quinta-feira, 10 de março de 2022

Eurasianismo, a macabra conspiração do guru de Putin - Entenda de onde vêm as loucuras do comunista assassino (como qualquer outro comunista)

 

Eurasianismo, a macabra conspiração do guru de Putin

Sugerido e escrito por RodolfoAndrello4.75, Revisado e narrado por Peter Turguniev3.46

https://visaolibertaria.com/article/87c0509e-b60d-4063-be28-02ca08986950

O que aconteceria se você misturasse em um caldeirão a União Soviética, a Alemanha nazista e umas pitadas do místico René Guénon?

mundo assistiu estupefato aos atos de guerra praticados por Vladimir Putin na Ucrânia, tanto por não conseguir prever as ações do autocrata russo, ninguém esperava que isso fosse acontecer. Mas também por confiar em demasia que conflitos dessa magnitude seriam economicamente inviáveis no século XXI, o que, diga-se de passagem ainda pode se mostrar verdadeiro. Putin pode ter apostado alto demais. Ficaremos sabendo mais adiante.

Mas, talvez, a falha em prever tal ação totalmente inconsequente e danosa, tenha se dado pela falta em compreender o pensamento de Vladimir Putin, a forma como ele vê o mundo.

Muitos ocidentais encararam a decisão de Putin, violenta, anti-econômica e totalmente deslocada de um objetivo viável e lógico, como mera loucura de um tirano. Outros ocidentais vêem suas ações como um grande xadrêz multidimensional, e vêem Putin como a encarnação de algum deus da sabedoria, apostando todas suas fichas que Putin calculou com antecedência todas as variáveis e conseguiu prever a ação humana de milhões de indivíduos para sagrar-se vitorioso ante qualquer batalha. A verdade real provavelmente não está em nenhum dos dois extremos, não foi pura loucura, mas é impossível atribuir uma decisão lógica razoável.

Mas se muitos duvidam de Putin como um grande estrategista, um gênio iluminado, capaz de vencer qualquer batalha, uma coisa você pode ter certeza. Vladimir Putin acredita nisso. Ele se vê como uma espécie de Hércules capaz de desenhar o futuro da humanidade.

Essa autoconfiança é na verdade expressão da própria filosofia adotada por Putin, chamada eurasianismo, e que tem como seu maior expoente Alexander Dugin, um nome de singular importância para que possamos entender as muitas facetas da atual crise na Rússia.

Alexander Dugin, é, numa breve definição, um filósofo filho de um oficial da KGB, além de ser a principal voz da chamada quarta teoria política. Ele foi o principal organizador do Partido Bolchevique Nacional, da Frente Bolchevique Nacional e do Partido da Eurásia. Ele também serviu como conselheiro do presidente da Duma Estatal Gennadiy Seleznyov e membro líder do partido governante Rússia Unida, Sergei Naryshkin. Ele também é internacionalmente conhecido como o guru de Vladimir Putin.

Putin, aliás, também possui um passado na KGB, e até nos dias de hoje há quem defina Putin como um homem que é a própria KGB encarnada.

Halya Coynash, do Grupo de Proteção dos Direitos Humanos de Kharkiv, disse que a influência da "ideologia eurasiana" de Dugin nos acontecimentos no leste da Ucrânia e na invasão da Crimeia pela Rússia está além de qualquer dúvida. De acordo com Vincent Jauvert, a ideologia radical de Dugin tornou-se a base para a política interna e externa das autoridades russas. "Portanto, vale a pena ouvir Dugin, a fim de entender a que destino o Kremlin está levando seu país e toda a Europa."

O filósofo guru de Putin é de muitas maneiras um personagem semelhante a Rasputin, o famoso místico russo associado a queda da dinastia Romanov. Uma figura mística, a quem se atribuiam poderes quase mágicos, teria sobrevivido a várias tentativas de assassinato e curado o filho de Nicolau II de leucemia, e que tinha, portanto, a total confiança de Nicolau II. Mas, tal como há quem diga que Rasputin levou os Romanov a derrocada, não é impossível imaginar que a mesma coisa aconteça com Dugin levando Putin a derrocada final.

Dugin é o autoproclamado profeta da quarta via política, uma corrente que proclama ser a inimiga do liberalismo e do individualismo ocidental, e que veio suceder o nacional socialismo e o comunismo, que, na visão deles, falharam em sua missão de matar o liberalismo, de consolidar o estado como o deus máximo e objetivo final da vida de cada indivíduo.

