domingo, 27 de julho de 2025

Partido Republicano e Libertarismo

O Partido Republicano dos Estados Unidos, também conhecido como GOP (Grand Old Party), tem uma história rica e complexa, marcada por transformações significativas desde sua fundação.


Início do Partido Republicano

O Partido Republicano foi fundado em 1854 por uma coalizão de abolicionistas, ex-Whigs e ex-Free-Soilers, unindo-se em oposição à expansão da escravidão nos novos territórios ocidentais, especialmente após a Lei Kansas-Nebraska. Seu principal objetivo era evitar a dominação dos interesses escravistas na política nacional. O primeiro presidente republicano foi Abraham Lincoln, que liderou a União durante a Guerra Civil e, eventualmente, aboliu a escravidão.

Após a Guerra Civil, os Republicanos dominaram a política nacional e na maioria dos estados do Norte entre 1860 e 1932. Durante esse período, o partido se identificou com a vitória da União, o que garantiu a lealdade de muitos fazendeiros, e seu apoio a tarifas protecionistas e aos interesses das grandes empresas ganhou o apoio de círculos industriais e financeiros.

Atualidade e pontos importantes 

No século XX e XXI, o partido passou a ser associado a:

 * Capitalismo laissez-faire: mínimo de intervenção governamental na economia.

 * Baixos impostos: para estimular a economia e a liberdade econômica individual.

 * Políticas sociais conservadoras: defendendo valores morais e familiares tradicionais.

 * Fortalecimento da defesa nacional: e busca agressiva dos interesses de segurança nacional dos EUA.

 * Direitos dos estados: em oposição ao poder do governo federal na maioria dos casos.

Propostas que Persistem desde o Princípio

Embora o Partido Republicano tenha evoluído, algumas de suas propostas e princípios centrais persistem:

 * Liberdade Individual e Mercados Livres: Desde sua origem, o partido defende a propriedade privada, o trabalho livre e assalariado. Atualmente, isso se traduz em apoio a cortes de impostos, desregulamentação e privatizações, com foco na liberdade econômica individual e crescimento do mercado.

 * Governo Limitado: A ideia de um governo com poderes restritos é uma constante. Os republicanos buscam a redução do tamanho do governo, a diminuição da dívida pública e do déficit orçamentário federal, além da oposição a programas sociais extensos financiados pelo governo.

 * Lei e Ordem: A defesa da lei e da ordem é um princípio fundamental, considerado essencial para a paz, estabilidade e progresso.

 * Originalismo Constitucional: Muitos republicanos apoiam a interpretação da Constituição dos Estados Unidos segundo seu significado original na época em que foi adotada.

Ligação com o Movimento Libertário

Porque existem tantos libertários que apoiam ou que são ligados ao Partido Republicano? A relação entre o Partido Republicano e o movimento libertário é notável, especialmente em certas alas do partido, conhecidas como Republicanos Libertários. Embora o Partido Libertário dos EUA seja uma entidade separada, existem muitas sobreposições e pontos de convergência.

As principais áreas de afinidade incluem:

 * Economia: Ambos defendem cortes de impostos, desregulamentação, redução dos gastos governamentais e um capitalismo de livre mercado (laissez-faire). A oposição a qualquer interferência estatal na economia e a defesa dos direitos de propriedade são pilares compartilhados.

 * Direitos Individuais (em alguns aspectos): Há um apoio mútuo à proteção dos direitos de porte de armas (Segunda Emenda). A busca por maior privacidade e a oposição à vigilância governamental (como a Lei PATRIOT Act) também são pontos em comum.

 * Não-intervencionismo: Muitos republicanos com tendências libertárias defendem uma política externa não-intervencionista, opondo-se a guerras estrangeiras e ao auxílio externo.

 * Redução do Papel do Estado: A crença de que a ajuda aos necessitados deve ser uma escolha individual, e não uma imposição de uma instituição coercitiva, é um ponto libertário que ressoa em alas do Partido Republicano que defendem menos programas sociais governamentais.

É importante notar que nem todos os republicanos são libertários, e o Partido Republicano abriga diversas aula com diferenças significativs, incluindo conservadores fiscais, sociais e os "libertarian-leaning" (com inclinações libertárias). As diferenças podem surgir em questões sociais e em certas políticas de defesa. No entanto, o movimento libertário tem sido uma parte bem definível da panorama do Partido Republicano, influenciando debates e plataformas políticas.

