segunda-feira, 3 de outubro de 2022

O Pão Consagrado na Ortodoxia Cristã

 

Catecismo Breve

«Ortopráxis - maneiras de viver a Ortodoxia»

7. O Pão sagrado

O pão ocupa em nossa vida um lugar especial. Ele é o símbolo de toda espécie de alimento e de todo esforço necessário para conseguí-lo. Deus disse a Adão: "Com o suor de teu rosto, comerás teu pão" (Gn 3,9)



 O pão é também símbolo religioso. Nosso Senhor Jesus Cristo chama-se a Si mesmo de "O Pão da Vida" (Jo 6,35), afirmando que "[...] quem comer deste pão viverá eternamente" (Jo 6,51). Ao transformar o pão em seu próprio Corpo durante o sacramento da Eucaristia, Jesus dignificou o pão, tão próximo em sua composição ao corpo humano. Ele tomou o pão e o abençoou, o partiu e distribuindo-o aos seus discípulos disse: "Tomem e comam, este é meu Corpo (Mt 26,26). O pão, que tem sua consistência nos muitos grãos de trigo que compõe a farinha, personifica a Igreja Una na multiplicidade de seus elementos.

Na Igreja Ortodoxa, além do Pão Eucarístico, consagrado na Divina Liturgia, pães são abençoados em outras várias ocasiões e ofícios litúrgicos.

"Prósfora" - (palavra grega que significa "dádiva ou oferta"): é o pão de trigo branco misturado a um pouco de fermento e água benta. A denominação provém do antigo costume dos primeiros cristãos de trazer o pão de casa para celebrar a Eucaristia. Atualmente as prósforas são preparadas pelos monges, pelas virgens ou viúvas. Estas últimas o fazem tendo uma autorização do Bispo.

A prósfora se compõe de duas partes que significam as duas naturezas de Cristo. Sobre a parte superior está gravado o sinal da cruz. Sobre algumas prósforas preparadas nos monastérios, está impressa a imagem da Theotokos, a Mãe de Deus, ou imagens dos santos.

Durante a Divina Liturgia recorta-se de uma prósfora (chamada "Cordeiro") uma parte retangular, que será consagrada, transformando-se no Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Das outras menores extraem-se partículas para a comemoração dos membros da Igreja Celestial e terrena. Das prósforas trazidas pelos fiéis são retiradas partículas lembrando as respectivas intenções (dípticos). Estas partículas, após a comunhão dos fiéis, são misturadas ao Sangue de Cristo no Cálice, enquanto o celebrante faz uma oração própria pedindo a Deus para que sejam perdoados os pecados de todos os fiéis, vivos ou falecidos, que foram lembrados durante a Divina Liturgia.

Os pedaços da prósfora que não são parte do Cordeiro, serão abençoados e distribuídos como "antídoron" (do grego, "em lugar da dádiva") aos fiéis no final da Liturgia. Segundo o costume, consomem o antídoron todos os fiéis, inclusive aqueles que não comungaram os Santos Dons (a Eucaristia), um modo de receberem, também estes, as bênçãos divinas.




"Artos" (do grego, pão fermentado): é um pão que se abençoa na noite da Páscoa. Durante toda a semana da Páscoa (semana luminosa), o artos, símbolo da Ressurreição de Cristo, se encontra diante da Porta Real, sendo retirado todos os dias para a procissão Pascal. No Sábado "luminoso", durante uma oração especial, o artos é esmiuçado e repartido entre os fiéis que podem levar para os doentes, impedidos de comungar.

As prósforas, o artos e o antídoron devem ser consumidos em jejum e oração. O pão abençoado deve ser conservado em um recipiente limpo e separado de outros produtos comestíveis. Segundo a tradição, o artos esmiuçado é consumido durante todo o ano, de Páscoa a Páscoa.

Outro tipo de pão abençoado é aquele que se reparte entre os fiéis durante as vigílias noturnas, nas Vésperas das Grandes Festas. Na antiguidade os ofícios religiosos duravam muito tempo e os cristãos o comiam para se alimentar.

Atualmente, mesmo que a duração do ofícios tenha sido reduzida, permanece esta tradição.

Fonte: https://www.ecclesia.org.br/biblioteca/catequese/catecismo_da_igreja_ortodoxa7.html

 






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