segunda-feira, 5 de outubro de 2020

O Novo Testamento é uma Construção Romana?

Você é dos que ainda acredita nas lendas que falam que o Novo Testamento foi uma construção da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR)? Ou que os livros foram escolhidos pelo analfabeto Constantino segundo conveniência poli6tica? Ou pior ainda, que foi escrito por ele ou outros católicos?

Se sim esta série é para você. Mas se não, e eu espero sinceramente que não, pois em tempo de internet é meio absurdo ainda cair nesse mito acadêmico, essa série é um resumo e com biografia rica daquilo que você deve responder àquele professor doutor de universidade que monta no cavalo da autoridade de seus títulos para expor sua ignorância bíblica e histórica (além da falta de raciocínio lógico, pois comete sempre o bárbaro anacronismo).

Aqui uma sequência datada das listas de livros que já haviam a partir do ano 150. Embora o texto atribua o título de católico à igreja primitiva (o que é verdade apenas em parte com relação à herança histórica, canônica e tradicional, pois já existiam divisões e posições diferentes de grupos, embora os livros sejam praticamente os mesmos sempre) é importante perceber que não se trata da ICAR. Constantino só instituiu tal grupo em 313 d.C., é muito importante lembrar. Aqui começará fas listas iniciais até as canônicas oficiais. 

Mas eles ainda poderão argumentar que os textos foram adulterados. Então é bom ler também artigos anteriores sobre a história da Bíblia, da igreja e do cristianismo já postadas aqui. No entanto pode ser que esta série também se estenda a esse assunto. E se o preconceito de alguns for ainda extremado com relação a essa instituição, que simplesmente criou a cultura ocidental quase toda e resgatou da barbárie moral e religiosa a nossa civilização, só posso dizer, como não católico também, que pesquise realmente a fundo a história e se não forem as fontes viciadas e resumidas de sempre você vai mudar de idéia completamente (a bibliografia no final tem algumas poucas sugestões). Obrigado a todos por ler e compartilhar tais assuntos que implicam diretamente na sua liberdade, especialmente de consciência.


Os primeiros Catálogos do Novo Testamento

Do ano 200 ao ano 400 d.C., graças aos católicos, publicaram-se aproximadamente quinze ou dezesseis catálogos de livros do Novo Testamento, vejamos alguns:

a) Fragmento Muratoriano ou Cânon de Muratori (150) – É o mais antigo documento sobre o Cânon do Novo Testamento, escrito por volta do ano 150 d.C. Uma cópia do original, datada do século VIII, foi descoberta pelo padre italiano Ludovico Antônio Muratori em 1740 na Livraria Ambrosiana, em Milão. Menciona o Papa Pio I (bispo de Roma de 143 a 155 d.C.), irmão de Hermas, como se fosse contemporâneo. O fragmento traduzido do grego principia por Lucas como “terceiro Evangelho”, subentendendo os outros dois e cita todos os livros do Novo Testamento, com exceção das seguintes cartas: Hebreus, Tiago, 1 e 2Pedro, e 2 e 3João. Pelo manuscrito pode-se distinguir os livros que eram lidos publicamente na Igreja, os que algumas pessoas queriam que fossem lidos, os desprezados e os que eram lidos em ambiente privado.

b) Clemente de Alexandria (†215) – Segundo Eusébio de Cesareia, no princípio do século III, fez a distinção entre “o Evangelho” e “o Apóstolo”. Reconhece 14 cartas de São Paulo, inclusive Hebreus, e omite as Cartas de Tiago, 2Pedro e 3João.

c) Orígenes (†254) – Segundo Eusébio de Cesareia, listou todos os livros do Novo Testamento, exceto as Cartas de Tiago e Judas, às quais se refere em outra parte.

d) Eusébio Panfílio (†315) – Lista todos os livros do Novo Testamento, relata porém que há contestação da parte de alguns a respeito das Cartas de Tiago, Judas, 2Pedro, 2 e 3João.

