sábado, 12 de julho de 2025

O QUE DEVE SER FEITO - O QUE DEVE SER FEITO

    • Por Hans-Hermann Hoppe
    • Do livro O QUE DEVE SER FEITO

 


    • O que deve ser feito

    • Um título um pouco melhor seria “Sociedade, estado
    • e liberdade: a estratégia austro-libertária de revolução
    • social.” Assim sendo, pretendo intensificar um pouco
    • as coisas após todas estas palestras moderadas que vocês
    • ouviram até agora. Quero finalizar com uma recomendação
    • estratégica mais concreta, mas para que possa chegar nela,
    • primeiro é necessário diagnosticar qual é o problema, caso
    • contrário a cura pode ser ainda pior que a doença. E este
    • diagnóstico envolve certo tipo de reconstrução sistemática
    • ou explicação teórica da história da humanidade.

    • Sociedade e cooperação

    • Permita-me começar com algumas palavras sobre a
    • sociedade. Por que existe a sociedade? Por que as pessoas
    • cooperam? Por que existe cooperação pacífica ao invés de
    • guerra permanente entre os seres humanos? Os austríacos,
    • em particular os misesianos, enfatizam o fato de que não
    • precisamos admitir a existência de coisas como empatia ou
    • amor entre as pessoas para explicar isto. Interesse próprio
    • – ou seja, preferir mais ao invés de menos – é totalmente
    • suficiente para explicar este fenômeno de cooperação. Os
    • homens cooperam porque são capazes de reconhecer que
    • a produção sob a divisão do trabalho é mais produtiva
    • do que no isolamento autossuficiente. Apenas imagine
    • se não mais tivéssemos a divisão do trabalho, e você
    • imediatamente consegue perceber que nos tornaríamos
    • extremamente pobres e a maior parte da humanidade iria
    • imediatamente se extinguir.
    • Por enquanto, repare apenas na importância de um
    • ponto, e eu o retomarei depois. O que essa explanação
    • implica e o que ela não implica: Não implica logicamente
    • que sempre e sem nenhuma exceção ou perturbações,
    • haverá apenas paz entre os homens. Sempre há ladrões e
    • assassinos por aí, e todas as sociedades terão que lidar de
    • alguma forma com estes tipos. Porém, o que ela implica,
    • de fato, é que a descrição hobbesiana do surgimento da
    • cooperação pacífica é fundamentalmente mal concebida.
    • Thomas Hobbes assumiu que as pessoas estariam se
    • esgoelando permanentemente se não fosse por uma terceira
    • parte independente – e esta é o estado, claro – para trazer
    • paz entre elas. Neste ponto, percebe-se imediatamente
    • que tipo curioso de construção é esta. Assume-se que as
    • pessoas são lobos maus, e que podem ser transformadas 
    • em ovelhas caso um terceiro lobo se torne o soberano. Se 
    • esta terceira parte é também um lobo, como obviamente 
    • ela deve ser, então mesmo se ela trouxer paz entre dois 
    • indivíduos, isto obviamente implica que haveria uma 
    • guerra permanente entre o lobo governante e os dois lobos 
    • que agora estão cooperando pacificamente entre si. 
    • O que isto implica é algo de grande importância.
    • Não precisa haver nenhum estado, ou não precisa haver 
    • nenhuma terceira parte independente, para que haja 
    • cooperação entre dois indivíduos. Coisa que você pode 
    • perceber imediatamente apenas olhando, por exemplo, 
    • para o cenário internacional. Não existe algo como um 
    • governo mundial – ao menos por enquanto – e ainda 
    • assim, pessoas de países diferentes ainda cooperam 
    • pacificamente entre si. Ou, mesmo a partir do mais caótico 
    • ambiente social, a cooperação sempre emerge novamente. 
    • O que isto quer dizer é simplesmente que a 
    • cooperação pacífica entre seres humanos é um fenômeno 
    • perfeitamente natural e que ressurge constantemente; 
    • e então, a partir desta cooperação, igualmente de forma natural e igualmente motivada pelo interesse próprio, 
    • surge a formação de capital, e o dinheiro – o meio de 
    • troca –, e então a divisão do trabalho acaba por se espalhar 
    • por todo o mundo, e do mesmo modo o dinheiro – o 
    • dinheiro mercadoria – também se torna um dinheiro 
    • mercadoria usado por todo o mundo. Os padrões de vida 
    • em termos materiais se elevam de forma geral para todos, 
    • e estabelecida sobre padrões de vida materiais mais altos, 
    • uma superestrutura ainda mais elaborada de bens não 
    • materiais, isto é, a civilização – ciência, artes, literatura 
    • etc. – pode ser desenvolvida e mantida.


CONTINUA ...


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