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POVOS DO DEUS REMOTO
OS ATENIENSES
Em alguma época, durante o sexto século antes de Cristo,
numa reunião do conselho na Colina de Marte, em Atenas...
"Diga-nos, Nícias, que aviso o oráculo de Pítias lhe deu? Por
<|uo esta praga caiu sobre nós? E por que os inúmeros sacrifícios
ronlizados de nada adiantaram?”
O impassível Nícias olhou de frente o presidente do conselho.
"A sacerdotisa declara que nossa cidade se encontra sob uma terrível maldição. Um certo deus a colocou sobre nós por causa do medonho crime de traição do rei Megacles contra os seguidores de Cylon
‘‘É verdade! Lembro-me agora” , disse sombriamente outro
mombro do conselho. “ Megacles obteve a rendição dos seguidores
do Cylon com uma promessa de anistia, depois violou prontamente
sua própria palavra e os matou! Mas qual é o deus que ainda nos
condena por esse crime? Já oferecemos sacrifícios de expiação a
todos os deuses!”
“ Não é bem assim” , replicou Nícias. “ A sacerdotisa afirma que
resta ainda um deus a ser apaziguado.”
“ Quem poderia ser?" perguntaram os anciãos, olhando incrédulos para Nícias.
“ Não posso contar-lhes” , respondeu ele. “ O próprio oráculo parece não saber o seu nome. Ela disse apenas que...”
Nícias fez uma pausa, observando as faces ansiosas de seus
colegas. Enquanto isso, da cidade enlutada à volta deles ouvia-se o
eco de milhares de cânticos fúnebres.
Nícias continuou: “ ...precisamos enviar um navio imediatamente
a Cnossos, na ilha de Creta, e trazer de lá para Atenas um homem
chamado Epimênides. A sacerdotisa assegurou-me que ele saberá
como apaziguar esse deus ofendido, livrando assim a nossa cidade.
“ Não existe alguém suficientemente sábio aqui em Atenas?”
esbravejou um ancião indignado. “ Temos de apelar para um... um
estrangeiro?"
“ Se conhece algum grande sábio em Atenas pode chamá-lo” ,
disse Nícias. “ Caso contrário, cumpramos simplesmente as ordens
do oráculo.”
Um vento frio - frio como se tocado pelos dedos gélidos do terror que varria Atenas, fez-se presente na câmara de mármore branco
do conselho na Colina de Marte. Um ancião após outro aconchegouse mais em seu manto de magistrado e refletiu sobre as palavras de
Nícias.
“ Vá em nosso nome, meu amigo” , disse o presidente do conselho. “ Traga esse Epimênides, se atender ao seu pedido. E se ele
livrar nossa cidade, nós o recompensaremos.”
Os demais membros do conselho concordaram. O calmo Nícias,
de voz suave, levantou-se, inclinando-se diante da assembléia e deixando a câmara. Ao descer a Colina de Marte, ele se encaminhou para o porto de Pireu, que ficava a 13 km de distância, na Baía de Falerom. Um navio achava-se ali ancorado.
Epimênides desceu agilmente para a terra, em Pireu, seguido de
Nícias. Os dois homens encaminharam-se de imediato para Atenas,
recobrando aos poucos a força das pernas depois da longa viagem
por mar, desde Creta. Ao entrarem na já mundialmente famosa “ cidade dos filósofos” , os sinais da praga eram vistos por toda a parte.
Mas Epimênides observou outra coisa:
“ Nunca vi tantos deuses!” exclamou o cretense para o seu
guia, piscando surpreso. Falanges ladeavam os dois lados da estrada que saía do Pireu. Outros deuses, centenas deles, adornavam
uma escarpada rochosa chamada acrópole. Uma geração mais tarde,
os atenienses construíram ali o Partenon.
“ Quantos são os deuses de Atenas?” inquiriu Epimênides.
“ Várias centenas pelo menos!” replicou Nícias.
“ Várias centenas!" foi a exclamação espantada de Epimênides.
“ Aqui é mais fácil encontrar deuses do que homens!”
“ Tem razão!" riu o conselheiro Nícias. “ Não sei quantos provérbios já foram feitos sobre ‘Atenas, a cidade saturada de deuses’.
Com a mesma facilidade que se tira uma pedra da pedreira, outro
deus é trazido para a cidade!”
Nícias parou repentinamente, refletindo sobre o que acabara de
dizer. “ Todavia” , começou pensativo, “ o oráculo de Pítias declara
que os atenienses precisam apaziguar ainda um outro deus. E você,
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Povos do Deus Remoto - 11
l plmônides, deve promover a intercessão necessária. Ao que parece
«inlâo, apesar do que eu disse, nós, atenienses, ainda precisamos de
mais um deus!"
Jogando a cabeça para trás e rindo, Nícias exclamou: “ Realmente, Epimênides, não consigo adivinhar quem poderia ser esse
outro deus. Os atenienses são os maiores colecionadores de deuses
no mundo! Já saqueamos as teologias de muitos povos das vizinhanças, apoderando-nos de toda divindade que possamos transportar
para a nossa cidade, por terra ou por mar!”
“Talvez seja esse o seu problema” , disse Epimênides com um
ar misterioso.
Nícias piscou os olhos para o amigo, sem compreender. Como
que desejasse um esclarecimento desse último comentário, mas alyuma coisa na atitude de Epimênides o silenciou. Momentos depois
chegaram a um pórtico com piso de mármore, junto à câmara do conselho na Colina de Marte. Os anciãos de Atenas já haviam sido avisados e o conselho os esperava.
"Epimênides, agradecemos sua...” começou o presidente da
assembléia.
“ Sábios anciãos de Atenas, não há necessidade de agradecimentos.” Epimênides interrompeu. “ Amanhã, ao nascer do sol, tragam um rebanho de ovelhas, um grupo de pedreiros e uma grande
quantidade de pedras e argamassa até a ladeira coberta de relva, ao
pé desta rocha sagrada. As ovelhas devem ser todas sadias e de cores diferentes - algumas brancas, outras pretas. Vocês não devem
deixá-las comer depois do descanso noturno. É preciso que sejam
ovelhas famintas! Vou agora descansar da viagem. Acordem-me ao
amanhecer.”
Os membros do conselho trocaram olhares curiosos, enquanto
Epimênides cruzava o pórtico em direção a um quarto sossegado,
enrolando-se em seu manto como num cobertor e sentando-se para
meditar.
O presidente voltou-se para um dos membros jovens do conselho. "Veja que tudo seja feito como ele ordenou” , disse ele.
“ As ovelhas estão aqui” , falou o membro jovem, humildemente.
Epimênides, despenteado e ainda meio dormindo, saiu de seu descanso e seguiu o mensageiro até a ladeira que ficava na base da Colina de Marte. Dois rebanhos - um de ovelhas pretas e brancas e
outro de conselheiros, pastores e pedreiros - achavam-se à espera,
debaixo do sol que nascia. Centenas de cidadãos, desfigurados por
outra noite de vigília cuidando dos doentes atingidos pela praga e
chorando pelos mortos, galgaram os pequenos outeiros e ficaram ob
servando ansiosos.
“ Sábios anciãos” , começou Epimênides, “ vocês já se esforçaram muito ofertando sacrifícios aos seus numerosos deuses; entretanto, tudo se mostrou inútil. Vou agora oferecer sacrifícios baseado
em três suposições bem diferentes das suas. Minha primeira suposição..."
Todos os olhos estavam fixos no cretense de elevada estatura;
todos os ouvidos atentos para captar suas próximas palavras.
“ ...é que existe ainda outro deus interessado na questão desta
praga - um deus cujo nome não conhecemos e que não está, portanto, sendo representado por qualquer ídolo em sua cidade. Segundo, vou supor também que este deus é bastante poderoso - e suficientemente bondoso para fazer alguma coisa a respeito da praga, se
apenas pedirmos a sua ajuda.”
"Invocar um deus cujo nome ó desconhecido?” exclamou um
dos anciãos. “ Isso é possível?”
“ A terceira suposição é a minha resposta à sua pergunta” , replicou Epimênides. “ Essa hipótese é muito simples. Qualquer deus
suficientemente grande e bondoso para fazer algo a respeito da praga é também poderoso e misericordioso para nos favorecer em nossa
ignorância - se reconhecermos a mesma e o invocarmos!”
Murmúrios de aprovação misturaram-se com o balido das ovelhas famintas. Os anciãos de Atenas jamais tinham ouvido essa linha
de raciocínio antes. Mas, por que, perguntavam eles, as ovelhas deviam ser de cores diferentes?
“ Agora!” gritou Epimênides, “ preparem-se para soltar as ovelhas na ladeira sagrada! Uma vez soltas, deixem que cada animal
paste onde quiser, mas façam com que seja seguido por um homem
que o observe cuidadosamente.” A seguir, levantando os olhos para
o céu, Epimênides orou com voz profunda e cheia de confiança: “ Ó,
tu, deus desconhecido! Contempla a praga que aflige esta cidade! E
se de fato tens compaixão para perdoar-nos e ajudar-nos, observa
este rebanho de oveihas! Revela tua disposição para responder, eu
peço, fazendo com que qualquer ovelha que te agrade deite na relva
em vez de pastar. Escolha as brancas se elas te agradarem; as pretas se te causarem prazer. As que escolheres serão sacrificadas a ti
- reconhecendo nossa lamentável ignorância do teu nome!”
Epimênides sentou-se na grama, inclinou a cabeça e fez sinal
aos pastores que guardavam o rebanho. Estes vagarosamente se
afastaram. Com rapidez e voracidade, as ovelhas se espalharam pela
colina, começando a pastar. Epimênides ficou ali sentado como uma
estátua, com os olhos baixos.
“ E inútil” , murmurou baixinho um conselheiro. “ Mal amanheceu
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Povos do Deus Remoto -1 3
o raras vezes vi um rebanho tão faminto. Nenhum animal vai deitarse antes de encher o estômago e quem acreditará então que foi um
deus que o levou a isso?”
Epimênides deve ter escolhido esta hora do dia deliberadamente!" respondeu Nfcias. “ Só assim poderemos saber que a ovelha que
se deitar o fará em obediência à vontade desse deus desconhecido,
0 não por sua própria inclinação!”
Mal Nícias terminara de falar quando um pastor gritou: “ Olhem!”
1 odos os olhos se voltaram para ver um carneiro dobrar os joelhos e
deitar-se na relva.
“ Eis aqui outro!” bradou um conselheiro surpreso, fora de si por
causa do espanto. Em poucos minutos algumas das ovelhas se
achavam acomodadas sobre a relva suculenta demais para que qualquer herbívoro faminto pudesse resistir - em circunstâncias normais!
“ Se apenas uma deitasse, teríamos dito que estava doente!”
exclamou o presidente do conselho. “ Mas isto! Isto só pode ser uma
resposta!”
Com os olhos cheios de reverência, ele se voltou, dizendo a
Epimênides: “ O que faremos agora?”
“ Separem as ovelhas que estão descansando” , replicou o cretense, levantando a cabeça pela primeira vez desde que invocara o
deus desconhecido, "e marquem o lugar onde cada uma se acha. Façam depois com que os pedreiros levantem altares - um aitar em cada ponto onde as ovelhas descansaram!”
Pedreiros entusiastas começaram a fazer argamassa e no final
da tarde ela já havia endurecido o suficiente. Todos os altares se
achavam preparados para uso.
