sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Resumo da caminhada ao alto da montanha na visão rosacruz verdadeira

 




Do livro

Dei Gloria Intacta

De Jan Van Rijckenborg


(...) Eis por que toda sabedoria dialética, tanto a intelectual como a esotérica, é loucura para o homem divino. E é conscientemente que a Rosacruz moderna combate os aspectos esotéricos do homem terrestre e os seus resultados.

É falso dizer que o “eu”, atualmente ligado ao ser humano inferior, encontrará, em dado momento, seu ser real e nele se fundirá. Não, o verdadeiro “eu”, a verdadeira centelha divina, se encontra no ser real, e é essa verdadeira centelha divina do ser celeste que deve ser libertada do “eu” do homem terrestre. Portanto, o que ocorre é que invertemos as coisas: o homem terrestre que quer ser libertado deve ser aniquilado! O Outro, o homem celeste, deve crescer; o homem terrestre deve diminuir!

Isso se realiza pelo auto-esvaziamento, pela autonegação, pela autodestruição, pela auto-renúncia, pela anulação total do ser humano dialético, com auxílio da Hierarquia de Cristo, que nos dá a força para isso.

Realiza-se atacando (...) todas as nossas ilusões. Realiza-se, reconhecendo a incapacidade de todos os supostos poderes superiores do homem terrestre e do potencial de magia a eles relacionado, os quais podem ser sempre explicados pelo seu passado natural. Realiza-se, tal como um penitente, como um monge mendicante, como um precursor, quando libera as veredas ao verdadeiro homem divino, repetindo, como João, o Batista: “Ele deve crescer, eu devo diminuir”.

Tal processo pode ser realizado somente quando o velho homem “coloca sua cabeça no cepo”. É dessa oblação que nasce o homem celeste. Não é o “eu” que recebe o homem celeste, ou o homem celeste que “me” recebe, mas é pelo meu desaparecimento que “eu” abro caminho ao filho de Deus. Isso, naturalmente, representa um processo. À medida que um ser desaparece, o outro deve despertar. Por isso muitos perigos espreitam agora o aluno nesse caminho. Ele corre o perigo de tomar os frutos do velho Adão pelos do novo Adão e deles cuidar. A velha natureza é astuciosa, e o homem aferra-se de bom grado àquilo que ele tanto gostaria de conservar.

Sede prudentes, pois poderia acontecer que aqueles a quem evitamos como prostitutas e publicanos nos ultrapassem no caminho da libertação! Como os homens são escravos da lei! Todos sabem exatamente o que é ou não é permitido! Todos sabem aconselhar uns aos outros tão bem! Todos têm à sua disposição um conhecimento de primeira mão e a sua clarividência – um claro isto e um perfeito aquilo.

Porém nós vos dizemos: tudo isso é nada; pelo menos é inadequado. O alcance espiritual do estado dialético do homem é insuficiente. O conhecimento, a visão e os poderes humanos segundo a natureza são limitados; e isso é posto em evidência nos evangelhos.

Em todos os instantes psicológicos, quando é chegado o momento crítico, quando se trata de “tudo ou nada”, (...) o Evangelho quer fazer-vos compreender que a sabedoria dos homens e suas conseqüências são insignificantes quando se trata das exigências e da realidade concernentes ao homem celeste.

Quando João Batista já se encontra na prisão, à espera da execução, envia uma mensagem a Jesus com a pergunta: “És tu aquele que deve vir ou devemos esperar por outro?” Compreendei bem essa pergunta! Não se trata aqui de dúvida, de vacilação, porém essa pergunta é suscitada para fazer compreender ao aluno que a soma de sua cultura espiritual segundo a natureza é insuficiente quando se refere ao outro.

Em virtude de seu estado inferior, os homens caminham em dilemas, e nada pode mudar essa situação, nem mesmo um suposto desenvolvimento esotérico. Mas então, como ensinam certos místicos, esse conjunto de sabedoria, essas reformas, a soma de nossas experiências e de nossas aspirações em direção à Luz, tudo isso seria inútil, supérfluo? De modo algum, pois tão logo a força espiritual da reminiscência (essa fraca projeção do ser celeste no ser inferior) seja inflamada na consciência interior do homem e o impulsione, ele já não terá sossego e não poderá abster-se da procura.

Ele, então, perseguirá, com zelo, a sabedoria, a força e a beleza. Nesse momento, o fogo divino abre-lhe sulcos, aflige-o, e ele tenta responder a esse impulso. A cultura surge em sua vida, ele restringe cada vez mais o que é mais especificamente animal. (...) O aluno se converte em “habitante da terra limítrofe”, um habitante de Éfeso. Não pode ultrapassar essa linha divisória, que é como um muro. E, de modo figurado, ele pensa: é um “círculo de giz”, e salta, apenas para ser repelido.

Finalmente, o sofrimento o purifica e o fortifica para o sacrifício e faz que ele veja o seu limite estrutural. E tendo ele sido inflamado em Deus consoante a natureza, deposita totalmente seu ser-eu no sepulcro do tempo e aniquila-se em Jesus, o Senhor, a fim de permitir que o verdadeiro homem se eleve em sua glória.

O que recebeu de Deus e construiu, segundo o ser natural, ele enterra com o seu “eu” na tumba da natureza, a fim de que, crescendo no Espírito Santo, chegue à transmutação da sua personalidade.


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