Essa filosofia, conhecida como eurasianismo enfatiza a valorização das antigas tradições e religiões que dominavam o mundo antes do advento do capitalismo e do livre mercado. Antes que as pessoas tivessem o mínimo de liberdade para interagir entre si, como tem hoje. Por conta dessa faceta saudosista, os mais desavisados acabam vendo essa proposta como uma filosofia alinhada aos valores do conservadorismo. Mas esse é um erro crasso.

Investindo nesse engodo, não é de se estranhar que o próprio Putin venda a si próprio como a expressão dos valores da tradição, em contraste com a decadência do ocidente. Esse discurso atrai muitos homens descontentes com o progressismo ocidental. O misticismo também está na raiz do eurasianismo, principalmente pela notória influência de René Guénon e Julius Evola.

Os mais céticos dentre nós podem muito bem achar que esse fator místico é de pouca importância, mas grandes eventos da história mostram que a crença em uma missão espiritual estiveram por detrás de grandes eventos da humanidade, particularmente no século XX. Infelizmente, muitas vezes, com consequencias trágicas.

Há o caso de Rasputin, o místico russo dos Romanov que já mencionamos, o qual muitos historiadores atribuem uma participação decisiva na queda de Nicolau II e na vitória dos comunistas liderados por Lenin. Ao tomar Rasputin como guru, Nicolau II e sua esposa cometeram vários erros de julgamentos que viriam a resultar em um dos maiores derramamentos de sangue da história.

Outro papel histórico de suma importância foi exercido na história do nazismo pelo místico Dietrich Eckart, que foi uma figura dos primórdios do partido nazista que exerceu uma poderosa influência na vida de Hitler. Quando Eckart estava no leito de morte, em dezembro de 1923, fez uma afirmação profética: "Sigam Hitler! Ele dançará, mas eu iniciei a música! Eu o iniciei na 'Doutrina Secreta', abri seus centros de visão e lhe dei os meios para se comunicar com os Poderes.

O fato é que pessoas racionais tomam decisões racionais, mesmo quando visando interesses escusos. Muito mais perigosas são as pessoas que tomam decisões acreditando serem profetas ou escolhidos divinos ou misticos. Pode-se justificar qualquer barbaridade com visões celestiais. Lógico, fica claro a todos que essas figuras não tinham nenhuma ligação com nada mistico de fato. Mas a nossa tese é que grandes eventos da humanidade podem apresentar conexões explícitas com crenças e profecias extravagantes que funcionam como catalizador para as ações de seus líderes. O líder se sente justificado em uma ação, mesmo sem nenhum embasamento no mundo real, apenas observando aspectos místicos que, no final, estão apenas na cabeça dessa pessoa ou dos gurus próximos. E este é certamente o caso do guru de Vladmir Putin.

Mas como dissemos, infelizmente certas pessoas com um forte censo moral e ligadas à pauta dos costumes muitas vezes acabam por ser atraídos pela lábia de pessoas como Alexander Dugin. No entanto, antes que você vista sua armadura templária e se aliste no exército eurasiano, cabe conhecer melhor os meandros dessa filosofia.

No prefácio à edição brasileira do livro "A quarta via política", os adeptos nacionais do eurasianismo afirmam que a obra contém diretrizes que se mostrarão extremamente úteis para que os autênticos revolucionários apliquem na construção de uma Quarta Teoria Política.

Essa alegação contida no prefácio do livro de Alexander Dugin já é por si só incompatível com os valores do conservadorismo, o qual possui essencial aversão a toda forma de teoria revolucionária e seus enormes projetos de engenharia social.

Esse fato foi inclusive apontado pelo falecido Olavo de Carvalho, numa ocasião em que o brasileiro protagonizou um debate com o filósofo russo.

Esse debate, aliás, fornece um valoroso material para compreendermos o escopo da visão eurasiana, e em quais pontos ela se mostra incompatível com o conservadorismo ou com qualquer visão pró livre mercado, como o libertarianismo. Por isso, vamos apresentar alguns dos pontos de maior destaque desse embate.

Na oportunidade, o próprio Olavo definiu Alexander Dugin como um homem que ocupa o centro e o topo do poder, e que conta com o braço armado de Vladimir Putin, os exércitos da Rússia e da China e todas as organizações terroristas do Oriente Médio, além de praticamente todos os movimentos esquerdistas, fascistas e neonazistas que hoje se colocam sob a bandeira do seu projeto “Eurasiano”.

Já Dugin nunca negou ou fez qualquer esforço para atenuar tais acusações, mesmo porque, elas descrevem a pura e simples realidade. Em seu debate com Olavo, que chegou a virar um livro, Dugin apenas lamenta que Olavo não comungue de sua visão de que o oriente é a única salvação para as tradições da humanidade.

No decorrer do debate, cada um deles apresenta o diagnóstico das razões da decadência do mundo.