“ Qual o nome do deus que gravaremos sobre esses altares?”
perguntou um dos conselheiros do grupo mais jovem, excessivamente ansioso. Todos se voltaram para ouvir a resposta do cretense.
“ Nome?” repetiu Epimênides, como se refletindo. “ A divindade,
cuja ajuda buscamos, agradou-se em responder à nossa admissão
de ignorância. Se agora pretendermos mostrar conhecimento, gravando um nome quando na verdade não temos a menor idéia a respeito dele, temo que vamos apenas ofendê-la!” .
“ Não podemos correr esse risco” , concordou o presidente do
conselho. “ Mas com certeza deve haver um meio apropriado de - de
dedicar cada altar antes de usá-lo.”
“ Tem razão, sábio conselheiro” , declarou Epimênides com um
sorriso raro. “ Existe um meio. Inscrevam simplesmente as palavras
agnosto theo - a um deus desconhecido - no lado de cada altar. Nada mais é necessário.”
Os atenienses gravaram as palavras recomendadas pelo con
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selheiro cretense. A seguir, sacrificaram cada ovelha “ dedicada” sobre o altar marcando o ponto em que a mesma havia deitado. A noite
caiu. Na madrugada do dia seguinte os dedos mortais da praga sobre
a cidade já se haviam afrouxado. No decorrer de uma semana, os
doentes sararam. Atenas encheu-se de louvor ao “ Deus desconhecido” de Epimênides e também a este, por ter prestado socorro tão supreendente de um modo verdadeiramente engenhoso. Cidadãos agradecidos colocaram festões de flores ao redor do grupo despretensioso de altares na encosta da Colina de Marte. Mais tarde, eles esculpiram uma estátua de Epimênides sentado e a colocaram diante de
um de seus templos.2
Com o correr do tempo, porém, o povo de Atenas começou a
esquecer-se da misericórdia que o “ deus desconhecido” de Epimênides lhes concedera. Seus altares na colina foram negligenciados e
eles voltaram a adorar centenas de deuses que se mostraram incapazes de remover a maldição da cidade. Vândalos demoliram parte
dos altares e removeram pedras de outros. O mato e o musgo começaram a crescer sobre as rufnas até que...
Certo dia, dois anciãos que se lembravam da importância dos
altares pararam diante deles a caminho do conselho. Apoiados em
seus bordões eles contemplaram pensativos as relíquias ocultas por
trepadeiras. Um dos anciãos retirou um pouco do musgo e leu a antiga inscrição encoberta por ele: “ ‘Agnosto theo’. Demas - você se
lembra?”
“ Como poderia esquecer?” respondeu Demas. “ Eu era o membro jovem do conselho que ficou acordado a noite inteira para certificar-me de que o rebanho, as pedras, a argamassa e os pedreiros
estariam prontos ao nascer do sol!”
“ E eu” , replicou o outro ancião, “ era aquele outro membro jovem e ansioso que sugeriu que fosse gravado em cada altar o nome
de algum deus! Que tolice” .
Ele fez uma pausa, mergulhado em seus pensamentos, acrescentando a seguir: “ Demas, você talvez me considere sacrílego, mas
não posso deixar de sentir que se o “ Deus desconhecido” de Epimênides se revelasse abertamente a nós, logo deixaríamos de lado todos os outros!” O ancião barbudo balançou o bordão com certo desprezo na direção dos ídolos surdos e mudos que, em fileira após fileira, cobriam a crista da acrópole, em número maior do que nunca antes.
“ Se Ele jamais vier a revelar-se” , disse Demas pensativamente,
“ como nosso povo saberá que não é um estranho, mas um Deus que
já participou dos problemas de nossa cidade?”
“ Acho que só existe um meio", replicou o primeiro ancião.
Povos do Deus Remoto - 15
"Uovemos preservar pelo menos um desses altares como evidência
l>ara a posteridade. E a história de Epimênides deve, de alguma fórum, ser mantida viva entre as nossas tradições.”
"Uma grande idéia a sua!” entusiasmou-se Demas. “ Olhe! Este
«Inda está em boas condições. Vamos empregar pedreiros para poll-lo e amanhã lembraremos todo o conselho dessa antiga vitória sohro a praga. Faremos passar uma moção para incluir a manutenção
do pelo menos este altar entre as despesas perpétuas de nossa cidade!”
Os dois anciãos apertaram-se as mãos para fechar o acordo e,
iIm braços dados, seguiram caminho abaixo, batendo alegremente os
hordões contra as pedras da Colina de Marte.
O relato acima baseou-se principalmente em uma tradição reUÍ8trada como história por Diógenes Laércio, um autor grego do séc.ulo III A.D., numa obra clássica denominada The Lives oi Eminent
1’hilosophers (“ As Vidas de Filósofos Eminentes” ) (voi. 1, p. 110).
Os elementos básicos na narrativa de Diógenes são: Epimênides, um
horói cretense, atendeu a um pedido de Atenas, feito por Nícias, a fim
do aconselhar a cidade sobre como remover uma praga. Ao chegar a
Alonas, Epimênides conseguiu um rebanho de ovelhas pretas e brancas e soltou-as na Colina de Marte, dando instruções para que alouns homens seguissem as ovelhas e marcassem o lugar onde qualquer delas se deitasse.
O propósito aparente de Epimênides era dar a qualquer deus ligado à questão da praga a oportunidade de revelar sua disposição
om ajudar, fazendo com que as ovelhas que o agradassem ficassem
deitadas, como um sinal de que as aceitaria se fossem oferecidas em
sacrifício. Desde que não haveria nada extraordinário no fato de
ovelhas se deitarem fora de seu períodos habituais de pastagem,
I pimênides provavelmente conduziu sua experiência bem cedo de
manhã, quando as ovelhas estavam famintas.
Algumas das ovelhas deitaram e os atenienses as ofereceram
om sacrifício sobre os altares sem nome, construídos especialmente
com esse propósito. A praga foi assim removida da cidade.
Os leitores do Antigo Testamento lembrarão de que um herói
chamado Gideão, buscando conhecer a vontade de Deus, colocou
"um pedaço de lã” , como sinal. Epimênides fez mais que Gideão -
ole colocou o rebanho inteiro!
Segundo a passagem em Leis, de Platão, Epimênides também
profetizou, ao mesmo tempo, que dez anos mais tarde um exército
persa atacaria Atenas. Todavia, os inimigos persas “ retrocederão
com todas as suas esperanças frustradas e depois de sofrer mais
ferimentos do que os infligidos por eles” . Esta profecia foi cumprida.
O conselho, de sua parte, ofereceu a Epimênides um talento em
moedas por seus serviços, mas ele recusou o pagamento: “ A única
recompensa que desejo” , disse, “ é estabelecer aqui e agora um tratado de amizade entre Atenas e Cnossos” . Os atenienses concordaram. Após a ratificação do tratado com Cnossos eles providenciaram
a volta de Epimênides em segurança para sua casa na ilha.
(Platão, nessa mesma passagem, elogia Epimênides chamandoo “ esse homem inspirado” e lhe dá crédito como um dos personagens famosos que ajudaram a humanidade a redescobrir as invenções perdidas durante “ O Grande Dilúvio” .)
Outros detalhes nesta referência concernente à causa da maldição foram obtidos de uma nota de rodapé de um editor sobre a obra
The Art of Rhetoric, (“ A Arte da Retórica"), livro 3, 17.10 de Aristóteles, encontrada na “ Loeb Classical Library” , traduzida por J. H.
Freese e publicada em Cambridge, estado de Massachusetts. A explicação de que o próprio oráculo de Pítias ordenou aos atenienses
que mandassem buscar Epimênides faz parte da menção anterior das
“ Leis” de Platão.
Diógenes Laércio não menciona que as palavras agnosto theo
estavam escritas nos altares de Epimênides. Ele declara apenas que
“ em diferentes partes da Ática podem ser vistos altares sem qualquer nome gravado, servindo de memoriais para esta expiação” .
Dois outros escritores da antigüidade - Pausânias, em sua obra
Description of Greece (“ Descrição da Grécia” ) (vol. 1, 1.4), e Filostrato, em sua Appolonius of Tyana (“ Apolônio de Tiana” ) - referemse porém a “ altares a um deus desconhecido” , sugerindo que uma
inscrição nesse sentido estivesse gravada neles.
O fato de tal inscrição achar-se em pelo menos um altar eAtenas é confirmado por Lucas, um historiador do primeiro século. Ao
descrever as aventuras de Paulo, o famoso apóstolo cristão, Lucas
menciona um encontro esclarecido de modo impressionante pela
história de Epimênides, já referido:
“ Enquanto Paulo os esperava em Atenas” , começou Lucas, “ o
seu espírito de revoltava, em face da idolatria dominante na cidade”
(At 17.16).
Se Atenas se gabava de centenas de deuses nos dias de Epimênides, é provável que nos de Paulo houvesse centenas de outros. A idolatria, por sua própria natureza, possui um “ fator inflacionário” embutido. Uma vez que os homens rejeitem o Deus único,
onisciente, onipotente e onipresente, preferindo divindades menores,
eles finalmente descobrem - para sua frustração - que um número
infinito de divindades inferiores é necessário para preencher o
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Povos do Deus Remoto - 17
ospaço deixado pelo Deus verdadeiro!
Quando Paulo viu Atenas rebaixando o privilégio sagrado da
ndoração por parte do homem, dirigindo-a para simples tiguras de
madeira e pedra, o horror tomou conta dele! E entrou imediatamente
■m ação. Primeiro: "Por isso dlssertava na sinagoga entre os judeus
• os gentios piedosos” (At 17.17).
Não que os judeus e gregos piedosos estivessem praticando
Idolatria! De modo algum. Eles, porém, eram os únicos que poderiam
ae opor à idolatria predominante na cidade.
Paulo talvez os achasse tão habituados a cenas de idolatria que
nflo podiam mais preparar uma ofensiva de impacto contra a mesma.
De qualquer modo, o apóstolo lançou seu próprio ataque. Ele discutia
também, diz Lucas, “ na praça todos os dias, entre os que se encontravam ali” (At 17.17).
Quem se encontrava ali? E como reagiram? Lucas explica: “ Alguns dos filósofos epicureus e estóicos contendiam com ele, havendo quem perguntasse: Que quer dizer esse tagarela?”
Até mesmo um apóstolo pode encontrar dificuldades na comunicação transcultural!
“ E outros: Parece pregador de estranhos deuses” (At 17.18).
Por que este último comentário? Os filósofos, sem dúvida, ouviram Paulo falar de Theos - Deus. Theos era um termo familiar para
eles. Todavia, não o empregavam geralmente como nome pessoal,
mas em relação a qualquer divindade - da mesma forma que “ homem” em português significa qualquer indivíduo, não sendo considerado nome próprio para quem quer que seja.
Entretanto, os filósofos devem ter sabido que Xenofonte, Platão
a Aristóteles - três grandes filósofos - usaram Theos como nome
pessoal para um Deus Supremo em seus escritos. (Veja, por exemplo, Enciclopédia Britânica, ^5- ed., vol. 13, p. 951 e vol. 14, p. 538.)
Dois séculos depois de Platão e Aristóteles, tradutores da Setuaginta, a primeira versão grega do Velho Testamento, enfrentaram
um grande problema: üm equivalente adequado para o nome hebraico
usado para Deus, Eiohim, poderia ser encontrado na língua grega?
