sexta-feira, 15 de agosto de 2025

O NOVO HOMEM - cap. 2

 


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Um segredo ao mesmo tempo imenso e terrível foi comunicado no homem de vontade, n.o 146, pag. 217. Esse segredo é que o coração do homem é a única passagem por onde a serpente venenosa eleva sua cabeça ambiciosa, e por onde seus olhos gozam de alguma luz elementar, porque sua prisão está bem abaixo da nossa.

Aqui ousamos comunicar um outro segredo não menos profundo, porém mais consolador, mais encorajador, e que serve para nos ensinar a respeitar uns aos outros, tanto no que diz respeito a santidade de nossa origem como ao caráter sublime da obra que devemos e podemos realizar sobre a terra.

Heis o segredo:

O amigo fiel que nos acompanha aqui embaixo, em nossa miséria, está como aprisionado conosco na região elementar, e embora goze sua vida espiritual, não pode gozar sua Luz Divina, as alegrias divinas, a Vida Divina a não ser pelo coração desse mesmo homem que foi escolhido como o intermediário universal do bem e do mal. (...)

É por isso que Jesus Cristo diz, em Mateus, 18,10: Não desprezeis um só destes pequeninos, pois vos declaro que os seus anjos nos céus vêem incessantemente a face de meu Pai, que está nos céus. Eles vêem a face de Deus porque as crianças que os acompanham têm o coração puro, e é o coração puro dessas crianças que serve de órgão a esses anjos, uma vez que não estão no céu, onde está o Pai. Mas, reciprocamente, o coração do homem só é puro quando fiel à voz de seu anjo; isto é, em outras palavras, quando o homem volta a ser criança, de maneira que seu anjo tenha a liberdade de ver a face de Deus.

Também há grande significado nas palavras de Jesus Cristo, no mesmo capítulo, versículo 3: "Se vos não tornardes como meninos, não entrareis no reino dos céus". O anjo é a sabedoria, o coração do homem é o amor; o anjo é o recipiente da Luz Divina, o coração do homem é a sua voz e o modificador. Não podem ser trocados nem unidos, a não ser pelo nome do senhor, que é ao mesmo tempo o amor e a sabedoria que os liga na sua unidade. Nenhum casamento é comparável à esse; e nenhum adultério é comparável ao que altera um tal casamento; também é dito em Mateus, 19,6: "Não separe o homem o que Deus uniu".

Pode-se também encontrar esta grande verdade no sentido desta passagem; "Amar o teu próximo, como a ti mesmo, e o de outra passagem que nos ensina que aquele que se fizer menor será o maior. Tudo é vivo nessa tríplice aliança, tudo é espírito, tudo é Deus, tudo é a palavra: como o inimigo poderia acercar-se dela? Ó homem! se tu percebes o menor raio dessa alta luz, não perca um momento para cumprir todas as leis que ela te impõe, e para te tornares tão vivo, tão ativo, e tão puro como as duas correspondências entre as quais estás colocado; esse será o meio de apressar tua regeneração e de preparar adiantadamente um lugar de repouso, para o tempo vindouro. Tu és a lâmpada, o espírito é o ar, o calor e o fogo da Luz Divina estão contidos no óleo; o ar sopra sobre ti para te colocar em atividade e para que lhe transmita o calor doce evivificante, e a santa claridade desse óleo, que deve necessariamente passar por ti para alcançá-la.

Nessa operação, o homem se torna uma verdadeira luz no meio das trevas. Ele se torna essa verdadeira luz pelo simples fato de manifestar o princípio vivo de querer procurá-la e fazê-la passar pelo seu coração. Assim o homem pode regozijar-se muito, mas não pode glorificar-se enfim, o anjo está repleto de consolações e alegrias; e por meio das alegrias divinas que lhe proporcionamos, ele se liga e se aperfeiçoa mais a nós, (...)

Porque quando a Vida Divina passa por nós, atrai o espírito, e quando o espírito vem até nós, atrai a Vida Divina; Deus se espiritualiza e o espírito se diviniza, e nosso ser recebe essa alimentação, preparada pela sabedoria, que dispõe todas as suas ações para o bem dos seres; se viessem sozinhos a Divindade nos consumiria, e o espírito não nos nutriria suficientemente, pois embora não sejamos Deus, somos mais do que o espírito.

Essa lei que nos é traçada para operar nossa regeneração, indica claramente qual lei deveria acompanhar nosso destino primitivo, pois deveria ser ainda mais desenvolvida, sem contudo, mudar sua natureza, porque uma lei não muda, ainda que se restrinja ou se retire quando os seres se tornam absolutamente indignos de que continue atuando sobre eles; assim, se hoje devemos chegar o domínio até nosso anjo, outrora, tivemos o privilégio de levar o mesmo serviço a um maior que nosso anjo particular. Enfim, se hoje podemos fazer passar por nós alguns raios do sol divino, é porque, por nossa natureza original, temos o poder de fazer passar por nós a Divindade por inteiro, e, por conseqüência, só podemos nos considerar regenerados quando tivermos atingido esse objetivo grandioso, que é o termo final de nosso ser; (...) como teria feito primitivamente, se tivéssemos seguido seus desígnios.

Homem, fica sabendo como estás longe de teu fim, e vê se essa perspectiva te pode deixar crer que deves esmorecer na inação.

Gostaríamos de não ter a necessidade de sustentar todos esses grandes princípios através de demonstrações racionais da natureza espiritual do homem e da divindade de sua origem, sendo que essas provas estão em outros escritos; mas se as tivéssemos absorvido com bastante cuidado para eliminar todas as dúvidas, seria inútil querer nos seguir neste momento. Acreditamos, então que devemos nos deter um pouco nesses elementos, que são como as três pequenas preliminares dos conhecimentos reservados a nós; isso porque, temos que expor verdades de um outro tipo.

Do Livro O NOVO HOMEM de Louis Claude de Saint Martin

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