sábado, 22 de dezembro de 2018

Do Livro O NOVO HOMEM de Louis Claude de Saint Martin

Capítulo 1

A verdade não exige mais do que fazer aliança com o homem; mas ela quer que seja com o
homem puro, sem nenhuma mistura com qualquer coisa que não seja fixo e eterno como ela.
Quer que esse homem se purifique e se regenere continuamente e por inteiro, na fonte do
fogo e na sede da unidade; quer que a terra absorva os pecados dele todos os dias, isto é, que
absorva toda a sua matéria, porque este é o seu verdadeiro pecado; quer que tenha o corpo
sempre pronto para a morte e os sacrifícios, a alma pronta para o exercício de todas as virtudes, o
espírito pronto para entender todas as luzes e fazê-las frutificar para a glória da fonte de onde
provêm; quer que se considere em todo o seu ser como um exército sempre em prontidão, prestes
a marchar ao primeiro sinal; quer que tenha uma resolução e uma constância que nada possa
alterar, e estando avisado de que continuando encontrará apenas sofrimento, porque o mal vai se
oferecer a cada passo, que essa perspectiva não o detenha em sua marcha, e que dirija sua visão
exclusivamente, para o marco que o espera ao fim do percurso.

Se ela o encontra nessa disposição, aí estarão as promessas que lhe faz e os favores que lhe
destina. Porque tão logo o interior do homem se lhe abre, ela é inundada por uma carga de
alegria, não somente como a mãe mais terna por um Filho que não vê há muito tempo, mas como
o mais augusto gênio à vista da mais sublime produção que, inicialmente, lhe parecia bisonha,
estranha a seu espírito e, por assim dizer, apagada de sua memória, mas que, em seguida, lhe faz
unir o amor mais vivo a essa profunda admiração, quando esse excelso gênio chega a reconhecer
que essa sublime produção é um trabalho seu.

Mal a verdade vê nascer o desejo e a vontade no coração do homem, precipita-se com
todos os ardores da sua Vida Divina e do seu amor. As vezes, não pede a ele mais que a privação
de tudo o que é insignificante, e para esse sacrifício negativo, ela o suprirá de realidades. A
primeira realidade é dar-lhe sinais de advertência e de preservação, a fim de que não tenha como
Caim, razão para temer e dizer: quem me achar, me matará. Em seguida, põe sobre ele os sinais
do terror, para que sua presença provoque medo e faça seus inimigos fugirem; finalmente ela o
ornamenta com os sinais da glória, a fim de que possa fazer brilhar a majestade do seu mestre e
receber por todos os lados as honoráveis recompensas que são devidas a um servidor fiel.

É assim que ela tratará aqueles que tiverem confiança na natureza de seu ser; que não
deixarem escapar a mínima centelha; que forem considerados como uma idéia fundamental ou
um texto do qual a nossa vida inteira deveria ser apenas o desenvolvimento e o comentário de
maneira que todos os nossos momentos serviram para explicá-lo e torná-lo mais claro, e não para
obscurecê-lo, apagá-lo e lançá-lo no esquecimento, como ocorre quase sempre para a nossa
infeliz posteridade.

Para nos curar, a verdade possui um medicamento real, que sentimos fisicamente quando
ela julga oportuno administrá-lo a nós. Esse medicamento é composto de dois ingredientes, de
acordo com nossa enfermidade, que é uma mistura do bem com o mal e que apanhamos de quem
não sabe se preservar do desejo de conhecer essa ciência fatal. É um medicamento amargo, mas é
o seu amargor que nos cura, porque essa parte amarga, a justiça une-se ao que há de viciado em
nosso ser para lhe trazer a retificação; então, o que há de sadio e vivo em nós, se une, por sua
vez, ao que há de doce no medicamento, e obtemos saúde.

Enquanto essa operação medicinal não se realiza em nós, é inútil considerar-nos sadios e
bem; não estamos sequer em condições de usar alimentos salutares e puros, porque nossas
faculdades ainda não estão abertas para recebê-los. Dessa forma, não é suficiente para nosso
restabelecimento, abster-nos de alimentos malsãos e corrompidos; é necessário que consumamos
esse medicamento amargo que os ministros espirituais da sabedoria introduziu em nós,
produzindo aí uma sensação dolorosa que poderíamos chamar de febre da penitência, mas que
termina com a doce sensação da vida e da regeneração.

As pessoas que se encontram na via da regeneração, recebem e sentem esse medicamento
todas as vezes que o inimigo as tocam, para viciar qualquer coisa em seu ser. Os outros nem o
recebem, nem o sentem, porque se encontram num contínuo estado de transtorno e enfermidade
que não permite ao medicamento aproximar-se deles.

Mas esse medicamento é tão necessário ao nosso restabelecimento, que aqueles que não o
receberam não podem comer de forma proveitosa o "pão da vida" e não se tornam "ouro puro".
Enfim, ele deve moldar e trabalhar nossa alma sem descanso, sem interrupção, como o tempo
trabalha constantemente todos os corpos da natureza para reconduzi-los à pureza, à simplicidade
e à atividade viva dos seus princípios constitutivos. É desse modo que se abre em nós uma fonte
ativa, que é alimentada e mantida pela própria vida; e é por esse meio que atingimos uma
natureza de alegrias que não cessam e que estabelecem em nós antecipadamente e para sempre, o
reino eterno daquele que é.

É fácil constatar que esse medicamento não deve ser confundido com as atribulações
terrenas, com as doenças do corpo, com as injustiças que podemos receber de nossos
semelhantes e que mantêm nossa alma na angústia. Todas essas coisas são para punir a alma ou
submetê-la à provação, mas não lhe dão mais que uma sabedoria temporária; ou por outra, só
podemos receber a Vida Divina por preparações de mesma ordem; e o medicamento do qual
falamos é essa preparação exclusiva. Feliz é aquele que perseverar até o fim, desejando-o e
aproveitando-o todas as vezes que tiver a felicidade de experimentá-lo! Constatará desse modo
que o homem pode ter grandes coisas a dizer, não necessariamente ditas por ele, e que ele deve
esperar que o façam dizer ou escrever.

Pois o orvalho que Deus faz descer no homem é todo composto de ações totalmente vivas,
totalmente formadas, totalmente completas, como guerreiros armados dos pés à cabeça, ou como
médicos poderosos, portando nas mãos a ambrosia, ou como anjos celestes todos brilhantes tanto
no interior como no exterior, luzes puras e santas da vida; e o homem destinado as ser o objeto e
o receptáculo de tantos benefícios percebe pela inteligência, no meio desse orvalho sagrado, a
mão suprema de Deus resplandecente de glória, que quer tomá-lo como o termo dessa
incomparável magnanimidade. Tanto isso é verdadeiro que a palavra divina não pode vir a nós
sem criar, ao mesmo tempo, todo um mundo.

Meu Deus, bem sei que sois a vida, e que não sou digno de que vos aproximeis de mim,
que não sou senão desonra, miséria e iniqüidade. Sei bem que tendes uma palavra viva, mas que
as trevas espessas da minha matéria impedem que os ouvidos de minha alma a ouça. Contudo,

fazei entrar em mim em abundância essa palavra, para que seu peso possa contrabalançar a
quantidade de vazio no qual está absorvido todo o meu ser, e que no dia do seu julgamento
universal, o peso e a abundância de vossa palavra, possam me resgatar do abismo e me elevar até
vossa santa morada; colocai nas diversas regiões e faculdades que me compõem, numerosos
trabalhadores hábeis e vigilantes que desobstruam os canais de todas as suas imundícies e
quebrem até mesmo as rochas que se opõem à circulação das águas; então a vida de vossas
fontes puras e ativas em mim encherá meus rios até a borda; então criareis um mundo de
espíritos em meu pensamento, um mundo de virtudes em meu coração e um mundo de poderes
em minha ação, e será o todo - poderoso, o santificador universal, que sustentará, ele mesmo,
todos os mundos em mim, nutrindo-os continuamente com suas próprias bênçãos.

Qual é o verdadeiro significado do Natal?

Por Victor
(...)
Vamos deixar com que o Evangelho de Mateus nos conte a história: “Foi assim o nascimento de Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, mas, antes que se unissem, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Por ser José, seu marido, um homem justo, e não querendo expô-la à desonra pública, pretendia anular o casamento secretamente. Mas, depois de ter pensado nisso, apareceu-lhe um anjo do Senhor em sonho e disse: José, filho de Davi, não tema em receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mateus 1.18-21).
O que te surpreende nesta história? Uma mulher ficar grávida do Espírito Santo? Um homem, que para não difamar sua mulher, busca anular secretamente o seu casamento para que Maria não fosse envergonhada e punida pelo povo? Um anjo contando a José a verdade sobre a gravidez de Maria através de um sonho?
Todas essas coisas são uma introdução para o que vai acontecer de mais importante: a nossa salvação através de Jesus Cristo. Está escrito em Romanos 3.23-24: “Não há distinção, pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus”.
Todos nós somos pecadores e por isso, precisamos de Cristo. Nossos pecados roubam tudo o que Deus criou para nós. Somos cegos caminhando sem rumo e orientação. Desespero, angústia, medo, tristeza, maldade, vaidade, orgulho; estes são apenas alguns dos sintomas que mostram o quanto estamos distantes de Deus.
A palavra Natal vem do latim natale que significa: nascimento. No Natal celebramos o nascimento do redentor da humanidade, o Filho de Deus. No Natal celebramos também o nosso nascimento. Isso mesmo, o nosso nascimento! Nascimento para uma nova vida que recebemos através de Jesus. “Portanto, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, tudo se fez novo” (2 Coríntios 5.17)
Você precisa de uma vida nova? Uma nova chance? Um novo recomeço? Você precisa nascer de novo. Não nascer numa outra vida depois desta, pois a Bíblia não ensina a doutrina da reencarnação. “Ao homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo” (Hebreus 9.27 ). Nascer de novo é nascer para a nova vida que Cristo nos oferece, com Ele no controle. Uma vida repleta da verdadeira esperança, sentido e paz com Deus.
Você precisa disto? Jesus é o fim da sua busca.
Por Victor
Texto completo em http://www.pibpenha.org.br/natal

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

COMO SER SANTO

https://casadoespiritosanto8.blogspot.com/2018/11/como-ser-santo.html

FARSA DA SUPERPOPULAÇÃO MUNDIAL - parte 2 - O mito do superpovoamento e a obsessão com o controle populacional


Por Walter Williams

(O autor: Walter Williams, professor honorário de economia da George Mason University e autor de sete livros.  Suas colunas semanais são publicadas em mais de 140 jornais americanos.)