I les rejeitaram Zeus. Embora Zeus fosse chamado “ rei dos deuses” ,
as teologias pagãs decidiram tornar Zeus filho de dois outros deuses,
Cronos e Rea. Um filho de outros seres não pode igualar-se a Elohim, que é incriado. Os tradutores finalmente reconheceram o uso
fortuito de Theos feito pelos três grandes filósofos acima como um
nome próprio grego para o Todo-poderoso. Theos neste uso especial,
achava-se ainda livre da contaminação do erro! Eles o adotaram, asalm como Paulo adotou Theos para as suas pregações e escritos no
Novo Testamento!
É possível, portanto, que não fosse Theos , mas o nome Jesus,
pouco familiar, que tivesse levado os filósofos a pensar que Paulo
estava “ pregando deuses estranhos". Eles talvez ficassem também
espantados com a idéia de alguém querer introduzir mais um deus em
Atenas, a capital mundial dos deuses! Em resumo, os atenienses devem ter tido necessidade de uma lista de tamanho equivalente às Páginas Amarelas para controlar as inúmeras divindades já representadas em sua cidade!
Como Paulo reagiu à sugestão de estar defendendo deuses estranhos e supérfluos numa cidade já saturada deles?
Jesus Cristo fornecera a Paulo uma fórmula-mestra para enfrentar problemas de comunicação transcultural como o de Atenas.
Falando através de uma visão tão convincente que deu a Paulo novas perspectivas e tão brilhante que o deixou temporariamente cego,
Jesus havia dito: “ Para os quais eu te envio, para lhes abrir os olhos
e convertê-los das trevas para a luz” (At 26.17-18).
A lógica de Jesus era impecável. Quando as pessoas devem
voltar-se das trevas para a luz, é necessário que seus olhos se
abram primeiro para que possam ver a diferença entre ambas. O que
é preciso para abrir os olhos de alguém?
Um abridor de olhos!
Mas, onde poderia Paulo, nascido judeu, renascido cristão, encontrar um abridor de olhos para a verdade sobre o Deus supremo,
na cidade de Atenas infestada de ídolos? Ele dificilmente poderia esperar que um sistema completamente dedicado ao politeísmo viesse
a reconhecer que o monoteísmo é superior.
Paulo, no entanto, havia “ passado e observado” (At 17.23) e
descobriu algo “ no sistema” que não fazia parte “ do” sistema - um
altar que não se associava a qualquer ídolo! Um altar com a curiosa
inscrição, “ ao deus desconhecido” . Paulo percebeu uma diferença de
comunicação que provavelmente abriria as mentes e os corações
daqueles fiiósofos estóicos e epicureus. Quando eles o convidaram
para apresentar formalmente seu ponto de vista num local mais próprio para uma discussão lógica, Paulo aceitou.
O lugar do encontro foi o Areópago, isto é, A Sociedade da Clina da Marte, um grupo de atenienses eruditos que se reuniam ali para discutir questões de história, filosofia ou religião. Naquela mesma
colina, quase seis séculos antes, Epimênides resolvera o problema
da praga em Atenas.
Paulo poderia ter iniciado seu discurso na Colina de Marte,
dando simplesmente nome aos bois. Ele poderia ter dito: "Atenienses, com todas as suas filosofias superiores vocês continuam desculpando a idolatria, caso não a pratiquem também! Arrependam-se
18-0 Fator Melquisedeque
Povos do Deus Remoto -1 9
mi pereçam!" E cada uma dessas palavras poderia ser perfeitamente
vtrdadeira!
Além disso, ele estaria também tentando convertê-los das trevnu para a luz” , como Jesus ordenara. Mas isso seria uma gritante
Invorsão da seqüência das coisas! Esta é a razão de Jesus ter ini lufdo a ordem “ abra os olhos deles” como um pré-requisito para fatat as pessoas se voltarem das “ trevas para a luz” .
Paulo “ manteve os bois à frente do carro", com as seguintes
imlavras: “ Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente
Millljiosos (restrição notável, considerando como Paulo odiava a idolatria); porque passando e observando os objetos de vosso culto (alijuns com os antecedentes de Paulo teriam preferido chamá-los de ‘f-
• lulos sujos’), encontrei também um altar no qual está inscrito: AO
Dl US DESCONHECIDO” .
O apóstolo fez a seguir uma declaração que aguardara seis séi ulos para ser pronunciada: “ Pois esse que adorais sem conhecer, é
l»mclsamente aquele que eu vos anuncio” (At 17.22-23). O Deus proi litmado por Paulo era realmente um deus estranho como suposto
Iio Io s filósofos? De maneira alguma! Segundo o raciocínio de Paulo,
•liivó, o Deus judeu-cristão, fora representado pelo altar de Epimêniilnn. Tratava-se, portanto, de um Deus que já interferira na história
fizeram os espanhóis. O que importa agora? Que nós, filhos da presente geração, tratemos com justiça os filhos de Pachacuti que sobreviveram ao holocausto espanhol - os quechuas.
Vamos colocar a reforma de Pachacuti em perspectiva histórica. Vamos compará-lo por um momento com Aquenaton, Faraó egípcio que tentou também uma reforma religiosa. Os egiptólogos prociamam Aquenaton (1379 - 1361 a.C.) como um gênio raro por ter tentado - sem sucesso - substituir a idolatria confusa e vulgar do Egito
antigo pela adoração do sol.22 Pachacuti, no entanto, se encontra
quilômetros adiante de Aquenaton pela sua compreensão de que o
sol, que podia apenas cegar os olhos humanos, não tinha condições
de competir com um Deus grande demais para ser visto pelos olhos
do homem! Como é curioso que os eruditos modernos tenham feito
enorme publicidade em torno da reforma de Aquenaton, enquanto a
de Pachacuti é somente mencionada em livros de estudo obscuros
para os iniciados.
Vamos endireitar os registros.
Se a adoração do sol por Aquenaton estava um degrau acima
da idolatria, a escolha de Pachacuti de adorar a Deus em lugar do sol
foi como um salto para a estratosfera! Descobrir um homem como
Pachacuti no Peru do século XV é tão surpreendente como encontrar
um Abraão em Ur ou um Melquisedeque entre os cananeus. Se fosse
possível voltar no tempo, Pachacuti é alguém que eu certamente
gostaria de conhecer. Gosto de chamá-lo de “ Melquisedeque inca” .
Os atenienses e cretenses da época de Epimênides e os incas
dos dias de Pachacuti morreram sem ouvir o evangelho de Jesus
Cristo. O que dizer disso? Não houve povos pagãos que tivessem
vivido para receber as bênçãos do evangelho, os quais já tivessem
um conceito de Deus?
A história registra, de fato, muitos desse tipo. Este é um dentre
eles...
Os Santal
Em 1867, um missionário norueguês, Lars Skrefsrud e seu colega dinamarquês, um leigo de nome Hans Borreson, descobriram um
povo composto de dois milhões e meio de pessoas, vivendo numa
região ao norte de Calcutá, na índia. Esse povo recebera o nome de
Santal. Skrefsrud logo mostrou-se um exímio lingüista. Ele aprendeu
tão depressa o santal que pessoas de regiões distantes afluíam para
ouvir um estrangeiro falar tão bem a sua língua!
Com a maior rapidez possível, Skrefsrud começou a proclamar
o evangelho aos santal. Ele naturalmente ficou imaginando quantos
34 - O Fator Melquisedeque
Povos do Deus Remoto - 35
anos seriam necessários antes que o povo santal viesse a abrir o
seu coração para a mensagem ou sequer mostrar interesse por ela,
desde que estava tão afastado de qualquer influência judaica ou
cristã.
Para grande espanto de Skrefsrud, os santal ficaram quase
imediatamente entusiasmados com a mensagem do evangelho. Finalmente, ele ouviu os sábios de Santal, inclusive um, chamado Kolean, exclamarem: “ O que este estrangeiro está dizendo deve significar que Thakur Jiu não se esqueceu de nós depois de tanto tempo!” .
Skrefsrud, atônito, prendeu a respiração. Thakur era uma palavra santal, que significava “ verdadeiro” . Jiu traduzia “ deus” .
O Deus Verdadeiro?
Skrefsrud não estava, então, introduzindo um novo conceito ao
falar de um Deus supremo. Os sábios de Santal delicadamente puseram de lado a terminologia que ele estivera usando para Deus e insistiram em que Thakur Jiu era o nome certo para ser usado. Aquele
nome estivera, evidentemente, nos lábios dos santal desde há muito
lempo!
“ Como vocês sabem a respeito de Thakur Jiu?” perguntou
Skrefsrud (talvez um tanto decepcionado).
“ Nossos ancestrais o conheciam no passado", responderam os
aantal sorrindo.
“ Muito bem” , continuou Skrefsrud, “ tenho outra pergunta. Desde que sabem sobre Thakur Jiu, por que não o adoram em lugar do
sol, ou pior ainda, dos demônios?”
A expressão dos santal mudou. “ Essas” , responderam eles,
"são as más notícias". Então, o sábio santal, chamado Kolean, adiantou-se e disse: “ Vou lhe contar a história desde o principio” .
Não só Skrefsrud, mas todo o grupo mais jovem dos santal silonciou, enquanto Kolean, um ancião respeitado, desenrolou uma
história que levantou a poeira depositada sobre séculos de tradição
oral dos santal:
Há muito, muito tempo atrás, segundo Kolean, Thakur Jiu - o
Deus Verdadeiro - criou o primeiro homem - Haram - e a primeira
mulher - Ayo - e colocou-os bem longe, na região oeste da índia
chamada Hihiri Pipiri. Ali, um ser chamado Lita tentou fazer cerveja
iln arroz e, depois, induziu-os a jogar parte da cerveja no solo como
uma oferta a Satanás. Haram e Ayo se embriagaram com a cerveja e
ilormiram. Ao acordar souberam que estavam nus e tiveram vergonha.
Skrefsrud maravilhou-se com o paralelo bíblico na história de
i' ol®an.
Porém, havia mais...
Mais tarde, Ayo teve sete filhos e sete filhas de Haram, os
quais se casaram e formaram sete clãs. Os clãs migraram para uma
região chamada Kroj Kaman, onde se tornaram corruptos. Thakur Jiu
chamou a humanidade para “ voltar a Ele” . Quando o homem se recusou, Thakur Jiu escondeu um “ casal santo” numa caverna no monte
Harata (note a semelhança com o nome bíblico Ararate), destruindo,
a seguir, o restante da humanidade através de um dilúvio. Tempos
depois, os descendentes do “ casal santo” se multiplicaram e migraram para uma planície de nome Sasan Beda (“ campo de mostarda” ).
Thakur Jiu os dividiu ali em muitos povos diferentes.
Um ramo da humanidade (que chamaremos proto-santal) migrou primeiro para a “ terra de Jarpi" e depois continuou avançando
para leste “ de floresta em floresta” , até que altas montanhas bloquearam o seu caminho. Eles procuraram desesperadamente uma
passagem através das montanhas, mas todas se mostraram intransponíveis, pelo menos para as mulheres e crianças. De maneira bem
semelhante a Israel no Sinai, o povo desanimou em sua jornada.