Antonio. F. Gonzaga 

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sábado, 26 de julho de 2025

O QUE DEVE SER FEITO - segundo capítulo


  • Proteção e o estado

  • Mas pode acontecer algo – e obviamente este algo aconteceu 
  • – que rompa e distorça ou até sabote este desenvolvimento 
  • normal, impulsionado pelo interesse próprio. E este algo, 
  • certamente, é o estado, o qual eu irei definir inicialmente 
  • como um monopolista territorial de proteção financiado 
  • compulsoriamente. Ou seja, um monopolista da defesa e do 
  • fornecimento e aplicação da lei e da ordem. 
  • Mas como é que o estado surge? Embora a resposta 
  • seja geralmente – e eu acredito que intencionalmente 
  • – confusa, deve ser esclarecido logo de cara que a lei e a 
  • ordem, ou a proteção da propriedade e a lei estatal, e a 
  • ordem estatal e a proteção estatal não são uma única e 
  • mesma coisa; elas não são coisas idênticas. Assim como 
  • a propriedade e a cooperação social baseada na divisão do 
  • trabalho são naturais, também o desejo humano de ter sua 
  • propriedade protegida contra desastres naturais ou sociais 
  • – como crimes – é um desejo completamente natural. E a 
  • fim de satisfazer este desejo, existe acima de tudo a defesa 
  • própria. Prevenção, seguro (individual ou cooperativo), 
  • vigilância, autodefesa e punição.
  • E que não reste absolutamente nenhuma dúvida sobre 
  • a eficácia de um sistema de proteção baseado na disposição 
  • que as pessoas têm de se defenderem. Foi assim que a lei 
  • e a ordem foram mantidas pela maior parte da história 
  • da humanidade. Em cada vila, mesmo nos dias de hoje, a 
  • lei e a ordem são mantidas basicamente desta forma. No 
  • Velho Oeste americano – o qual não pode ser considerado 
  • exatamente “selvagem” quando comparado com a situação 
  • atual – esta era a forma que a lei e a ordem eram mantidas, 
  • por pessoas propensas a se defenderem.
  • Além disso, a divisão do trabalho irá então naturalmente afetar a produção da segurança e os serviços de segurança. Quanto mais aumenta o padrão de vida, 
  • mais as pessoas irão, além de contarem com as medidas de 
  • defesa-própria, também querer participar das vantagens da 
  • divisão do trabalho, e buscar por proteção se vinculando a 
  • um protetor especializado, a fornecedores de lei e ordem, 
  • justiça e proteção. E naturalmente, todas as pessoas 
  • irão procurar para desempenhar esta tarefa pessoas ou 
  • instituições que também tenham algo delas próprias a ser 
  • protegido – que possuam os meios para assegurar proteção 
  • eficaz e possuam uma reputação de serem juízes justos e 
  • imparciais. Em toda sociedade que tenha passado de um 
  • grau mínimo de complexidade, irá rapidamente emergir 
  • indivíduos específicos, que por possuírem propriedades 
  • para defender, por terem uma boa reputação etc., irão 
  • assumir o papel de juízes, reconciliadores e protetores. E 
  • novamente, toda e qualquer vila até os dias de hoje, cada 
  • pequena comunidade, e mesmo o Velho Oeste, ilustram a 
  • validade desta conclusão. 
  • Também é possível haver proteção sem um estado. Isto 
  • deveria ser totalmente óbvio, mas em uma era de confusão 
  • e ofuscação estatista, se faz cada vez mais necessário 
  • enfatizar esta percepção elementar e, ainda assim, como 
  • veremos a seguir, muito perigosa. O passo decisivo que 
  • desviou a história da humanidade de seu curso natural –o pecado original da raça humana, por assim dizer – ocorre 
  • com a monopolização do fornecimento de proteção, 
  • defesa, segurança e ordem: a monopolização destas tarefas 
  • por apenas um dos numerosos protetores iniciais, com a 
  • exclusão de todos os outros. Um monopólio de proteção 
  • passa a existir assim que uma única agência ou uma única 
  • pessoa pode efetivamente exigir que todas as pessoas de um 
  • determinado território devam se dirigir exclusivamente a 
  • ela para receber justiça e proteção. Ou seja, que ninguém
  • possa depender exclusivamente ou apenas da autodefesa, 
  • ou associar-se a alguma outra pessoa para receber 
  • proteção. Uma vez que este monopólio é obtido, então 
  • o financiamento deste protetor não é mais totalmente 
  • voluntário, mas em parte se torna compulsório. 
  • E, conforme previsto pela economia austríaca 
  • convencional, uma vez que deixe de existir a livre entrada 
  • no segmento de proteção de propriedade – ou em qualquer 
  • outro segmento que seja – o preço da proteção irá subir, e 
  • a qualidade da proteção irá cair. O monopolista se tornará 
  • cada vez menos um protetor de nossa propriedade, e 
  • cada vez mais uma máfia, ou mesmo um explorador 
  • sistemático dos proprietários. Ele se tornará um agressor e 
  • um destruidor das pessoas e de suas propriedades, que ele 
  • inicialmente deveria proteger. 
  • Agora o que é facilmente descrito em termos abstratos 
  • (monopólio) consiste na prática de uma tarefa meticulosa 
  • e demorada. Como alguém pode se safar ao barrar da 
  • competição todos os outros protetores? E por que as pessoas e, em especial, os outros potenciais reconciliadores e juízes 
  • excluídos, permitiriam que uma coisa dessas acontecesse, que 
  • um indivíduo monopolizasse este serviço? A resposta sobre a 
  • origem do estado é deveras complicada em seus detalhes, mas em termos gerais é muito simples de ser identificada. 
  • Em primeiro lugar, todo estado, ou seja, toda agência 
  • de proteção monopolista, deve começar, ou só pode se 
  • originar, em um território extremamente pequeno, como 
  • uma vila. É praticamente inconcebível que um estado 
  • mundial, ou um monopólio de proteção abrangendo toda 
  • a população do mundo possa vir a existir do zero.
  • A segunda coisa que devemos levar em conta é que não é 
  • qualquer um que consegue chegar sequer a um monopólio
  • de proteção local. De preferência, os monopolistas 
  • de proteção local são inicialmente membros da elite 
  • social natural. Ou seja, eles são inicialmente membros 
  • realizados e conhecidos pela sociedade. Eles também 
  • eram, antes de alcançarem a posição de um monopolista, 
  • previamente escolhidos voluntariamente como protetores. 
  • Somente como elites bem estabelecidas e reconhecidas, 
  • cuja autoridade seja essencialmente voluntária, se torna possível para eles darem o passo decisivo em direção à
  • monopolização e se safarem com isso. 
  • Isto que dizer que todo governo ou estado local inicial 
  • se origina na forma de nobreza pessoal ou privada ou na 
  • forma de domínio principesco. Ninguém iria confiar a 
  • manutenção da lei, ordem e justiça a qualquer um, ainda 
  • mais se esta pessoa ou agência possuísse um monopólio 
  • para esta tarefa específica. Ao invés disso, as pessoas 
  • obviamente iriam buscar proteção com alguém conhecido, e conhecido por ser uma pessoa sábia, e somente uma 
  • pessoa assim, um nobre ou um aristocrata, conseguiria 
  • adquirir uma posição monopolista inicialmente. 
  • Historicamente, por sinal, se olharmos a história 
  • moderna ou antiga, os estados em toda parte são 
  • basicamente primeiro estados principescos, e apenas 
  • depois eles se tornam estados democráticos. E mesmo 
  • sendo verdade que os estados devam começar apenas 
  • localmente, e geralmente como estados principescos, 
  • ainda assim centenas de anos se passaram até que qualquer 
  • coisa semelhante ao estado moderno passasse a existir.

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quarta-feira, 23 de julho de 2025

O Manifesto do Novo Libertário

Do livro O Manifesto do Novo Libertário 

[Obs.: esse livro possui referenciais, e também fundamenta, um tipo bem específico de liberarianismo, o agorismo, portanto, não se pode generalizar ou atribuir a outros tipos de liberarianismo algumas de suas características distintas. Embora, como em todas os modos de pensar libertários há contribuições importantes no todo, é importante notar aqui os pontos bem característicos como as estratégias e as intenções claras de influenciar a sociedade como um todo que diferem muito de outras formas de liberarianismo.]

Por Samuel Edward Konkin III



I

Estatismo: Nossa Condição

Nós somos coagidos pelos outros seres humanos. Uma vez que eles têm capacidade de escolher fazer o contrário, nossa condição não precisa ser essa. Coerção é imoral, ineficiente e desnecessária para a vida e realização humanas. Aqueles que desejam ficar inertes enquanto seus vizinhos os exploram têm a liberdade de fazer isso; este manifesto é para aqueles que escolhem fazer o contrário: resistir.

Para combater a coerção, deve-se entendê-la. Mais importante, tanto é necessário entender pelo que se está lutando quanto contra o que se está lutando.1 Reação cega vai em todas as direções a não ser a fonte de opressão e dispersa oportunidades; a busca de um objetivo comum converge os oponentes e permite a formação de uma estratégia e uma tática coerentes.

Coerção difusa é otimamente resistida por autodefesa local, imediata.

Embora o mercado possa desenvolver negócios de maior escala para a proteção e restituição, ameaças aleatórias de violência somente podem ser lidadas com raízes de misticismo e ilusões plantadas no pensamento das vítimas, e requerem uma grande estratégia e um ponto cataclísmico de singularidade histórica: a revolução.