De acordo com um artigo no site American Dream, intitulado "Al Gore, Agenda 21 and Population Control [Al Gore, Agenda 21 e o Controle Populacional], há gente demais habitando o planeta Terra, e isso está gerando impactos negativos sobre todos nós.  A solução?  Reduzir a população.  É o que eles próprios defendem abertamente, como será mostrado mais abaixo. 

Em primeiro lugar, o que é Agenda 21?  A própria ONU define Agenda 21 da seguinte maneira:

"Agenda 21 é um abrangente plano de ação a ser empreendido globalmente, nacionalmente e localmente por organizações pertencentes ao Sistema das Nações Unidas, pelos Governos e pelos Grandes Grupos em toda e qualquer área em que o ser humano impacta o ambiente."

Se tal objetivo globalista ainda parece muito abstrato, veja o que disse o Fundo de População das Nações Unidas em seu "Relatório sobre a Situação da População Mundial 2009" intitulado Enfrentando um Mundo em Transição: Mulheres, População e Clima:

"Cada nascimento resulta não só nas emissões atribuíveis àquela pessoa ao longo de sua vida, mas também nas emissões de todos os seus descendentes. Assim, a economia de emissões decorrente de nascimentos pretendidos ou planejados se multiplica com o tempo. [...] Nenhum ser humano é genuinamente "neutro em carbono", principalmente quando todos os gases de efeito estufa são levados em conta na equação. Portanto, todas as pessoas são parte do problema, logo todos precisam participar da solução de um modo ou de outro. [...] Programas de planejamento familiar de qualidade são do interesse de todos os países no que se refere às preocupações sobre gases de efeito estufa, bem como às preocupações de bem-estar mais amplas."

O The New York Times concorda.  Em um artigo intitulado "The Earth is Full" [A Terra Está Lotada], de 2008, o colunista Thomas Friedman diz que "O crescimento populacional e o aquecimento global pressionam os preços dos alimentos, o que gera instabilidade política, o que leva ao encarecimento do petróleo, o que leva a novos aumentos dos preços dos alimentos, e assim reiniciando o círculo vicioso."

Já um professor de biologia da Universidade de Austin, Texas, chamado Eric R. Pianka, em um artigo intitulado "What Nobody Wants to Hear, but Everyone Needs to Know" [O que Ninguém Quer Ouvir, Mas Todos Precisam Saber], escreveu que "Não desejo nenhum mal ao ser humano.  No entanto, estou convencido de que o mundo, incluindo toda a humanidade, estaria muito melhor sem vários de nós."

O principal problema, só para começar, é que não há absolutamente nenhuma relação entre um grande número populacional, desastres ambientais e pobreza.  Os entusiastas das políticas de controle populacional devem considerar a República Democrática do Congo e suas míseras 29 pessoas por quilômetro quadrado como sendo o ideal ao passo que Hong Kong e suas 2.510 pessoas por quilômetro quadrado devem ser um pesadelo. 

No entanto, os cidadãos de Hong Kong usufruem uma renda per capita de US$ 52.000, ao passo que os cidadãos da República Democrática do Congo, um dos países mais pobres do mundo, sofrem com uma renda per capita de US$ 648.  E isso não é uma anomalia.  Alguns dos países mais pobres do mundo são aqueles que têm as menores densidades populacionais.

O fato é que o Planeta Terra está repleto de espaço livre, e a esmagadora maioria está desabitada.  Se colocássemos toda a população da terra nos Estados Unidos, teríamos uma densidade de 662 pessoas por quilômetros quadrado.  Tal densidade é bem menor do que a vigente nas principais cidades americanas.  Se toda a população americana vivesse no estado do Texas, cada família formada por quatro pessoas usufruiria mais de 2,1 acres de terra (8.500 metros quadrados).  Igualmente, se toda a população da terra se movesse para os estados do Texas, Califórnia, Colorado e Pensilvânia  , cada família de quatro pessoas usufruiria um pouco mais de 2 acres.

[No Brasil, apenas 0,2% do território está ocupado por cidades e infraestrutura.  E se toda a população mundial fosse para o estado do Amazonas, a densidade populacional seria equivalente à da cidade de Curitiba].

É óbvio que ninguém está sugerindo que toda a população do planeta seja colocada nos EUA, e nem que toda a população dos EUA seja colocada no Texas.  Cito essas figuras apenas para colocar as coisas em perspectiva.

Vejamos outras evidências sobre densidade populacional.  Antes do colapso a União Soviética, a Alemanha Ocidental tinha uma densidade populacional maior do que a da Alemanha Oriental.  O mesmo vale para a Coréia do Sul em relação à Coréia do Norte; para Taiwan, Hong Kong e Cingapura em relação à China; para os Estados Unidos em relação à União Soviética; e para o Japão em relação à Índia.  No entanto, embora fossem mais povoados, Alemanha Ocidental, Coréia do Sul, Taiwan, Hong Kong, Cingapura, Estados Unidos e Japão vivenciaram um crescimento econômico muito mais alto, um padrão de vida muito superior, e um acesso a recursos naturais de qualidade de forma muito mais plena e acessível do que a população daqueles países de menor densidade populacional. 

Aliás, Hong Kong praticamente não tem um setor agrícola, mas sua população come muito bem.

É de se imaginar por que ainda há pessoas que dão ouvidos a catastrofistas que sempre se mostraram consistentemente errados em suas previsões — e não erraram por pouco, mas fragorosamente.

O professor Paul Ehrlich, biólogo da Universidade de Stanford, em seu best-seller de 1968, The Population Bomb [A Bomba Populacional] previu que haveria uma enorme escassez de comida nos EUA e que "já na década de 1970 ... centenas de milhões de pessoas irão morrer de fome neste país".  Ehrlich previu que, entre 1980 e 1989, 65 milhões de americanos literalmente morreriam de fome, e que, até 1999, a população americana encolheria 22,6 milhões de habitantes.

Sua previsão para a Inglaterra era ainda mais desesperadora: "Se eu fosse um apostador, apostaria uma quantia substancial de dinheiro que a Inglaterra deixará de existir até o ano 2000".

No primeiro Dia da Terra, celebrado em 1970, Ehrlich alertou: "Dentro de dez anos, todas as mais importantes vidas animais nos oceanos estarão extintas.  Grandes áreas costeiras terão de ser evacuadas por causa do fedor de peixe morto".  Apesar de todo este notável currículo, Ehrlich continua até hoje sendo um dos favoritos da mídia e do mundo acadêmico.

Em grande medida, a pobreza nos países subdesenvolvidos pode ser diretamente atribuída ao fato de que seus líderes seguiram os conselhos de "especialistas" ocidentais.  O economista sueco e Prêmio Nobel Gunnar Myrdal disse, em 1956, que "Os conselheiros para assuntos especiais dos países subdesenvolvidos, que se dedicaram a estudar e entender os problemas desses países ... todos recomendam o planejamento centralizado como a condição precípua para o progresso".

Em 1957, o economista Paul A. Baran, da Universidade de Stanford, aconselhou que "A implantação de uma economia socialista planejada é uma condição essencial — na verdade, indispensável — para se alcançar o progresso econômico e social nos países subdesenvolvidos."

Para coroar essa série de maus conselhos, os países subdesenvolvidos enviaram seus melhores alunos para estudar economia em Berkely, Harvard, Yale e na London School of Economics, onde aprenderam tolices socialistas sobre crescimento econômico.  Na melhor das hipóteses, as teorias ensinadas não passavam de um emaranhado de lugares comuns. 

Por exemplo, o economista e Prêmio Nobel Paul Samuelson os ensinou que os países subdesenvolvidos "não conseguem emergir sua cabeça de debaixo d'água porque sua produção é tão baixa que eles não conseguem poupar nada para formar capital".  Um raciocínio totalmente circular.  Já o economista Ranger Nurkse é ainda mais profundo: segundo ele, a causa básica do subdesenvolvimento dos países pobres é "o círculo vicioso da pobreza".  Ou seja, um país é pobre porque ele é pobre.

Desnecessário dizer que tais constatações profundas são, por si mesmas, absurdas.  Se elas tivessem a mais mínima validade, toda a humanidade ainda estaria até hoje morando nas cavernas — afinal, dado que toda a humanidade já foi miserável em uma época, dado que a pobreza é algo da qual não se escapa, é impossível ter havido enriquecimento.  Por essa lógica, podemos concluir que estamos vivendo uma mera fantasia de riqueza.  Continuamos, na realidade, tão pobres quanto na época em que vivíamos nas cavernas.

Os entusiastas do controle populacional têm uma visão malthusiana do mundo, a qual vê o ritmo do crescimento populacional superando o ritmo da criação de meios para que as pessoas se sustentem.  No entanto, a própria genialidade da humanidade já mostrou que os malthusianos estavam completamente equivocados.  O homem consegue hoje cultivar volumes cada vez maiores de alimentos em espaços de terra cada vez menores.  Igualmente, a energia utilizada para produzir comida, em termos de dólares por PIB, está em contínuo declínio.  Estamos conseguindo mais com menos, e isso se aplica à maioria dos outros insumos utilizados na produção de bens e serviços.

Pense na seguinte questão: por que a humanidade de hoje usufrui telefones celulares, computadores e aviões, mas não usufruía na época de Luis XIV?  Todos os recursos físicos necessários para a fabricação de celulares, computadores e aviões já existiam àquela época.  Aliás, já existiam quando o homem das cavernas habitava a terra.

Há apenas uma explicação do motivo de usufruirmos essas benesses hoje mas não em épocas passadas: o aumento do conhecimento e da criatividade humana, bem como a especialização, a divisão do trabalho e o comércio — tudo isso em conjunto com a liberdade individual e a propriedade privada.  Foi isso o que levou à industrialização e à melhoria do nosso padrão de vida. 