Naqueles dias, explicou Kolean, os proto-Santal, como descendentes do casal santo, ainda reconheciam Thakur Jiu como o Deus
verdadeiro. Porém, ao enfrentar essa crise, eles perderam a fé no
mesmo e deram o primeiro passo em direção ao espiritismo. “ Os espíritos dessas grandes montanhas bloquearam nosso caminho” , decidiram eles. “ Vamos nos ligar a eles por meio de um juramento, a
fim de nos permitirem passar” . Eles entraram, então, em aliança com
os "Maran Buru” (espíritos das grandes montanhas), dizendo: “ Ó,
Maran Buru, se abrirem o caminho para nós, iremos praticar o apaziguamento dos espíritos quando alcançarmos o outro lado” .
Skrefsrud tinha, sem dúvida, achado estranho que o nome santal para espíritos perversos significasse literalmente “ espíritos das
grandes montanhas", especialmente por não existirem grandes montanhas na terra em que os santal habitavam na época. Ele agora
compreendia a razão.
"Pouco depois” , continuou Kolean, “ eles descobriram uma passagem (a Passagem Khyber?) na direção do sol nascente.” Chamaram essa passagem de Bain, que significa “ porta do dia". Assim, os
proto-santal atravessaram para as planícies denominadas, hoje, Paquistão e índia. Migrações subseqüentes os impeliram mais para o
leste, até às regiões fronteiriças entre a índia e a atual Bangladesh,
onde se tornaram o povo santal dos dias de hoje.23
Escravos de seu juramento e não por amor aos Maran Buru, os
santal começaram a praticar o apaziguamento dos espíritos, feitiçaria
e até adoração do sol. Kolean acrescentou: “ No início, não tínhamos
36 - O Fator Melquisedeque
Povos do Deus Remoto - 37
deuses. Os ancestrais antigos só obedeciam a Thakur . Depois de
descobrir outros deuses, fomos nos esquecendo cada vez mais de
Thakur, até que restou apenas o seu nome.
Atualmente alguns dizem” , Kolean continuou, “ que o deus-sol é
Thakur. Assim sendo, quando há cerimônias religiosas... algumas
pessoas olham para o sol...e falam com Thakur. Mas os nossos pais
nos contaram que Thakur é distinto. Ele não pode ser visto com os
olhos da carne, mas tudo vê. Ele criou todas as coisas. Colocou tudo
em seu lugar e sustenta a todos, grandes e pequenos.” 24
Como Skrefsrud respondeu? Alguns missonários, com certeza
responderam em situações semelhantes, dizendo: “ Esqueçam-se
desse ente que julgam ser Deus! Ele só pode ser o diabo! Vou lhes
contar quem é o verdadeiro Deus” . Esse tipo de reação arrogante,
com freqüência, destruiu o potencial de resposta de povos inteiros.
Skrefsrud não pertencia a essa classe. Assim como Abraão
aceitou El Elyon, o nome cananeu dado por Melquisedeque a Deus, e
da mesma forma que Paulo e Barnabé, João e seus sucessores seguiram o caminho aberto pelos filósofos gregos, quando aceitaram os
nomes gregos Logos e Theos como válidos para o Altíssimo, Lars
decidiu também aprender uma lição de Kolean e seus ancestrais. Ele
aceitou Thakur Jiu como o nome de Javé entre os santal.
Skrefsrud não encontrou qualquer elemento de erro ligado ao
nome Thakur Jiu, que pudesse desqualificá-lo. Ele não se achava na
categoria de Zeus, digno de rejeição, mas de Theos/Logos, merecedor de aceitação. Além disso, raciocinou ele, se, como norueguês,
podia chamar o Altíssimo de Gud - cujo nome surgira de um ambiente tão pagão quanto Theos em grego e Deus em fatim - os santaf
tinham então, certamente, direito de chamá-lo Thakur Jiu!
Skrefsrud aceitou o nome! Durante algum tempo, ele achou estranho ouvir de seus próprios lábios a proclamação de Jesus Cristo
como Filho de Thakur Jiui Mas isso só por algumas semanas. Depois, a estranheza se foi. Sem dúvida, deve ter sido igualmente estranho quando alguém afirmou que Jesus Cristo era o Filho de Theos,
ou de God, ou de Gud, ou, finalmente, de Deus\
A aceitação do nome santal para Deus, por parte de Skrefsrud,
fez qualquer diferença? Uma rosa, qualquer seja o nome pelo qual a
chamem, não continua com o mesmo perfume? Num jardim, isso
acontece, mas não na memória! A própria palavra “ rosa” tem o poder
de evocar a reminiscência da cor e do perfume. Substituir o seu nome por cardo não mudará a rosa, mas eliminará a lembrança saudosa
do ouvinte. Durante séculos incontáveis, os filhos dos santal cresceram ouvindo os pais exclamarem em seus jardins ou ao redor do fogo: “ Ó, se apenas nossos antepassados não tivessem cometido 6 3 -
se grave erro conheceríamos Thakur Jiu ainda hoje! Mas do modo
como as coisas estão, perdemos contato com ele. Fomos, provavelmente, postos de lado como um povo indigno e ele não quer mais nada conosco, porque nossos antepassados voltaram-lhe as costas
naquela hora difícil nas montanhas, há tanto tempo atrás!” .
O uso do termo familiar Thakur Jiu, diante de qualquer audiência
santal iria, portanto, evocar inúmeras lembranças, tornando os ouvintes, geralmente, mais contemplativos, curiosos e até mesmo
prontos a corresponder.
Foi exatamente este o efeito que a pregação de Skrefsrud e
Borreson produziu!25 De fato, antes que Skrefsrud e Borreson percebessem o que ocorria, eles se viram literalmente rodeados de milhares de indivíduos do povo santal pedindo que lhes ensinassem como
reconciliar-se com Thakur Jiu através de Jesus Cristo! A possibilidade de ser eliminada a separação entre a sua raça e Thakur Jiu os
empolgou ao máximo!
À medida que o ensino dos interessados causou conversões e
batismos, pastores sérios, em igrejas tradicionais da Europa, logo ficaram espantados com relatórios procedentes da índia, afirmando
que Skrefsrud e Borreson estavam batizando diariamente os santal,
numa média, durante um período, de cerca de 80 indivíduos irradiando alegria!
“ Alguma coisa deve estar errada!” exclamaram certos teólogos
europeus, julgando impossível que os “ pagãos que viveram nas trevas" durante tanto tempo pudessem conhecer o suficiente sobre
Deus e o caminho da salvação para serem convertidos e batizados
tão depressa, através do ministério de Skrefsrud e Borreson, e em
tão grande número! Até mesmo a alegação de oito batismos por dia
teria confundido a mente dos clérigos europeus, a maioria dos quais
teria considerado a média de um batismo por semana como prova de
que a bênção de Deus se derramara poderosamente sobre o seu ministério!
Oitenta batismos por dia significavam, porém, que as jovens
igrejas santal na “ índia Hindu” estavam crescendo 500 vezes mais
depressa do que a maioria das igrejas na “ Europa Cristã” ! Os cristãos que protestaram durante longo tempo, afirmando que as missões
para a Ásia seriam absolutamente inúteis, em vista dos asiáticos serem obstinados em seus pontos de vista e não poderem, de forma alguma, compreender o evangelho, ficaram atônitos. Skrefsrud e Borreson, toda vez que voltavam à Europa para fazer palestras nas
igrejas, eram constantemente saudados como heróis da fé por milhares de cristãos comuns que, ouvindo falar da conversão dos santal,
viajavam grandes distâncias para ouvir os dois homens. O resultado
38-0 Fator Melquisedeque
Povos do Deus Remoto - 39
foi um grande reavivamento da vida espiritual em muitas igrejas da
Europa. Alternando com essas explosões gratificantes do aplauso
público, comitês de clérigos carrancudos reuniram-se para interrogar
Skrefsrud e Borreson respectivamente. Eles se sentiam obrigados a
duvidar da profundidade da reação dos santal, pensando talvez que o
sucesso surpreendente de Skrefsrud e Borreson entre os “ pagãos”
viesse a ter um reflexo negativo sobre os seus próprios ministérios
laboriosos na “ Europa iluminada” .
Enquanto isso, na fronteira entre os santal e a índia, os cristãos
santal continuaram a manifestar o caráter cristão e provaram seu
fervor ao divulgarem corajosamente o evangelho entre o seu povo.
Skrefsrud contou 15.000 batismos durante os seus anos na índia. No
decorrer desse período, ele traduziu grande parte da Bíblia para a
língua santal, compilou uma gramática e um dicionário santal, registrou inúmeras tradições desse povo para a posteridade e persuadiu o
governo colonial a aprovar leis protegendo a minoria santal da exploração impiedosa de seus vizinhos hindus.
Surpresos com o tamanho da colheita que haviam iniciado,
Skrefsrud, Borreson e suas esposas enviaram um pedido de SOCORRO! Outros missonários apressaram-se a socorrê-los, a fim de
ceifar a colheita santal que amadurecia velozmente; e depois de poucas décadas, mais 85.000 crentes foram batizados pela missão santal de Skrefsrud. A essa altura, grupos batistas e outros haviam corrido para colocar seus marcos de propriedade ao longo do filão santal, sendo responsáveis por várias dezenas de milhares de novos
cristãos!
A história dos santal é apenas uma entre centenas de casos em
que povos inteiros do mundo não-cristão demonstraram maior entusiasmo em receber o evangelho do que nós, cristãos, mostramos em
enviá-lo a eles.
O comentário feito por Kolean a Skrefsrud sobre os adoradores
do sol entre os santal, mesclando o nome de Thakur Jiu com a sua
adoração do sol é instrutivo. Da mesma forma que o rei de Sodoma
tentou insinuar-se na vida de Abraão, os adoradores do sol ou idólatras podem algumas vezes tentar obter maior prestígio em seus rituais, associando a eles o nome de Deus. Os que praticam o ocultismo
fazem ocasionalmente o mesmo com os nomes europeus para o Altíssimo, tais como: God, Gott, ou Gud. Os pesquisadores que investigaram apenas o ritual cúltico de qualquer determinada sociedade
poderão passar por sobre o ponto de vista muito diferente dos membros mais perspicazes de uma cultura, como aconteceu com Kolean
entre os santal. Na ausência desse conceito, um estranho poderia
facilmente chegar à conclusão errada de que Thakur Jiu era o nome
de um deus-sol santal.
Vejamos outro caso: Huascar, décimo-segundo rei do império
inca (Pachacuti foi o nono), mandou erigir um ídolo de ouro numa ilha
no lago Titicaca e chamou-o de Viracocha-lnti!26
A múmia de Pachacuti deve ter gemido em sua cripta!
O nome do deus grego Zeus é outro exemplo. Compare Zeucom Theos e Deus na coluna seguinte:
Zeus
Qeos (usando a consoante grega theta em lugar de “ th” )
Deus
Não é necessário um diploma de lingüística para enxergar que
os três nomes procedem de uma única raiz lingüística. Os três começam com consoantes — Z, ©, e D - - que exigem que a ponta da
língua esteja entre os dentes ou imediatamente por trás deles. Os
três nomes destacam o que os lingüistas chamam de “ vogal e média,
aberta, no segundo espaço. O terceiro espaço nos três nomes contém as vogais o ou u “ posteriores fechadas” . E os três nomes preenchem o quarto espaço com a sibilante s. Em último lugar, os três
compartilham de um sentido semelhante. Vamos, agora, reconstruir
teoricamente a história provável desses três termos.