Essa instituição de coerção, que centraliza a imoralidade, dirigindo o roubo e o assassinato e coordenando a opressão numa escala inconcebível pela criminalidade aleatória existe. Ela é a Máfia das máfias, a Gangue das gangues, a Conspiração das conspirações. Ela já assassinou mais pessoas em alguns anos recentes que todas as mortes da história até esse momento; ela já roubou em alguns anos recentes mais do que toda a riqueza produzida na história até esse momento; ela iludiu — para sua sobrevivência — mais mentes em alguns anos recentes do que toda a irracionalidade da história até esse momento. 

Nosso Inimigo, o Estado.2 somente no século XX, guerras dizimaram mais que todas as mortes anteriores; os impostos e a inflação roubaram mais que todas as riquezas que foram previamente produzidas; e as mentiras políticas, a propaganda e, acima de tudo, a "educação" enganaram mais mentes que todas as superstições anteriores; contudo, através de toda a confusão e ofuscação, o fio da razão desenvolveu fibras de resistência para serem enroladas na corda da execução do Estado: o Libertarismo.

Onde o Estado divide e conquista sua oposição, o Libertarismo une e libera. Onde o Estado obscurece, o Libertarismo clarifica; onde o Estado esconde, o Libertarismo descobre; onde o Estado perdoa, o Libertarismo acusa.

O Libertarismo elabora toda uma filosofia a partir de uma simples premissa: iniciação de violência ou sua ameaça (coerção) é errada (imoral, má, ruim, supremamente imprática, etc.) e é proibida; nada mais é.3

O Libertarismo, como desenvolvido até o momento, descobriu o problema e definiu a solução: o Estado vs. o Mercado. 

O Mercado é a soma de todas as ações humanas voluntárias.4 Se se age não-coercivamente, se é parte do Mercado. Assim a Economia se tornou parte do Libertarismo.

O Libertarismo investigou a natureza do homem para explicar seus direitos derivados da não-coerção. Imediatamente se seguiu que o homem (mulher, criança, marciano, etc.) tinha um direito absoluto à sua vida e outras propriedades — e nenhuma mais. Assim a filosofia Objetiva se tornou parte do Libertarismo.

O Libertarismo perguntou por que a sociedade não era libertária agora e encontrou o Estado, sua classe dominante, sua camuflagem e os heróicos historiadores que se esforçam para revelar a verdade. Assim a História Revisionista se tornou parte do Libertarismo.

A Psicologia, como desenvolvida especialmente por Thomas Szasz como contra-psicologia, foi abraçada pelos libertários que buscavam se libertar tanto das limitações estatais quanto do auto-aprisionamento.

Procurando uma arte para expressar o potencial horror do Estado e extrapolar as muitas possibilidades da liberdade, o Libertarismo encontrou a Ficção Científica na área.

Das esferas política, econômica, filosófica, psicológica, histórica e artística, os partidários da liberdade viram um todo, integrando sua resistência com a dos outros, e se aproximaram enquanto tomavam suas consciências. Assim os Libertários se tornaram um Movimento. 

Movimento Libertário olhou em volta e viu o desafio: em todos os lugares, Nosso Inimigo, o Estado, desde as profundezas do oceano até as áridas estações da superfície lunar, em todas as terras, pessoas, tribos, nações — e em toda mente individual. Alguns procuraram uma aliança imediata com outros oponentes da elite dominante para destituir quem presentemente controla o estado. 5 Alguns tentaram um confronto imediato com os agentes do Estado. 6 Alguns tentaram colaborar com aqueles no poder que ofereciam menos opressão em troca de votos.7 Alguns se abrigaram no esclarecimento de longo prazo da população para construir e desenvolver o Movimento.8 Em todos os lugares, uma Aliança Libertária de ativistas surgiu.9 Os Círculos mais Altos do Estado não pretendiam abrir mão de seus saques e restituir a propriedade de suas vítimas ao primeiro sinal de oposição. O primeiro contra-ataque veio dos anti-princípios já plantados pela corrupta Casta Intelectual: Derrotismo, Recuísmo, Minarquia, Colaboracionismo, Gradualismo, Monocentrismo e Reformismo — incluindo a aceitação de oficiais do Estado para "melhorar" o Estatismo!

Todos esses anti-princípios (desvios, heresias, princípios auto-destrutivos, etc.) serão abordados mais tarde. O pior de todos é o Partidarismo, o anti-conceito de se buscar fins libertários através de meios estatistas, especialmente através de partidos políticos.

Um Partido "Libertário"  ["Libertarian" Party] foi o segundo contra-ataque do Estado disparado contra os Libertários, primeiro como um ridículo oxímoro 10, depois como um exército invasor11. O terceiro contra-ataque foi uma tentativa por um dos dez mais ricos capitalistas dos Estados Unidos de comprar as maiores instituições Libertárias — não apenas o Partido — e dirigir o movimento como os outros plutocratas dirigem todos os outros partidos políticos em estados capitalistas.12

O grau de sucesso que esses contra-ataques estatistas tiveram em corromper o libertarismo levou a uma divisão da "Esquerda" do Movimento e a uma desesperante paralisação dos outros. Enquanto a da desilusão crescia com o "Libertarismo", os desiludidos procuravam respostas a este novo problema: o Estado por dentro assim como o Estado por fora. Como nós evitamos ser usados pelo Estado e sua elite de poder? Isto é, eles perguntavam, como nós podemos evitar desvios do caminho da liberdade quando sabemos que há mais que um? O mercado tem muitos caminhos para a produção e o consumo de um produto, e nenhum é perfeitamente previsível. Então, mesmo se alguém nos disser como sair daqui (do Estatismo) para lá (para a liberdade), como saberemos que esse é o melhor caminho?

Alguns já estão costurando as velhas estratégias dos movimentos há muito tempo mortos com outros fins. Novos caminhos estão de fato sendo oferecidos — de volta ao Estado.13

A traição, inadvertida ou planejada, continua. Não precisa ser assim. Embora ninguém possa prever a seqüência de passos que sem dúvida alcançarão uma sociedade livre de indivíduos de vontade livre, nós podemos eliminar de uma vez todos aqueles que não avançarão a Liberdade, e aplicar os princípios do Mercado, que sem hesitação mapeará o terreno a ser viajado. Não há Um Caminho, uma linha reta para a Liberdade, para ser claro. Mas há uma família de linhas, um Espaço cheio de linhas, que levarão o libertário ao seu objetivo da sociedade livre, e esse Espaço pode ser descrito.

Uma vez que o objetivo seja estabelecido e que os caminhos sejam descobertos, resta somente a Ação do indivíduo para sair daqui e chegar até lá. Acima de tudo, este manifesto clama por essa Ação.

CURSOS DE MÚSICA 🎷🎸



Notas:

1 Devo a Robert LeFevre esse insight, embora nós tiremos conclusões diferentes.

2 Obrigado, Albert J. Nock, por essa frase.

3 O moderno Libertarismo é melhor explicado por Murray Rothbard em For A New Liberty, o qual, a despeito de sua recente edição, está sempre um ano ou mais atrasado. Recomendar mesmo o melhor trabalho sobre o libertarismo é como recomendar uma canção para explicar a música em todas as suas formas.