Em outras palavras, os seres humanos são recursos imensamente valiosos. 

Aqueles que se preocupam com um fictício superpovoamento do planeta tendem a ver os seres humanos como nada mais do que meros consumidores de recursos.  A lógica é simples: os recursos são finitos; os seres humanos consomem recursos.  Logo, menos seres humanos significa mais recursos disponíveis.  Esse é o cerne de todas as ideias contrárias à expansão populacional. 

Porém, embora as premissas desse silogismo sejam verdadeiras, elas são calamitosamente incompletas, fazendo com que a conclusão seja igualmente (e perigosamente) incorreta.

Em primeiro lugar, os seres humanos não são apenas consumidores.  Cada consumidor é também um produtor.  Por exemplo, eu só consigo almoçar (consumir) porque produzi (trabalhei) e alguém me remunerou por isso.  E foi justamente essa nossa contínua produção o que aprimorou sobremaneira o nosso padrão de vida desde o nosso surgimento até a época atual.  Todos os luxos que usufruímos, todas as grandes invenções que melhoraram nossas vidas, todas as modernas conveniências que nos atendem, e todos os tipos de lazer que nos fazem relaxar foram produzidas por uma mente humana. 

Logo, a conclusão óbvia é que, quanto mais mentes existirem, mais inovações surgirão para melhorar nossas vidas.  Uma simples reductio ad absudum revela a óbvia verdade de que a cura para o câncer tem mais chances de ser descoberta em uma sociedade com um bilhão de pessoas do que em uma com apenas um punhado de indivíduos.

Ainda mais importante é o fato de que essas inovações resultam em uma multiplicação de recursos, de modo que o silogismo sofre uma importante alteração: os recursos são finitos; os seres humanos consomem recursos; os seres humanos produzem recursos; logo, se os seres humanos produzirem mais recursos do que consomem, um aumento populacional será benéfico para a nossa espécie.

Que nós produzimos mais do que consumimos é um fato autoevidente: basta olharmos para o padrão de vida que usufruímos hoje e compará-lo àquele que tínhamos há 50, 100 ou 1.000 anos.  À medida que a população aumentou, aumentou também a nossa prosperidade, e a redução no sofrimento humano foi impressionante.

Aquilo que hoje é rotulado como "consequência do excesso de gente no planeta" é o mero resultado de políticas governamentais socialistas que reduziram a capacidade das pessoas de se educaram, se alimentarem, se vestirem, e se abrigarem das intempéries.  Pode observar: todos os países subdesenvolvidos sofrem com tarifas protecionistas que restringem as importações, moeda fraca (que gera inflação de preços e impede a obtenção de produtos importados de maior qualidade), regulamentações sobre as práticas agrícolas, políticas de controles de preços para alimentos, burocracias que atrapalham o livre empreendedorismo e, principalmente, falta de segurança e brutais violações dos direitos humanos, o que faz com que os mais capazes e mais produtivos emigrem e deixem para trás justamente os menos produtivos. 

A verdadeira lição anti-pobreza para os países pobres é que o caminho mais promissor e seguro para se sair da pobreza e gerar mais riqueza é a liberdade individual, o livre comércio, uma moeda forte, o respeito à propriedade privada e, acima de tudo, um governo limitado.


https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2060

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

O QUE É DEMOCRACIA - TERCEIRA PARTE

Algumas desvantagens da democracia

Hans-Hermann Hoppe

Na monarquia, o rei pode ser visto como uma pessoa que considera o país sua propriedade privada, e as pessoas que vivem nele são seus inquilinos, que pagam um tipo de aluguel ao rei. 
Por outro lado, consideremos os políticos eleitos sob um sistema democrático.  Estes políticos não são os proprietários do país da maneira como um rei o é; eles são meros zeladores temporários do país, por um período que pode durar quatro anos, oito ou mais.
E a função de um proprietário é bastante diferente da função de um zelador.  
Imagine duas situações distintas: na primeira, você se torna o proprietário de um imóvel.  Você pode fazer o que quiser com ele.  Você pode morar nele para sempre, você pode vendê-lo no mercado — o que significa que você tem de cuidar muito bem dele para que seu preço possa ser alto —, ou você pode determinar quem será seu herdeiro. 
Na segunda situação, o proprietário desse imóvel escolhe você para ser o zelador dele por um período de quatro anos.  Nesse caso, você não pode vendê-lo e não pode determinar quem será seu herdeiro.  Porém, você ganha um incentivo novo: extrair o máximo possível de renda desse imóvel durante o período de tempo que lhe foi concedido. 
Isso implica que, na democracia, o zelador temporário é incentivado a exaurir o valor do capital agregado do país o mais rápido possível, pois, afinal, ele não tem de arcar com os custos desse consumo de capital.  O imóvel não é dele.  Ele não tem o que perder com seu uso irrefletido.  Por outro lado, o rei, como proprietário do imóvel, tem uma perspectiva de longo prazo muito maior que a do zelador.  O rei não vai querer exaurir o valor agregado de seu imóvel o mais rapidamente possível porque isso se refletiria em um menor preço do imóvel, o que significa que sua propriedade (o país) seria legada ao seu herdeiro a um valor menor.
Portanto, o rei, por ter uma perspectiva de longo prazo muito maior, tem o interesse de preservar — ou, se possível, aumentar — o valor do país, ao passo que um político em uma democracia tem uma orientação voltada para o curto prazo e quer maximizar sua renda o mais rapidamente possível.  Ao fazer isso, ele inevitavelmente irá gerar perdas no valor do capital de todo o país.
Guerras
As guerras sob um regime monárquico tendiam a ser, como certa vez descreveu Mises, guerras exclusivamente entre soldados, ao passo que as guerras feitas por democracias envolvem o homicídio em massa de civis em uma escala jamais vista na história humana.
Essa diferença tem a ver novamente com o fato de que os monarcas consideram o país como sua propriedade.  Tipicamente, os monarcas faziam guerras para resolver disputas de propriedade.  "Quem é o dono de determinado castelo? Quem é o dono de determinada província?"  O objetivo de uma guerra monárquica sempre era limitado e específico. 
Já as guerras feitas por democracias tendem a ser guerras ideológicas. Ora quer-se liberar um país de alguma ditadura, ora quer-se converter um país a uma determinada ideologia.  E é difícil determinar quando tal objetivo foi de fato atingido.  A única maneira certa de atingi-lo é matando toda a população do país que se está tentando invadir ou ocupar.
Um monarca, obviamente, jamais teria tal interesse, pois ele quer adicionar — em vez de destruir — uma determinada província, uma determinada cidade ou mesmo um determinado castelo à sua propriedade privada.  E, para atingir esse objetivo satisfatoriamente, é de seu interesse causar os mínimos danos possíveis - afinal, de nada adianta adquirir bens destruídos e sem valor.
Portanto, embora para um monarca fosse mais fácil começar uma guerra, também lhe era mais fácil determinar quando o objetivo havia sido atingido, o que dava fim à guerra.
Nunca houve alguma motivação ideológica que levasse diferentes reis a guerrearem entre si, ao passo que as democracias — assim como as guerras religiosas — são um conflito de civilizações, um conflito de sistemas de valores praticamente impossível de se controlar.
Ademais, as guerras iniciadas por reis eram vistas pelo público meramente como um conflito entre monarcas, uma vez que os reis geralmente dependiam de voluntários para lutarem suas guerras.  Já nas democracias, todo o país participa da guerra, todos os seus recursos são forçosamente desviados para o esforço da guerra e nele são exauridos.
Com a democracia surgiu também o serviço militar obrigatório — uma situação típica em várias democracias atuais —, no qual os indivíduos são obrigatoriamente recrutados e forçados a ir às guerras.  O argumento utilizado para tal escravidão mortal é: "já que agora você tem uma participação no estado (afinal, estamos em uma democracia), você também tem de lutar as guerras do estado".
Já sob uma monarquia as pessoas não tinham uma participação no estado; o estado era visto como pertencente ao rei, sendo os cidadãos uma entidade completamente separada do estado.  Por causa disso, o envolvimento da população nas guerras monárquicas era muito limitado.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

PICHAÇÃO ABORTISTA?!

Na campanha eleitoral vi uma pichação estranha que dizia "aborto seguro mulheres vivas". Para quem é esse recado? Para os próprios apoiadores do aborto se inter-apoiarem mais, ou para convencer alguém que é contra o aborto? Para convencer quem? Ou só para aparecer e sujar?

Convivi com muitos anarquistas que pichavam, anarcopunks, eles diziam que a feia pichação é um protesto e serve para fazer a pessoa pensar na mensagem. Então vamos pensar. As pessoas que são contra o aborto são, no geral, mais conservadores, religiosas, direitistas, que estudaram biologia direito, e até uma parte da esquerda mais moralista é contra o aborto. E para todas essas pessoas aborto é o assassinato de um inocente. Então o que essa mensagem está transmitindo a essas pessoas? 