No princípio, antes do grego e do latim se diferenciarem como
línguas distintas, havia um vocábulo original - talvez Deos - que era
um nome pessoal para o Todo-poderoso. Mais tarde, à medida que as
várias seitas inventaram deuses menores e lhes deram nomes pessoais, cada seita afirmou que seu deus era, na verdade, Deos. Como
resultado, na ocasião em que as mudanças de pronúncia levaram
“ Deos” a se tornar “ Deus” em uma região e “ Geos” em outra, os
três termos se haviam generalizado de forma a significar “ deus” em
lugar de “ Deus” .
Exemplo: As esponjas de aço apareceram pela primeira vez sob
a marca "Bom -Bril” . Quando as empresas concorrentes produziram
outras marcas de esponjas desse tipo, a palavra “ Bom-Bril” estava
tão indelevelmente associada com as esponjas de aço que o público
também chamava os produtos concorrentes de “ Bom-Bril” . Em outras
palavras, “ Bom-Bril” tornara-se “ bom-bril” , assim como “ Deus” tornou-se “ deus".
Filósofos como Xenofonte, Platão e Aristóteles tentaram, com
efeito, inverter a tendência para a generalização, voltando ao uso
original de theos como um nome pessoal. O resultado? Tanto o sentido específico original como o geral passaram a coexistir.
Zeus, como uma terceira variação do Deos original, conseguiu
evitar a generalização, sobrevivendo como um nome pessoal específico. De fato, Epimênides usou Zeus como nome pessoal do Todo40 - O Fator Melquisedeque
Povos do Deus Remoto - 41
poderoso em outra parte do mesmo poema, citado pelo apóstolo
Paulo em Tito 1.12! Porém, um destino diferente e muito mais sério
sobreveio à variante Zeus.
Os teólogos gregos, manipulando, através dos séculos, o nome
pessoal do Todo-poderoso (Zeus), introduziram gradualmente significados inconsistentes com o conceito original. Eles decidiram, por
exemplo, afirmar que Zeus fora gerado por dois outros seres - Kronos e Rhea. Uma vez que os teólogos induziram os adoradores a
aceitarem a sua revisão, o nome Zeus não mais designava um Criador incriado. Na ausência de um número suficiente de "koleans” para
defender o conceito original, “ Zeus” morreu como um nome válido
para Deus. Esse termo uma vez profundo prosseguiu, tornando-se,
porém, tão incrustado de erros que nem sequer um Platão ou Aristóteles puderam resgatá-lo. Eles tiveram simplesmente de passar por
ele, favorecendo Theos. O mesmo fizeram os tradutores judeus e os
apóstolos cristãos.
Do mesmo modo, quase no exato momento em que o Cristianismo nasceu, os “ mudadores de significado” teológicos tentaram insinuar novos sentidos tendenciosos nos termos cristãos. Os grandes
concflios teológicos dos Pais da Igreja podem ser tidos como uma
lentativa de impedir que os termos cristãos importantes sofressem o
mesmo destino de palavras antes elevadas, como Zeus, tinham sofrido.
Uma das surpreendentes características deste “ deus dos céus”
benigno e onipotente, de muitas religiões populares da humanidade, é
sua tendência de identificar-se com o Deus do Cristianismo! Esse
"deus dos céus” , embora considerado pela maioria das religiões populares como remoto e praticamente inatingível, tende a aproximar-se
e falar às pessoas religiosas sempre que - sem que elas mesmo o
saibam - estão prestes a encontrar emissários do Deus cristão!
E o que o “ deus dos céus” diz nessas ocasiões? Ele se vangloria e se encoleriza invejosamente contra o Deus do cristianismo, como uma divindade estrangeira usurpadora? Pressiona seus seguidores a rejeitarem fanaticamente o evangelho do intruso? Longe disso!
I m centenas de casos, atestados por literalmente milhares de religiosos em todo o mundo, o Deus dos céus faz exatamente o que El
I lyon fez através de Melquisedeque. Ele reconhece alegremente como sendo seus os mensageiros de Javé que se aproximam! Toma
cuidado para esclarecer perfeitamente que Ele é justamente o próprio
Deus que esses estrangeiros especiais proclamam!
Tem-se a indiscutível impressão de que o Deus dos Céus queria comunicar-se com pessoas de várias religiões populares todo o
tempo, mas por suas próprias razões misteriosas manteve uma política de restrição até a chegada do testemunho de Javé!
Esta é, com certeza, uma poderosa evidência extra-bíblica da
autenticidade da Bíblia como revelação do Deus verdadeiro e universal! Ela é também, como veremos mais tarde, a principal razão, a nível humano, para a aceitação fenomenal do cristianismo entre pessoas de muitas religiões populares diferentes em todo o mundo. Além
do mais, passagem após passagem das Escrituras têm testemunhado, no decorrer dos séculos, que o nosso Deus não se deixou sem
testemunho - em separado da pregação do evangelho (veja por
exemplo, At 14.16-17 e Rm 1.19-20 e 2.14-15). Esse testemunho,
embora diferente na espécie e qualidade do testemunho bíblico -
continua sendo mesmo assim uma evidência dEle!
Como é então trágico a verdade de que os cristãos em geral
não sabem praticamente nada sobre este fenômeno mundial de pressuposição monoteísta, subjacente à maioria das religiões populares
da terra! Muitos teólogos e até alguns missionários, cujos ministérios
foram tremendamente facilitados pelo fenômeno, nervosamente empurraram para um canto escondido esta evidência que serve para
clarear a mente.
Por que? Se você pertence a uma tradição que vem ensinando
aos cristãos, há séculos, que o resto do mundo se acha em total escuridão e nada sabe sobre Deus, fica um tanto embaraçoso dizer:
“ Estávamos errados. Na verdade, mais de 90 por cento das religiões
populares do mundo reconhecem pelo menos a existência de Deus.
Algumas até consideram s'eu interesse redentor pela humanidade” .
A declaração feita pelo apóstolo João de que o mundo jaz no
maligno (veja 1 Jo 5.19), deve ser combinada com o reconhecimento
do apóstolo Paulo de que Deus não se deixou ficar sem testemunho.
Pois esse testemunho penetrou nas trevas da impiedade em quase
toda parte, até certo ponto.
Nas palavras do apóstolo João, "a luz resplandece nas trevas,
e as trevas não prevaleceram contra ela” (Jo 1.5). João especificou
ainda que a "luz” descrita por ele é “ a verdadeira luz que, vinda ao
mundo, ilumina a todo o homem” (1.9, grifo acrescentado).
Mas, por que os missionários que passaram pela mesma experiência do fenômeno do deus dos céus procuram ocultar a mesma?
Talvez por julgarem que alguém pudesse dizer em seu país: “ Vejam!
Eles já acreditavam em Deus! Você não precisava convertê-los, afinal de contas!” Evitar a objeção era mais fácil do que confrontá-la -
embora não seja difícil de contestar! Então, eles simplesmente comunicaram outras informações importantes aos que os mantinham na
missão.
42 - O Fator Melquisedeque
Povos do Deus Remoto - 43
Outros missionários, treinados por teólogos que menosprezavam o fenômeno, ficaram assim mentalmente condicionados a ignorar
a evidência, ainda antes de tê-la encontrado! Ou talvez se surpreendessem com ela, mas se sentissem relutantes em mencioná-la para
que seus próprios professores não viessem a duvidar de sua ortodoxia.
Dois ou três teólogos proeminentes, quando começaram a ouvir
relatos de segunda ou terceira mão sobre um reconhecimento quase
universal de um Deus Supremo, entre as religiões populares ao redor
do mundo, chegaram precipitadamente a uma conclusão infeliz: A
singularidade da Bíblia, como a única auto-revelação de Deus ao homem, estava sendo ameaçada, segundo eles. Alguns evolucionistas,
compreendendo que não seria proveitoso para sua causa se os teólogos começassem a divulgar o fenômeno do deus dos céus, astuciosamente os instigaram a rejeitar o fenômeno, insinuando que ele
provava que a Bíblia não era única. Os teólogos responderam com
pouca sabedoria, rejeitando o fenômeno do deus dos céus como inconseqüente. Por sua vez, eles persuadiram gerações de alunos a
adotarem a mesma postura defensiva. Desde então, certos teólogos
tornaram parte de sua carreira desacreditar crenças paralelas à Bíblia nas religiões populares como “ distorções” ou “ falsidades satânicas” .
Naturalmente, é verdade que contrafações espirituais, falsidades e distorções foram de fato introduzidas no mundo. É também
possível que os mensageiros do evangelho sejam desviados por
elas, assim como é igualmente possível que uma abelha, zumbindo
em meio às flores, caia, por engano, nas garras de uma planta carnívora. Mas as abelhas não deixam de colher o néctar com medo das
plantas carnívoras, ou das teias de aranhas ou dos insetos louvadeus.
A seguir, vemos dois exemplos de plantas carnívoras fazendo o
papel de "flores” em nosso “ campo” , como Jesus chamou repetidamente este mundo. Os missionários fazem bem em evitar tais coisas
e os teólogos nos advertem corretamente contra elas.
1. Os hindus esperam o que chamam “ a décima encarnação de
Vishnu” . Um jovem missionário na índia, desesperado em obter a
atenção dos hindus, simplesmente decidiu proclamar Jesus desse
modo - a décima encarnação de Vishnu! Ele estava certamente sendo insincero ao afirmar tal coisa. Os teólogos conservadores agitam
os braços, como um juiz de futebol, e gritam “ louco!” , quando ficam
sabendo de uma abordagem tão comprometedora na comunicação
transcultural.
Porém, eles não devem, logo a seguir, argumentar com base
nesse único exemplo, que o ponto de vista de outras culturas é basicamente irrelevante quando nos aproximamos delas com o evangelho. Esse tipo de dedução é um exemplo de atitude precipitada.
Permanece o fato de que a crença indiana na possibilidade de
um deus encarnar-se entre os homens, torna-nos mais compreensivos quando conversamos com eles sobre “ o Verbo que se fez carne
e habitou entre nós” - não em ocasiões sucessivas, mas de uma vez
por todas!
2. Alguns budistas, do mesmo modo, esperam uma quinta manifestação de Buda como Phra-Ariya-Metrai, o “ senhor misericordioso” . Seria errado e fútil reduzir o Filho de Deus, encarnado uma vez
por todas, a uma simples “ quinta manifestação” de quem quer que
seja. No entanto, o reconhecimento dos budistas de que o homem
precisa de misericórdia administrada por um poder além de si mesmo, permanece como um ponto de contato latente.
O testemunho entre as religiões populares relativo à existência
do Deus Supremo tende, entretanto, a constituir uma categoria muito
diferente das acima citadas. Apresentamos a seguir duas ilustrações.
Uma delas vem do livro de Harold Fuller, Run While the Sun is
Hot ( “ Corra Enquanto o Sol Está Quente” ), com detalhes acrescentados e extraídos da obra de Albert Brant, ainda não publicada, In the
Footsteps of the Flock (“ Nos Passos do Rebanho” ). A outra faz parte
de uma entrevista pessoal com o Dr. Eugene Rosenau, virtual cidadão da República Centro-Africana.
O Povo Gedeo da Etiópia
Nos recessos da região montanhosa da Etiópia, na parte centro-sul, vivem vários milhões de cafeicultores que, embora divididos
em diversas tribos, compartilham uma crença comum num ser benévolo chamado Magano - Criador onipotente de tudo quanto existe.