4 Obrigado, Ludwig von Mises.

5 Radical Libertarian Alliance, 1968-71.

6 Student Libertarian Action Movement, 1968-72, mais tarde revivida brevemente como um proto-MLL.

7 Citizens for a Restructured Republic, 1972, formada por membros da RLA desiludidos com a revolução.

8 Society for Individual Liberty, 1969. Também o Rampart College (agora extinto) e a Foundation for Economic Education e o Free Enterprise Institute, os quais existiam antes da explosão libertária de 1969.

9 Principalmente a California Libertarian Alliance, 1969-73. O nome é mantido vivo ainda por patrocínio de conferências no Reino Unido.

10 O primeiro "Libertarian" Party foi estabelecido por Gabriel Aguilar e Ed Butler na California em 1970 como uma casca vazia para ganhar acesso à mídia. (Aguilar, um galambosiano, era ferrenhamente anti-político.) Até mesmo o "L"P de Nolan foi ridicularizado e desprezado por Murray Rothbard no primeiro ano de sua existência.

11 O "Libertarian" Party, que eventualmente se organizou nacionalmente e candidatou John Hospers e Toni Nathan para presidente e vice-presidente em 1972, foi primeiro estabelecido por David e Susan Nolan em dezembro de 1971 no Colorado. David Nolan era um membro de Massachussetts da Young Americans for Freedom que rompeu com a organização em 1967 e perdeu o climax de 1969 em St. Louis. Ele permaneceu conservador e minarquista até esta primeira edição.

Embora os Nolans fossem bastante inocentes, outras organizações e candidatos freqüentemente também, o debate sobre a "Questão Partidária" começou imediatamente. A New Libertarian Notes atacou o conceito do "L"P na primavera de 1972 e publicou um debate entre Nolan e Konkin logo antes da eleição (NLN 15).

Na campanha presidencial de 1980, os Nolans romperam com aliderança do "L"P de Ed Crane e seu candidato Ed Clark, que fizeram uma campanha poderosa, bem financiada, do tipo tradicional-caçadora de votos com uma plataforma de enfeite.

12 Charles G. Koch, bilionário do petróleo de Wichita, através de seus parentes, de suas fundações e centros comprou, estabeleceu ou"financiou" o seguinte de 1976 a 1979: Murray Rothbard e seu Libertarian Forum; a Libertarian Review (de Robert Kephart), editada por Roy A. Childs; a Students for a Libertarian Society (SLS) e Joe Peden; a Inquiry, editada por Williamson Evers; o Cato Institute; e vários fundos, fundações e institutos Koch. Chamado de "Kochtopus" na New Libertarian 1 (fevereiro de 1978), ele foi primeiro atacado por escrito por Edith Efron na publicação conservadora-libertária Reason, junto com alegações de uma conspiração "anarquista". O Movement of the Libertarian Left desconsiderou os delírios anti-anarquistas de Efron e correu para apoiá-la em suas revelações-chave do crescimento do monocentrismo no movimento.

Em 1979, o Kochtopus tomou o controle do National Libertarian Party na convenção de Los Angeles. David Koch, irmão de Charles, abertamente comprou a nomeação para vice-presidente por US$500 mil.

13 Murray Rothbard rompeu com o Kochtopus logo depois da convenção do Partido Libertário de 1979 e a maior parte de seus aliados mais próximos foram expurgados, como Williamson Evers da Inquiry. O CLS foi cortado do financiamento de Koch. O Libertarian Forum começou a atacar Koch. Rothbard e o jovem Justin Raimondo estabeleceram uma nova facção "radical" no Partido Libertário (a primeira, de 1972-74, foi criada pelos progenitores da NLA como uma tática de recrutamento para destruir o Partido por dentro).

Embora Rothbard tenha sido levado a perguntar "Sam Konkin está certo?" em seu discurso de 1980 num jantar da facção radical em Orange County, a estratégia dela era reformar o LP usando táticas da New Left e neo-marxistas.

14 Eu espero que subseqüentes edições omitam esta nota, mas no presente contexto histórico, é vital assinalar o fato de que o Libertarismo não é especificamente para os mais "avançados" ou esclarecidos elementos na América do Norte, talvez tipificados por consultores de computação jovens, brancos e altamente literatos, com uma parceira igualmente feminista (e um ou dois filhos).

Apenas o livre mercado pode salvar o "Segundo" e "Terceiro Mundo" da árdua pobreza e das superstições autodestrutivas. Tentativas compulsórias de aumentar criticamente os padrões de produção e o entendimento cultural causaram atraso e retrocesso: e.g. Irã e Afeganistão. Em geral, o Estado tem se envolvido em deliberada repressão do progresso.

Quasi-livre mercados, como os portos livres de Hong Kong, Cingapura e Xangai (anteriormente) atraíam inundações crescentes de empreendedores hábeis e motivados. O incrivelmente alto desenvolvimento do mercado negro de Burma já toma toda a economia e só necessita de uma consciência libertária para destituir Ne Win e o Exército e acelerar o comércio para aniquilar a pobreza quase que imediatamente.

Similares observações são possíveis em relação a mercados negros desenvolvidos e semi-livres mercados tolerados no "Segundo Mundo" da ocupação soviética, como na Armênia, Geórgia e na contra-economia russa.

15 Nota à segunda edição: a nota acima continua, tristemente, necessária.


CONTINUA...

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A Concepção de Liberdade em Dostoiévski




A liberdade, para Dostoiévski, é um mistério teológico e existencial. Ela está no centro de sua teodiceia: se Deus criou o homem livre, então o mal é o preço do amor autêntico. Isso está claramente articulado em obras como Os Irmãos Karamázov, especialmente no “Grande Inquisidor”.


Algumas ideias centrais:

Liberdade como dom divino perigoso: o homem livre pode negar Deus, fazer o mal, se perder. Mas sem essa liberdade, o amor e a redenção seriam impossíveis.

Liberdade como prova e via para a salvação: a verdadeira liberdade é interior, espiritual, e só se realiza plenamente na relação com Cristo.

Crítica ao coletivismo e ao igualitarismo coercitivo: para Dostoiévski, qualquer sociedade que promete o paraíso na terra mediante a anulação da liberdade — como o socialismo — é, em última instância, anticristã.


Conexões entre o Libertarianismo e a Liberdade Cristã em Dostoiévski


A. Contra o Estado salvador


O libertarianismo vê o Estado como um ente coercitivo que tende a expandir-se e violar liberdades. Em O Grande Inquisidor, Dostoiévski profetiza justamente isso: o Estado (aqui representado pela Igreja degenerada) oferece “pão”, “milagre” e “autoridade” em troca da liberdade. Mas o Cristo silencioso, que se recusa a usar o poder para coagir, representa a verdadeira liberdade.


Assim, o cristianismo de Dostoiévski é incompatível com o estatismo, porque vê no Estado salvador uma forma de Anticristo: “eles nos agradecerão por libertá-los da liberdade”.