Primeiro, traduzindo a frase, nós e para essas pessoas a frase está dizendo assim: legalize o aborto para que essas mulheres assassinas de inocentes possam viver mais. Muito convincente não? Imagine só, conservadores preocupados com mulheres egoístas que querem o direito de matar inocentes, qual  o sentido teria isso? Só na mente desses inteligentes pichadores! Alguém se convenceria de que, para terem suas vidinhas inalteradas por uma gravidez (que é impossível acontecer por acidente como dizem, pois a gravidez só acontece se fizerem sexo), e para que até possam assassinar novamente, quantas vezes engravidem "sem querer", uma lei deve ser feita para proteger essas assassinas? Só na "inteligência" desses abortistas mesmo. Segundo, tais pichadores querem "argumentar" ou convencer, enfeiando, pichando o patrimônio público pelo qual pagamos, e por vezes a propriedade de outros, com uma frase tão horrenda. Então eu que tenho minha rua pichada ou alguém contra o aborto que teve sua parede pichada milagrosamente ficará convencido por essa pichação?! Os abortistas se acham mais inteligentes, e acreditam que têm argumentos lógicos e convincentes e que as pessoas não aceitam por maldade ou por serem "reaças". Está explicado.

domingo, 25 de novembro de 2018

HISTÓRIA DAS IGREJAS CRISTÃS DESDE A ORIGEM 7 - CAPÍTULO IX - parte III

O TRABALHO MISSIONÁRIO DOS BATISTAS 

Não podemos chamar a vinda dos batistas ingleses para a América como uma obra missionária. Podemos chamá-la de uma emigração. Dois fatores contribuíram para uma demora de uma organização missionária dos batistas. Primeiro que a Inglaterra era um país com grande influência no mundo. Aparentemente isso poderia ajudar na obra missionária dos batistas. Mas é só nas aparências. Sua influência podia ajudar os anglicanos e posteriormente os metodistas. Já os batistas não impunham a sua fé a ninguém. Aos batistas importava propor e não impor o evangelho aos países conquistados pelos ingleses. Devido a antipatia dos morados nativos pelos ingleses as missões tipo da dos batistas eram muito difíceis. O segundo fator era a pobreza que pairava nas igrejas batistas. Com seus direitos civis cassados a maioria dos seus membros era gente pobre e humilde. Mesmo assim, enfrentando todos estes obstáculos, cabe aos batistas o troféu de serem a primeira denominação cristã a enviar um missionário na Era Moderna. 

MISSÕES BATISTAS NA ÍNDIA 

No final do século XVIII, o elemento humano usado por Deus para o início da obra missionária foi um jovem pastor chamado Willyan Carey. Ele foi mencionado no livro Instituições Religiosas, pg 103, onde se lê: "Os batistas ingleses foram os primeiros, como Willyan Carey, a organizar, em 1792, missões em países não cristãos (África, China, Índia) por intermédio da Baptist Missionary Sociat". Era ele sapateiro de profissão, mas como tinha intensa curiosidade intelectual, extraordinária vontade de pregar, logo se tornou conhecido das igrejas e foi ordenado ao ministério batista. Como as igrejas que pastoreavam eram pobres e não podiam dar sustento integral, permaneceu durante algum tempo como sapateiro. Junto a sua banca de sapateiro tinha mapas, por ele mesmo confeccionados, em que fitava constantemente os países do mundo até onde o evangelho não tinha chegado. Sentia profundo amor no coração pelos pagãos que estavam morrendo sem Cristo. Finalmente conseguiu transmitir suas preocupações a diversos colegas de ministério, e assim foi fundada, em 1791, uma sociedade missionária. 

William Carey foi nomeado missionário, juntamente com John Thomas e em 1793 seguiram para a Índia. A ida de Carey para as Índias não agradou os comerciantes ingleses. Estes não viam com bons olhos a obra dos missionários, porque temiam que, convertendo-se ao cristianismo, os índios se tornassem menos fáceis de serem explorados. A companhia das Índias tudo fez para prejudicar os missionários e, finalmente, conseguiu um decreto pelo qual não era permitido mais o embarque de missionários da Inglaterra para a Índia. Nada impedia, entretanto, que os candidatos a obra missionária embarcassem para a América e de lá, para a Índia. Foi o que fizeram. Na América, entretanto, enquanto esperavam navios que os levassem à Índia, punham-se em contato com as igrejas batistas norte-americanas, e esse contato incentivou a realização de um trabalho missionário próprio dessas igrejas. 

MISSÕES BATISTAS NA BIRMANIA 

As Índias não foram o único alvo missionário dos batistas. William Ward, companheiro de Carey, encontrou com um missionário Congregacionalista no navio para as Índias. Admirado da fé de Willyan, o missionário Adoniram Judson e sua esposa Ana, converteram-se e foram batizados. Naquele tempo a maioria dos batistas faziam a coisa certa, davam muita consideração à forma, ao desígnio, ao candidato, e ao administrante de um batismo. Coisa semelhante aconteceu com outro pastor congregacionalista, Luther Rice, que também no navio converteu-se juntamente com Adoniram e foi batizado. Assim, em 1813, Adoniram foi para a Índia, e seguiu um pouco além para a Birmania, onde se tornou um grande missionário. Sua história pode ser encontrada em livros como "Ana de Ava", uma autobiografia do trabalho feito pela sua própria esposa. Adoniram Judson, além de missionário foi também um homem "das letras". Fez um dicionário birmanes e traduziu a Bíblia para esse idioma. 

A UNIÃO DAS IGREJAS BATISTAS EM PROL DAS MISSÕES 

Luter Rice voltou aos Estados Unidos, onde pediu ajuda das igrejas batistas da América para se sustentar. Seu pedido foi prontamente atendido, e o maravilhoso trabalho desempenhado por Judson e Rice fizeram que as igrejas batistas se organizassem numa Associação para poderem melhor atender as necessidades dos missionários, como também para a formação de novos missionários americanos. Essa associação foi denominada Convenção Geral da Denominação Batista nos Estados Unidos para Missões no Estrangeiro. Não podemos confundi-la com as atuais convenções batistas hoje existentes nos Estados Unidos. Esta missão tinha um sentido puramente missionário. Visava os missionários. Era uma coisa simples e quando deixou de existir (foi substituída por outra) contava com 99 missionários no estrangeiro e 82 igrejas organizadas. 

A Sociedade fundada por Willyan Carey não era exatamente uma cooperativa de igrejas. Era uma sociedade onde pessoas se juntavam para mandar missionários. A de Carey tinha doze pessoas quando foi fundada. 

O TRABALHO MISSIONÁRIO BATISTA NOS DIAS ATUAIS 

Atualmente existem várias convenções e missões batistas organizadas em prol da evangelização dos perdidos. A maior de todas é a Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos. Todas elas tem desempenhado um papel importante em abrir novos trabalhos batista pelo mundo. Para poderem melhor se organizarem e melhor organizarem seus trabalhos foi formada a Aliança Batista Mundial em 1905. A intenção inicial era a de ligar as igrejas batistas numa cooperativa de igrejas que juntam-se para realizarem trabalhos missionários e outras atividades adjacentes. 

Porém a existência da Aliança Batista Mundial é uma faca de dois gumes. Por um lado é bom, pois dá oportunidade de convenções se unirem e juntarem forças para trabalhos mais complicados. Também é bom para que cada convenção ou missão se conheça melhor. A Bíblia diz que é melhor serem dois do que um, e uma liga de três não se quebra tão facilmente. Muitos trabalhos missionários, em lugares estratégicos, tem sido abertos e sustentados pela Aliança. Não podemos deixar de dizer o quanto isso é maravilhoso diante dos olhos de Deus. Por outro lado causa um certo temor. Muitos batistas errados estão infiltrados nesta Aliança. Não dá para saber quem é quem. Outro fator negativo é que o trabalho algumas vezes é direcionado para o lado ecumênico, o que faz o nome Batista estar ajuntado com outras denominações erradas e antibíblicas. Outro lado ruim é a visão missionária da Aliança. Muitas vezes, na intenção de formar organizações para-eclesiásticas, o trabalho missionário fica em segundo plano. 

Afora as convenções e missões existentes, os batistas tem o privilégio de terem muitos pastores independentes. São missionários enviados por igrejas não filiadas a uma missão ou convenção. Não são poucos no Brasil, e estão espalhados em diversos pontos do mundo. A forma mais original dos batistas estão bem exemplificados no comportamento e nas igrejas edificadas por estes pastores. O fruto destes é um fruto permanente, e Deus tem certamente um plano especial para esta forma primitiva de ser cristão, e quem sabe o resgate da denominação num futuro próximo. Da mesma forma que as muitas convenções se gabam de ter grandes homens que trabalharam para o Senhor, os independentes muito mais, pois, cada missionário independente tem que ser homem de muita coragem e de muita fé no Senhor Jesus.

Se você deseja saber mais sobre a origem das igrejas cristãs escreva para: 

Autor: Pastor Gilberto Stefano 

Igreja Batista da Fé, 

Rua Jamil Dib Lufti, nr. 165 

Jardim Santa Clara 

17500-000 Marília, São Paulo 

Fonte: www.PalavraPrudente.com.br

http://www.palavraprudente.com.br/estudos/gilberto_s/historiaigreja/cap09.html


segunda-feira, 19 de novembro de 2018

HISTÓRIA DAS IGREJAS CRISTÃS DESDE A ORIGEM 7 - CAPÍTULO IX - parte II

PERSEGUIÇÃO AOS BATISTAS 


A história dos batistas é toda regada com o sangue dos seus mártires. Da mesma forma que seus antepassados, os mártires pós-apóstolicos, sofreram nas mãos do império e dos judeus, colocando-os nas prisões e nas arenas para serem engolidos pelos leões, e também seus antecessores, os anabatistas, sofreram toda sorte de atrocidades e torturas nas mãos dos católicos, os batistas sofreram horrores nas mãos dos católicos e protestantes por um longo período de tempo. Onde uma igreja batista era descoberta ou estabelecida, logo vinha a perseguição, e com ela a morte dos batistas.

A Perseguição na Inglaterra 


Até o ano de 1534 a Inglaterra foi um país católico. A partir desta data, liderados pelo rei Henrique VIII, os ingleses passaram a ser protestantes, mais precisamente pertencentes a Igreja da Inglaterra, conhecida como Episcopal ou Anglicana. Os templos católicos tornaram-se templos anglicanos. Padres foram muitas vezes transformados em pastores. O batismo foi o mesmo dos católicos, infantil e por aspersão. Os batistas, vendo tanta coisa errada, nunca aceitaram a igreja anglicana como uma igreja de Jesus. Seus pastores batizavam todos os que vinham do catolicismo ou do anglicanismo. Isso pareceu ruim aos olhos do rei e dos pastores anglicanos. Por isso ficou resolvido pelos anglicanos que os batistas precisavam morrer.

Muitos pastores e membros das igrejas batistas foram cruelmente mortos pela igreja anglicana. De 1534 até 1688 a igreja anglicana comandou o ato de intolerância contra as igrejas batistas. Foi nesta época que viveu John Bunyan. Neste período a perseguição era geral. As igrejas batistas não tinham o direito legal de existir, e quando descobertas, eram fechadas e destruídas. Não é por um acaso que muitas igrejas batistas, tanto na Inglaterra como no País de Gales, mudavam-se inteiramente para a América do Norte.

