O gradualismo libertário é uma abordagem estratégica que defende a redução progressiva do tamanho, escopo e poder do estado por meio de reformas incrementais, em vez de uma revolução abrupta ou abolição imediata. É uma posição que contrasta com a visão de libertários mais radicais (como muitos anarcocapitalistas), que exigem a abolição imediata do estado com base em princípios morais e éticos absolutos (abolicionismo ou immediatism).
- Participação Política e Eleitoral: Envolve a participação ativa no sistema democrático, elegendo representantes (minarquistas ou liberais clássicos) para reduzir impostos, cortar gastos públicos e diminuir a burocracia governamental. O objetivo central é aprovar leis que desregulamentem a economia e privatizem serviços estatais.
- Reformas de Políticas Públicas: Concentra-se em reformas específicas e viáveis que diminuam o alcance do governo em áreas-chave, como a descriminalização de certas atividades, a reforma do sistema de saúde (introduzindo mais mercado) ou a eliminação de regulamentações profissionais desnecessárias. A ideia é construir vitórias pequenas e concretas.
- Promoção Cultural e Educacional: Para uma mudança duradoura, é necessário primeiro mudar a cultura e as idéias dominantes. Isso envolve o trabalho de think tanks, institutos e grupos de defesa para disseminar a filosofia libertária, educar o público sobre os benefícios da liberdade e minar a legitimidade intelectual do estado.
- Criação de Jurisdições Especiais (Zonas de Liberdade): Uma estratégia mais recente envolve a criação ou promoção de zonas econômicas especiais, cidades livres ou "seasteading" (comunidades no mar) com leis mais flexíveis e menos intervenção estatal, servindo como modelos de sucesso de governança limitada.
- Ineficácia e Captura: Críticos argumentam que o gradualismo é ineficaz porque o estado tem uma tendência inata para crescer, e quaisquer concessões obtidas podem ser revertidas por administrações futuras. Além disso, a participação no sistema pode levar à "captura" dos reformadores pelo próprio poder que tentam limitar.
- Princípios Morais vs. Pragmatismo: Muitos libertários radicais veem a tributação e a coerção estatal como moralmente erradas (roubo e agressão). Para eles, não faz sentido ético defender um "pouco menos" de roubo; a abolição total é o único objetivo moralmente consistente.
- Princípio de Não-Agressão (PNA): O argumento central é que o estado é, por definição, uma instituição baseada na coerção e na agressão (através da tributação, regulação e monopólio da força). Como a ética libertária proíbe a iniciação da força contra indivíduos e suas propriedades, a existência do estado é, intrinsecamente, imoral. A única resposta ética é a sua abolição imediata.
- Consistência Moral: Para os abolicionistas, a ideia de um "Estado mínimo" ou de "impostos menores" é uma contradição moral, comparável a defender um "pouco menos de escravidão". A justiça exige a restituição total e imediata da liberdade e da propriedade.
- Incerteza e Ineficácia do Gradualismo: Os abolicionistas argumentam que a história mostra que o estado sempre tende a crescer e a expandir seu poder, não a diminuir. As reformas graduais são vistas como ineficazes a longo prazo e podem até legitimar o sistema, ao fazer parecer que o Estado pode ser reformado para ser "justo" ou "eficiente".
- Viabilidade da Sociedade Sem Estado: A teoria abolicionista sustenta que todos os serviços atualmente prestados pelo Estado (segurança, justiça, infraestrutura) podem ser fornecidos de forma mais eficiente e ética pelo mercado e por associações voluntárias (sociedade anarcocapitalista).
- Educação e Disseminação de Ideias: O foco principal é a persuasão intelectual, buscando mudar a opinião pública e demonstrar a imoralidade do Estado e a viabilidade da anarquia de mercado. Acredita-se que, uma vez que um número crítico de pessoas entenda e rejeite a legitimidade do estado, ele entrará em colapso.
- Desenvolvimento de Alternativas Privadas: Incentiva-se a criação de instituições privadas paralelas para substituir os serviços estatais (como agências de segurança privada, arbitragem de disputas, etc.), demonstrando na prática que o estado é desnecessário.

