segunda-feira, 16 de setembro de 2024

O problema metafísico da Liberdade - 6 - Nikolai Berdiaev

 


Vimos que a segunda liberdade pode ser entendida falsamente, e que assim ela degenera em violência a coerção. Mas em seu verdadeiro entendimento, sem negar a primeira liberdade, mas pressupondo-a inevitavelmente, a segunda liberdade é mais elevada, ela é a liberdade última, a autêntica libertação do homem desse mundo. A libertação genuína é dada pelo conhecimento e a realização da Verdade, que inclui em si a liberdade. Alcançar a mais alta liberdade, como um objetivo de vida, significa alcançar a autêntica espiritualidade. O espírito é liberdade e, na espiritualidade, na vida espiritual, não existe nenhuma determinação exterior, não existe compulsão, não existe situação externa. Uma posição externada com coerção de uma parte sobre outra é característica do mundo natural. A vida espiritual é uma vida livre, e nisso está seu sinal constitutivo. Alcançar a espiritualidade equivale a superar a tragédia da liberdade, suas contradições são desfeitas, o que parecia até então insuperável. A espiritualidade autêntica implica a iluminação do irracional, daquela que até então era a liberdade escura, mas sem sua aniquilação, sem forçá-la. O problema da liberdade não pode ser resolvido dentro dos limites da filosofia racional. A dialética não consegue preenchê-lo, as dificuldades insuperáveis permanecem. Mas a cognição filosófica pode se aproximar de seus limites e ir além, fornecendo a solução final a outras áreas. Estou inclinado a pensar que é nisso que consiste a tarefa da filosofia em todas as áreas da cognição. Uma filosofia que desvende a dialética da liberdade nos conduzirá ao Cristianismo, como uma solução positiva para a tragédia da liberdade, a tragédia da liberdade e da necessidade. O problema da liberdade do homem, tão difícil para o pensamento filosófico, só pode ser resolvido pela ideia do Deus-homem e da humanidade Divinizada, que vai além dos limites da filosofia pura. Apenas no Deus-homem se revela uma saída para além da fronteira do mal existente na liberdade e o bem existente na necessidade, da liberdade que gera o mal e da necessidade que compele à bondade, e nesse ponto se alcança a iluminação e a transfiguração da liberdade, de uma liberdade cheia de amor, não a liberdade do primeiro Adão, ainda considerada como a liberdade do mal, mas antes a liberdade do segundo Adão, que pelo livre amor conquistou os princípios obscuros da liberdade. Isso com certeza não quer dizer que, tanto na filosofia quanto na teologia Cristã, bem como na prática Cristã, o problema da liberdade tenha sido devidamente colocado e corretamente resolvido. Ao contrário, aqui surgiram algumas das maiores divergências. A liberdade e a graça muitas vezes são colocadas em oposição, e a graça é vista como uma força acima da liberdade. Mas o Cristão, em seu ideal de pureza, inclui em si a resolução do problema da liberdade. Fora do Cristianismo, o determinismo é essencialmente inevitável. Toda filosofia naturalista é determinista. E quando a filosofia espiritualista procura estabelecer uma base para a liberdade, ela o faz fracamente e com contradições, identificando a liberdade com a substância, isso é, dentro de uma categoria naturalista. Uma questão difícil para a metafísica Cristã está em reconciliar a liberdade do homem com a onipotência de Deus, com a onisciência Divina. A partir desse fundamento gerou-se o ensinamento sobre a predestinação, que encontrou suma máxima expressão em Calvino. Mesmo Santo Agostinho encontrou aqui uma dificuldade insuperável. O caminho mais crível seria aquele no qual existe consciência, que a liberdade constitui uma linha limítrofe para a presciência de Deus, que o próprio Deus coloca um limite à sua presciência, uma vez que Ele deseja a liberdade vê na liberdade o sentido da criação. A esse ponto de vista inclina-se Charles Secrétan em sua obra La Philosofie de la Liberté, uma das mais sutis investigações filosóficas a respeito da liberdade.


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sábado, 14 de setembro de 2024

O problema metafísico da Liberdade - 5 - Nikolai Berdiaev




V

Conectada a essa liberdade potencial, anterior à existência, alojada no abismo do nada, está a possibilidade de criação. A possibilidade de mudança e de desenvolvimento do mundo nasce da liberdade. Apenas na superfície, no plano raso do mundo natural, vemos o desenvolvimento. Mas a teoria evolucionista é completamente ineficaz para conceber as fontes do desenvolvimento no mundo. O entendimento disso só é possível quando se ultrapassa o movimento horizontal por um movimento vertical. Na medida da profundidade, é ao longo dessa vertical que acontece essa criação a partir da liberdade, a partir de uma potencialidade insondável, e daí ela se projeta na superfície, como desenvolvimento. Para além do desenvolvimento no mundo estão ocultas ações criadoras, em especial porque as ações criadoras pressupõem da liberdade, e a liberdade pressupõe essa insondável potencialidade que nasce do nada. Sem a potencialidade, sem o nada, nada no mundo se transformaria, não haveria desenvolvimento, nem criação ou criatividade. O ensinamento de Aristóteles a respeito do ato e da potencialidade inclui essa grande verdade, mas ele foi distorcido e estreitamente interpretado. Os Gregos temiam o infinito (apeiron) e, por isso, costumavam interpretar de modo impreciso o significado da potencialidade, coisa que passaram aos Escolásticos. Na potencialidade existe mais do que o que existe em ato, pois na potencialidade existe um infinito, enquanto que em ato tudo é sempre limitado. A infinitude da potencialidade é a fonte da liberdade e da mudança criadora e de tudo o que existe de novo no mundo. A existência efetiva do mundo constitui uma esfera final e limitada em comparação com a potencialidade ilimitada e insondável do abismo, que jaz abaixo do ser e é mais profundo do que ele. A evolução dentro do mundo se apresenta a nós como uma interação determinada e delimitada das forças terrenas e de sua redistribuição. Mas a criatividade não é determinada, num certo sentido ela sempre será a criação a partir do nada, isso é, a partir da liberdade. A criatividade livre constitui também uma liberdade não determinada, que abre seu caminho através das forças de mundo e as altera, e que não é determinada por elas. Assim só é possível dizer que, na vida do homem e na vida do mundo, existe uma grande possibilidade, a possibilidade de uma nova vida e de um novo mundo. O determinismo evolucionista constitui uma visão conservadora do mundo. O Darwinismo é conservador, o Marxismo é conservador, embora eles ainda apresentem alguns ensinamentos revolucionários, derrubando a visão de mundo religiosa tradicional. Apenas a possibilidade da liberdade criativa abre uma brecha no fechado sistema conservador do mundo, dentro do qual só é possível a redistribuição da matéria e da energia. O naturalismo igualmente afirma um sistema fechado conservador do mundo, e esse naturalismo às vezes assume a forma de um naturalismo teológico. Pois, se o mundo não se apresenta como um sistema conservador fechado, deve existir obrigatoriamente uma fonte insondável, uma potencialidade infinita, isso é, o “nada” livre, anterior ao ser, e que determina a existência.

N princípio era o Verbo, o Logos. Essa é uma verdade eterna em relação à toda a existência positiva. O mundo não poderia ter sido criado, ele não poderia ter um princípio sem o Logos. Mas no princípio havia algo como que o nada, a potencialidade, havia a liberdade, e essa liberdade, esse nada, estava fora da existência e, dessa maneira, não existe contradição com o fato de que no princípio era o Verbo. O Logos desceu até o nada e dali criou o mundo, o sol brilhou sobre o abismo mais profundo do que o ser. O Logos Divino interagiu com a liberdade. Aqui está o porquê de não ser a liberdade um problema psicológico ou moral – o livre arbítrio – mas, antes, um problema metafísico sobre o princípio das coisas, aconteceu um encontro de duas infinitudes – a infinitude do potencial, do nada, e a infinitude do real, a infinitude de Deus. Daí provém que havia também duas liberdades – a liberdade que nasce da infinitude da potencialidade, e a liberdade que vem da infinitude da graça de Deus, da Luz de Deus.