A partir de 1688 foi permitido aos batistas realizarem seus cultos publicamente, sem é claro, atormentar a igreja anglicana. Isso era coisa impossível aos batistas. Como pregar Jesus sem mostrar o pecado? Como ensinar a Bíblia sem mostrar o erro? O ensinamento da Bíblia, foi, muitas vezes, o fator principal das perseguições contra os pastores batistas. Apesar dessa tolerância era negado aos batistas o direito de ter acesso a cargos públicos, bem como ao parlamento. Somente em 1818 foram os batistas munidos deste direito. Mesmo assim não eram considerados válidos o registro de nascimento (pois negavam dar suas criancinhas ao batismo anglicano), e o registro de casamento (pois não casavam-se diante de um pastor anglicano e numa igreja anglicana). A intolerância do registro de nascimento só foi revogada em 1836, e a de casamento em 1844. Porém ainda não podiam ser aceitos nas Universidades de Cambridge e Oxford. Até este tempo os filhos dos dissidentes não possuíam o direito de acesso em nenhuma das grandes instituições. O ato de libertação veio somente no ano de 1854.

Alguns escritores tem revelado ao mundo um pouco das atrocidades sofridas pelos batistas nas mãos dos católicos e dos protestantes da Inglaterra. O Missionário W.C. Taylor relata no Manual das Igrejas Batistas, pg 149-151, que:
"Desde o século XII até o século XVII, muitos batistas sofreram perseguição e morte por meio da fogueira, do afogamento, da decapitação, além de outros métodos, que algumas vezes importavam em torturas desumanas. E isso sofreram dos papistas como dos protestantes..."

"Escreve Brande que: No ano de 1538, trinta e um batistas, que haviam fugido da Inglaterra, foram executados em Delf, na Holanda; os homens foram decapitados, e as mulheres foram afogadas (History of Reformers pg 303)..."

"O bispo Latimer declara que: Os batistas que foram queimados em diferentes partes do reino, seguiam para a morte intrepidamente, sem qualquer temor, durante o tempo de Henrique VIII. (Neals History of Puritans, V. III, pg 356)..."

"O Dr. Featley, um dos seus mais figadais inimigos, escreveu a respeito deles, em 1633: Essa seita, entre outras, até agora tem presumido da paciência do Estado, a ponto de organizar convenções semanais, rebatizar centenas de homens e mulheres juntos, de madrugada, em riachos, e em alguns braços do Tamisa e noutros lugares, imergindo-os completamente. Tem imprimido diversos panfletos em defesa de sua heresia; sim, e tem desafiado alguns de nossos pregadores a disputa. (Eng. Bapt. Jubilee Memor. Benedicts Hist. Baptist, pg 304)."

Das muitas histórias de pastores e igrejas batistas perseguidos na Inglaterra durante os anos de 1534 a 1688, há uma que até hoje tem comovido o mundo todo. É a história do pastor John Bunyan, ganho para Cristo após o árduo trabalho de sua esposa (uma batista), que lhe trazia a Bíblia e livros para ler. Em 1653 ele batizado foi pela Igreja de Bedford. Desde então sua vida é um exemplo de fé e firmeza nas tribulações. O relato abaixo foi extraído do livro "A História das Religiões", de Cherles Francis Pother, páginas 468-469, de 1944:

"Pregava havia já quatro anos quando Carlos II subiu ao trono na Inglaterra e restaurou o episcopalismo. Os pregadores puritanos teriam de conformar-se ou suspender os sermões. John Bunyan recusou-se a obedecer, sendo condenado a doze anos de prisão. Lograria a soltura em qualquer tempo desde que se comprometesse a não mais pregar, mas dizia com desassombro que, uma vez livre, pregaria na primeira oportunidade. Não o demoveu fome da esposa e dos filhos, sendo um deles uma menina, cega. Conseguiu ganhar algum dinheiro na cadeia fabricando cadarços compridos de fio de linho de pontas rematadas, os quais eram vendidos por sua filhinha cega.
Até na prisão Bunyan pregava aos companheiros. Tinha consigo apenas dois livros: Livro dos Martires, de Fox, e a Bíblia. Veio então grande inspiração e escreveu O Peregrino. Promulgada a declaração de indulgencias, foi Bunyan posto em liberdade, e logo depois eleito pastor de sua velha igreja. Três anos depois a declaração foi renovada, voltando Bunyan para a prisão por ser pastor não conformista".

John Bunyan não foi o único. Simplesmente é o mais conhecido. Antes de Bunyan muitos batistas padeceram o martírio. Tomas Hellys por exemplo, apenas três anos após a fundação da Igreja Batista de Spitalfields, em 1612, foi martirizado a mandato dos bispos anglicanos em 1615. John Smith, outro fundador de igrejas batistas, e um autentico anabatista por ter sido batizado na época em que as igrejas batistas ainda eram chamadas por esse epíteto, foi martirizado em 1612, apenas três anos após da fundação de sua primeira igreja. Edward Wightman, de Burton-sobre-o-Tento, condenado pelo bispo de Coventry, foi queimado em Litchfield, a 11 de Abril de 1612. Estes são alguns dos muitos casos de pastores ou membros batistas mortos por católicos e protestantes.

A Perseguição na Nova Inglaterra (Estados Unidos). 


Como as perseguições na Inglaterra estavam aumento no período de 1534 a 1688, foi o jeito de muitos anabatistas-batistas deixarem este país e rumarem para os Estados Unidos. Viam na América uma nova Canaã. E acertaram. Muitos pastores pregavam a emigração em massa. Igrejas inteiras foram transferidas da Inglaterra e do País de Gales para os Estados Unidos.
O primeiro grupo de batistas a emigrarem ainda eram conhecidos como anabatistas. Veja o relato do livro "A História das Religiões" página 489:

"Um outro grupo correu para Providence, logo nos primórdios da existência deste centro, não só foi bem acolhido por Roger Williams, como logrou sua adesão. Este grupo era o dos Anabatistas, ou como são mais conhecidos, batistas".

Provavelmente esse grupo veio junto com os puritanos do Mayflower em 1620. Mas descobertos pelos puritanos de Boston foram expulsos de lá em pleno inverno rigoroso de 1638. Negavam-se a entregar suas crianças para o batismo infantil dos presbiterianos e dos congregacionalistas. Encontraram em Roade Island um abrigo para sua fé. Formaram uma igreja anabatista em Newport neste mesmo ano. No ano seguinte fundaram uma igreja batista em Providence. Tinham como pastor John Clark, um homem de princípios e verdadeiro baluarte da fé. Também é desta igreja o conhecido Obadias Holmes, que foi o sucessor de John Clark no ministério. O pastor J.M. Carrol, no seu livro O Rasto de Sangue, página 47, assim narra as perseguições sofridas por Holmes e seus companheiros diante da Igreja Congregacional em Massachussets Bay:

"Com respeito às perseguições em algumas das colônias americanas vamos mencionar alguns exemplos. De certa feita, estava enfermo um dos membros da Igreja de John Clark. A família morava na Colônia e um pregador visitante de nome Crandall e um leigo de nome Obadias Holmes, foram visitar a família enferma. Enquanto eles estavam realizando um culto de oração com a família doente, um oficial ou oficiais da colônia prenderam-nos e mais tarde foram apresentados perante o tribunal para serem processados. Também está dito na história que para arranjar uma acusação mais forte contra eles, foram levados para uma reunião religiosa da Igreja Congregacional, tendo as mãos amarradas. A acusação deles foi a de não tirarem seus chapéus num serviço religioso.

Todos foram processados e condenados. O governador Endicott está presente. Zangado disse a Clark, durante o julgamento: - Tendes negado o batismo infantil (isto não era acusação contra eles). - Mereceis morrer. Não quero um traste deste na minha jurisdição. Como pena deviam pagar uma multa ou serem açoitados. A multa de Crandall (o visitante) foi de cinco libras; A pena de Clark foi de 20 libras; A multa de Holmes (os registros dizem que ele foi congregacional antes de se tornar um batista) foi de 30 libras. As multas de Clark e Crandall foram pagas por amigos. Holmes recusou igual obséquio alegando que não havia errado, razão porque foi bastante chicoteado. Os arquivos dizem que ele se despira até a cintura e que foi açoitado (com chicote tipo especial) até que o sangue lhe cobriu as costas, descendo pelas pernas até lhe encher os sapatos! "
O Dr. J.M. Carrol ainda relata outra história de perseguições sofridas pelos batistas na América, e desta feita o perseguido o pastor Jaime Ireland, página 49:

"A Virgínia foi o segundo lugar no mundo onde a liberdade religiosa foi adotada, seguindo a Rhode Island. Mas isto foi um século mais tarde. Antes disto, cerca de trinta pregadores em tempos diferentes foram presos, tendo como única acusação contra si o fato de pregarem o Evangelho do Filho de Deus. Jayme Ireland é um exemplo. Ele foi preso... Depois disto os seus inimigos tentaram matá-lo a pólvora. Tendo falhado neste primeiro esforço quiseram sufocá-lo até a morte, usando enxofre, que ardia sob as janelas da prisão. Tendo falhado outra vez, tentaram envenená-lo com o auxílio de um médico. Tudo falhou. E Ireland continuou a pregar para o seu povo das janelas da prisão. Um muro foi construído em redor da cela para impedir que o povo o visse ou fosse visto por ele, mas esta dificuldade foi vencida. O povo amarrou um lenço à ponta de uma comprida vara a qual era levantada para mostrar a Ireland que todos estavam reunidos. As pregações continuaram."
Hoje os Estados Unidos é o país mais evangelizado do mundo. Os batistas são o maior corpo denominacional do país, com milhões e milhões de adeptos esparramados em todo canto das terras americanas. Mas nem sempre foi assim. A liberdade aos batistas só veio em plena pujança no século XVIII. O Dr. J.M. Carrol traça um exemplo de como o Estado da Virgínia chegou dar liberdade religiosa aos batistas, página 49:

"Em Virginia foi promulgada uma lei dando permissão aos municípios de terem um pastor batista, mas somente um. O pastor poderia pregar uma só vez de dois em dois meses. Mais tarde esta lei foi modificada permitindo a pregação uma vez cada mês. Mais ainda assim em um só lugar do Município e um único sermão naquele dia mas nunca pregado à noite. Outras leis foram passadas não somente na Virgínia, mas em outros lugares, proibindo qualquer trabalho missionário".
Hoje muitos desprezam o sentido denominacional dos batistas. Eles se esquecem que se hoje a Bíblia pode ser lida com liberdade é fruto de um laborioso trabalho de persistência dos batistas, sim, daqueles pastores que deram seu sangue para podermos receber a Bíblia, o livre direito de culto e o correto ensino das escrituras. Dependesse de Calvino e Lutero estaríamos presos às correntes da escravidão protestante que varreu o norte da Europa. Dependesse do catolicismo estaríamos presos às correntes da escravidão e idolatria que sempre habitou no Sul da Europa e de lá foi transportada para as Américas.