e) Santo Atanásio (†337) – Lista todos os livros do Novo Testamento. Fala da obra “O Pastor”, de Hermas, como útil, mas não-canônica.

f) São Cirilo de Jerusalém (†386) – Lista todos os livros do Novo Testamento, exceto o Apocalipse de São João. Os livros contestados, de que fala Eusébio, neste tempo já são geralmente aceitos.

g) Concílio de Laodicéia (364) – Lista todos os livros do Novo Testamento, com exceção do Apocalipse.

h) Epifânio de Salamina (370) – Lista todos os livros do Novo Testamento.

i) Anfilóquio de Icônio (380) – Lista todos os livros do Novo Testamento, mas diz que a maioria exclui o Apocalipse.

j) Filástrio de Bréscia (380) – Lista todos os livros do Novo Testamento, menciona 13 Cartas de São Paulo e a Carta aos Hebreus, dizendo que acerca desta alguns duvidam que seja de autoria de São Paulo; diz também que outros negam que sejam de São João o Evangelho e o Apocalipse.

k) Gregório Nazianzeno (†389) – Lista todos os livros do Novo Testamento, menos o Apocalipse.

l) Rufino de Aquiléia (390) – Lista todos os livros do Novo Testamento.

m) Concílio de Cartago II (397) – Foi um Concílio regional da Igreja, ao qual Santo Agostinho assistiu. cCita todos os livros do Novo Testamento, sendo as atas deste Concílio muito importantes pelo seu testemunho histórico.

n) São João Crisóstomo (†407) – Numa sinopse que lhe é atribuída, enumera quatorze Cartas de São Paulo, os quatro Evangelhos, os Atos dos Apóstolos e três Epístolas Católicas, omitindo o restante dos livros.

o) São Jerônimo (†420) – Lista todos os livros do Novo Testamento; diz que a Carta aos Hebreus é colocada por muitos fora dos escritos de São Paulo.

p) Santo Agostinho de Hipona (†430) – Lista todos os livros do Novo Testamento; refere-se à Carta aos Hebreus como sendo de São Paulo.

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BIBLIOGRAFIA

– Parte integrante do opúsculo “A Formação da Bíblia ao longo dos Séculos e a importante participação da Igreja Católica neste processo”, de autoria de Leandro Martins de Jesus, 2005.
– ANGUS, Joseph; GREEN Samuel G. “História, Doutrina e Interpretação da Bíblia”. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1951.
– AQUINO, Felipe. “Escola da Fé I – A Sagrada Tradição”. Lorena: Cléofas, 2000.
– AQUINO, Felipe. “Escola da Fé II – A Sagrada Escritura”. Lorena: Cléofas, 2000.
– AQUINO, Felipe. “Escola da Fé III – O Sagrado Magistério”. Lorena: Cléofas, 2001.
– BATTISTINI, Francisco. “A Igreja do Deus Vivo: Curso Popular sobre a Verdadeira Igreja”. 29ª ed., Petrópolis: Vozes, 1998.
– Bíblia Sagrada. 47ª ed. São Paulo: Ave Maria, 1985.
– Bíblia Sagrada. 38ª ed. São Paulo: Edições Paulinas, 1982 .
– SARMENTO, Francisco de Jesus Maria. “Minidicionário Compacto Bíblico”. 3ª ed., São Paulo: Rideel, 2001.
– SILVA, Rogério Amaral. “A Fundação da Igreja Católica por Nosso Senhor Jesus Cristo”. ACI Digital. Disponível em: www.acidigital.com.br. Acesso em 16/06/2004.
– SILVA, Severino Celestino. “Pequena História das Traduções Bíblicas”. Disponível em: www.nossosaopaulo.com.br. Acesso em 01/07/2004.
– (Autor Desconhecido). “Como a Bíblia foi escrita”. ACI Digital. Disponível em: www.acidigital.com.br. Acesso em 16/06/2004.

https://www.veritatis.com.br/os-primeiros-catalogos-do-novo-testamento/amp/

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