  and
meaning ful  in t he ot her’s t radi t ion t o t ransform us.
But   t he  most   basic  p rincip le  of  int erfai t h  dialog ue  i s
t hat   t he  dialog ue  must   beg in,  fi rst   of  al l ,  wi t hin  onesel f.
Our  cap aci t y   t o  make  p eace  wi t h  anot her  p erson  and
wi t h  t he  world  dep ends  very   much  on  our  cap aci t y   t o
make  p eace  wi t h  ourselves.  If  we  are  at   war  wi t h  our
p arent s,  our  fami ly,  our  societ y,  or  our  church,  t here  i s
p robably   a  war  g oing   on  inside  us  al so,  so  t he  most
basic work for p eace  i s  t o ret urn  t o ourselves and creat e
harmony   among   t he  element s  wi t hin  us—our  feel ing s,
our  p ercep t ions,  and  our ment al   st at es. That   i s why   t he
p ract ice  of  medi t at ion,  looking   deep ly,  i s  so  imp ort ant .
W e  must   recog niz e  and  accep t   t he  confl ict ing   element s
t hat   are  wi t hin  us  and  t hei r  underly ing   causes.  It   t akes
t ime,  but   t he  effort   alway s  bears  frui t .  When  we  have
p eace wi t hin, real  dialog ue wi t h ot hers i s p ossible.

O Primeiro Trabalho

O PRIMEIRO TRABALHO
Por Fra. D.H.A.A.
Em nossa fraternidade explicamos tudo claramente, cientificamente e o mais sucintamente possível, para que não haja erro, engano ou distração com vãs teorizações. É preciso que se comprove, não apenas que se entenda. E ademais, apenas entender não é nosso objetivo. 
Assim não estamos preocupados com explicações para convencê-la, nem para que você meramente entenda. Estamos ocupados em esclarecer com extrema clareza, lucidez e se possível o máximo sucintamente para que não haja devaneios nem perda de tempo, mas que se ponha logo em teste, em prática e corrobore com seus próprios resultados.
Mas para comprovar muitas coisas mais avançadas é preciso ver com clareza e para ver com clareza é preciso despertar um pouco mais. Sim, despertar, pois não estás acordado, ao contrário do que pensas. Estás apenas sonhando que estás acordado, pensando que estás consciente. Não percebes que estás sonhando exatamente como nos sonhos que tens à noite quando te deitas e dormes.
A única diferença deste sonho agora e daquele em que este corpo permanece na cama é a segurança: aquele sonho é seguro, de pouca duração e poucas consequências; este aqui em que estás agora é inseguro, perigoso em suas consequências que podem ser bem mais duradouras.
Entre aquela dimensão mental e esta não existe diferença na solidez (se olhares bem quando lá estiveres perceberás), mas sim na plasticidade dos objetos, na maleabilidade destes aos seus desejos, anseios, vontades, hábitos, condicionamentos.
Esta aparente “volatilidade” dos materiais lá é mais patente naqueles próprios constituintes mentais seus. Notavelmente perceptível na consciência, na lembrança e nas sensações que se tem lá. Esta “volatilidade” também está presente aqui. Isto é o mais essencial que vejas agora. Embora aqui durem mais as coisas, consciências, lembranças, sensações, estas também passam, também desaparecem, também oscilam. Tudo segue este processo, tudo está em processo de surgir, permanecer e desaparecer. Tudo se desintegra.
Este é o primeiro passo no acordar então. Ele é constituído de três elementos: (1) ver por si mesmo (não basta entender ou concordar comigo, é preciso ver de fato) que não está plenamente acordada, desperta; (2) ver que tudo está em constante processo de mudança, surgir, permanecer e desaparecer, e em constante transformação (não apenas em decorrência das intempéries ou quaisquer fatores físicos, mas também da atenção que lhe demos e da qualidade desta); e (3) tomar a decisão de estar atenta, acordada, vigilante ao que ocorre em sua consciência.
Esta é a principal técnica, estar sempre lembrada de estar atenta à própria consciência. Consciente da consciência, do que ocorre nela e de seus processos. Consciente também do que ela lhe mostra, principalmente nesta característica de constante mudança de tudo, inclusive de si mesma e de sua própria presença. Assim você notará que ela não é uma só, mas que você tem que invocá-la e sustentá-la sempre, de instante a instante, quase pode ver como que fabricando-a mesmo. Este é o primeiro passo.
Quando você perceber tudo isso uma ou outra coisa virá também à tona: (a) que você está sempre insatisfeita, ou que isto é sempre insatisfatório, ou seja, há sempre uma sede, ou por outra coisa, outro estado, ou por mais deste, a permanência, o incremento ou o crescimento deste; (b) a outra coisa que pode vir em vez disso à tona é que não há um centro de comando, um indivíduo, uma só personalidade reinante, um eu que comanda tudo, mas simplesmente elementos e características que se sucedem, e que também surgem e desaparecem. Esta segunda é bem mais difícil de ser vista pela maioria, mas se verá mais cedo ou mais tarde. Porém não é importante entrar em detalhe sobre isto agora, mas sim ver isso por si mesma, com a prática.
Ver estas três características em tudo, inclusive no chamado si mesmo, é então o segundo passo no processo do despertar, ver: (1) a impermanência, (2) a insatisfatoriedade e  (3) a insubstancialidade.
Isto é tudo no começo. Com isto está descrito tudo, todo processo e prática necessários ao início do despertar. Deves iniciá-lo exatamente agora se queres ver por si mesma, se queres realmente saber, se queres realmente compreender, para então ver por si mesma a verdade.
É preciso, neste caminho, antes de qualquer saber, entender e conhecer o “aparelho” do saber, o “mecanismo” do saber: o informador, os sentidos e a mente e o sabedor, a consciência. Só assim terás consciência de algum conhecimento seguro. Se não tudo será como foi até hoje, sonhos. Quando estiveres vendo compreenderás. Então pensarás consigo “que coisa! até hoje estive dormindo, nunca estive como estou agora!”. Que esta experiência se repita mais e mais em níveis cada vez mais elevados e possamos então nos encontrar e nos olharmos com um olhar de “estou realmente aqui, agora, acordando”.
Pode-se, deve-se, treinar isto numa forma de meditação formal também, começando com cinco minutos, então dez, quinze, vinte, trinta, quarenta e cinco...: sentada com a coluna ereta e pernas cruzadas, seja no chão, numa almofada, num banquinho ou numa cadeira, os olhos podem estar fechados ou semicerrados, simplesmente abandonar tudo que é “exterior”, pelo menos durante o tempo da meditação, firmemente, simplesmente abandonar, deixar tudo, deixar tudo ir, soltar, largar tudo, por esse momento e concentrar-se somente na consciência e no que ocorre nela. Apenas observando-a, consciente dela e do que estás fazendo, observando tudo que surgir, sejam sons, coceira, pensamentos sentimentos, lembranças, desejos, imaginações, aflições, seja o que for, resolutamente observar isto sem agarrar, sem tentar modificar, apenas observar imparcialmente, e deixar ir, soltar, deixar que se vá e voltar novamente a atenção à consciência somente. Farás isto diversas vezes numa sentada, e diariamente, até que comeces a ver “espaços” de apenas consciência, consciência pura, fixa-te nisto por enquanto, isto é tudo que precisas conhecer e isto é o conhecedor a fonte de todo conhecimento, não queira conceituá-la, segurá-la, tomá-la para si ou possuí-la, apenas observa-a, apena procure conhecer. Se tudo mais atrapalhar ou se surgir desejo sedento por isso ou por qualquer coisa simplesmente note isso, pode dar um rótulo e em seguida abandonar, deixar ir, se for insistente simplesmente diga “isto não é meu, isto não sou eu, isto não é o meu eu” e largue, solte, deixe ser e deixe ir. Estes dois meios de livrar-se (identificar-rotular e deixar ir) são tudo que precisas saber agora e suficiente para alguns anos, para avançar, aprofundar e ir mais além.
Se qualquer um buscar isso e praticar com diligência a fraternidade o encontrará e ajudará, interna ou externamente, a aprender o que mais precisa para levar o processo adiante e ao seu potencial máximo.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Holywooda