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sexta-feira, 13 de setembro de 2024

O gigante da liberdade Alexander Soljenítsin

Iniciando essa série sobre Soljenítsin me pareceu interessante fazer uma pequena introdução sobre o autor e sobre minha experiência com sua obra na biblioteca da UFS de forma breve. Fui às partes de linguística e literatura estrangeira olhando livro por livro à procura de algum escrito em Russo, inclusive abrindo um por um para ver se havia algum bilíngue pelo menos, ou no mínimo convivesse citações em russo (sim, são poucos, apenas umas três fileiras numa estante estreita). E curiosamente não havia nenhum, nada. Nem entre os autores comunistas, a maioria obviamente, em uma universidade que possui, como quase todas as federais brasileiras, um corpo docente paranoicamente  afundando nos delírios, esperanças e utopias marxistas, ocupando a mente dos incautos jovens que aqui passam com essas mesmas, o quanto possam...


E lá estava a que é considerada sua principal obra, O Terceiro Círculo, em três volumes. Graças a Deus não apenas ao lado de autores marxistas, mas também de Dostoiévski, Tolstoi e outros de menor projeção. Não vi, que eu lembre, algum de Kropotki, considerado por alguns o pai do anarquismo. Claro que não, num lugar onde há quem pense que seria Bakunin o tal pai, não poderia ser diferente. Mas vi também alguns nomes não comunistas da literatura russa, porém, sempre em português, ou inglês e francês.


Tenho tido algumas experiências com esta leitura e com minhas visitas à biblioteca que talvez valham a pena algumas notas aqui no futuro, em algum outro momento. Por agora pretendo gradativamente apresentar esse autor e algumas das experiências dele, não as minhas...



A sabedoria de Alexander Soljenítsin 

Por João Luiz Mauad

O gigante da liberdade Alexander Soljenítsin (11 dezembro de 1918 — 3 de agosto de 2008) foi um matemático, romancista, filósofo, dramaturgo e historiador russo cujas obras construíram e celebrizaram a imagem que o mundo tem a respeito dos Gulags, sistema prisional baseado em trabalhos forçados existente na antiga União Soviética. Recebeu o Nobel de Literatura de 1970. A sua postura crítica sobre o que considerava o esmagamento da liberdade individual pelo Estado onipresente e totalitário implicou a expulsão do autor do país natal e a retirada da respectiva nacionalidade em 1974.

[Alguns ditos de Soljenítsin]:

“O bolchevismo cometeu o maior massacre humano de todos os tempos. O fato de que a maioria do mundo seja ignorante e indiferente sobre este enorme crime é a prova de que a mídia global está nas mãos dos agressores.”

“Se ao menos fosse tudo tão simples! Se ao menos houvesse pessoas más em algum lugar insidiosamente cometendo más ações, e seria necessário apenas separá-las do resto de nós e destruí-las. Mas a linha que divide o bem e o mal corta o coração de todo ser humano. E quem está disposto a destruir um pedaço do seu próprio coração?”

“Os mesmos velhos sentimentos do homem das cavernas – ganância, inveja, violência e ódio mútuo, que ao longo do caminho assumiram respeitáveis pseudônimos como luta de classes, luta racial, luta de massas, luta sindical – estão dilacerando nosso mundo.”

“Rejeitar essa ideologia comunista desumana é simplesmente ser um ser humano. Tal rejeição é mais que um ato político. É um protesto de nossas almas contra aqueles que querem nos fazer esquecer os conceitos de bem e mal.”

(...)

“Temos que condenar a ideia de que algumas pessoas têm o direito de reprimir outras.”

“Um estado de guerra serve apenas como desculpa para a tirania doméstica.”

“É hora de o Ocidente defender menos direitos humanos do que obrigações humanas.”

“A “Revolução de Outubro” é um mito gerado pelos vencedores, os bolcheviques, e engolido por círculos progressistas no Ocidente.”

“Ouvimos um clamor constante por direitos, direitos, sempre direitos, mas muito pouco por responsabilidade.”

“Para fazer o mal, um ser humano deve antes de tudo acreditar que o que ele está fazendo é bom.”

“A violência só pode ser ocultada por uma mentira, e a mentira só pode ser mantida pela violência.”

“Em nosso país, a mentira tornou-se não apenas uma categoria moral, mas um pilar do Estado.”

“A moralidade é sempre maior que a lei e não podemos esquecer isso nunca.”

“O socialismo de qualquer tipo leva a uma destruição total do espírito humano …”

“A solene promessa de abster-se de dizer a verdade chamava-se realismo socialista.”

“Tudo o que você adiciona à verdade é subtraído da verdade.”

(...)

CONTINUA...

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quinta-feira, 12 de setembro de 2024

O problema metafísico da Liberdade -4- Nikolai Berdiaev




IV

Se a liberdade não pode estar enraizada em nenhuma espécie de existência, em nenhuma espécie de natureza, em nenhuma espécie de substância, então só resta um caminho para a afirmação da liberdade: o reconhecimento de que a fonte da liberdade está no nada, a partir do qual Deus criou o mundo. A liberdade se manifestou antes da existência e ela determina por si só o plano da existência. Ela pertence a uma ordem e a um plano diferentes da ordem e do plano da existência. A liberdade é absolutamente real, mas não no sentido em que o mundo é real. A liberdade só se revela na experiência da vida espiritual, ela não se revela na experiência da experiência do mundo. A liberdade não apenas não constitui uma experiência externa, como também não é uma experiência anímica emotiva, ela não se encontra na experiência de nenhuma espécie de natureza. O mundo natural é sempre determinado, e o mundo anímico emotivo e também determinado. Somente dentro da capacidade única da experiência espiritual é possível discernir o mistério da liberdade. O mundo espiritual, qualitativamente distinto do mundo natural, no qual se incluem nossas almas e corpos, não é de modo algum um mundo Kantiano de coisas-em-si. Seria totalmente impróprio dizer que a vida do corpo e da alma é aparência, enquanto que a vida do espírito é a coisa-em-si. Isso constitui um dualismo infrutífero, que conduz à negação de toda possibilidade real de uma experiência espiritual, coisa que também vemos em Kant, e que não permite a possibilidade de uma experiência espiritual. Mas no meio disso, a liberdade que aqui se revela dentro de uma experiência espiritual não consiste apenas na segunda – a alta liberdade na Verdade – mas também na primeira, a liberdade irracional e sem fundamento. Apenas a experiência espiritual nos revela isso, que se manifesta antes da existência do mundo natural, que nos conduz a ter um contato com o insondável e o sem fundamento, que tem sua base não em qualquer tipo de existência, nem em nós mesmos, nem no mundo, nem em Deus. Todas as dificuldades insuperáveis da liberdade estão conectadas com o pensamento dirigido exclusivamente ao mundo natural, o sinal básico daquilo que se manifesta como determinismo. Mas no mundo espiritual não existe qualquer espécie de determinismo natural. O mundo espiritual não constitui um grau mais alto do que o mundo natural, ele não entra na hierarquia do mundo natural, ele possui uma condição qualitativa diferente, dentro da qual o mundo natural se mistura em todos os seus graus.