B. A liberdade cristã contra e a falsa autonomia secular


O libertarianismo, especialmente em suas formas mais seculares, tende a idolatrar a autonomia absoluta. Dostoiévski alerta contra isso: o homem que se autoproclama “livre” e rejeita qualquer verdade superior torna-se escravo de si mesmo, da carne, do vício — ou, paradoxalmente, do Estado.


No entanto, há um ponto de contato aqui: ambos rejeitam a coerção externa como via legítima de redenção. O libertarianismo rejeita a coerção estatal; Dostoiévski rejeita a salvação forçada. A verdadeira transformação só pode vir de dentro, pela consciência e pela graça.


C. Lutero e a revolta contra a mediação autoritária


Lutero, ao romper com Roma, fez um gesto de libertação espiritual: o indivíduo não precisa mais da mediação da Igreja para acessar a Escritura e a graça. Essa ênfase na responsabilidade individual diante de Deus ecoa em Dostoiévski — embora ele, como ortodoxo, critique os excessos do individualismo protestante.


Contudo, há uma ironia importante: a Ortodoxia Oriental, à qual Dostoiévski pertence, preserva uma concepção mais mística e comunitária da liberdade — onde a obediência voluntária ao amor divino é o ápice da liberdade, não sua negação.


Assim, o modelo ideal não é a autonomia moderna (faço o que quero), mas a kenosis cristã (entrego-me livremente ao amor, mesmo se isso implicar sofrimento).



Conclusão


O libertarianismo político oferece uma crítica valiosa à coerção estatal, que Dostoiévski compartilharia quando essa coerção pretende abolir a liberdade moral e espiritual do homem. Ambos se opõem à tirania disfarçada de filantropia. Ambos desconfiam das utopias construídas com o sacrifício da liberdade.


No entanto, a liberdade cristã em Dostoiévski vai além da liberdade negativa (ausência de coerção): ela é uma liberdade para amar, sofrer, perdoar e buscar a verdade — mesmo que isso contrarie o conforto, o consenso ou o “bem comum”.


Portanto, o cristianismo de Dostoiévski oferece ao libertarianismo secular o que ele não pode dar a si mesmo: uma razão transcendente para a dignidade inviolável da liberdade humana — e uma advertência: sem Cristo, o homem livre é apenas um lobo para si mesmo.


Yuri Fagundes 


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sábado, 19 de julho de 2025

Libertarianismo Político - Visão Geral


 1. Ideias do Libertarianismo Político em Geral


O libertarianismo político pode ser entendido, em linhas gerais, como uma filosofia que defende a máxima liberdade individual e a mínima intervenção do Estado. Seus pilares são:

Autopropriedade: o indivíduo é proprietário de si mesmo e, por consequência, de seu corpo, mente e trabalho.

Direito natural à propriedade privada: aquilo que o indivíduo cria ou troca legitimamente é uma extensão de sua liberdade.

Livre mercado: as trocas voluntárias entre indivíduos são moralmente superiores e mais eficientes do que as intervenções coercitivas do Estado.

Não-agressão: a única justificativa para o uso da força é a defesa contra agressões, nunca a imposição de valores ou políticas públicas.

Autores como Murray Rothbard, Ludwig von Mises, Friedrich Hayek, Hans-Hermann Hoppe e Robert Nozick são referências, mas há variações internas — do anarcocapitalismo ao minarquismo.


Yuri Fagundes 



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quarta-feira, 9 de julho de 2025

Um Novo Modelo do Universo - uma nova categoria de homens: buscadores da verdade


 

