Che Guevara, o homem que não gostava de trabalhar, mas sentia prazer em matar
Por
Tiago Cordeiro
Em 17 de fevereiro de 1958, em Sierra Maestra, o camponês Eutimio Guerra foi julgado e condenado à morte por Ernesto Che Guevara. Ele havia se unido à guerrilha que combatia o governo cubano, atuando como guia, mas teria colaborado com o exército do presidente Fulgencio Batista. As evidências contra ele eram tão fracas que ninguém queria executar a sentença. Guevara então pegou uma pistola calibre .32 e disparou contra a têmpora do cubano de 37 anos.
Este é o primeiro caso documentado de assassinato a sangue frio liderado por Che. Centenas de outros se seguiriam. Quando a revolução fora vitoriosa e os guerrilheiros se instalaram em Havana, em 1959, o argentino, que dizia ter abandonado a vida confortável de classe média para lutar pelos mais pobres, conduziu fuzilamentos diários ao longo de meses. No posto de juiz chefe do Tribunal Revolucionário, agiu dentro da fortaleza La Cabaña, uma antiga fortaleza espanhola transformada em prisão. O fosso em torno das instalações ficou lotado de cadáveres. As famílias autorizadas a visitar detentos eram conduzidas diante do paredão ensanguentado onde aconteciam os fuzilamentos.
Foi em La Cabaña que Jesús Carrera Zayas, de 27 anos, tombou em 11 de março de 1961. Deixou uma viúva de 20 anos e uma filha de seis meses. Zayas era comandante do exército rebelde. Após a vitória, passou a se opor a uma série de decisões de Che. Acabou detido, acusado de trair os companheiros. Seu assassinato foi conduzido por Fernando Flores Ibarra, mais conhecido pelo apelido “Charco de Sangre” (algo como “poça de sangue”). Uma escola enviou crianças para assistir à execução. Elas eram encorajadas a gritar: “Morte ao verme!”. “Foi Che quem determinou a morte de Zayas. Ele presenciou a execução”, relata, no livro Che Guevara's Forgotten Victims, María C. Werlau, diretora executiva do Free Society Project, uma organização que atua a partir de Washington para denunciar crimes contra a humanidade cometidos em Cuba.
O livro é referência quando se trata dos crimes de Che. Relata as histórias de vítimas como Angel Maria Clausell García, Demetrio Clausell González, Fidel Díaz Merquías, Cornelio Rojas Fernández e José Castaño Quevedo. “Ernesto Guevara é o maior símbolo do ‘revolucionário chique’, um ícone da cultura de massa. Ironicamente, a maior parte de seus devotos sabe muito pouco, ou mesmo nada, sobre ele”, argumenta Werlau em seu texto. “Na Sierra Maestra, por exemplo, ele se mostrou um verdadeiro serial killer”.
Em La Cabaña, ela prossegue, “durante os julgamentos, regras básicas da jurisprudência foram ignoradas e as acusações do promotor eram consideradas provas irrefutáveis. Cuba, que até então não tinha pena de morte, viu Che Guevara conduzir uma máquina de matar. Ele insistia com seus subordinados: ‘Não atrasem os procedimentos. Esta é uma revolução. Não usem métodos legais burgueses; a evidência é secundária’”.
Com relação aos assassinatos, o próprio Che admitiu, em 1964, diante da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas: “É claro que executamos! E continuaremos executando enquanto for necessário”. Em 1957, durante as atividades da guerrilha, escreveu para o pai: “Hoje descobri que realmente gosto de matar”.
CONTINUA....
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