E é dentro de uma experiência espiritual que podemos discernir que, se a liberdade está enraizada em alguma coisa, ela terá que estar enraizada no nada, terá se manifestado antes da existência, antes da criação do mundo. Isso significa também que a liberdade é insondável e sem fundamento. Essas duas características recuam até o nada. Esse é o ungrund de Jacob Boehme. Isso significa que a liberdade está conectada com a potencialidade, que é mais profunda do que qualquer formação ou atualização da existência. A potencialidade da existência do mundo é anterior à existência do mundo em si. De acordo com o ensinamento da teologia Cristã, Deus criou o mundo a partir do nada. Isso significa também que Deus criou o mundo a partir da liberdade. Isso pode ser expresso de forma inversa, ou seja, que Deus criou o mundo livre e com toda a liberdade. Isso não significa que Deus criou o mundo a partir da matéria, como pensavam os antigos Gregos, uma vez que o nada não é matéria, mas liberdade. E se, ao contrário, a liberdade estivesse enraizada na existência, então ela proviria apenas de Deus e em Deus, isso é, a liberdade do homem, a liberdade da criação, não existiriam. Mas fora de Deus está o nada, a partir do qual ele criou o mundo, e é no nada que se encontra a fonte. O não-ser livre está fora do Deus criador para a teologia positiva (catafática), mas é interior à indizível Divindade para a teologia negativa (apofática). A partir dessa liberdade o nada anui à própria criação do mundo, e ela floresce desde o misterioso ventre da potencialidade. A primeira liberdade, a liberdade irracional, é uma pura potencialidade, alojada dentro do nada. E nós percebemos dentro de nós esse vazio livre. Por sua vez, a segunda liberdade, a liberdade em Verdade, recebida da Verdade, é diferente. A segunda, mais elevada, constitui a transfiguração e a iluminação dessa liberdade obscura, desse nada irracional, por intermédio da ideia criadora de Deus sobre o homem e o cosmo, através da luz do Logos, por meio da ação da graça de Deus. Essa transfiguração e essa iluminação, obtidas pela interação mútua entre o poder criador de Deus, sua graça, e a própria liberdade primordial, resultam da ação da graça sobre a liberdade interior, sem violência ou coerção. A primeira liberdade é uma liberdade potencial, ela é a possibilidade de oposição. A segunda liberdade é a liberdade da realização, da realização da Verdade, da iluminação das trevas. A segunda liberdade não existe sem a primeira liberdade. Já vimos que a segunda liberdade, vista em si mesma, descamba para a tirania e falha em superar a tragédia da liberdade. A mais alta liberdade do homem não está na natureza do homem, não pertence à sua substância, mas consiste na ideia de Deus sobre o homem, na imagem e semelhança de Deus no homem. A pessoa não constitui uma individualidade natural do home, mas é antes uma ideia de Deus. A realização da ideia de Deus sobre o homem, entretanto, pressupõe a ação da liberdade que permanece alojada no nada. E somente o Cristianismo conhece o mistério de reconciliar essas duas liberdades e superar a tragédia da liberdade. Nisso consiste a ação da graça sobre nossa liberdade, sua iluminação desde dentro.

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quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Deus quer que sejamos perfeitos

Deus quer que sejamos perfeitos para o nosso bem. A obediência a Deus não é uma exigência legal, é uma terapia, é a cura da alma para que retorne à completude original.

O mandamento de amar não é uma exigência de um pai narcisista que exige ser amado, conhecido e adorado, é o caminho de retorno, porque àquilo que você ama você será unido. Você está separado porque foi morno, ficou indeciso, e terminou amando mais a si mesmo, a esse mundo e a sua vida do que a Deus, à Ordem de Deus e a vida na natureza divina. O narcisista é você mesmo, por isso que projeta seu narcisismo em Deus, vê narcisismo, injustiça e egoísmo onde só existe amor, misericórdia e justiça. Precisa perceber. Isto é um bom começo do despertar. Não apenas entender isso, perceber isso. Você se retirou da natureza de Deus, da união com Deus e do amor de Deus. Veja bem, é impossível ser separado de Deus, mas você escolheu ser separado, e Deus não quer forçar ninguém a estar com ele, nem amá-lo à força, então ele permite que você veja assim, que sinta assim, que não veja nem sinta a presença de Deus. Você precisa -se da presença de Deus. É questão de lembrar. Os antigos pais costumam dizer que o maior pecado de todos é esquecer de Deus. Lembrando de Deus você se reúne a ele segundo a segundo, amor é unir, unir-se novamente a Deus é o que a palavra religião significa realmente.

Deus não pode descuidar nem  tolerar a mínima gota de impureza porque ele é puro essencialmente. Se você entrasse em Deus com uma pequenina impureza ele deixaria de ser Deus, porque Deus é por essência e definição puro. Então isso não é possível. Quando você reentrar em Deus todas as impurezas restantes serão queimadas, por isso seu amor também é fogo devorador, para o pecado. Mas se você quer entra em Deus ainda aqui agora deve purificar-se. A todos instante que você é puro, você se torna novamente um com Deus. Se você puder purificar-se completamente para sempre você estará desde aqui reunido a Deus. Mas como você não pode fazer isto ele enviou o Filho, para que negando sua mente contaminada esteja unido à mente do Filho que é a própria mente de Deus, o Logos de Deus, a razão, o intelecto, o coração, a palavra de Deus. Esta é a nova aliança, estar conectado ao Filho, perseverando nesta confiança em plena entrega, negando a velha mentalidade, todas as coisas são refeitas...



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terça-feira, 10 de setembro de 2024

Morte, morrer, pos-morte - terceira parte - Avaliação dos relatos atuais

Avaliação dos relatos atuais da vida após a morte

Após tomar conhecimento dos livros atuais sobre a vida após a morte, o leitor tem a impressão que a morte não tem nada de assustadora, que, ao ir para o "além," sensações agradáveis automaticamente o aguardam tais como: serenidade, alegria e a permanência na Luz que a todos ama e perdoa; isto porque não há distinção entre os justos e os pecadores, os que crêem e os que não crêem. Este fato colocou em alerta alguns pensadores cristãos e os fez suspeitar desse tipo de literatura. Começaram a perguntar: "Será que essa visão da Luz não seria sedução (engodo) diabólica astuta a fim de adormecer a vigilância dos cristãos? - Viva como quiser, vai para o paraíso de qualquer jeito."

Por essa razão, os pesquisadores John Ankenberg e John Weldon mantém uma posição negativa em relação a toda literatura atual sobre estados "próximos à morte" , vendo neles apenas truques ocultos [9]. Mesmo assim, examinando com atenção os relatos atuais de pessoas que sobreviveram à morte clínica, tem-se a convicção que a maioria deles realmente teve visões reais, e não seduções diabólicas. O problema principal não são as visões, e sim a sua interpretação feita por médicos e psiquiatras, distantes do Cristianismo.

Em primeiro lugar, nem todos os mortos temporariamente mereceram ver a Luz. Já mencionamos os estudos detalhados do Dr. Ring, que mostram que a Luz aparece a uma relativamente pequena porcentagem de pessoas que tiveram experiências de morte temporária. Dr. Maurice Rawlings [4], que reanimou pessoalmente muitos moribundos, afirma que, percentualmente, o numero de pessoas que vêem trevas e horrores é o mesmo do que as que vêem a Luz.

Essa é a opinião também do Dr. Charles Garfield que lidera pesquisas na área dos estados próximos à morte. Ele escreve: "Nem todos morrem de uma forma tranqüila e agradável... Entre os pacientes questionados por mim, há quase o mesmo número de pessoas que experimentaram sensações desagradáveis (encontros com seres semelhantes ao demônio) quanto as que tiveram sensações agradáveis. Alguns deles experimentaram ambas as sensações" [10, pág.54-55]. Há base para supor que muitos, às vezes conscientemente, outros inconscientemente, calam sobre suas sensações desagradáveis pós - morte. A impressão do Dr. Rawlings é que algumas visões são tão horríveis, que o inconsciente das pessoas que as viram, automaticamente as apaga da memória. No seu livro, Dr. Rawlings traz exemplos dessas amnésias. Psiquiatras, tratando de pessoas que sofreram traumas na infância (tais como estupro ou espancamento) sabem sobre esquecimento seletivo semelhante. Além disso, pessoas que tiveram visões luminosas as relataram com mais vontade do que as pessoas que tiveram visões terríveis. Isso porque, aquilo que a pessoa vê "lá" deve estar de acordo com aquilo que ela mereceu com sua vida virtuosa ou pecaminosa. Desta forma, há dois fatores que desequilibram a preponderância dos relatórios: a) o processo da amnésia seletiva e b) não querer espalhar coisas ruins a respeito de si mesmo.

Carl Osis testemunha que, durante a pesquisa da questão da morte entre os hindus, revelou-se que durante o processo da morte, aproximadamente um terço dos hindus experimenta medo, depressão e grande nervosismo pela aparição de "yamdats - o anjo da morte hindu e outros monstros do além (3). Aparentemente, a religião hindu com seu misticismo pagão, pode proporcionar ao homem uma aproximação com forças das trevas do além, o que se manifesta depois em visões assustadoras nos momentos que precedem a morte.