INTRODUÇÃO * 

Há momentos na vida, separados por longos intervalos de tempo, mas ligados pelo seu conteúdo interior e por determinada sensação singular que lhes é peculiar. Alguns desses momentos sempre me vêm à mente juntos e sinto então que foram eles que determinaram o rumo fundamental da minha vida. O ano é 1890 ou 1891. Uma turma notuma de preparação no Segundo "Ginásio" (3) de Moscou. Uma sala de aula grande, iluminada por lâmpadas de querosene de largas pantalhas. Armários amarelos ao longo das paredes. Alunos internos com blusas de holanda, manchadas de tinta, encurvados sobre as carteiras. Alguns imersos em suas lições, outros lendo, por baixo das carteiras, um romance proibido de Dumas ou Gaboriau, outros ainda sussurrando para o vizinho. Mas, exteriormente, todos eles se assemelham. Sentado à sua mesa, o professor da matéria, um alemão alto e esguio, o "Gigante Pernalonga", com seu uniforme — uma casaca azul com botões dourados. Por uma porta aberta, vê-se outra turma de preparação na sala contígua. Sou um aluno do segundo ou terceiro ano. Mas, em vez da gramática latina de Zeifert, composta inteiramente de exceções, que vejo às vezes ainda em meus sonhos, ou dos Problemas, de Evtushevski, com o camponês que vai à cidade vender feno e a cisterna que é abastecida por três canos, tenho à minha frente a Física de Malinin e Bourenin. Pedi emprestado esse livro a um dos colegas mais antigos e estou lendo voraz e entusiasticamente, dominado ora pelo encantamento, ora pelo terror, diante dos mistérios que se desvelam diante de mim. Todas as paredes ao meu redor se desmoronam, e horizontes infinitamente longínquos e incrivelmente belos se revelam. É como se fios antes desconhecidos e insuspeitados começassem a se estender e a entrelaçar as coisas. Pela primeira vez na minha vida, o meu mundo emerge do caos. Tudo se relaciona, formando um todo ordenado e harmonioso. Eu compreendo, encadeio séries de fenômenos que eram desconexos e pareciam nada ter em comum. Mas o que é que estou lendo? É o capítulo sobre alavancas. E, imediatamente, toda uma porção de coisas simples que eu conhecia como independentes e nada tendo em comum se ligou e uniu num grande todo. Uma vara metida debaixo de uma pedra, um canivete, uma pá, uma gangorra, todas essas coisas são uma e a mesma coisa, são todas "alavancas". Nessa idéia há algo ao mesmo tempo terrível e sedutor. Como é que eu não sabia disso? Por que ninguém me falou disso? Por que me fizeram aprender milhares de coisas inúteis e não me falaram "disso"? Tudo o que estou descobrindo é tão maravilhoso e miraculoso que cada vez fico mais extasiado, dominado por um certo pressentimento de que outras revelações me aguardam. É como se sentisse já a unidade de todas as coisas e fosse subjugado por essa sensação. [9] Não posso mais guardar para mim todas as emoções que me excitam. Quero tratar de partilhá-las com o meu vizinho de carteira, grande amigo meu, com quem tenho muitas vezes conversas cheias de ansiedade. Num sussurro, começo a contar-lhe as minhas descobertas. Sinto, entretanto, que as minhas palavras não lhe dizem nada e que não posso exprimir o que sinto. O meu amigo me escuta distraidamente, ouvindo sem dúvida apenas a metade do que digo. Percebo isso e fico ofendido; quero parar de lhe falar. Mas o alemão grandalhão, da mesa do professor, já percebeu que estamos "conversando" e que estou mostrando ao meu colega alguma coisa por baixo da carteira. Precipita-se sobre nós e, no momento seguinte, a minha querida Física está nas suas estúpidas mãos 3 Os "Ginásios" são escolas "clássicas" do governo, com sete séries, isto é, classes, para alunos de dez a dezoito anos. indiferentes. "Quem lhe deu este livro? Você não pode, de forma alguma, compreender nada do que está nele. E estou certo de que não preparou as suas lições." A minha Física está na mesa do professor. Ouço ao meu redor sussurros irónicos. Comenta-se que Ouspenski lê Física. Mas não me importo. Terei a minha Física de novo amanhã e o alemão comprido é feito de alavancas grandes e pequenas! Passam-se os anos. Estamos em 1906 ou 1907. O departamento editorial do diário A Manhã, de Moscou. Acabei de receber os jornais estrangeiros e tenho que escrever um artigo sobre a próxima Conferência de Haia. Jornais franceses, alemães, ingleses e italianos. Frases e mais frases, de simpatia, de crítica, irônicas, retumbantes, pomposas, cheias de mentiras e, pior que tudo, totalmente automáticas; frases que foram usadas milhares de vezes e que o serão de novo em ocasiões completamente diferentes, talvez contraditórias. Devo passar em revista todas essas palavras e opiniões, aparentando levá-las a sério e, em seguida, com igual seriedade, escrever algo por minha própria conta e risco. Mas o que posso dizer? Tudo é tão tedioso. Diplomatas e todos os tipos de estadistas se reunirão e discutirão, os jornais aprovarão ou não, se mostrarão simpáticos ou não. Tudo voltará a ser então como era ou ainda ficará pior. Ainda é cedo, digo para mim mesmo; talvez algo me venha mais tarde à cabeça. Pondo os jornais à parte, abro uma gaveta da minha escrivaninha, abarrotada de livros com títulos estranhos: Mundo oculto, A vida depois da morte, A Atlântida e a Lemúria, Dogma e ritual da alta magia, (4) O templo de Satã, As narrativas de um peregrino e outros mais. Esses livros e eu temos sido companheiros inseparáveis durante todo um mês, e o mundo das Conferências de Haia e os editoriais a respeito se tornam cada vez mais obscuros, estranhos e irreais para mim. Abro ao acaso um dos livros, sentindo que o meu artigo não será escrito naquele dia. Ora! Que vá para o inferno! Se houver um artigo a menos sobre a Conferência de Haia, a humanidade não perderá grande coisa. Toda essa conversa sobre a paz universal não passa de sonhos de Maniloff de construir uma ponte sobre o lago. (5) Nada poderá resultar disso, porque, antes de mais nada, os que começam essas conferências e os que irão discutir sobre a paz cedo ou tarde darão início a uma guerra. As guerras não começam por si mesmas, nem são as "pessoas" que as iniciam, por mais que sejam acusadas disso. São justamente esses homens, com as suas boas intenções, que constituem o obstáculo para a paz. Mas será [10] possível esperar que compreendam alguma vez isso? Terá alguém alguma vez compreendido a sua própria inutilidade? Ocorrem-me muitos pensamentos negativos sobre a Conferência de Haia, mas me dou conta de que nenhum deles é publicável. A idéia dessa conferência vem de esferas muito elevadas; portanto, se se vai escrever sobre ela, deve-se ser simpático, especialmente porque mesmo os nossos jornais que geralmente são mais desconfiados e críticos de tudo que vem do governo só desaprovam a atitude da Alemanha em relação à Conferência. O editor não deixaria passar, portanto, o que eu pudesse escrever, se dissesse tudo que penso. E se, por algum milagre, o fizesse, nunca o leriam. O jornal será apreendido nas ruas pela polícia e tanto o editor como eu teríamos que fazer uma viagem muito longa. Tal perspectiva não me atrai de nenhum modo. De que serve tentar desmascarar mentiras, se as pessoas gostam delas e vivem nelas? Isso é coisa delas. Mas eu estou cansado de mentir. Há mentiras suficientes sem as minhas. Mas aqui, nestes livros, há um estranho gosto de verdade. Sinto-o com especial 4 Publicados pela Editora Pensamento, São Paulo. 5 Maniloff, um sentimental proprietário de terras do romance Almas mortas, de Gogol. Forçasforça agora, porque, durante muito tempo, me mantive dentro dos limites artificiais do "materialismo", negando-me todos os sonhos sobre as coisas que não podiam ser admitidas dentro desses limites. Estivera vivendo num mundo ressecado e estéril, com um número infinito de tabus impostos ao meu pensamento. E, subitamente, esses livros estranhos puseram abaixo todas as paredes que me cercavam e me fizeram pensar e sonhar em coisas sobre as quais, por muito tempo, tivera medo de pensar e sonhar. De repente, comecei a encontrar um sentido desconhecido nos velhos contos de fadas; bosques, rios, montanhas se tornaram seres vivos; uma vida misteriosa encheu a noite; com novos interesses e novas esperanças, comecei a sonhar novamente com viagens longínquas e me lembrei de muitas coisas extraordinárias que tinha ouvido sobre antigos mosteiros. Idéias e sentimentos que há muito tinham deixado de me interessar começaram subitamente a adquirir significado e interesse. Um profundo sentido e muitas alegorias sutis surgiram do que parecia ontem apenas uma fantasia popular ingênua ou superstição grosseira. E o maior mistério e maior milagre foi que se tornou possível o pensamento de que a morte pode não existir, de que os que partiram podem não se ter desvanecido inteiramente, mas existir em algum lugar e de alguma forma, e de que talvez eu possa vê-los de novo. Acostumei-me de tal modo a pensar "cientificamente", que tenho 

medo só de pensar que possa haver algo mais por trás da camada exterior da vida. Sinto- me como um homem condenado à morte, cujos companheiros foram enforcados e que já 