Uma dessas tribos é chamada de Darassa ou, mais acuradamente,
de povo gedeo. Na verdade, bem poucos membros da tribo gedeo,
cerca de meio milhão de membros, oravam a Magano. Com efeito, um
observador casual descobriria que o povo estava mais preocupado
em apaziguar um ser maligno, a quem dava o nome de Sheifan.
Certo dia, Albert Brant perguntou a um grupo de gedeos: “ Vocês
consideram Magano com tanta reverência, mas no entanto rendem
sacrifícios a Sheit'an; por que isso? Ele recebeu a seguinte resposta:
"Sacrificamos a Sheifan, não porque o amemos, mas simplesmente
por não termos comunhão suficiente com Magano para que nos
afastemos de Sheifan!
Todavia, pelo menos um homem gedeo procurou uma resposta
44 - O Fator Melquisedeque
Povos do Deus Remoto - 45
pessoal de Magano. Seu nome - Warrasa Wange. Sua posição - parente da “ famflia real” da tribo gedeo. Seu domicílio - uma cidade de
nome Dilla, situada na parte mais remota das terras da tribo gedeo.
Seu método de abordagem a Magano - uma oração simples, pedindolhe que Se revelasse ao povo gedeo!
Warrasa Wange obteve uma pronta resposta. Visões surpreendentes começaram a surgir em seu cérebro de uma hora para outra.
Ele viu dois homens brancos. (Os que sofrem de “ caucasofobia” -
pessoas que não gostam ou temem os “ brancos” , geralmente chachamados “ caucasianos” - irão objetar, mas o que posso fazer? A
história não deve ter previsto o pendor atual para a caucasofobia!)
Warrasa viu os abrigos frágeis erigidos pelos dois brancos, sob
a sombra de um grande sicômoro, perto de Dilla, cidade de Warrasa.
Mais tarde, eles construíram estruturas mais permanentes, com tetos
brilhantes. Essas estruturas, finalmente pontilharam toda uma ladeira! O sonhador jamais vira as estruturas temporárias frágeis nem as
permanentes, de telhado brilhante. Todas as habitações na terra dos
gedeos tinham telhado de capim.
Então, ele ouviu uma voz. “ Esses homens” , disse ela, “ trarão a
você uma mensagem de Magano, o Deus que você procura. Espere
por eles” .
Na cena final de sua visão, Warrasa viu-se removendo a estaca
central de sua própria casa. No simbolismo gedeo, essa estaca central representa a própria vida do homem. Ele levou a seguir a estaca
e fixou-a no solo junto a uma das habitações de telhado brilhante dos
estranhos.
Warrasa compreendeu a implicação - a sua vida iria identificarse mais tarde com a dos estrangeiros, com a sua mensagem e com
Magano que os enviaria.
Warrasa esperou. Oito anos se passaram. Durante esses oito
anos vários adivinhos entre os gedeos profetizaram que estranhos
logo chegariam trazendo uma mensagem de Magano.
Num dia muito quente, em dezembro de 1948, o canadense de
olhos azuis, Albert Brant, e seu colega, Glen Cain, surgiram no horizonte num velho caminhão. A missão deles era dar início ao trabalho
missionário, para a glória de Deus, entre o povo gedeo. Eles haviam
esperado permissão do governo etíope para estabelecer sua nova
missão bem no centro da região dos gedeos, mas os etíopes amigos
da missão avisaram que tal pedido seria certamente recusado devido
ao clima político existente na ocasião.
“ Peçam para ir apenas até a cidade de Dilla” , disseram os conselheiros com uma piscadela. “ Ela fica bem distante do centro da tribo. Os que se opõem à sua missão vão achar que não poderiam de
forma alguma influenciar a tribo inteira a partir dessa cidade na periferia!"
“ Lá está ela” , exclamou Brant para Cain. “ Fica bem na extremidade da população gedeo, mas tem de servir.”
Com um suspiro, ele dirigiu o velho caminhão para Dilla. Glen
Cain limpou o suor da testa. “ Que calor, Albert” , disse ele. “ Espero
encontrar uma boa sombra para as nossas tendas!”
Olhe aquele velho sicômoro!” respondeu Albert. "Parece encomendado para nós!”
Brant virou o veículo, subindo uma lombada, em segunda, para
chegar à árvore. Warrasa Wange ouviu o som do carro à distância.
Ele se voltou justamente a tempo de ver o velho caminhão de Brant
parar sob os ramos estendidos da árvore. Devagar, Warrasa seguiu
para onde estava o caminhão, refletindo...
Três décadas mais tarde, Warrasa (agora um crente radiante
em Jesus Cristo, Filho de Magano), junto com Albert Brant e outros,
contaram mais de 200 igrejas entre o povo gedeo - igrejas com uma
média acima de 200 membros cada! Com a ajuda de Warrasa e outros habitantes de Dilla, quase toda a tribo gedeo foi influenciada pelo
evangelho - apesar da localização periférica de Dilla!
Os Mbaka da República Centro-Africana
O que aconteceu entre o povo gedeo não é, de maneira alguma,
um incidente isolado. Por incrível que pareça, literalmente milhares
de missionários cristãos através da história ficaram surpresos com
as boas-vindas exuberantes de alguns povos mais remotos! Pessoas
que não conseguiriam ler um jornal, nem mesmo se ele fosse atirado
à sua porta, previram a chegada dos mensageiros do Deus verdadeiro com tanto conhecimento como se tivessem acabado de ler sobre
eles no noticiário matutino! Porém, geralmente o “ deus dos céus” -
como os antropólogos costumam designá-lo - não revelava o tipo de
boas notícias que seus mensageiros transmitiriam. Ele prefereria dizer apenas que estavam para chegar. Eis o motivo pelo qual a história de Koro vem a ser uma exceção estonteante!
Koro? O Criador, como é chamado em várias línguas banto da
África. E uma tribo banto - os Mbaka - chegaram talvez mais perto
do que qualquer outro povo da terra a prever não apenas a chegada
de uma mensagem de Koro, mas até mesmo da parte de seu conteúdo!
Os Mbaka vivem perto da cidade de Sibyut na República Centro-Africana. O missionário Eugene Rosenau, Ph.D., costumava ouvir
atônito quando os homens da tribo Mbaka, especialmente os da al46 - O Fator Melquisedeque
Povos do Deus Remoto - 47
deia Yablangba, explicavam porque haviam respondido com tanta
prontidão ao evangelho quando o pai de Eugene, Ferdinand Rosenau,
e seus colegas batistas o pregaram pela primeira vez entre os mbaka, em princípios da década de 20.
Certo dia, Eugene, profundamente comovido, exclamou: “ Os
seus ancestrais mbaka estavam mais perto da verdade do que meus
antepassados germânicos ao norte da Europa!” Seguem-se alguns
comentários dos membros da tribo mbaka, que me foram transmitidos
de Mbakaland pelo próprio Eugene Rosenau.
“ Koro, o Criador, enviou uma mensagem a nossos antepassados há muito tempo atrás, dizendo que Ele já mandara seu Filho para
realizar uma coisa maravilhosa em favor de toda a humanidade. Mais
tarde, porém, nossos ancestrais afastaram-se da verdade sobre o
Filho de Koro. Com o tempo, eles até esqueceram o que Ele havia
leito pela humanidade. Desde a época do “ esquecimento” , gerações
sucessivas de nosso povo desejaram descobrir a verdade sobre o
Filho de Koro. Mas tudo o que pudemos saber foi que mensageiros finalmente viriam para repetir esse conhecimento esquecido. De alguma forma, sabíamos também que os mensageiros seriam provavelmente brancos...”
(Os que sofrem de caucasofobia podem relaxar! Desta vez a
cor branca era apenas uma probabilidade!)
“ ...Em qualquer caso, resolvemos que, à chegada dos mensageiros de Koro, todos nós lhe daríamos as boas-vindas e creríamos
na sua mensagem!”
Ferdinand Rosenau descobriu, além disso, que os homens de
uma certa aldeia chamada Yablangba eram considerados “ guardadores das tradições de Koro” - uma espécie de clã levítico dentro da
tribo. Como, então, eles responderam ao evangelho?
O povo mbaka em Yablangba, reagiu tão positivamente ao
evangelho, conta Eugene, que cerca da década de 50 alguém fez
uma importante descoberta - 75 a 90 por cento de todos os pastores
africanos, treinados por Eugene e seus colegas, eram dessa mesma
yrande aldeia - Yablangba! A porcentagem foi depois alterada, à medida que outros povos da República Centro-Africana, que responderam, passaram a contribuir com sua quota de líderes, a maioria dos
quais foi naturalmente orientada pelos primeiros pastores de Yablangba.
Até mesmo os “ ritos de passagem” tribais entre os mbaka, diz
I ugene, mostram paralelos judeu-cristãos. Primeiro, os anciãos ofereciam um sacrifício de sangue pelos iniciados. A seguir, batizavamnos por imersão num rio. Durante vários dias após o batismo, o iniciado deveria comportar-se como uma criança recém-nascida! De
acordo com o simbolismo, não lhe era permitido falar.
Toda vez que um indivíduo mbaka tropeçava numa pedra, ele se
voltava e ungia o objeto ofensor. A seguir, dizia à mesma: “ Fale, pedra, Koro usou você para guardar-me do perigo ou do mal?”
Eugene vê um estranho paralelo entre esse costume e a metáfora bíblica de Jesus Cristo como uma “ pedra de tropeço” e uma “ rocha de ofensa” . Porém, Ele representa isso apenas para os homens
que não reconhecem que Deus busca guardá-los do perigo e do mal
através de Jesus! Os mbaka, por sua parte, estão prontos a reconhecer a bênção de Koro, até mesmo quando ela vem disfarçada numa pedra de tropeço que fere o seu pé!
Eugene lembra uma época, anos antes, quando missionários
mais jovens, encantados com histórias desse tipo das tradições
mbaka, disseram que gostariam de ter “ mais tempo para estudar a
cultura". Um missionário mais velho objetou: “ Não se estuda o inferno. Pregamos o céu!”
O “ inferno” acha-se admitidamente presente em toda sociedade
humana. Selvagens “ nobres” são tão raros quanto nobres civilizados. O mesmo homem que unge a pedra, hoje, pode cometer homicídio amanhã. Admitimos também que jamais devemos permitir que
nosso fascínio por qualquer situação humana nos absorva tanto que
deixemos de “ pregar o céu” .
Não obstante, parece claro que o “ inferno” não teve prioridade
no desenvolvimento da cultura mbaka, pois alguma influência celestial se faz sentir. Quem quer que desejasse pregar sinceramente o
céu aos mbaka não erraria se primeiro estudasse a influência que
este já exercera sobre o mundo deles!
Do mesmo modo que aceitamos prontamente um estranho, caso
primeiramente ele tenha sido recomendado por alguém que conhecemos e em quem confiamos, os mbaka também receberam alegremente o evangelho por ter-lhes sido recomendado por alguém que
conheciam e em quem confiavam - sua própria tradição sobre Koro!
Por essas razões, proponho que estes aspectos particulares da
tradição mbaka sejam descritos como “ redentores". (Nota: “ redentores” e não “ salvadores” ! “ Redimir” significaria que o povo mbaka
poderia entrar em comunhão com Deus através de suas próprias tradições, em separado do evangelho. “ Redentor” , neste contexto, significa “ contribuir para a redenção de um povo, mas sem culminá-la.” )
“ A tradição redentora” contribui para a redenção de um povo,
apenas por facilitar sua compreensão do sentido dessa redenção.