Da literatura dos Santos Padres sabemos que a sedução demoníaca - é um perigo real. O Apóstolo Paulo adverte que: "o Satanás toma o aspecto do Anjo da luz" (4). Ao mesmo tempo, o diabo não tem poder para seduzir qualquer um, quando e como ele quer: suas ações são limitadas por Deus. Se o homem é orgulhoso e deseja ardentemente ver algo sobrenatural, milagroso, algo que outras pessoas não conseguem, ele se encontra em grande perigo de tomar o demônio por anjo. Na literatura espiritual, este estado chama-se "sedução" (pvélest em russo). Correm perigo cair em "sedução" os noviços voluntariosos, servidores de Deus vaidosos, profetas e curadores autodenominados e também pessoas que praticam mística pouco saudável tal como: meditação transcendental, ioga, espiritismo, ocultismo, etc... Dos relatos das pessoas que passaram por morte temporária não se apreende que eles praticassem algo semelhante. Na maioria dos casos, eram pessoas comuns que por força de uma ou outra doença física morreram, mas, graças aos esforços dos médicos e ao sucesso da medicina moderna, foram reanimadas. Elas não esperavam ter nenhuma visão sobrenatural e aquilo, que lhes foi dado ver, foi obra da misericórdia divina, para que elas encarassem a vida de uma forma mais séria. É difícil concordar com a idéia que Deus tenha permitido ao demônio seduzir estes sofredores, pouco tentados na vida espiritual. Além disso, de acordo com os relatos coletados por Dr. Morse [7], essa Luz foi vista por muitas crianças, as quais, por força da sua pureza e inocência, encontram-se sob a proteção do Supremo.

Nos livros ortodoxos a respeito da vida pós morte, há relatos sobre aparições dos demônios aos moribundos e sobre a passagem das almas pela fase de "mítarstvo - russo" (sobre isso relataremos abaixo). No entanto, esses livros mostram que os demônios, normalmente, começam a atemorizar a alma após a chegada do anjo-da-guarda, que a acompanha no caminho ao trono de Deus. Além disso, na presença do anjo, os demônios são obrigados a mostra-se com sua real aparência abominável.

Ainda a respeito dos relatos modernos sobre a descrição da Luz, fica pendente uma questão, que é ,como harmoniza-los com os tradicionais relatos cristãos. Na literatura ortodoxa, o reino da Luz é descrito a medida que se aproxima do Céu, enquanto que na literatura atual, as pessoas viram a Luz, não tendo ainda cruzado a linha misteriosa que separa o nosso mundo do outro. Nós pensamos que as pessoas que experimentaram a morte temporária, ainda não estiveram no paraíso ou inferno verdadeiro.

Quando os anjos apareciam aos santos, eles irradiavam luz; os apóstolos no monte Tabor viram Luz espiritual, apesar de fisicamente estarem ainda nesse mundo. Deus, por sua misericórdia, mostra essa Luz maravilhosa para reforçar a vida na virtude. O contato com essa Luz sempre revela sentimentos de paz e felicidade. A luz do demônio, ao contrário, traz consigo um sentimento de obscura inquietação. Ela incute no homem um sentimento de superioridade, promete conhecimentos, mas não há amor nela, é uma luz fria.

Deve-se acrescentar, que a revisão da vida pela qual as pessoas passaram ao ter o contato com a Luz, quando tiveram de reavaliar moralmente os seus atos e a conseqüente melhora no modo de vida, nos leva a crer que as visões destas luzes eram visões do bem, e não seduções diabólicas. Porque diz-se "pelos seus frutos vai reconhece-los" (Mat. 7:16). Não é o demônio que procura afastar o homem de Deus? É possível que ele iria ajudar os homens a reforçar a fé e a virtude?

No entanto, em um plano mais amplo, uma pessoa de fé deve ser muito cuidadosa com visões e experiências místicas. Assim, em conseqüência ao surgimento de grande número de casos de pessoas que reviveram após a sua morte clínica, alguns médicos e psiquiatras começaram a propor a criação de um novo ramo da ciência acerca da alma e da vida pós - morte. Não há dúvida que é sempre possível comparar, coletar e sistematizar informações sobre o que as almas viram ao "outro mundo." No entanto, deve-se entender que o papel de médicos e psiquiatras resume-se à compilação dos casos. Isto porque nós, os vivos, não temos o contato direto com o mundo espiritual, portanto não há possibilidade de planejar e controlar os estados pós - morte como se fossem experiências de laboratório.

Além disso, devemos lembrar-nos que a vida do homem encontra-se nas mãos de Deus. Somente Ele determina o momento da morte e o destino da alma, após a separação dela do corpo. Por isso, as tentativas de realizar experiências nessa área entram em conflito com a vontade de Deus e levam o experimentador ao contato com os espíritos caídos do além. Como resultado disso, os dados coletados por eles não serão verdadeiros e as conclusões estarão erradas. O monge Seraphim Rose escreve sobre isto: "Muitos pesquisadores atuais reconhecem, ou pelo menos referem-se com simpatia ao ensino oculto na área de estados fora de corpo por um único motivo, ou seja, que ele se baseia em experiências que também é a base da ciência. Mas experiências no mundo material diferem substancialmente das "experiências" na área de estados fora do corpo. No mundo material, os objetos estudados e as leis da natureza são moralmente neutros e portanto podem ser pesquisados com objetividade e a experiência repetida por outros. Mas, no caso em questão, os objetos estudados estão ocultos dos homens, dificilmente captados e freqüentemente manifestam vontade própria com o intuito de enganar o observador" [8, pág.127-128]. Isso ocorre porque a esfera do mundo espiritual próximo de nós está repleta de seres conscientemente malévolos, demônios, que são especialistas na área de sedução. Eles tomarão parte, prazerosamente, em qualquer experiência e a direcionarão convenientemente.

Por isto, devemos levar muito a sério a advertência do monge Seraphim. Assim, atualmente, uma série de pesquisadores, tendo iniciado com casos fidedignos de morte clínica, passaram a experiências pessoais na área dos estado fora-do-corpo. Tendo ignorado o ensino cristão e a experiência de muitos séculos da Igreja Ortodoxa, eles começaram a estudar estados do corpo "astral "e embrenharam-se no ocultismo. Infelizmente, isso ocorreu com o Dr. Moody, com uma psiquiatra chamada E. Kubler-Ross e alguns outros. Dr. Moody, por exemplo, tendo escrito 3 livros valiosos com dados confiáveis, começou a fazer experimentos nas áreas de teosofia e meditação transcendental. Recentemente, ele editou um livro sobre esse tema, chamado "Coming Back" (O Retorno), no qual ele aborda delírios hindus típicos sobre reencarnação. (Veja no suplemento a análise sobre esse ensino).

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Texto extraído de: https://www.fatheralexander.org/booklets/portuguese/life_death_p.htm#n2


segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Morte, morrer, pos-morte - segunda parte - O que a alma vê no "outro" mundo

 


O que a alma vê

no "outro" mundo

A morte não é como muitos a imaginam. Na hora da morte, teremos que ver e passar por muitas coisas para as quais não estamos preparados. O objetivo desse artigo é o de ampliar e expandir e pormenorizar nossa compreensão sobre a inevitável separação do nosso corpo mortal.

Para muitos, a morte é como dormir sem sonhar.Você fecha os olhos, adormece e nada mais existe, apenas a escuridão. Só que dormir termina ao amanhecer e a morte é para sempre. A muitos, o desconhecido é o que mais assusta: "O que acontecerá comigo?" E então procuramos não pensar na morte. Entretanto lá no nosso íntimo sempre existe o sentimento do inevitável e uma ansiedade inquietante. Cada um de nós terá de atravessar esta fronteira. Deveriamos pensar e nos preparar para isto. Alguém pode perguntar: "Mas pensar e se preparar para que? Isto não depende de nós. Chega a nossa hora, morremos e pronto. Mas enquanto ainda há tempo, é preciso tomar tudo da vida, tudo aquilo que ela pode nos proporcionar: beber, comer, amar, conseguir o poder e a glória, o respeito, ganhar dinheiro, etc. Não se deve pensar sobre nada desagradável e difícil e, claro, nem cogitar sobre a morte." Muitos agem assim.

