segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Kirzner: economista expoente da Escola Austríaca

 

Quem foi Israel Kirzner: economista expoente da Escola Austríaca

    Israel Kirzner, britânico nascido em 1930, foi aluno de Ludwig von Mises e é considerado um dos principais economistas da Escola Austríaca. Durante 44 anos, ele foi professor de economia na Universidade de Nova York, entre 1957 e 2001.

    Kirzner é autor de muitos livros, incluindo Competition and Entrepreneurship (1973) e The Meaning of Market Process (1992).

    Em 1955, ele recebeu um MBA da Universidade de Nova York (NYU). Inclusive, foi enquanto cursava esse diploma que o economista se deparou com o seminário de Ludwig von Mises.

    Sob sua influência, Kirzner decidiu seguir sua carreira em economia acadêmica ao invés de contabilidade, como havia planejado originalmente. Em 1957, tornou-se um dos poucos estudantes a buscar e receber seu doutorado em economia sob a orientação de Mises.

    Além disso, Israel Kirzner também lecionou na NYU ao longo dos anos 1960 e início dos anos 1970, não obstante a ausência de maior presença ou programa austríaco na escola.

    Em meados da década de 1970, no entanto, com interesse crescente quanto à teoria — em grande parte graças aos seminários que Kirzner ajudou a desenvolver no Institute for Humane Studies —, o economista da Escola Austríaca Ludwig Lachmann se juntou ao departamento.

    Depois disso, eles desenvolveram na NYU um programa austríaco com financiamento externo, bem como uma série de simpósios semanais sobre essa vertente econômica.

    Com o passar do tempo, esses simpósios tornaram-se o ponto de encontro central para economistas interessados ​​na tradição austríaca nos Estados Unidos.

    Sob a liderança de Kirzner, muitos outros austríacos lecionaram na NYU, embora apenas um outro além dele, Mario Rizzo, tenha conquistado um cargo permanente na universidade.

    Obras e as de Israel Kizner

    O primeiro livro de Kirzner, The Economic Point of View, foi um trabalho de história intelectual, que traçou o desenvolvimento dos conceitos de economia como uma ciência praxeológica humana ao estilo misesiano.

    O britânico também escreveu extensivamente explicações que expandiram a teoria austríaca do capital.

    Nesse sentido, seus ensaios eram voltados ao mainstream do pensamento econômico e tendiam a enfatizar diferenças importantes entre a tradição dessa Escola e a corrente neoclássica.

    Além disso, expunham também como as ideias austríacas forneciam uma compreensão mais profunda do processo dos mercados no mundo real.

    Em uma coleção editada, The Crisis in Economic Thought (1982), ele escreveu:

    “A economia mainstream moderna mostra uma série de características relacionadas que, para os austríacos, aparecem como falhas sérias.

    Dentre essas características, estão especialmente:

    1. Uma preocupação excessiva com o estado de equilíbrio.
    2. Uma perspectiva infeliz sobre a natureza e o papel da concorrência nos mercados.
    3. Atenção grosseiramente insuficiente ao papel (e caráter subjetivo) do conhecimento, expectativas e aprendizado nos processos de mercado.
    4. Uma abordagem normativa fortemente dependente de conceitos de agregação questionáveis ​​e, portanto, insensível à ideia de coordenação do plano entre os participantes do mercado.

    Então, concluiu:

    Juntas, essas falhas representam distorções muito relevantes, na melhor das hipóteses, na compreensão do processo de mercado nas economias capitalistas que a economia neoclássica moderna é capaz de fornecer.

    Israel Kirzner enfatizou o mercado como um processo, no qual indivíduos com conhecimentos diferentes, buscando seus valores subjetivos, aumentam seus conhecimentos e ajudam a coordenar seus planos e expectativas.

    Empreendedorismo e o “estado de lerta”

    Grande parte de seus escritos dizia respeito ao papel do empreendedor. Nesse ponto, Kirzner observou que um empresário é, simplesmente, qualquer indivíduo que tenta adequar o mundo às suas esperanças e expectativas.

    Logo, os seres humanos tentam encontrar oportunidades de lucro em áreas em que as pessoas ainda não perceberam que podem “comprar na baixa e vender na alta”.

    Ou seja, há novas oportunidades para os empreendedores em “estado de alerta” lucrarem por coisas que as outras pessoas não perceberam ser rentável. O papel do empreendedor, portanto, é descobrir o que consumidores almejam: caso seja bem sucedido, ele será “premiado” com lucro.

    Ao fazer isso, eles não apenas se satisfazem, mas também ajudam a levar às outras pessoas o que elas querem. Assim, tendem a se mover na direção de um equilíbrio em que todos têm o que desejam e não há mais motivo para negociar.

    Porém, esse estado de equilíbrio, almejado pelos neoclássicos, nunca é alcançado. Afinal, é intrínseca à natureza humana a constante mudança de realidade de conhecimentos e de desejos.

    Na tradição Hayekiana, Kirzner via o mercado “como um instrumento social para mobilizar todos os pedaços de conhecimento espalhados por toda a economia”.

    Portanto, a função empreendedora é estar nesse “estado de alerta” às informações relevantes que satisfarão as necessidades de outras pessoas e avançar para equilibrar os planos e expectativas de todos.

    Direitos de propriedade, segundo Israel Kizner

    Israel Kirzner era um dos economistas austríacos menos associado à política. Ele escreveu pouco sobre questões de públicas ou filosofia, apesar de se considerar um libertário.

    Por outro lado, Kirzner achava que a descoberta empreendedora concedia direitos de propriedade sobre qualquer lucro resultante no sentido lockeano do conceito.

    Isso significa que, ao descobrir primeiro uma oportunidade, você obtém propriedades legítimas sobre ela.

    Inclusive, ele até estendeu essa teoria a um membro de um grupo no deserto que é o primeiro a encontrar um poço de água. Segundo o economista, o primeiro descobridor deveria ter plenos direitos de propriedade sobre a fonte daquele recurso.

    Por fim, a ênfase de Israel Kirzner quanto ao papel do empreendedor na coordenação do processo de mercado e na descoberta de informações relevantes e úteis teve profundas implicações no pensamento libertário.

    Sob sua definição, o empreendedor é mais eficaz em encontrar oportunidades de lucro — isto é, chances para satisfazer os outros —, por meio do acaso ou pelo aprendizado não deliberado em uma economia livre.

    Assim, os mercados livres, na visão de Kirzner, geram a maior quantidade de ação empreendedora, resultando em lucro e equilibrando o mercado.

    *Brian Doherty é editor da revista Reason.

    Fonte: https://ideiasradicais.com.br/quem-foi-israel-kirzner/

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