Para Ouspensky, estar "consciente da consciência" significa desenvolver um estado de consciência de si através da divisão da atenção e da "lembrança de si", uma técnica de Gurdjieff para observar tanto o mundo exterior quanto o mundo interior simultaneamente. Este estado vai além da consciência comum e representa um nível mais elevado de percepção, de consciência e de desenvolvimento espiritual, que pode levar à superação do sono do instinto, e à verdadeira transformação do ser humano.
O que significa "consciente da consciência" para Ouspensky
É um estado de consciência de si, obtido através de uma prática específica e constante.
"A lembrança de si": Ouspensky ensina a "lembrança de si", uma técnica de dividir a atenção para estar presente em duas frentes: no mundo exterior e no que está acontecendo simultaneamente no próprio interior.
Atenção consciente:É a capacidade de direcionar a atenção para dentro, observando os próprios pensamentos, sentimentos, desejos e sensações.Desenvolvimento de "ser":O objetivo é tornar-se "consciente de si", o que é considerado o propósito para o qual o homem nasceu, e não apenas "estar consciente" de algo no mundo.
Níveis de consciência
Ouspensky, em conjunto com Gurdjieff, classificou os seres humanos em diferentes níveis de consciência:
2. Consciência fisiológica:O foco também é projetado para o exterior, no sentido da satisfação das necessidades básicas do corpo e dos desejos sensuais.
3. Consciência de si:É o estado em que um indivíduo que se torna
autoconsciente, questionando seu estado interior
sua existência e buscando autoconhecimento consegue
realizar uma auto-observação objetiva, a priencípio sem interferência, para em seguida, através de outras séries de procedimentos chegar a um nível de auto-conhecimento e auto-domínio real.
4. Consciência objetiva:O nível mais elevado, onde o ser se vê em sua totalidade, vê as coisas como realmente são, sem projeções e ilusões e supera o egocentrismo; e então se sente responsável pelo todo.
A prática do "Quarto Caminho"
Integração dos centros:O processo de tornar-se consciente da consciência envolve a integração dos centros intelectual, emocional e instintivo-motor-sexual.
Prática constante:É uma disciplina que exige esforço contínuo para estar desperto, sempre verificando se está cosnciente e trazendo a consciência plena para o presente, promovendo o crescimento equilibrado e a transformação interior.
Atenção plena e autocompreensão:A base para atingir um estado de "consciente da consciência" é a atenção plena e a capacidade de compreender a si mesmo profundamente.Abaixo, um trecho do livro PSICOLOGIA DA EVOLUÇÃO POSSÍVEL AO HOMEM, do psicólogo e filósofo russo P. D. Ouspensky.” O que é a consciência? Na linguagem comum, a palavra “consciência” é quase sempre empregada como equivalente da palavra “inteligência”, no sentido de atividade mental.Só a própria pessoa é capaz de saber se está consciente ou não em dado momento. Certa corrente de pensamento dá psicologia européia provou, aliás, há muito tempo, que só o próprio homem pode conhecer certas coisas sobre si mesmo. Só o próprio homem, pois, é capaz de saber se a sua consciência existe ou não, em dado momento. Assim, a presença ou a ausência de consciência no homem não pode ser provada pela observacão de seus atos exteriores. Como acabo de dizer, esse fato foi estabelecido há muito, mas nunca se compreendeu realmente sua importância, porque essa idéia sempre esteve ligada a uma compreensão da consciência como atividade ou processo mental.O homem pode dar-se conta, por um instante, de que, antes desse mesmo instante, não estava consciente; depois, esquecerá essa experiência e, ainda que a recorde, isso não será a consciência. Será apenas a lembrança de uma forte experiência.Quero, agora, chamar-lhes a atenção para outro fato perdido de vista por todas as escolas modernas de psicologia.É o fato de que a consciência no homem jamais é permanente, seja qual for o modo como é encarada. Ela está presente ou está ausente. Os momentos de consciência mais elevados criam a memória. Os outros momentos, o homem simplesmente os esquece. É justamente isso que lhe dá, mais que qualquer outra coisa, a ilusão de consciência contínua ou de “percepção de si” contínua.Algumas modernas escolas de psicologia negam inteiramente a consciência, negam até a utilidade de tal termo; isso, porém, não passa de paroxismo de incompreensão. Outras escolas, se é possível chamá-las assim, falam de “estados de consciência”, quando se referem a pensamentos, sentimentos, impulsos motores e sensações. Tudo isso tem como base o erro fundamental de se confundir consciência com funções psíquicas.Na realidade, o pensamento moderno, na maioria dos casos, continua a crer que a consciência não possui graus. A aceitação geral, ainda que tácita, dessa idéia, embora em contradição com numerosas descobertas recentes, tornou impossível muitas observações sobre as variações da consciência. O fato é que a consciência tem graus bem visíveis e observáveis, em todo caso visíveis e observáveis por cada um em si mesmo.Primeiro, há o critério da duração: quanto tempo se permanece consciente?Segundo, o da freqüência: quantas vezes se tornou consciente?Terceiro, o da amplitude e da penetração: do que se estava consciente? Pois isso pode variar muito com o crescimento interior do homem.Se considerarmos apenas os dois primeiros desses três pontos, poderemos compreender a idéia de uma evolução possível da consciência. Essa idéia está ligada a um fato essencial, perfeitamente conhecido pelas antigas escolas psicológicas, tais como a dos autores da Philokalia, porém completamente ignorado pela filosofia e pela psicologia européias dos dois ou três últimos séculos.É fato que por meio de esforços especiais e de um estudo especial a pessoa pode tornar a consciência contínua e controlável.Tentarei explicar como a consciência pode ser estudada. Tome um relógio e olhe o ponteiro grande, tentando manter a percepção de si mesmo e concentrar-se no pensamento “eu sou Pedro Ouspensky”, por exemplo, “eu estou aqui neste momento”. Tente pensar apenas nisso, siga simplesmente o movimento do ponteiro grande, permanecendo consciente de si mesmo, de seu nome, de sua existência e do lugar em que você está. Afaste qualquer outro pensamento.Se for perseverante, poderá fazer isso durante dois minutos. Tal é o limite da sua consciência. E se tentar repetir a experiência logo a seguir, irá achá-la mais difícil que da primeira vez.Essa experiência mostra que um homem em seu estado normal pode, mediante grande esforço, ser consciente de uma coisa (ele mesmo) no máximo durante dois minutos. A dedução mais importante que se pode tirar dessa experiência, se realizada corretamente, é que o homem não é consciente de si mesmo. Sua ilusão de ser consciente de si mesmo é criada pela memória e pelos processos do pensamento.Por exemplo, um homem vai ao teatro. Se tem esse hábito, não tem consciência especial de estar ali enquanto ali está. E, não obstante, pode ver e observar; o espetáculo pode interessá-lo ou aborrecer-lhe; pode lembrar-se do espetáculo, lembrar-se das pessoas com quem se encontrou, e assim por diante. De volta à casa, lembra-se de haver estado no teatro e, naturalmente, pensa ter estado consciente enquanto lá se encontrava. De forma que não tem dúvida alguma quanto à sua consciência e não se dá conta que sua consciência pode estar totalmente ausente mesmo quando ele ainda age de modo razoável, pensa observa.
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