A tradição redentora dos mbaka levou-os a considerar o evangelho como algo precioso e não como uma coisa imposta arbitraria48-0 Fator Melquisedeque
Povos do Deus Remoto - 49
mente por um estrangeiro. Esse mesmo evangelho não se ajustava
somente às exigências de Koro como um Deus justo, mas também às
suas próprias necessidades como homens e mulheres pecadores. O
lato de o evangelho fazer isto de modo a cumprir, em vez de anular,
este núcleo “ redentor" da tradição mbaka torna o evangelho único,
em lugar de diminuí-lo! Essa singularidade aumenta muitíssimo quando percebemos que o mesmo evangelho também cumpre os componentes redentores de milhares de outras culturas!
Nenhuma outra mensagem da terra já possui um alicerce lançado para a mesma nos sistemas de fé de milhares de sociedades humanas completamente diversas!
Como é lamentável que alguns teólogos tenham julgado que a
singularidade do evangelho estivesse sendo ameaçada por essas
tradições, quando na verdade elas a acentuavam! É igualmente digno
de lástima que nos ensinassem a condenar as mesmas, considerando-as “ falsas” ou “ distorcidas” . Este tipo de ensino levou alguns
cristãos - incluindo certos missionários - a se mostrarem muito defensivos e até ofensivos para com os não-cristãos. Instigou-os a ver
as semelhanças com o cristianismo em outras culturas com barreiras
ao evangelho, em vez de umbrais com a inscrição “ bem-vindos"!
Uma outra pergunta: E se os convertidos de um determinado
povo, depois de receberem o evangelho, com a sua compreensão facilitada por suas próprias tradições, se desencantarem posteriormente do mesmo? E se voltarem às suas tradições e fizerem delas
um fim em si mesmas? E se construírem uma seita em volta delas,
competindo com as igrejas de Cristo? Devemos dizer então: “ Ah! Isto
prova que as tradições deles eram do diabo todo o tempo!”
Absolutamente não! Se uma mulher estraga a navalha do marido
cortando algum objeto, isso significa que ele não deveria ter uma navalha desdeo começo? O mau uso subseqüente não invalida o propósito para o qual a navalha foi fabricada. Antes de desacreditar a tradição ou culpar as pessoas pelos seus atos, devemos fazer primeiro
indagações quanto ao seguinte.
Em nossa apropriação do folclore, deixamos muitas perguntas
sem resposta? Ou, quem sabe, missionários da segunda ou terceira
geração tivessem falhado em apreciar a metodologia transcultural
dos pioneiros ousados que fizeram os primeiros contatos com o povo
em sua área? Certas vezes, quando visito campos missionários,
descubro que os obreiros que continuam o trabalho começado por
outros nem sequer pensaram em inquirir sobre o tipo de comunicação
que seus predecessores consideravam eficaz. Se esses sucessores
tomarem muitas coisas como certas, eles talvez ofendam desnecessariamente os jovens convertidos, afastando-os das igrejas cristãs.
Desse modo, quando esses convertidos procuram encher o vazio em
suas vidas, coríirmando as antigas tradições, que sabem instintivamente estarem íe alguma forma ligadas ao evangelho, o seu folclore
pode ser injustamente rotulado de “ arma satânica usada para iludir
jovens converticos” .
Uma outra pergunta: não é humilhante para povos como os gedeos ou os mba^a terem conhecimento sobre Magano/Koro e serem
obrigados a aguardar séculos até que estrangeiros de alguma outra
parte do mundo resolvam que “ talvez esteja na hora de ir e contarlhes como podem conhecê-IO pessoalmente?”
A resposta é, acima de tudo, sim! Povos como os gedeos ou os
mbaka várias vezes deixaram os missionários embaraçados, perguntando: "O seu tataravô conhecia os caminhos de Deus? Sabia?
Então, por que não veio e ensinou meu tataravô?!"
Mas uma resposta mais completa exige também o seguinte comentário: Pense na pessoa mais presunçosa e arrogante que conhece (não inclua você mesmo). Agora pergunte: Que denominador comum esconde-se por trás desse conceito e dessa arrogância? Esse
denominador comum é invariavelmente uma ilusão de independência
- uma confiança irreal em nossa capacidade de forjar nosso próprio
destino.
Se entre os presunçosos você encontrar alguém que julga
agradar até mesmo a Deus - é certo que se trata do mais arrogante
de todos! Não nos surpreende então que a resposta divina à arrogância humana seja declarar-nos todos dependentes! Essa dependência não está ligada às nossas boas obras” mas à boa obra de seu
Filho no Calvário! Isto não nos deixa qualquer base para a vaidade!
Porém, Deus parece ter avançado ainda mais...
Além de nos tornar dependentes de seu Filho para salvação,
Ele também nos reduziu à dependência de nosso semelhante para
receber as notícias dessa salvação! Jesus não publicou qualquer livro. De fato, Ele não nos deixou uma única letra de próprio punho!
Também não designou anjos em nossa era para pregarem o evangelho, em lugar de homens ou em colaboração com eles!
Se tivesse acrescentado anjos à sua força-tarefa de comunicação, você já pode advinhar o que teria ocorrido - as igrejas fundadas
através do m in isté rio de anjos iriam proclamar sua superioridade sobre as im plantadas pelo ministério de simples homens (ou vice-versa)!
Na plano de Deus, entretanto, as coisas tendem a funcionar de
modo a não d a r rnargem para o orgulho humano! “ Deus resiste aos
soberbos, contudc» aos humildes concede a sua graça” (1 Pe 5.5).
Se, portanto, o / udeu mostrar humildade quando um samaritano
50 - O Fator Melquisedeque
Povos do Deus Remoto - 51
lhe der uma lição espiritual, Deus irá alegremente providenciar uma
situação de ensino adequada! (Veja Lc 10.25-37; 17.11-17.) Da mesma forma, Deus humilha algumas vezes os arrogantes europeus
transmitindo-lhes sua verdade através de irmãos mulatos ou pretos
da Ásia ou África. De modo inverso, talvez seja melhor para a alma
de um liberal rancoroso, se encontrar o caminho da verdadeira libertação por meio de um membro da raça dominante odiada!
Com esses princípios em mente, prefiro não questionar o método divino de fazer uso de mensageiros improváveis para alcançar vários povos. Espero confiante que Ele continue a empregar mensageiros que façam levantar as sobrancelhas de pelo menos alguém.
Vejamos agora outros exemplos de povos preparados.
Os Chineses e os Coreanos
Os chineses o chamam de Shang Ti - o Senhor do Céu.
Alguns eruditos fazem especulações a respeito de Shang Ti poder talvez relacionar-se lingüisticamente ao termo hebraico Shaddai,
como em El Shaddai, o Todo-poderoso,
Na Coréia ele é conhecido como Hananim - O Grande.
A crença em Shang Ti/Hananim é anterior ao confucionismo
taoísmo e budismo, não se sabe por quantos séculos. De fato,
segundo a Encyclopedia of Religion and Ethics (“ Enciclopédia de
Religião e Ética” (vol 6, p. 272), a primeira referência a qualquer tipo
de crença religiosa na história chinesa especifica apenas Shang Ti
como o único objeto dessa fé. A antigüidade da referência em questão: cerca de 2.600 anos antes de Cristo! Isso significa mais de dois
mil anos antes que o confucionismo ou qualquer outra religião estabelecida surgisse na China!
Os adoradores em toda a China e Coréia parecem ter compreendido, desde o início, que Shang Ti/Hananim jamais deveria ser representado por ídolos. O povo chinês, por sua parte, parece ter homenageado Shan Ti livremente até o começo da Dinastia (1066-770
a.C.). Nessa época, os líderes religiosos chineses, desejosos de
enfatizar a majestade e santidade de Shang Ti, gradualmente perderam de vista seu amor e misericórdia para com os homens. Eles logo
limitaram de tal modo a fé que apenas o imperador foi considerado
"suficientemente bom” para adorar Shang Ti - e isso somente uma
vez por ano!
O povo comum, a partir desse período, ficou proibido de render
culto diretamente ao Criador. Foi-lhe dito que o Pai Imperador tomaria
conta de tudo.
Paralelos trágicos ligam esta antiga política chinesa com a de
cisão do inca Pachacuti de restringir às classes altas o privilégio de
adorar Viracocha. A decisão de Pachacuti não só deixou as massas
sem Viracocha, como também deixou Viracocha sem seguidores entre os incas, uma vez que os invasores exterminaram a nobreza inca.
Da mesma forma, a política imperial chinesa não deixou apenas as
massas sem Shang Ti, mas também Shang Ti virtualmente sem
adeptos entre os chineses devido ao que se seguiu.
Impedir que o povo obedecesse a Shang Ti, como era de seu
costume, criou um vácuo espiritual na China. Esse vácuo não poderia perdurar muito tempo sem que alguma coisa se apressasse a preenchê-lo. Apenas três séculos depois do fim da Dinastia Chu, três
religiões inteiramente novas materializaram-se do nada e precipitaram-se para preencher esse vazio.
A primeira, o confucionismo, começou ensinando as massas a
limitarem a devoção religiosa à adoração dos ancestrais dando prioridade ao desenvolvimento de uma sociedade melhor aqui na terra!
Não se importem com Shang Ti, aconselhou Confúcio. Ele está distante; é inacessível ao povo comum. Deixem-no para o imperador,
que é o único que pode interceder por vocês! Em outras palavras, o
confucionismo simplesmente tentou construir uma estrutura humanista em torno do status quo\ A adoração dos ancestrais foi uma espécie de calmante usado para tranqüilizar o instinto religioso do homem e não para satisfazê-lo.
Favorecido pela classe dominante por razões óbvias, o confucionismo começou a ganhar terreno. Os ensinos de Confúcio não podiam, no entanto, satisfazer o instinto religioso da grande maioria dos
chineses. O resultado foi o aparecimento do taoísmo como uma suposta alternativa popular ao confucionismo.
A solução do taoísmo para a fome que devorava o coração dos
chineses era uma mistura de magia, filosofia e misticismo. Os taoístas ridicularizavam a busca de Confúcio de uma sociedade humana
ideal. A ordem do universo, declararam os taoístas, favorece firmemente o status quo e resistiria obstinadamente a todas as tentativas
de modificá-lo!
O taoísmo também começou a ganhar terreno, mas a fome continuou. Então surgiu, da índia, por sobre o Himalaia, uma nova religião chamada budismo! Parece incrível que o budismo pudesse ser
bem recebido na China, pois enfatiza o celibato. Nada poderia ser
mais abominável para os chineses com sua idealização exagerada do
casamento e procriação! Todavia, o budismo obteve rapidamente
amplo apoio popular e finalmente prevaleceu sobre o confucionismo e
taoísmo como a religião predominante da China.27
Qual a razão do sucesso do budismo?
52 - O Fator Melquisedeque
Povos do Deus Remoto - 53
Primeiro, os mestres budistas evitavam o confronto com os
i.ostumes indígenas contrários. Eles mudavam ou adaptavam consiuntemente suas doutrinas para torná-las aceitáveis aos chineses. O
hudismo simplesmente dissolveu-se na sociedade chinesa como a
manteiga quente no pão fresco. Para a maioria teimosa, que rejeitava
o celibato, os sacerdotes budistas inventaram solicitamente outras
maneiras pelas quais os chineses casados conseguiam obter pontos
#m sua busca do Nirvana.