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

HISTÓRIA DAS IGREJAS CRISTÃS DESDE A ORIGEM 6 - CAPÍTULO IX

Cap 9 - OS BATISTAS 


A história dos batistas coincide com o final da história anabatista do século XVI. Na verdade é uma clara continuação das igrejas fiéis desde os tempos apostólicos até hoje. Escritores há, que movidos de inveja, e até mesmo de uma certa ignorância do caso, e outros, batistas, que não se importam com a origem de sua denominação, desejam dar aos batistas um começo no século XVII. Para tanto distorcem a história de algumas igrejas batistas, principalmente da Inglaterra, usando ora John Smith, ora Tomas Hellys como fundadores do movimento. Sinto em informar aos que concordam com essa idéia que estão errados ou mal intencionados a respeito da origem e história dos batistas. 

A ORIGEM DOS BATISTAS 

Podíamos simplificar e dizer que os batistas se originaram com os apóstolos. E é a pura verdade, pois, os apóstolos foram batistas, ou seja, batizavam. Mas os batistas tem sua origem nas igrejas antes denominadas de "anabatistas". É uma continuação do apelido. A única coisa que muda é o prefixo "ana", e este não caiu de uma hora para outra, foi um processo que levou quase cem anos para acontecer. A prova disso é a declaração do bispo Hosius, no concílio de Trento que chamou os anabatistas de "batistas", já em 1554. E nos Estados Unidos, a Igreja Anabatista de Newport foi fundada em 1639, e dez anos depois mudaria seu nome para igreja batista de Newport. Portanto, são 85 anos de transição de um nome para o outro. 

O fundador da Igreja Batista foi Jesus Cristo. Continuada pelos apóstolos ela teve uma grande ruptura em 225, quando as igrejas infiéis precisaram ser excluídas - que eram os católicos romanos e ortodoxos. Outra ruptura veio em 313, quando muitas igrejas fiéis aceitaram se unir com o Estado. Foram os batistas massacrados pelas igrejas infiéis durante treze séculos, tendo como apelido mais comum o epíteto de "anabatistas". No século XVII ela tem novo apelido, que é o de batista. Continuou sendo perseguida e só teve paz no século XVIII. Foi a partir dessa época que ela realmente conseguiu uma certa liberdade e cresceu, chegando hoje a milhões de adeptos espalhados em mais de duzentos países. Foi a primeira denominação a lançar um missionário na era moderna com Willyan Carey. Foi a primeira denominação a requerer liberdade religiosa a todas as denominações. É e continuará sendo uma igreja que segue princípios puramente bíblicos, os mesmos princípios dos seus antepassados anabatistas, os quais herdaram os princípios das igrejas apostólicas. 

A DECLARAÇÃO DE ESCRITORES NÃO BATISTAS SOBRE SUA ORIGEM 

O Cardeal Hosius, católico, 1554, presidente do Concilio de Trento, escreveu (Orchard s History Baptist, seção 12, parte 30, página 364):


"Não fosse o fato de terem os batistas sido penosamente atormentados e apunhalados durante os doze últimos séculos e eles seriam mais numerosos mesmo que todos os que vieram da Reforma". 

Notem que a data é de 1554, ou seja, quase setenta anos a menos que os escritores errados afirmam o início da primeira igreja batista. Este bispo já chamava os anabatistas de batistas, e para ser bem sincero, é mesma coisa na prática religiosa. Sou batista porque? Porque batizo todas as pessoas que desejam fazer parte de uma igreja batista. Eles eram anabatistas porque? Porque rebatizavam os católicos. Não é de fato a mesma coisa? 

Outra coisa interessante dessa declaração (e é preciso lembrar que foi o presidente de um concílio católico que durou de 1545 até 1563) foi o fato de Hosius mencionar a data de quanto tempo eles já haviam sido perseguidos, ou seja, doze séculos antes desta data. Então, 1554, menos 1200 anos, é igual a 324, data do início da perseguição das igrejas fiéis (ou anabatistas) pelas igrejas infiéis ou erradas (os católicos). 

Note que ele não diz a data da origem dos batistas. Diz a data da origem da perseguição que eles sofreram. A data, como já dissemos, está primeiramente em Jesus, e depois na exclusão das igrejas infiéis em 225. 

O bispo Hosius também faz uma diferença clara entre "batistas" e os que "vieram da Reforma". Hosius sabia muito bem que os batistas não eram reformistas nem protestantes. Eram a igreja original, não poluída, não dividida, a verdadeira igreja do Nosso Senhor Jesus Cristo. 

Moshein, um dos maiores escritores da história luterana, testifica: 


(Eccl. Hist. Cent. 16, secção 3, parte 2, capítulo III. Fuller Church History B.4) 
"Antes de se levantarem Lutero e Calvino, estavam ocultas, em quase todos os países da Europa, pessoas que seguiam tenazmente os princípios dos modernos Batistas Holandeses". 
"Vasto número dessa gente, em quase todos os países da Europa, preferiam perecer miseravelmente por afogamento, fogueira ou decapitação, do que renunciar as opiniões que abraçaram... É realmente verdade que muitos anabatistas foram mortos, não por serem maus cidadãos, nem membros malfazejos da sociedade civil, mas apenas por serem hereges incuráveis, condenados pelas antigas leis canônicas. Pois o erro de batismo de adultos era, naquela época, considerado uma ofensa terrível" 

Esta declaração é muito útil porque vem de um autentico protestante. Já que muitos gostam de afirmar que os batistas são protestantes, esse protestante, um luterano, está afirmando que os batistas já existiam antes de se levantarem Lutero e Calvino. 

Enciclopédia de Endinburg (autor presbiteriano). 


"Nossos leitores percebem agora que os batistas são a mesma seita dos cristãos que antes foram descritos como Anabatistas. Realmente parece ter sido o seu princípio dominante desde o tempo de Tertuliano até o presente". 

Apesar de chamar os batistas de "seita", este presbiteriano, querendo uma veracidade de datas em sua narração da origem dos batistas, não pode negar de onde eles surgiram, ou seja, das igrejas anabatistas. Ele é firme em afirmar que "são a mesma seita", para nós, a mesma igreja. Além do que ele data sua origem na pessoa de Tertuliano (160-230 d.C.). Essa é a data que este tratado dá para o aparecimento do primeiro grupo de anabatistas - os montanistas, em cerca de 160 (ver página 11 sobre os montanistas). 

Sir Isaque Newton, 1710, escreveu. 


"Os batistas são o único corpo de cristãos que nunca tiveram similitudes com Roma". 

Este anglicano, um grande inventor, nada tem a ver com a história da religião. O que vale a pena ressaltar é a data de sua declaração e a firmeza em que ele separa os batistas como a única igreja que não saiu de Roma. Nessa época havia mais cinco denominações reconhecidas: Luteranos, Anglicanos, Congregacionais, Presbiterianos e Ortodoxos. 

Não existe dúvida. Os batistas são a continuação das igrejas fiéis (ou anabatistas) que excluíram as igrejas infiéis (ou católicas) em 225. Sua origem é esta. Somente os opositores, e os batistas ecumênicos, serão contrários a esta tão grande realidade. 

Enciclopédia Britânica Barsa, relata: 

"Esse nome é uma forma abreviada da palavra anabatista. É um nome dado pelos seus adversários as várias seitas que negavam a validade dos batismo das crianças". 


Autor: Pastor Gilberto Stefano
Igreja Batista da Fé,
Rua Jamil Dib Lufti, nr. 165
Jardim Santa Clara
17500-000 Marília, São Paulo
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br
http://www.palavraprudente.com.br/estudos/gilberto_s/historiaigreja/cap09.html


sexta-feira, 9 de novembro de 2018

UMA NOVA VERSÃO DA TEORIA DO MELHOR DOS MUNDOS POSSÍVEL

Por Fra. I.L.I.V., 


(trabalho apresentado como critério parcial para o doutoramento)

Deus, eterno, onipresente em todos os instantes do tempo simultaneamente, onisciente, onipotente, conhece todas as possibilidades e combinações de mundos possíveis. O mundo que quer criar é um tipo de mundo onde ele dá poderes a seres para serem semelhantes a ele, em aspectos bem claros para nós, que são consciência, mente e vontade próprias, o que significa consequentemente e em primeiro lugar liberdade. 

Então Deus conhece todas as ações e caminhos possíveis dos seres e suas consequências inevitáveis. Deus é também ordem e é lei, ou seja, sua natureza é assim, dela faz parte lei e ordem. E causa-e-consequência é uma dessas leis, mesmo com sua intervenção possível (aqui cabe um grande parêntese, pois as pessoas confundem onipotência com poder tudo, e, nessa versão ignorante, Deus poderia deveria poder fazer coisas ilógicas, como por exemplo criar uma pedra que ele mesmo não possa levantar, quebrar suas próprias leis ou sua própria natureza, perverter regras da matemática; imorais, como mentir, enganar seus seres, sentir prazer em criar para fazer sofrer; e tolas, como o mesmo exemplo da pedra, ou não saber imediatamente qualquer consequência de qualquer dos seus atos por simplesmente escolher isso, ou seja, ser negligente ou displicente de propósito; mas todas essas idéias não merecem nossa atenção pois são extremamente impensadas, irracionais, realmente visivelmente tolas).