E, mesmo assim, às vezes, outros pensamentos perturbadores passam pela nossa cabeça: "E se não for assim? E se a morte não for o fim, e após a morte do corpo, eu, inesperadamente para mim mesmo, de repente me encontrar em condições completamente novas, conservando a capacidade de ver, ouvir e sentir?" E o mais importante: "E se, o nosso futuro no além, de alguma forma depender do como vivemos a nossa vida e de como éramos antes do momento de cruzar a soleira da morte?"

Reunindo os relatos das pessoas que sobreviveram à morte clínica, emerge o seguinte quadro do que a alma vê e experimenta, ao separar-se do corpo. Quando a morte se processa e a pessoa atinge o limite de desfalecimento, ela ouve quando o médico a considera morta. Em seguida, ela vê seu "sosia" - um corpo inerte - deitado abaixo dela, e os médicos e as enfermeiras tentando revive-la. Essas imagens inesperadas provocam um grande choque na pessoa, porque, pela primeira vez na vida ela se vê do lado de fora. E aí ela verifica que as suas capacidades habituais - ver, ouvir, pensar, sentir etc. - continuam a funcionar normalmente, só que agora independentes do seu envolucro exterior. Flutuando no ar, acima dos outros que se encontram no quarto, a pessoa instintivamente tenta comunicar-se, dizer algo ou tocar alguém. Mas, para seu horror, percebe que está isolada dos outros: ninguém a ouve, nem sente o seu toque. Além disso, ela fica admirada ao sentir uma sensação inacreditável de alívio, serenidade e até mesmo alegria. Não há mais aquela parte do "eu" que sofria, exigia algo e queixava-se sempre de tudo. Sentindo tal alivio, a alma do morto normalmente não quer voltar ao seu corpo.

Na maioria dos casos documentados da morte temporária, a alma, após observar por alguns momentos o que se passa ao redor, volta ao seu corpo físico, e nesse momento, o conhecimento do outro mundo é interrompido. Mas, às vezes, a alma dirige-se adiante para o mundo espiritual. Alguns descrevem essa sensação como movimento num túnel escuro. Após isso, as almas de algumas pessoas vão para um mundo de grande beleza, onde, às vezes elas encontram parentes, que morreram anteriormente. Outras, vão parar numa região de luz e encontram-se com um ser de luz, do qual emanam grande amor e compreensão. Alguns afirmam que é o nosso Jesus Cristo, outros que é um anjo. Mas, todos concordam que é alguém repleto de bondade e compaixão. Alguns ainda, vão parar em lugares tenebrosos e, voltando, descrevem terem visto seres cruéis e repugnantes. Ás vezes, o encontro com o misterioso ser luminoso é acompanhado de uma "revisão" da vida, quando a pessoa começa a lembrar do seu passado e faz uma avaliação moral dos seus atos. Após isto, alguns vêem algo semelhante a uma cerca ou fronteira. Eles sentem que, uma vez ultrapassada esta fronteira, não poderão voltar ao mundo físico.

Nem todos os que sobreviveram à morte temporária passaram por todas essas fases. Uma porcentagem significativa de pessoas que voltaram à vida, não se lembram de nada que aconteceu com eles "lá." As etapas citadas são colocadas em ordem de sua freqüência relativa, começando com as que ocorrem mais freqüentemente e terminando com as que são mais raras. Segundo os dados do Dr. Ring, aproximadamente um de cada sete que lembram-se da existência fora do corpo, viu a luz e conversou com o ser de luz.

Graças ao progresso da medicina, a reanimação dos mortos passou a ser um procedimento quase padrão em muitos hospitais atuais. Antigamente, isso quase não existia. Por isso, existe uma certa diferença entre os relatos da vida pós - morte na literatura antiga, mais tradicional, e na moderna. Os livros religiosos mais antigos, relatando sobre a aparição da alma dos mortos, contam sobre visões no paraíso ou no inferno e sobre encontros com anjos ou demônios. Esses relatos podem se chamar de descrições do "cosmo distante," já que retrata o mundo espiritual distante de nós. Os relatos modernos, anotados pelos médicos - reanimadores, ao contrário, descrevem principalmente quadros do "cosmo próximo" - as primeiras impressões da alma que acaba de deixar o corpo. Esses relatos são interessantes pois complementam a primeira categoria de relatos (dos tempos mais antigos) e nos dão a possibilidade de entender com mais clareza aquilo que espera cada um de nós Entre estas duas categorias, está a descrição de K. Ixcul, publicada pelo Arcebispo Nikon em 1916 nas "Páginas da trindade" sob o título "Inacreditável para muitos, mas aconteceu" que abrange os dois mundos - o "distante," e o" próximo." Em 1959, o "Mosteiro da Santíssima Trindade" reeditou esta história numa brochura separada.Vamos apresenta-la aqui de uma forma abreviada. Este relato envolve elementos da literatura antiga e contemporânea sobre o mundo após morte.

K. Ixcul era um típico jovem intelectual da Rússia antes da revolução. Ele foi batizado quando criança e cresceu no meio ortodoxo, mas com era comum entre os intelectuais, era indiferente à religião. Às vezes entrava numa igreja, comemorava as festas de Natal e Páscoa, até comungava uma vez por ano, mas considerava muitos ensinamentos da religião ortodoxa como sendo superstições arcaicas, inclusive o ensinamento sobre a vida após a morte. Ele tinha certeza que com a morte terminava a existência do homem..

Certa vez, ele teve pneumonia. A doença se tornou séria e demorada, e enfim ele foi internado no hospital. Ele não pensava sobre a morte que se aproximava e esperava ficar bom logo e recomeçar as suas atividades habituais. Certa manhã, ele de repente, sentiu-se muito bem. A tosse passou, a febre baixou. Ele pensou, que enfim, estava curado. Mas, para seu espanto, os médico ficaram preocupados e trouxeram oxigênio. E depois - calafrios e completa apatia por tudo que estava em sua volta. Ele conta:

"Toda a minha atenção concentrou-se em mim mesmo... é como se ocorresse bipartição... apareceu o homem interior - o mais importante, que tinha total indiferença ao corpo exterior e ao que ocorria com ele... Era espantoso ver e ouvir e ao mesmo tempo sentir desinteresse em relação a tudo. O médico faz uma pergunta, eu ouço, entendo, mas não respondo - não tenho porque falar com ele... E de repente, fui puxado para baixo, para a terra, por uma força enorme. Eu me agitei. "Agonia" - disse o médico. Eu entendia tudo, não sentia medo.

Lembrei-me ter lido que a morte é dolorosa, mas não sentia dor. No entanto, sentia um pesar. Eu era puxado para baixo... Eu sentia que algo deveria desprender-se... Fiz um esforço para me libertar e de repente, senti-me leve. Eu senti paz. Lembro-me claramente do restante. Eu estou em pé no meio do quarto. A minha direita, formando semi - circulo em torno da cama, estão os médicos e as enfermeiras. Eu estava surpreso - o que eles estão fazendo lá, já que eu não estou lá, estou aqui. Aproximei-me para olhar. Deitado sobre a cama, estava eu. Ao ver o meu "dublê," não me assustei, mas fiquei surpreso - como é possível? Eu quis tocar a mim mesmo - minha mão atravessou, como se tivesse atravessado o vazio. Não consegui também tocar os outros. Não sentia o chão... Eu chamei o médico, mas ele não reagiu. Eu entendi que estava completamente só, e entrei em pânico.

Olhando o meu corpo físico, pensei: "Será que eu morri?" Mas, isto era difícil de admitir. Eu me sentia mais vivo que antes, sentia tudo e entendia. Após um certo tempo, os médicos saíram do quarto, os dois enfermeiros começaram a discutir as peripécias da minha enfermidade e da morte, e a auxiliar, virando-se para o ícone, fez o sinal da Cruz e em voz alta desejou-me o habitual: "Que ele tenha o Reino dos Céus, e paz eterna." E mal ela pronunciou estas palavras, apareceram dois anjos. Um deles, eu imediatamente o reconheci, era o meu Anjo da Guarda, o outro eu desconhecia. Os dois anjos, pegando-me sob os braços, levaram-me para a rua, direto através da parede do hospital. Já escurecia e nevava. Eu via isso, mas não sentia nem o frio e nem mudança de temperatura. Nós começamos a subir rapidamente." Mais adiante continuaremos o relato do Ixcul.