Enquanto Olavo vê o globalismo agindo a partir das influências marxistas e soviéticas, pela escola de Frankfurt e o socialismo Fabiano, Dugin exalta o espírito coletivista dos russos, e busca apresentar ao mundo uma quimera filosófica chamada nacional bolchevismo, cuja pretensão é colocar em rota de colisão os valores ocidentais e orientais, ainda que a partir de uma guerra.

E como Dugin pretende fazer isso?

De muitas maneiras, mas principalmente pela união do bloco eurasiano, encabeçado por Rússia e China.

O projeto eurasiano também toma emprestada formas utópicas da teoria de Platão, advogando a formação do estado perfeito. Sua visão também bebe da tradição hindu, de onde extrai também a importância das castas.

Para que não restem dúvidas, vamos a uma citação das próprias palavras de Dugin que estampam essa visão:

"A ordem dos guerreiros e dos sacerdotes, para mim pessoalmente (e implicitamente para a maioria dos povos eurasianos), é muito melhor que a ordem dos comerciantes. Mais do que isso, eu sugeriria a aliança entre o “militarismo russo-chinês” e a “Irmandade Muçulmana” na luta comum para a derrocada da Ordem Mundial Americana e para encerrar a globalização e o “modo de vida americano”."

Esse projeto não só abrange a promessa de que o oriente irá expurgar o mundo da chaga do individualismo ocidental, como almeja uma nova conformação geopolítica formada por grandes blocos supraestatais como a união europeia.

E ironia das ironias, Alexander Dugin não tem a menor vergonha de se apresentar como o grande adversário do globalismo! Sendo que se posta em prática, suas ideias encaminhariam o mundo para o fim das nações e para a formação de algum tipo de oligarquia formada por blocos quiméricos de supernações onipotentes.

Durante a guerra fria, Rússia e China, que são a menina dos olhos de Dugin, mataram juntas o equivalente a 140 milhões de indivíduos, boa parte sendo seus próprios parentes, amigos e vizinhos.

Enquanto isso, no mesmo período a tão odiada máquina de guerra americana foi responsável por menos de 2 milhões de mortes.

E não estamos falando só do passado. Até hoje é muito mais fácil você morrer por criticar um político na Rússia e na China do que em qualquer lugar dos Estados Unidos.

Mas segundo as indecorosas acusações de Dugin e Vladmir Putin, o ocidente precisa ser expurgado dos vilanescos valores individualistas e capitalistas, em nome de valores rotulados como tradicionais supostamente superiores, mas que ensejaram cenas de canibalismo nos gulagues siberianos.

É uma questão de aritmética elementar concluir que os individualistas americanos, na pior das hipóteses, são cem vezes menos assassinos do que os solidários russos e chineses.

Além disso, mesmo afirmando lutar por valores transcendentais, as palavras de Alexandre Dugin mostram o mesmo relativismo moral adotado nos escritos de Karl Marx. Vejamos outro trecho de suas afirmações estapafúrdias:

"Diferentes culturas não sabem o que “a realidade” significa. É um conceito, nada mais. Um conceito entre tantos outros. Portanto, sua imposição como algo universal e ostensivo é um tipo de “racismo” intelectual."

Ou seja, ao ser confrontado pelos números do morticínio comunista no século XX, o que Alexandre Dugin faz é relativizar a própria realidade, apenas para não ter de admitir que a realidade do legado eurasiano é mais sombrio do que o círculo mais profundo dos infernos.

Por conseguinte, o guru de Putin ainda se mostra adepto do mais rasteiro relativismo moral. E por incrível que pareça, nada disso impede que pessoas do mundo inteiro vejam Alexandre Dugin e seu discípulo Vladmir Putin como autênticos cavaleiros da moral e dos bons costumes.

Por todo o exposto, não surpreende que o projeto eurasiano tenha muito em comum com o projeto nazista. O próprio expansionismo russo buscando seu espaço vital no leste europeu ecoa muitas das pretenções estravagantes de Hitler. Fora todo o antissemitismo disfarçado de teses econômicas anticapitalistas dentro da teoria da quarta via política.

No fim das contas, a verdade nua e crua é uma só: O esquema de poder na Rússia trocou de vestido, mas continua o mesmo – com as mesmas pessoas nos mesmos lugares, exercendo as mesmas funções, com as mesmas ambições totalitárias de sempre.

O resultado é este: se você louva Putin como um estrategista infalível; se você minimiza a agressão dos projetos expansionistas de Moscou; se você acha que o ocidente precisa ser parado, e que a pessoa certa para isso é um agente da KGB... então meus parabéns, você é autenticamente um socialista.

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