Então sabendo de todas as consequências possíveis inclusive da liberdade dada, dos lipos de liberdade, e de todas as ações dos seus seres, e, além disso amando o que já conhece em sua mente, a criação e os seres que serão seus filhos, ele cria o melhor mundo possível, isto é, um mundo onde, digamos por exemplo, menos sofrerão, o sofrimento será o menor e por menos tempo possível, e o número de perdidos será o menor possível. Não é difícil imaginar. Isto é a explicação possível para o por que Deus teria criado esse mundo e como este seria o melhor mundo possível. Era isso ou nunca ter existido, o que você preferia? Que você, tudo e todos jamais tivessem existido? Deus, dentro dessa explicação escolheu a criação, e sua existência inclusive, se algum evento da história no passado fosse alterado, mesmo que o pior de todos, isso já teria consequência no agora e seria bem possível que você não existisse; assim Deus, perfeito, escolheu esta opção, então essa é com certeza a melhor escolha e seu fim, o fechar dessa equação, é o melhor possível eterno também.

CONTATO: frateriliv@gmail.com

https://fito8.blogspot.com/2018/08/uma-nova-versao-da-teoria-do-melhor-dos.html

Cristo, Bíblia, Serpentes, Gigantes e Dragões

Uma pessoa num grupo que participo falou que acredita em Cristo, mas não na bíblia porque segundo ele tem  coisas nela sem sentido como dragões, gigantes e serpentes que falavam. Vamos examinar fria e racionalmente isso como faria um cético que ele parece acreditar ser.

1. Dragões: todos os povos falam de dragões, e descrevem de forma parecida, mesmo não tendo tido contato. Primeiro que nós não sabemos a que animal se refere, pode ser completamente diferente do que pinta nossa imaginação ou das figuras que vemos nas fábulas. Pode ser um animal já extinto, um tipo de réptil ou anfíbio ou mesmo um animam marinho. Existem alguns suspeitos na biologia, alguns fosseis e inclusive um vivo, que lança um liquido que queima como fogo.  segundo que a palavra dragão é muitas vezes usada como um símbolo (como o dragão com sete cabeças do apocalipse) e a pessoa não perceber isso é meio difícil (ou não leu a bíblia).

2. Gigantes: exitem até hoje. Imagine se numa família assim se inter-relacionassem somente entre si (o que era comum em povos, famílias, clãs, etc.)  o que vai acontecer em algumas gerações? Para um judeu que chegava no máximo a 1,75m de altura até uma pessoa de 2,20 já é um gigante para ele. Hoje existem muitas pessoas com mais de 2,20m. Existem times de basquete onde essa é a média de altura. Manute Bol, chamado o gigante do Sudão entrou na jogador do Washington Bullets e Gheorghe Muresan, são exemplos de jogadores de basquete, ambos com 2,31m. Veja que estou falando de pessoas comuns, não de casos de gigantismo ou outras alterações genéticas. Têm existido ao longo da história pessoas com até quase 3m de altura. Sultan Kosen tem 2,51 metros de altura é considerado o mais alto do mundo hoje; e Robert Wadlow, com 2,72 metros, é considerado a pessoa mais alta que se tem registro confirmado. Não podemos chamar essas pessoas de gigantes?

3. Serpente que fala: além do sentido figurado, cujo  significado muitos já se arriscaram em explicar, temos também talvez a única das três questões que pode ser considerada matéria de fé, pois ele esqueceu que isso era no Éden, outro mundo, não neste mundo. O Éden não era o mundo contaminado pelo pecado no qual vivemos. A bíblia também fala que o pecado alterou e contaminou todos os seres inclusive os animais que antes não se devoravam uns aos outros, quem sabe se não falavam também? Seja como for o relato do que ocorre no Éden de refere a outro mundo, como outra dimensão de realidade, pura, não contaminada pelo pecado, outras leis da matéria. Não é igual a aqui, as leis mudaram, aqui não se vive eternamente, existem doença e envelhecimento, existem pensamentos maliciosos, a necessidade de viver do trabalho, do esforço, de animais comerem uns aos outros, dor, parasitas, e o pior de tudo, estar afastado de Deus, não poder ouvi-lo e conversar com ele (embora nós, cristãos possamos fazer isso, não podemos dizer que o fazemos da mesma maneira como era no Éden).

Sobre outras pessoas que tem esse pensamento de crer em Jesus e não creem na bíblia nós podemos perguntar através de que essas pessoas sabem da existência de Cristo? Foi "a igreja que inventou", como dizem, e só a parte da existência de Jesus é real? Foi só pelos apócrifos recentemente descobertos? Foi uma linhagem sucessiva de fofoqueiros que nos trouxe a fofoca verídica de que "Cristo é massa e existiu, mas a bíblia é mentira"? Mas talvez não devamos fazer-lhes essas perguntas, eles precisam de nossa compaixão, que apresentemos Jesus a eles e a obra de Jesus, o que Jesus fez por ele. 

Devemos mostrar que Jesus veio dar gratuitamente a salvação a todo aquele simplesmente crê que ele é o salvador, o Messias; àquele que escolhe seu caminho, aceita e segue Jesus, como seu Senhor e salvador, que se arrepende do caminho do pecado. Devemos mostrar que Jesus é fiel em sua promessa de perdoá-lo, basta confessar e pedir perdão; que não precisará mais temer a morte porque Jesus o resgatou da morte, que é o resultado do pecado, para a vida eterna. Devemos mostrar que somos pecadores e como somos pecadores, herdeiros da carne de Adão e que nada podemos fazer para pagar nossos pecados e livrar-nos da condenação, mas Jesus já fez isso para nós e esta é sua herança, basta que aceitemos receber o que ele fez por nós. 

Então quando aceitar esse fato, quando houver se convertido do caminho do mundo pecado e dos projetos da carne para o caminho de Jesus e para o plano original do espírito, Jesus fará o restante, a transformação que for necessária e possível nessa pessoa. Ele verá que tudo isso está escrito na bíblia. E talvez até consiga ver que entre os textos antigos a bíblia é o mais comprovado em número de cópias e na antiguidade das mesmas (que possui as cópias mais antigas, mais próximas de quando os originais foram escritos, que todos os outros da história que insistia antes em dar mais crédito do que à bíblia). 

O MITO DA TERRA PLANA - POR QUEREM QUE VOCÊ PENSE QUE NO PASSADO OS CRISTÃOS PENSAVAM QUE A TERRA ERA PLANA?



Terra rotunda est” – Adam de Wodeham (1357) – Discípulo de Guilherme de Ockham
No livro “Aristóteles em 90 minutos”, parte de uma coleção da Jorge Zahar Editora que traz a cada volume a biografia de um grande filósofo da história, pode-se ler o seguinte trecho:
“Ao declarar que as obras de Aristóteles eram como a Sagrada Escritura, a Igreja se viu numa encruzilhada (e no caso, nos confins de uma Terra plana). O conflito que se avizinhava entre a Igreja e a descoberta científica era inevitável”. (pag. 48-49)
O autor, Paul Strathern, professor universitário e autor de romances, biografias e livros de viagens, mas não historiador nem filósofo, é apenas mais um a propagar o mito de que na Idade Média, sob a influência dogmática da Igreja Católica, acreditava-se que a Terra era plana. A ele somam-se filmes (“1492 – A Conquista do Paraíso”), músicas (“Flat Earth Society” – Bad Religion), desenhos animados (tantos que não seria possível citá-los todos), e o pior: livros escolares. Todos mostram Cristovão Colombo como um visionário – o único a acreditar que a Terra fosse redonda – lutando contra religiosos ortodoxos que, citando suas escrituras sagradas, acreditavam que o navio de Colombo cairia da borda da Terra ao atingir o horizonte.

Os gregos já sabiam!

A despeito do que você possa ter aprendido na escola nas suas aulas de História (talvez como o autor deste artigo), os gregos já sabiam mais de 2000 anos antes de Colombo que a Terra era redonda. O grego Erastótenes (276-194 a.C.) chegou mesmo a calcular geometricamente o diâmetro da Terra com uma precisão muito boa, medindo em passos a distância entre as cidades de Alexandria e Siene e conhecendo o tamanho das sombras projetadas por uma estaca nas duas cidades.
Mas você poderia perguntar: “E daí que os gregos já sabiam?” Afinal, diversas outras civilizações da mesma época, como a chinesa, realmente pensavam que a Terra era plana e continuaram pensando assim por muito tempo (os chineses só começaram a discutir a hipótese da Terra redonda no início do século XVII). Outro povo, os hebreus, usaram nos seus textos sagrados, que hoje fazem parte da Bíblia, diversas figuras de linguagem que levam estudiosos a crer que também acreditavam que a Terra fosse plana, como menções aos “quatro cantos da Terra”, por exemplo (embora também haja passagens que são usadas para provar o contrário). A diferença do pensamento grego para os outros povos é que ele influenciou enormemente a forma de pensar do ocidente e em praticamente todas as áreas do conhecimento: política, ética, ciência, lógica, filosofia, arte e muito mais, incluindo aí a toda poderosa religião Cristã.
Mas nenhum filósofo grego influenciou mais o pensamento medieval do que Aristóteles (384-322 a.C.). Aristóteles acreditava que todas as coisas eram formadas por combinações de quatro elementos: terra, água, fogo e ar, e que cada um deles possuía no universo um “lugar natural”. O lugar natural do elemento “terra”, sendo mais pesado do que todos os outros, seria o centro do universo. Uma vez que todas as coisas sólidas eram formadas por este elemento e como todas tinham igual tendência em estar o mais próximo possível do seu lugar natural, Aristóteles concluiu que a forma da Terra deveria ser esférica (note-se que esse raciocínio também exigia que a Terra estivesse no centro do Universo). Em seu livro “Sobre os Céus”, depois de longa argumentação, Aristóteles encerra a questão assim:
“Sobre a posição da Terra e da maneira de seu repouso ou movimento nossa discussão pode aqui terminar. Sua forma deve necessariamente ser esférica.”
O-Mito-da-Terra-PlanaA prova da esfericidade da Terra, segundo Aristóteles, publicado em uma edição do livro De sphaere do século XVI.
Platão, mestre de Aristóteles, também acreditava na forma esférica da Terra; ele diz em seu diálogo “Fédon”: “Minha convicção é de que a Terra é um corpo circular no centro dos céus”. Embora Platão não tenha sido tão importante quanto seu pupilo para o pensamento científico medieval, uma versão um pouco modificada de sua filosofia, conhecida por neoplatonismo, influenciou fortemente os primeiros filósofos religiosos, especialmente aquele que foi um dos maiores teólogos cristãos: Santo Agostinho (354-430). Quanto à forma da Terra, Agostinho não parecia duvidar de que ela fosse esférica, embora se mostrasse um tanto pertubado com a idéia de pessoas de ponta cabeça habitando terras do outro lado do mundo. No seu livro “A Cidade de Deus” (De Civitate Dei) ele escreveu:
“Apesar de estar supostamente ou cientificamente provado que a Terra tem a forma esférica, disto não decorre que o outro lado do mundo seja desprovido de mares, nem decorre imediatamente que, sendo desprovido de mares, seja habitado.”
Ilustração do livro Almagestum novum, de 1651, posterior a Colombo, mas que descreve o céu conforme o modelo platônico.