Graças às novas pesquisas na área da reanimação e coletando diversos relatos dos sobreviventes à morte clínica, há possibilidade de formar um quadro detalhado, sobre o que a alma vivencia logo após a separação do corpo. Claro, que cada caso tem suas características individuais, que os outros não tem, E isto é natural, porque quando a alma vai parar no "além" é como se ela fosse um bebe recém - nascido com a visão e audição ainda não desenvolvidos. Por isso, as primeiras impressões das pessoas, que "emergiram" no "outro mundo," tem caráter subjetivo. No entanto, no seu conjunto, elas ajudam a formar um quadro bastante completo, ainda que não totalmente compreensível para nós.

Vamos, a seguir, relatar os momentos mais característicos das experiências do "outro mundo" cuja fonte são os livros modernos sobre vida após a morte.

1. Visão do "dublê." Tendo morrido, o homem não se dá conta disso, imediatamente. E só depois de ver o seu "dublê," deitado embaixo inerte, e se convencer que ele é incapaz de comunicar-se, ele percebe que a sua alma saiu do corpo. Às vezes, acontece que, após um desastre inesperado, quando a separação com o corpo físico ocorre brusca e inesperadamente, a alma não reconhece o seu corpo e pensa que está vendo alguém parecido com ele. A visão do "dublê," e a incapacidade de comunicar-se provoca um grande choque na alma, de modo que ela não tem certeza se isto é sonho ou realidade.

2. Consciência não rompida. Todos, sobreviventes à morte temporária, testemunham que conservaram totalmente o seu "eu" e todas as suas capacidades mentais, sensoriais e de vontade. Mais que isso, a visão e a audição tornam-se até mais aguçadas, o raciocínio fica mais claro e torna-se mais enérgico e a memória torna-se lúcida. Pessoas que faz tempo perderam alguma capacidade em conseqüência de alguma doença ou da idade, de repente sentem que a recuperam. O homem percebe que pode ver, ouvir, pensar etc., não tendo órgãos físicos. É fantástico, por exemplo, que um cego de nascença tendo saído do corpo, viu tudo o que era feito com o seu corpo pelos médicos e enfermeiros e mais tarde, após relatar todo o ocorrido, ele voltou a ser cego. Os médicos e psiquiatras, que associam as funções de pensar e de sentir aos processos químico - elétricos no cérebro, devem levar em conta esses dados modernos, compilados por médicos - reanimadores para entender corretamente a natureza humana.

3. Alívio. Normalmente, a morte é precedida pela doença e sofrimento.Ao sair do corpo a alma se alegra, pois nada mais dói, nada oprime, nada sufoca, a mente funciona claramente, os sentimentos apaziguados. O homem começa a identificar-se com a alma, e o corpo parece ser algo secundário e inútil, como tudo material. "Eu saio, e o corpo é um invólucro vazio" - explica um homem, que sobreviveu à morte temporária. Ele assistiu à sua cirurgia cardíaca como se fosse um "espectador." As tentativas de reanimar o seu corpo, absolutamente não o interessavam. Aparentemente, ele tinha se despedido mentalmente da vida terrena e estava pronto para iniciar uma nova vida. Entretanto, permanecia com ele o amor pela família e preocupação com os filhos que deixava. Deve-se notar, que mudanças radicais no caráter do indivíduo não ocorrem. O indivíduo permanece o mesmo que era. "A suposição que, abandonando o corpo, a alma imediatamente passa a conhecer e entender tudo, é falsa. Eu vim para esse novo mundo do mesmo jeito como saí do velho," - conta K. Ixcul.

4. O Túnel e a Luz. Após a visão do seu próprio corpo físico e do ambiente que o rodeia, algumas almas continuam no outro mundo espiritual. Enquanto outras, não passam pela primeira fase ou não reparam nela e vão direto para o segundo estágio. A passagem para o mundo espiritual, alguns descrevem como sendo uma viagem através do espaço escuro, lembrando um túnel, no final do qual eles vão parar numa região de luz não terrena. Existe um quadro do século XV de Jerônimo Bosh "Ascensão ao Empírico" que representa algo semelhante à passagem da alma pelo túnel. Isso significa que mesmo naquele tempo alguém já tinha acesso a esse conhecimento.

Eis, a seguir, dois relatos contemporâneos a respeito do assunto: "Eu ouvia, quando os médicos anunciaram a minha morte, mas nesse momento, era como se eu estivesse nadando em um espaço escuro. Não há palavras para descrever a sensação. Era completamente escuro ao redor, e só longe, muito longe, via-se luz. Era uma luz muito brilhante, mesmo que parecesse pequena inicialmente. À medida que eu me aproximava, a luz aumentava. Eu me deslocava velozmente em direção à luz e sentia que dela emanava o bem. Sendo cristão, lembrei-me das palavras de Cristo: "Eu sou a luz do mundo" e pensei: "Se isto é a morte, sei quem está esperando por mim" [1, pág.62].

"Eu sabia que estava morrendo" - conta uma outra pessoa, - e nada podia fazer, para comunicar isto, já que ninguém me ouvia... Eu estava fora do meu corpo - isto com certeza, porque eu via o meu corpo lá na mesa de operação. Minha alma tinha saído do corpo. Por isso, sentia-me perdido, mas depois vi essa luz diferente. Inicialmente, era pouca luz, mas depois tornou-se mais brilhante. Eu sentia o calor da luz. A luz cobria tudo, mas não me atrapalhava a visão da sala de cirurgia, médicos, enfermeiras, etc... Inicialmente, eu não entendi o que estava acontecendo, mas depois a voz da luz perguntou-me, se eu estava pronto para morrer. A luz falava, tal qual um homem, mas não havia ninguém. Era a Luz que perguntava... Agora eu entendo, que a Luz sabia que eu não estava pronto para morrer, mas queria me testar. A partir do momento que a Luz começou a conversar, eu fiquei bem, eu sentia que estava seguro e que a Luz me amava. O amor, que emanava da Luz, era inimaginável, indescritível" [1, pág.63].

Todos os que viram a Luz e depois tentaram descreve-la, não conseguiram achar as palavras adequadas. A Luz era diferente da luz que conhecemos por aqui. "Aquilo não era uma luz, mas sim uma ausência da escuridão, total e absoluta. Essa Luz não criava sombras, não era visível, mas estava em todo lugar e a alma permanecia na Luz" [5, pág.66]. A maioria testemunha sobre a Luz, como sendo um ser moralmente bondoso, e não como uma energia impessoal. As pessoas religiosas tomam essa Luz por Anjo, ou até mesmo por Jesus Cristo - em todo caso, por alguém que leva paz e amor. No encontro com a Luz, eles não conversavam em nenhum idioma. A Luz se comunicava com eles mentalmente. E aí, tudo estava tão claro, que era absolutamente impossível esconder algo da Luz.

5. Revisão e julgamento. Alguns, que sobreviveram à morte temporária, descrevem a etapa de revisão da vida que tiveram. Às vezes, a revisão ocorria durante a etapa da visão da Luz, quando o homem ouvia da Luz a pergunta: "O que você fez de bom?" A pessoa entendia que a pergunta não era feita para saber algo, mas para que a pessoa pudesse recordar a sua vida. E assim, após a pergunta, o filme da vida terrena da pessoa passa perante a sua visão espiritual, começando na tenra infância. O filme da vida se move como uma seqüência de quadros de episódios da vida, um após o outro, e a pessoa vê claramente e com detalhes tudo o que aconteceu com ela. Nesse momento, a pessoa revive e moralmente reavalia tudo aquilo que ela falou e fez.