O passarinho que nasceu na gaiola sonha que voa
Mesmo sem nunca ter voado
E às vezes seu ssonho é tão intenso que com olhos fechados ele decola
E acorda assustado tendo batido nas grades
Mas se o passarinho aprende a abrir a portinha e sair da gaiola
Ele realmente voa, ele está livre
Mas que bom se tivesse um amigo
Que bom se ao invés de ter descoberto sozinho como se abre a gaiola
Ele tivesse sido ensinado por um bom amigo
Conhecedor da liberdade ou pelo menos que soubesse como conseguir alimento
Porque a liberdade sem esse conhecimento é muito difícil
E cheia de perigos surpeendentes que fazem o passarinho viver assustado e faminto
Então ele volta para a gaiola
Assim somos nós também em relação a nossas potências
Assim somos nós em relação ao divino, à liberdade, à iluminação
Mas que bom que no mundo já surgiu um buda, um Cristo, um complentamente liberto
E deixou para nos todas as instruções de como abrir a gaiola e de como viver livres
E daí surgiram muitos amigos que já fizeram o mesmo
Ou que pelo menos já sabem sair da gaiola
O problema das pessoas em geral não é querer abrir a gaiola sozinhos
Mas é acreditar que já são livres ou anida pior, acreditar que a gaiola é tudo
Como eles vão sair daí?
Muitos engaiolados ouvem maus amigos e maus conselhos
Eles acreditam que voar é apenas um sonho
E que não existe vôo nem vida livre
Eles sonham que voam e se deparam com as grades
E isto para eles é a prova concreta de que não existe vôo e que liberdade fora é uma ilusão
Por isso eles não ouvem os bons amigos dos iluminados, eles até riem deles
Eles muitas vezes sequer os vêem
Eles preferem acreditar cegamente que não existe vida fora da gaiola
E chamam essa crença de sensata, ou de ceticismo, ou de comprovação, ou evidência...
E ensinam tal coisa a suas crianças
Mas ainda bem que os bodisatvas, os mensageiros da liberdade, são incansáveis
Existem sempre passarinhos que voam perto da gaiola ou mesmo pousam nela
E com seu canto falam de vôos e de liberdade...