Mas alguém realmente acreditava que a Terra era plana?

O-Mito-da-Terra-Plana02Enquanto a filosofia de Platão (sob a forma levemente adulterada do neoplatonismo) continuou, durante os primeiros séculos da Idade Média, a ser cultivada pelos cristãos desejosos em dar um estofo filósofico a sua nova religião, os livros de Aristóteles e boa parte do restante do conhecimento grego se perderam depois do esfacelamento do Império Romano no século VII. Durante este período, conhecido por “Idade das Trevas” (período medieval que costuma ser definido como indo do ano 600 ao ano 1000 D.C), alguns membros da Igreja publicaram de fato trabalhos que defendiam a idéia de uma Terra plana. Um deles foi o monge Cosmas Indicopleustes. Cosmas, um ex-mercador que trocou o comércio pelo hábito, escreveu no ano de 547 o livro chamado “Topografia Cristã” no qual expunha sua visão geográfica do mundo baseada em interpretações literais da Bíblia. Cosmas imaginava a Terra como um grande baú, sendo o firmamento a “tampa” deste baú, e ridicularizava a crença pagã numa Terra redonda com os velhos argumentos de pessoas de ponta cabeça, chuva caindo para cima, etc. Outro defensor da Terra plana foi o padre Lactâncio (265-345) e seus argumentos eram igualmente baseados em interpretações literais de metáforas bíblicas. Além destes sabe-se que, Severian de Gabala (380), e possivelmente Theodoro de Mopsuestia (350-430) e Deodoro de Tarsus (394) defenderam ideais de uma Terra plana.
Sobre estes autores no entanto, a maioria dos historiadores modernos concorda que foram praticamente ignorados em suas épocas ou no mínimo encarados com pouca seriedade nos círculos intelectuais; Cosmas por exemplo foi considerado um tolo ignorante pelo filósofo grego cristão John Philoponus.

Porque a Igreja adotou a Teoria da Terra Redonda?

No século XIII a Europa começou a reerguer-se do obscurantismo em que havia mergulhado e as obras gregas começaram finalmente a ser redescobertas, trazidas pelos árabes. Assim que tiveram contato com as obras de Aristóteles, os intelectuais cristãos imediatamente se encantaram com a complexidade e sofisticação filosófica do corpus aristotélico. Aristóteles não escrevia somente sobre o mundo natural, mas sobre ética, teatro, política, matemática, e muito mais com uma profundidade e um rigor lógico sem par na era medieval (a reverência por Aristóteles era tamanha que ele era chamado simplesmente por “O Filósofo”). Mas foi São Tomás de Aquino (1225-1274), um dos expoentes da teologia cristã, o grande responsável por embutir a ciência, a filosofia e a cosmologia de Aristóteles no cristianismo. Tomás transformou Aristóteles no suporte filosófico de toda a doutrina cristã. A partir daí, questioná-lo era o mesmo que questionar a própria existência de Deus.
Podemos agora voltar ao trecho do livro da Jorge Zahar Editor que abriu este artigo:
“Ao declarar que as obras de Aristóteles eram como a Sagrada Escritura, a Igreja se viu numa encruzilhada (e no caso, nos confins de uma Terra plana). O conflito que se avizinhava entre a Igreja e a descoberta científica era inevitável”.
Podemos entender que autor confundiu algumas coisas. Confundiu “Terra Plana” com “Geocentrismo”. Como se viu, o mesmo raciocínio Aristotélico que concluía pela redondeza da Terra também exigia que ela fosse o centro do universo, e isto sim causou o conflito entre ciência e a religião, mencionado pelo autor, que se viu com Giordano Bruno, Copérnico e Galileu.

Outras evidências pré-Colombianas

John Holywood (isso mesmo), monge inglês que também atendia pelo nome latinizado de Joanes de Sacrobosco era O-Mito-da-Terra-Plana03contemporâneo de Tomás de Aquino. Professor de Astronomia na Universidade de Paris, Sacrobosco foi o autor do livro astronômico com o maior número de edições até hoje, o “Tractatus de Sphaera Mundi”, publicado pela primeira vez em 1473. O “Sphaera” era um manual de astronomia e geografia muito utilizado pelos portugueses durante a era das grandes explorações e não deixa dúvidas aos historiadores modernos (a começar pelo nome), de que a esfericidade da Terra fosse um fato bem reconhecido na época.
Um dos mais fascinantes livros medievais é o “Liber Chronicarum” (“Crônicas de Nuremberg”). Com mais de 1800 ilustrações e 600 páginas, este volumoso livro contava a história ilustrada do mundo desde o Genêsis até aquela data e foi publicado originalmente em maio de 1493 antes que a descoberta da América fosse conhecida. A reprodução do “Universo Ptolomaico” (abaixo), representando o universo com suas esferas concêntricas ocupadas pelos planetas conhecidos (incluindo a Lua e o Sol) é bastante clara: a esfericidade da Terra era um fato tão bem estabelecido quanto o geocentrismo.

Encontrando os culpados pelo mito

Se a esfericidade da Terra não era questionada nos círculos eruditos da Idade Média então quem inventou o mito da Terra plana? (ou mais apropriadamente: o mito de que as pessoas acreditavam que a Terra fosse plana). O historiador J. B. Russel, no livro “Inventing the Flat Earth” (“Inventando a Terra Plana” – 1991), procurou os responsáveis pela propagação do mito e descobriu dois culpados: o francês Antoine-Jean Letronne (1787-1848) e o americano Washington Irving (1783-1859). Letrone, um historiador muito respeitado mas com um grande preconceito religioso, foi responsável por atribuir ao “Topografia Cristã” de Cosmas Indicopleustes uma importância histórica que ele nunca teve, concluindo que todos na Idade Média acreditavam que a Terra era plana. Seria como se daqui a mil anos alguém encontrasse um obscuro trabalho científico questionando a evolução e afirmasse que os cientistas do século XXI não acreditavam na evolução. Segundo Russel, devido ao enorme prestígio e reputação de Letrone, esta interpretação particular dos fatos não foi questionada pelos historiadores posteriores e passou a circular como verdade nos meios intelectuais.
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Washington Irving, por outro lado, era antes de nada mais um romancista. Você na certa o conhece como o autor do conto que já virou desenho e filme: “A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça”. Como historiador entretanto, costumava levar sua habilidade de escrever ficção para suas biografias, romanceando fatos que nunca aconteceram. Segundo o pesquisador Owen Gingerich, em seu artigo “Astronomy in the Age of Columbus” (“Astronomia no Tempo de Colombo”; Scientific American, novembro de 1992) logo após a revolução americana Irving estava procurando por um herói não inglês para contrapor ao famoso explorador inglês Sebastian Calbot, o primeiro homem a chegar ao Polo Norte, e enxergou em Colombo a pessoa certa.
Na biografia de Cristovão Colombo, “Columbus”, publicada em 1828, Irving descreve um episódio real – o Conselho de Salamanca em que Colombo apresenta seu projeto a um grupo de religiosos e leigos – porém “enriquece” a narrativa afirmando que Colombo foi acusado de heresia por sustentar que a Terra fosse redonda, o que supostamente seria contrário às Escrituras. É verdade que Colombo sofreu sérias objeções das autoridades presentes, mas a questão nunca foi se a Terra era redonda ou não, e sim o tamanho desta. Colombo supunha que a Terra fosse muito menor do que é na realidade (considerava-a com apenas 20% de seu tamanho real) enquanto seus opositores diziam ser impossível chegar às Índias percorrendo uma distância que consideravam muito maior (os opositores de Colombo estavam certos; se a América não estivesse no meio do caminho de Colombo ele e sua tripulação teriam morrido à míngua de recursos). A narrativa conforme floreada por Irving transformou o debate de Salamanca em um símbolo da luta entre o campeão da liberdade científica e o dogmatismo teólogico, e caiu no gosto popular.
Letrone deu ao mito da Terra plana sua base história, Irving sua carga emocional. Mas o mito realmente ganhou a força que tem até hoje quando John Draper (1811-1882), um físico violentamente anti-católico, publicou em 1873 o livro “A História do conflito entre a Ciência e a Religião” utilizando o mito da Terra plana como exemplo de como as crenças religiosas eram estúpidas e atrasadas e necessariamente se opunham ao progresso da ciência. Através de Draper o mito da Terra plana chegou como verdade absoluta até o início do século XX, e só nos anos 20 começou a ser questionado.
Referências:
“Astronomy in the Age of Columbus”; Scientific American; Novembro de 1992
“Pilares do tempo ? Ciência e Religião na Plenitude da Vida”, Sthepen Jay Gould, Ed. Rocco
“História do Pensamento Ocidental”, Bertrand Russel, Ed. Ediouro
“A Epopéia do Pensamento Ocidental”, Richard Tarnas, Ed. Bertrand Brasil
“A Mensuração da Realidade”, Alfred W. Crosby, Ed. Unesp
Geographical Background of the First Voyage of Columbus“, Clarence B. Odell, Dale Edward Case
https://portalconservador.com/o-mito-da-terra-plana/