Eis um dos casos típicos, que ilustra o processo da revisão: "Quando a Luz chegou, perguntou-me: - "O que você fez em sua vida? O que pode me mostrar?" ou algo semelhante a isso. E então, começaram a aparecer esses quadros. Eram quadros muito nítidos, coloridos, tridimensionais e em movimento. Toda a minha vida passou por mim... Eis eu, ainda uma menina pequena, brincando com a irmã perto do riacho... Depois, os acontecimentos da minha casa... escola... casamento... Tudo seguia na minha frente com mínimos detalhes. Eu revivia esses acontecimentos... Eu via os fatos quando fui cruel e egoísta. Senti vergonha de mim mesma e desejava que isto nunca tivesse acontecido. Mas, era impossível mudar o passado..." [1, pág. s65-68]

Reunindo muitos relatos de pessoas que passaram pela revisão da vida, deve-se concluir que ela sempre deixa nelas uma impressão profunda e benéfica. Realmente, durante a revisão, a pessoa é forçada a reavaliar seus atos, fazer o balanço do seu passado e assim é como se fizesse um julgamento sobre si mesmo. Na vida diária, as pessoas escondem o lado negativo do seu caráter e escondem-se atrás da máscara de virtude, para parecer melhores do que realmente são. A maioria das pessoas estão tão acostumadas com a hipocrisia, que param de ver o seu verdadeiro eu - freqüentemente orgulhoso, ambicioso e avarento. Mas, no momento da morte, essa máscara cai e a pessoa se vê tal qual realmente é. Principalmente, no momento da revisão, torna-se visível cada um de seus atos ocultos, até em cores e tridimensional, - ouve-se cada palavra dita, acontecimentos esquecidos são revividos de forma diferente. Nesse momento, tudo conseguido durante a vida - situação sócio-econômica, diplomas, títulos, etc... - perde seu sentido. A única coisa que serve para avaliação é o lado moral dos atos. E, nessa hora, a pessoa se julga não apenas pelo o que ela fez, mas também, como seus atos e palavras influenciaram outras pessoas.

Eis como uma outra pessoa descreveu a revisão da sua vida: "Eu senti-me fora do meu corpo, flutuando sobre um edifício, e vi o meu corpo deitado lá embaixo. Depois, uma luz me envolveu e nela eu vi como se fosse um filme, toda a minha vida. Senti-me muito envergonhado, porque muito do que eu antes considerava normal e aprovava, agora entendi que não era bom. Tudo era extremamente real. Eu sentia que um julgamento ocorria comigo e que uma razão superior me comandava e me ajudava a ver. O que mais me impressionou foi que me foi mostrado não apenas o que fiz mas como meus atos influenciaram outros... Aí eu entendi, que nada se apaga e nem passa em branco, mas que tudo, até cada pensamento tem conseqüências." [2, pág.s34-35]

Os próximos dois trechos de relato de pessoas que sobreviveram à morte temporária, ilustram como a revisão os ensinou a encarar a vida de uma nova forma..."Eu nunca contei a ninguém o que eu passei no momento da minha morte, mas, quando voltei à vida, senti-me dominado por um desejo enorme e ardente de fazer algo de bom para os outros. Eu sentia vergonha de mim mesmo..". "Quando voltei, resolvi que era necessário que eu mudasse. Sentia arrependimento, e a minha vida passada não me satisfazia em absoluto. Resolvi iniciar um outro modo de vida, completamente diferente." [2, pág.s25-26]

Agora imaginemos um bandido, que durante a sua vida causou muito sofrimento a outros - enganador, mentiroso, denunciador, ladrão, assassino, estuprador e sadista. Ele morre, e vê todas as maldades que praticava em todos os seus horrendos detalhes. E aí a sua consciência, há muito adormecida, inesperadamente até para ele mesmo, acorda sob a ação da Luz e ele sente remorsos terríveis dos males praticados. Que tortura insuportável, que desespero deve dominá-lo quando ele nada mais pode fazer, nem para corrigir, nem sequer esquecer. Isto vai se tornar para ele o início de tormentos insuportáveis, dos quais não haverá para onde fugir. A consciência do mal praticado, o dano que causou à sua alma e da alma de outros, vai se tornar para ele um "verme imorredouro" e um "fogo inapagável."

6. Um Novo Mundo. Algumas diferenças nas descrições das experiências da vida após a morte, se explicam pelo fato que aquele mundo é totalmente diferente do nosso, no qual nascemos e no qual se formaram todas as nossas noções. No outro mundo, o espaço, o tempo e objetos tem um conteúdo totalmente diverso ao qual os nossos órgãos dos sentidos estão acostumados. A alma, que vai para o mundo espiritual pela primeira vez, experimenta algo semelhante ao que pode experimentar, por exemplo, um verme subterrâneo quando sobe pela primeira vez à superfície da terra. Ele vê pela primeira vez a luz solar, sente o seu calor, vê a bela paisagem, ouve o canto dos pássaros, sente o perfume das flores (supondo que um verme tem os órgãos dos sentidos). Tudo isto é tão novo e belo, que ele não encontra palavras, nem exemplos para contar sobre isto aos habitantes do mundo subterrâneo.

Da mesma forma, as pessoas, que durante a sua morte encontram-se no outro mundo, vêem e sentem muitas coisas que são incapazes de relatar. Assim, por exemplo, as pessoas perdem a noção da distância, tão comum para nós. Alguns afirmam que eles puderam, sem dificuldade, somente com a ação do pensamento transportar-se de um lugar para outro, independente da distância. Assim, por exemplo, um soldado, ferido gravemente no Vietnã, durante a cirurgia, saiu do seu corpo e observou as tentativas dos médicos para revivê-lo. "Eu estava lá, mas o médico, é como se estivesse e ao mesmo tempo não estivesse lá. Eu o toquei, e foi como se simplesmente o atravessasse... Depois, de repente, eu estava no campo de batalha, onde fui ferido e vi enfermeiros, recolhendo os feridos. Eu quis ajuda-los, mas, de repente fui parar na sala de cirurgia novamente... Era como se, num piscar de olhos, bastando desejar, eu me materializasse aqui ou lá..." [5, pág. 33-34]

Há outros relatos semelhantes de deslocamentos inesperados. Ocorre "um processo puramente mental e agradável. Basta desejar - e lá estou eu." "Eu tenho um grande problema. Estou tentando transmitir algo que sou obrigado a descrever em três dimensões... Mas, o que ocorria realmente não era em três dimensões." [1, pág.26]

Se perguntar a alguém que experimentou a morte clínica, quanto tempo durou este estado, normalmente ele não é capaz de responder. As pessoas perdem completamente a noção do tempo. "Poderia ter sido alguns minutos, ou alguns milhares de anos, não há nenhuma diferença." [2, pág.101; 5, pág.15]

Outros, que sobreviveram à morte temporária, aparentemente foram parar em mundos mais distantes do nosso mundo físico. Eles viram a natureza do "outro lado" e descreveram - na em termos de morros, plantas verdes de um verde que não existe na Terra, campos inundados por uma luz dourada maravilhosa. Há descrição de flores, árvores, pássaros, animais, canto, música, campos e jardins de uma beleza incrível, cidades... Mas eles não encontravam as palavras certas para transmitir suas impressões.

7. O aspecto da alma. Quando a alma abandona o seu corpo, ela não reconhece de imediato. Assim, por exemplo, desaparecem marcas da idade; as crianças se vêem adultos, os velhos - moços [3, pág.75-76]. As partes do corpo, por exemplo, mãos ou pernas perdidas por algum motivo, aparecem novamente. Os cegos voltam a enxergar.