se resignou com a idéia de que o mesmo destino o espera; e, de repente, vê que os seus companheiros estão vivos, que escaparam e que há esperança também para ele. E ele tem medo de acreditar nisso, porque seria tão terrível se fosse falso e não restaria mais do que a prisão e a espera da execução. Sim, sei que todos esses livros sobre a "vida depois da morte" são muito ingênuos. Mas levam a alguma parte; há algo por detrás deles, alguma coisa de que me aproximara antes; mas, na ocasião, me causara medo e fugi dela para o deserto vazio e árido do "materialismo". A "Quarta Dimensão"! Esta é a realidade que faz tempo senti vagamente, mas que me escapou então. Agora vejo o meu caminho, vejo o meu trabalho e aonde pode me levar. A Conferência de Haia, os jornais, tudo está tão longe de mim! Por que as pessoas não compreendem que são apenas sombras, apenas imagens de si mesmas, e que a vida inteira é somente uma sombra, uma imagem de uma outra vida? Passam-se os anos. [11] Livros, livros, livros. Leio, acho, perco, volto a achar e torno a perder. Finalmente, um certo todo toma forma em minha mente. Vejo a linha ininterrupta do pensamento e do saber que passa de um século a outro, de uma época a outra, de um país a outro, de uma raça a outra, uma linha profundamente escondida sob as camadas das religiões e filosofias, que são, de fato, apenas distorções e deturpações das idéias que pertencem a essa linha. Vejo uma extensa literatura cheia de significação, que eu desconhecia inteiramente até então, mas que, como agora se tomou claro para mim, alimenta a filosofia que conhecemos, ainda que raramente seja mencionada nos manuais de história da filosofia. Espanto-me agora por não ter sabido disso antes, por haver tão poucos que mal tenham ouvido falar disso. Quem sabe, por exemplo, que um baralho de cartas contém um sistema filosófico profundo e harmonioso? Isso está tão completamente esquecido, que parece quase novo. Decido escrever, falar de tudo o que descobri e, ao mesmo tempo, vejo que é perfeitamente possível fazer concordar as idéias desse pensamento oculto com os dados do conhecimento exato, e me dou conta de que a "quarta dimensão" é a ponte que pode ser estendida entre o velho e o novo conhecimento. E verifico e encontro idéias da quarta dimensão nos símbolos antigos, nas cartas do Tarô, nas imagens dos deuses indianos, nos ramos de uma árvore e nas linhas do corpo humano. Reúno material, seleciono citações, preparo resumos, com a idéia de mostrar a 


peculiar ligação interna que agora vejo entre métodos de pensamento que geralmente parecem separados e independentes. Mas, no decorrer desse trabalho, quando tudo está pronto e toma forma, começo a sentir subitamente um calafrio de dúvida e o cansaço se apoderando de mim. Bem, um livro a mais será escrito, mas, mesmo agora, quando estou apenas começando a escrevê-lo, sei como terminará. Sei o limite além do qual é impossível ir. O trabalho pára. Não posso me obrigar a escrever sobre as possibilidades ilimitadas do conhecimento, quando eu próprio já vi o limite. Os velhos métodos não servem para nada, são necessários outros. As pessoas que pensam poder alcançar alguma coisa por seus próprios esforços são tão cegas quanto as que ignoram completamente as possibilidades do novo conhecimento. Deixo de escrever o livro. Passam-se meses e me absorvo inteiramente em estranhas experiências que me levam muito além dos limites do conhecimento e do possível. Assustadoras e fascinantes sensações. Tudo adquire vida! Não há nada morto ou inanimado. Sinto as batidas da pulsação da vida. "Vejo" o Infinito. Depois, tudo desaparece. Mas, todas as vezes, digo depois a mim mesmo que isto foi e, portanto, existem coisas que são diferentes das coisas comuns. O que fica, no entanto, é tão pouco; lembro-me de maneira tão vaga do que experimentei; posso apenas me recordar de uma parte infinitesimal do que se passou. Não posso controlar nada, dirigir nada. Algumas vezes isto "vem", outras não. Por vezes, só vem o horror, outras, uma luz que cega. Às vezes, resta pouco na memória, outras, não sobra nada. Às vezes, muita coisa é compreendida, abrem-se novos horizontes, mas só por um instante. E esses instantes são tão breves, que nunca posso estar certo de ter visto algo ou não. A luz se acende e se apaga antes que eu tenha tempo de dizer a mim mesmo o que vi. E todo dia, a cada momento, torna-se mais difícil acender essa luz. Muitas vezes parece que a primeira experiência me deu tudo, que depois não houve nada a não ser uma repetição das mesmas coisas na minha consciência, apenas um reflexo. Sei que isso não é verdade e que recebo, a cada vez, alguma coisa nova. Mas é difícil livrar-me dessa idéia. E cresce a sensação de impotência que sinto diante da parede por trás da qual posso olhar por [12] um momento, mas nunca o bastante para me dar conta do que vejo. Outras experiências apenas acentuam a minha incapacidade de apreender o mistério. O pensamento não capta, não transmite o que às vezes é claramente sentido. O pensamento é lento demais, tem alcance demasiadamente limitado. Não existem palavras nem maneiras de expressar o que se vê e conhece nesses momentos. E é impossível fixá-los, retê-los, prolongá-los, torná-los mais obedientes à vontade. Não há qualquer possibilidade de lembrar o que foi encontrado e compreendido e depois repeti-lo para si mesmo. Desaparece como os sonhos desaparecem. Talvez tudo não passe de um sonho. Contudo, ao mesmo tempo, isso não é assim. Sei que não se trata de um sonho. Nessas experiências há um sabor de realidade que não se pode imitar e sobre o qual não nos podemos equivocar. Sei que tudo isso está ali. Convenci-me disso. A unidade existe. E já sei que é infinita, ordenada, animada e consciente. Mas como ligar "o que está em cima" ao "que está embaixo"? Sinto que é necessário um método. Há algo que devemos conhecer antes de começar as experiências. E cada vez com mais frequência começo a pensar que esse método só pode ser dado por aquelas escolas orientais de ioguins e sufis sobre os quais lemos e ouvimos falar, se tais escolas existem e podem ser penetradas. O meu pensamento se concentra nisso. A questão das escolas e de um método adquire uma significação predominante para mim, embora ainda não esteja clara e se ligue a uma porção de fantasias e idéias baseadas em teorias muito duvidosas. Uma coisa, no entanto, percebo com clareza: que sozinho, por mim mesmo, não posso fazer nada. Decido iniciar uma longa viagem, com a idéia de procurar essas escolas ou as pessoas que possam me indicar o caminho para chegar a elas. 