Um operário caiu do alto sobre os cabos de alta tensão. Como conseqüência de queimaduras, perdeu as duas pernas e parte da mão. Durante o tempo de cirurgia ele experimentou o estado da morte temporária. Tendo saído do corpo, ele nem reconheceu o seu próprio corpo físico, tão danificado este se encontrava. No entanto, ele reparou em algo que o surpreendeu ainda mais: seu corpo espiritual estava completamente sadio.[3, pág.86]

Na península de Long Island no estado de Nova York, vivia uma velhinha de 70 anos, que tinha perdido a visão desde os 18 anos. Ela sofreu um ataque cardíaco, e tendo parado no hospital, passou pela experiência da morte temporária. Tendo sido reanimada algum tempo depois, ela contou o que viu durante a reanimação. Ela descreveu detalhadamente diversos aparelhos usados pelo médicos. O mais fantástico era que, somente agora, no hospital ela tinha visto esses aparelhos pela primeira vez na vida, já que na sua juventude, antes da cegueira, eles sequer existiam. Ela ainda contou ao médico que o tinha visto numa roupa azul. Claro que, tendo voltado à vida, voltou a ser cega, como era antes.[3, pág.171]

8. Encontros. Alguns relatam encontros com parentes ou conhecidos já falecidos. Esses encontros às vezes aconteciam em condições terrenas, e às vezes em ambientes do outro mundo. Assim, por exemplo, uma mulher que passou pela morte temporária, ouviu os médicos dizendo para seus parentes, que ela estava morrendo. Tendo saído do corpo, viu os seus parentes e amigos falecidos. Ela os reconheceu e eles estavam alegres por reencontrá-la. Outra mulher viu seus parentes que a cumprimentavam e apertavam suas mãos. Eles estavam vestidos de branco, estavam contentes e pareciam felizes.....".e de repente, virando de costas para mim, começaram a afastar-se. A minha avó, virando-se por sobre o ombro, me disse: "Nós te veremos mais tarde, não desta vez." Ela tinha morrido aos 96 anos, mas lá parecia ter 40-45 anos, sadia e feliz." [1, pág.55]

Um homem conta que, enquanto ele estava morrendo de ataque cardíaco em um canto do hospital, sua irmã estava à morte, de coma diabético, no outro canto do hospital. "Quando saí do corpo, - conta ele- de repente encontrei a minha irmã. Fiquei muito contente, porque gosto muito dela. Conversando com ela, quis segui-la, mas ela, virando-se para mim, mandou eu permanecer aonde eu me encontrava, explicando que a minha hora ainda não tinha chegado. Quando voltei, contei ao meu médico que tinha encontrado a minha recém - falecida irmã. O médico não acreditou. No entanto, atendendo ao meu pedido insistente, ele mandou a enfermeira averiguar e soube que a minha irmã tinha falecido recentemente, tal qual eu contei." [3, pág.173]

A alma, chegando ao outro mundo, caso encontre alguém, serão pessoas que eram próximas a ela. Algo familiar atrai as almas. Por exemplo, um pai idoso encontrou no outro mundo seus seis filhos já falecidos. "Eles lá não tem idade" - conta ele. Aí deve-se esclarecer que as almas das pessoas falecidas não ficam perambulando por onde querem, de acordo com a sua vontade. A Igreja Ortodoxa ensina que, após a morte do corpo físico, Deus determina para cada alma o lugar apropriado para sua permanência temporária - paraíso ou inferno. Por isso, encontros com parentes mortos devem ser encarados não como regra, mas como exceção, permitida por Deus por serem úteis para pessoas que ainda devem viver na Terra. É possível que nem sejam encontros, e sim visões. Deve-se admitir que aí há muitas coisas que vão além de nosso entendimento.

Basicamente, os relatos das pessoas que foram parar "do outro lado" dizem a mesma coisa, mas os detalhes variam. Às vezes, eles vêem o que esperavam ver. Os cristãos vêem anjos, a Virgem Maria, Jesus Cristo, os Santos. Os não religiosos vêem templos, figuras de branco ou jovens, e às vezes, não vêem nada, mas sentem a "presença."

9. A Linguagem da Alma. No mundo espiritual, as conversas ocorrem por meio apenas do pensamento e não por meio de alguma linguagem. Por isso, quando voltam, as pessoas tem dificuldade em relatar as palavras exatas da conversa com a Luz, Anjo ou alguém que elas encontraram [1, pág.60]. Conseqüentemente, se no outro mundo todos os pensamentos são ouvidos, devemos aprender aqui, no mundo em que vivemos, a sempre termos bons pensamentos, para não nos envergonharmos do que pensamos involuntariamente.

10. O Limiar. Alguns, estando no outro mundo, contam de algo que parece ser uma divisa ou fronteira. Alguns a descrevem como sendo uma cerca ou grade na extremidade de um campo, outros como beira de um lago ou de um mar, outros ainda como um portão, rio ou nuvem. A diferença na descrição decorre de novo da recepção subjetiva de cada um. Por isso, não há como definir com exatidão a aparência dessa fronteira. O importante, no entanto, é que todos a compreendam exatamente como uma fronteira, atravessando a qual, não há mais retorno ao mundo anterior. Depois dela, começa a viagem para a eternidade. [1, pág.73-77; 5, pág.51]

11. O Retorno. Às vezes, é dado ao recém - falecido a possibilidade de escolha - ficar "lá" ou retornar à vida na Terra. A voz da Luz pode perguntar, por exemplo: "Você está pronto?" Assim, o soldado ferido seriamente no campo de batalha, viu seu corpo aleijado e ouviu a voz. Ele pensava que quem conversava com ele era Jesus Cristo. Foi lhe dado a possibilidade de voltar ao mundo terrestre, onde ficaria aleijado ou ficar no "além." O soldado preferiu voltar.

Muitos são atraídos de volta pelo desejo de concluir a sua missão terrena. Tendo voltado, eles afirmavam que Deus permitiu a eles retornar e viver porque a missão da vida deles não estava concluída. Eles ainda manifestavam a certeza de que a volta deles foi resultado de sua própria escolha. Esta escolha foi satisfeita porque ela era fruto do senso de dever e não por motivos egoístas. Assim, por exemplo, alguns deles eram mães querendo voltar para seus filhos pequenos. Mas, também havia aqueles que foram mandados de volta, contrariando o desejo deles de permanecer lá. A alma deles já foi preenchida com sentimento de alegria, amor, paz, ela estava bem ali, mas a sua hora ainda não chegou, ela ouve uma voz, ordenando-lhe que volte. As tentativas de reação para não voltar ao corpo não adiantaram. Alguma força puxava-os de volta.

Eis, a seguir, um caso contado por uma paciente do Dr. Moody: "Eu tive um ataque cardíaco, e estava num espaço escuro. Eu sabia que deixei meu corpo e estava morrendo... Eu pedi a Deus para me ajudar e logo escapei da escuridão e vi uma neblina cinzenta pela frente, e depois vi pessoas. Suas figuras eram semelhantes às da Terra e eu vi algo semelhante a uma casa. Tudo estava iluminado por uma luz dourada, muito suave, não tão áspera como na Terra. Eu sentia uma alegria não terrena e queria passar pela neblina, mas aí apareceu o meu tio Carl, que havia morrido há muito tempo. Ele atravessou-se no meu caminho e me disse: "Volte. A sua tarefa na Terra ainda não está terminada. Volte imediatamente." Assim, contra a sua vontade, ela voltou ao corpo. Ela tinha um filho pequeno que não sobreviveria sem ela.

A volta ao corpo às vezes ocorre instantaneamente, às vezes coincide com a utilização de choque elétrico ou outras técnicas de reanimação. Todas as sensações desaparecem e a pessoa sente que está de novo na cama. Alguns sentem a entrada no corpo como se fosse um empurrão. Inicialmente, sentem-se desconfortáveis e com frio. Às vezes, após a volta ao corpo, ocorre uma breve perda de consciência. Os médicos reanimadores e outros observadores notam que, no momento da volta à vida, a pessoa geralmente espirra.

12.Uma Nova Atitude em Relação à Vida. Pessoas que estiveram lá apresentam grandes mudanças. Segundo afirmativa de muitos deles, ao voltar, procuram viver melhor. Muitos deles passaram a crer em Deus com mais convicção, mudaram seu modo de vida, tornaram-se mais sérios e mais profundos. Alguns até mudaram de profissão, indo trabalhar em hospitais e asilos de velhos, para ajudar os que necessitam. Todos os relatos de pessoas que passaram por morte temporária, falam de fenômenos totalmente novos para a ciência, mas não para o Cristianismo. Mais tarde, analisaremos os casos atuais de visões do outro mundo, sob a ótica do ensino Ortodoxo.


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