O meu caminho apontava na direção do Oriente. As viagens que fiz antes me haviam convencido de que ainda havia muito no Oriente que fazia muito tempo deixara de existir na Europa. Ao mesmo tempo, não estava de modo algum certo de que encontraria precisamente o que queria encontrar. E, acima de tudo, não podia dizer com certeza "o que" exatamente devia buscar. A questão das "escolas" (falo, é claro, das escolas "esotéricas" ou "ocultas") abrangia muita coisa que ainda não estava clara. Não punha em dúvida a existência delas, mas não podia dizer se era necessário admitir a existência física das escolas na Terra. Algumas vezes me parecia que as escolas verdadeiras só poderiam existir num outro piano e que só podíamos estabelecer contato com elas em estados especiais de consciência, sem uma mudança concreta de lugar ou condições. Nesse caso, a minha viagem se tornava inútil. Entretanto, parecia-me que deveria haver métodos tradicionais de entrar em contato com o esoterismo, ainda preservados no Oriente. A questão das escolas coincidia com a questão da sucessão esotérica. Parecia-me, às vezes, possível admitir uma sucessão histórica ininterrupta. Outras vezes me parecia que só era possível uma sucessão "mística", isto é, que a linha de sucessão se rompe na Terra, sai do nosso campo de visão. Restam apenas vestígios dela: obras de arte, crônicas literárias, mitos, religiões. Então, talvez só depois de um longo intervalo de tempo, as mesmas causas que uma vez deram origem ao pensamento esotérico começam a agir uma vez mais, e de novo começa o processo de "recolher conhecimentos", [13] criam-se "escolas" e o ensinamento antigo emerge da sua forma oculta. Isso significa que, durante o período intermediário, não poderia haver escolas plena e corretamente organizadas, mas apenas escolas imitativas ou escolas que preservam a letra da antiga lei, petrificada em formas fixas. Esse fato, no entanto, não me fez desistir. Eu estava preparado para aceitar o que os fatos que esperava encontrar me mostrassem. Havia ainda outra questão que me ocupava antes da minha viagem e durante a sua primeira parte. Poderia e deveria alguém tentar fazer algo, aqui e agora, com um conhecimento nitidamente insuficiente dos métodos, caminhos e resultados possíveis? Ao fazer essa pergunta, tinha em mente vários métodos de respiração, dieta, jejum, exercícios de atenção e imaginação e, acima de tudo, de domínio de si mesmo em momentos de passividade ou lassidão. Em resposta a essa pergunta, as minhas vozes interiores estavam divididas: "Não importa o que se faca, o que é preciso é fazer algo", dizia uma voz; "mas não se deve sentar e ficar esperando que algo venha por si mesmo". "Tudo está justamente em não fazer nada", dizia outra voz, "até que se conheça com certeza e de modo definitivo o que deve ser feito para alcançar uma meta definida. Se alguém começar a fazer algo sem saber exatamente o que é necessário e para que fim, esse conhecimento nunca chegará. O resultado será o 'trabalho sobre si mesmo' de que falam os vários livros 'ocultos' e 'teosóficos', isto é, um simulacro". Ouvindo essas duas vozes dentro de mim, eu não podia decidir qual celas estava certa. Deveria tentar ou esperar? Eu compreendia que, em muitos casos, era inútil tentar. 

Como pode alguém tentar pintar um quadro? Como se pode tentar ler chinês? Deve-se primeiro estudar e ter conhecimentos, isto é, ser capaz de fazé-lo. Dei-me conta, ao mesmo tempo, de que nesses últimos argumentos havia muito desejo de fugir das dificuldades ou, pelo menos, de adiá-las. No entanto, o receio de fazer tentativas amadorísticas de "trabalho sobre si mesmo" prevaleceu sobre o restante. Disse para mim mesmo que, na direção que eu queria ir, era impossível caminhar às cegas, que devemos ver ou saber para onde estamos indo. Além do mais, nem sequer pretendia mudanças em mim. Ia em busca de algo e, se no meio desse processo de busca, eu próprio começasse a mudar, ficaria talvez satisfeito com algo completamente diferente do que queria buscar. Parecia-me então que é justamente isso que acontece muitas vezes às pessoas no caminho da busca do "oculto". Principiam tentando vários métodos em si mesmas e depositam tanta esperança, fazem tanto trabalho e aplicam tanto esforço nessas tentativas, que, no fim das contas, recebem os resultados subjetivos de seus esforços como consequência da sua busca. Eu queria evitar isso a qualquer preço. Mas uma meta completamente diferente e quase inesperada em minha viagem começou a se esboçar desde os primeiros meses. Em quase todos os lugares a que chegava, e mesmo durante a viagem, encontrei pessoas que estavam interessadas nas mesmas idéias que eu, que falavam a mesma língua que eu, pessoas entre as quais e eu havia instantaneamente uma compreensão inteiramente singular. Até onde levaria essa compreensão especial eu era incapaz de dizer naquela época, mas nas condições e com a bagagem de idéias que eu tinha então, até mesmo tal compreensão parecia quase miraculosa. Algumas dessas pessoas se conheciam mutuamente, outras não. E senti que estava estabelecendo um vínculo entre elas, estendendo, por assim dizer, um fio que, de acordo com o plano original [14] da minha viagem, daria a volta ao mundo. Havia algo que me atraía e que estava cheio de significação nesses encontros. A cada nova pessoa que encontrava, eu falava das outras que encontrara antes, e as vezes sabia de antemão quem eu haveria de conhecer depois. São Petersburgo, Londres, Paris, Gênova, Cairo, Colombo, Galle, Madrasta, Benares, Calcutá, estavam ligadas por fios invisíveis de esperanças e expectativas comuns. E quanto mais gente eu encontrava, mais esse lado da viagem me atraía. Era como se brotasse disso uma sociedade secreta, sem nome, forma ou leis convencionais, mas estreitamente ligada pela comunidade das idéias e da língua. Muitas vezes pensei no que eu próprio tinha escrito no Tertium Organum sobre os elementos de uma "nova raça". Parecia-me que não tinha estado longe da verdade e que há realmente em pleno andamento a formação, se não de uma nova raça, pelo menos de alguma categoria nova de homens, para a qual existem valores diferentes dos das outras pessoas. Em relação com esses pensamentos, voltei novamente à necessidade de pôr em ordem e de estruturar de modo sistemático o que, dentro da totalidade do nosso conhecimento, leva a "novos fatos". Decidi que, depois do meu regresso, retomaria o trabalho interrompido do meu livro, mas com novas metas e novas intenções. Comecei, ao mesmo tempo, a fazer certas conexões na índia e no Ceilão, e me pareceu que, em pouco tempo, poderia dizer que havia encontrado fatos concretos. Mas chegou uma luminosa manhã ensolarada, na qual, regressando da índia, estava no convés do vapor que vai de Madrasta, contornando o Ceilão pelo sul. Era a terceira vez que me aproximava do Ceilão, nesse período, cada vez de uma direção diferente. A praia rasa com colinas azuis ao longe mostrava simultaneamente o que nunca se poderia ver estando lá. Através de meu binóculo pude ver o trenzinho de brinquedo a caminho do Sul e, ao mesmo tempo, várias estações de brinquedo, que pareciam estar quase uma ao lado da outra. Eu sabia até os seus nomes: Kollupitiya, Bambalapitiya. Weilawatta e outras. A aproximação de Colombo me comovia. Ia saber ali: primeiro, se encontraria novamente o homem que conhecera antes da última viagem à índia e se ele repetiria a proposta que me fizera para encontrar certos ioguins, e, em segundo lugar, aonde iria depois: deveria voltar para a Rússia ou seguiria para Burma, Sião, Japão e América. Mas não esperava o que. na realidade, encontrei. A primeira palavra que ouvi ao desembarcar foi: Guerra. 

Começaram então os dias estranhos e confusos. Todas as coisas foram lançadas na confusão. Mas eu já sentia que a minha busca, num certo sentido, estava terminada e compreendi então por que sentira o tempo todo que era necessário me apressar. Um novo ciclo estava começando. Era ainda impossível dizer como ele seria e a que levaria. Só uma coisa estava clara desde o início: o que foi possível ontem tornou-se impossível hoje. Toda a lama estava se levantando desde a base da vida. Todas as cartas se misturavam. Todos os fios estavam cortados. Só restava o que eu estabelecera para num mesmo. Ninguém podia tirar isso de mim. E só isso poderia me levar adiante. 

1914-1930 

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