A razão principal para a aceitação do budismo por parte de milhares de chineses foi muito direta - o budismo mostrou-se disposto
a fornecer os deuses que os chineses podiam adorar!
Não se trata de Gautama, o fundador do budismo, pretender que
aeus seguidores ensinassem a idolatria. Ele até chegou, de fato, a
adverti-los que não começassem uma nova religião! O budismo começou somente como uma reação aos excessos do hinduísmo. No
Início, o budismo era tão centralizado no homem quanto o confucionismo, ou até mais que ele!
Os seguidores de Gautama, porém, chegaram logo à decisão
prática de que as massas sequiosas de adoração na China queriam
divindades perante as quais pudessem inclinar-se e não apenas ideais centralizados no homem, a serem contemplados! Os sacerdotes
budistas viram uma oportunidade de sobrepujar não só o confucionismo humanista como também o taoísmo místico, com sua filosofia,
magia e ritual. Mas, eles defenderam a idéia de uma volta à adoração
de Shang Ti? Fazer isso seria invadir o domínio que o imperador
considerava propriedade sua. Havia, no entanto, uma alternativa fascinante.
Eles encorajaram os chineses a adorarem o próprio Gautama
como Buda - o iluminado! O pó de Gautama deve ter-se transformado em lixívia e aberto caminho através do chão de sua sepultura! Já
que os chineses achavam difícil formar uma idéia mental de um
Gautama indiano, os sacerdotes budistas fizeram estátuas dele com
os olhos adequadamente oblíquos. Tudo isto só para ajudar a adoração! Com o tempo, alguém sugeriu queimar incenso diante das estátuas comemorativas. Pode estar certo de que isso também aconteceu
apenas para ajudar na adoração. Nada com que preocupar-se. Em
muito pouco tempo todos sabiam que as estátuas haviam-se tornado
ídolos a serem adorados, mas a essa altura ninguém mais se importava com isso.
O budismo forneceu deuses, é certo, mas não o Deus. Shang
Ti, o Deus a quem muitos dos fundadores da China oravam, não tinha
parte no budismo, nem desejava ter. Shang Ti, cuja providência, segundo os próprios historiadores chineses, havia feito da China uma
uma grande nação, não era mais citado como um Deus a quem o povo comum pudesse orar.
Como aconteceu com a adoração Inti - o fator Sodoma entre os
incas - que obscureceu quase totalmente a memória de Viracocha -
o budismo tornou-se o fator Sodoma que afastou quase inteiramente
a maioria dos chineses e algum tempo mais tarde, a maioria dos coreanos, de Shang Ti/Hananim. Quase.
Apesar do afastamento combinado dessas três religiões concorrentes, a lembrança de Shang Ti perdurou. Mesmo dois mil e quinhentos anos após a emergência do confucionismo, taoísmo e budismo, os chineses e coreanos ainda falavam ocasionalmente de
Shang Ti/Hananim com curiosidade e uma certa reverência. As
crianças chinesas também diziam, às vezes: “ Papai, fale-nos de
Shang Ti” . Os filhos dos coreanos talvez exclamassem: “ Papai,
conte a história de Hananim” . Os pais chineses e coreanos balançavam invariavelmente a cabeça, dizendo: “ Sabemos tão pouco. Ele
está muito longe".
Da mesma forma que Viracocha, Shang Ti teria o seu Pachacuti. Mas seja como Shang Ti ou Hananim, onde encontraria defensores
que pedissem a volta dos povos infiéis?
Desta vez, chegaram emissários com a revelação especial de
Shang Ti/Hananim - o testemunho judeo-cristão. Porém, o depoimento deles, foi muitas vezes intermitente e nem sempre identificaram o mesmo com o testemunho residual monoteísta, já reconhecido
como válido pelos chineses e coreanos.
Em lugar de pedir aos ouvintes que se ajoelhassem arrependidos diante de Shang Ti/Hananim, o Deus reverenciado pelos antepassados que haviam fundado ambas as nações antes do início da
história escrita, os mensageiros muitas vezes deram um nome completamente estranho ao Todo-poderoso. Algumas vezes, eles até se
empenhavam em enfatizar que esse Deus “ estrangeiro” não se parecia com nenhum deus que os chineses ou coreanos tivessem conhecido antes. Os que tiveram essa atitude, interpretaram de maneira
completamente errada a verdadeira situação, deixando também de
perceber o alvo real de seu ministério. Era como se Abraão tivesse
recusado reconhecer El Elyon.
Os primeiros a chegar foram os nestorianos, no século VIII A.D.
Mais tarde, Kublai Khan, fascinado pelo que aprendera de Marco Polo
sobre o evangelho, enviou mensageiros ao Papa pedindo que mandasse missionários para ensinar as boas novas de Jesus Cristo a todos os habitantes de seu império. A china fazia parte desse império
na época. O Papa demorou para atender o pedido, mas finalmente
enviou quatro sacerdotes para os domínios do Khan. Alguns deles
54-0 Fator Melquisedeque
Povos do Deus Remoto ■ 55
morreram no caminho e outros voltaram covardemente à pátria.
Kublai Khan, convencido de que o monotefsmo era superior à
Idolatria, procurou uma alternativa no islamismo. Muitos povos mongóis vieram dessa forma a tornar-se muçulmanos.
Anos mais tarde, ordens católico-romanas chegaram à China e
à Coréia com resultados confusos. Os católicos romanos adotaram
Irases como Tien Ju - Mestre do Céu ou Tien Laoye, para designar
Deus na língua chinesa. Mais tarde, na Coréia, eles ignoraram durante muitas décadas o termo nativo Hananim e impuseram em seu
lugar esses mesmos termos chineses.
Os missionários protestantes, ao chegarem finalmente à China,
discordavam veementemente entre si quanto ao uso de “ Shang Ti” ,
alguma outra palavra ou frase chinesa, ou um termo estrangeiro para
o Todo-poderoso. Um grupo afirmava ser melhor usar um “ novo nome
para uma coisa nova” . Os que empregavam “ Shang Ti” , em geral não
se aproveitavam do pleno potencial do nome, deixando de invocar
sua antiqüíssima associação com as origens da China. A falta de
consenso sobre este ponto vital foi, provavelmente, a razão dos
protestantes, proporcionalmente, terem causado menos impacto sobre a China do que sobre a Coréia.
Quando, porém, os missionários protestantes entraram na Coréia em 1884, eles estavam virtualmente de acordo! Os registros indicam que acreditavam sinceramente, depois de investigar a compreensão dos coreanos quanto ao mundo sobrenatural, que Javé só poderia ter um nome na Coréia - Hananim\ Alguns talvez tivessem escolhido Hananim por pura obstinação. Eles viram que seu uso os faria prevalecer sobre os missionários católico-romanos que tinham
precedido os protestantes em algumas partes da Coréia, mas estavam impondo um nome estrangeiro para Deus.
Em qualquer caso, já em 1890, um pioneiro protestante escreveu: “ O nome Hannonim é tão destacado e tão universalmente usado
que não precisamos temer em futuras traduções e pregações os
conflitos inconvenientes ocorridos, há muito tempo atrás, entre os
missionários chineses a respeito do assunto, embora os romanistas
tenham introduzido o nome que empregam na China” .28
Quer baseado na convicção ou no espírito de contradição, a
escolha de Hananim não poderia ser mais providencial para as missões protestantes na Coréia! Pregando fervorosamente nas cidades,
vilas, aldeias ou na zona rural, os missionários protestantes começaram por afirmar a crença coreana em Hananim. Construindo sobre
este testemunho residual, eles magistralmente eliminaram a antipatia
natural do povo coreano em curvar-se diante de alguma divindade
estrangeira. Falando diretamente a um público já emocionalmente cu
rioso a respeito de Hananim, os protestantes repetiram a prcclamação do apóstolo Paulo em Listra: “ No passado (Theos) permitiu que
todos os povos (incluindo os coreanos) andassem nos seus próprios
caminhos (escolhendo o xamanismo, confucionismo ou budismo em
preferência a Ele); contudo, não se deixou ficar sem testemunho”
(veja At 14.16-17).
Continuando, os protestantes explicaram que Hananim lançara
as bases para uma futura reconciliação com as pessoas arrependidas, revelando-se a Si mesmo de um novo modo a um povo - os judeus. Ele escolheu esse povo, não por ser maior em número ou de
qualidade superior a outros, mas simplesmente por necessitar de
uma lente específica para focalizar uma nova revelação de Si mesmo
sobre a tela da história humana.
Ele deu também essa revelação de forma escrita mediante homens especiais - Moisés, os profetas e os apóstolos. Mais importante de tudo, Ele encarnou seu próprio Filho entre os judeus. Jesus,
o Messias, o Logos Eterno, o único Homem Justo, morreu pelos pecados de todos os homens e depois levantou-se dentre os mortos,
provando a todos que Hananim aceitava a expiação feita por Ele. A
seguir, enviou mensageiros que levaram as boas notícias da redenção a todos os povos, chamando todos ao arrependimento e à fé no
nome de Jesus, Filho de Hananim.
Os coreanos, aos milhares, ouviam reverentes os protestantes.
Ali estavam homens e mulheres que sabiam muito mais sobre o Deus
verdadeiro do que seu próprio rei que lhe rendia homenagens anualmente numa ilha sagrada no rio próximo a Pyongyang, capital da Coréia.29 Eram pessoas que oravam livremente a Hananim em nome
desse Jesus e recebiam respostas a essas orações.
Os coreanos ficaram impressionados. Uma de suas tradições
Tan'gun afirmava que Hananim tinha um Filho que desejara viver entre os homens.30 Os missionários católicos, ainda designando Deus
com frases chinesas como Tien Ju ou Tien Laoye, pareciam estar
mostrando aos coreanos que a cultura chinesa era superior à deles.
Os coreanos, naqueles dias, já lutavam com dificuldades para não se
sentirem inferiores aos seus vizinhos chineses, altamente eruditos e
com maiores conhecimentos científicos do que eles. Assim sendo,
em números cada vez maiores os coreanos começaram a dar ouvidos aos missionários protestantes. Em breve, um movimento de
grande intensidade em resposta ao evangelho de Jesus Cristo começou a abalar grande parte da Coréia!
Hoje, um século depois da chegada dos protestantes, aproximadamente três milhões de coreanos pertencem a igrejas protestantes. Todos os dias, na Coréia do Sul, cerca de 10 novas igrejas pro56-0 Fator Melquisedeque
Povos do Deus Remoto -5 7
Instantes abrem suas portas pela primeira vez para acomodar a ainda crescente onda de convertidos.
Os protestantes também fizeram pelo menos uma outra coisa
i orta na Coréia. Eles insistiram em que as igrejas coreanas se tornassem “ autônomas, auto-suficientes e autodivulgadoras” quase
ilosde o nascimento! Ao serem tomados os devidos cuidados, podemos cortar o cordão umbilical de um recém-nascido alguns minutos
após o parto. O bebê pode até mesmo aprender a nadar nas primeiras semanas de vida, com a precaução adequada! As novas igrejas
podem também, através do ensino adequado e do exemplo, sustenInr-se sozinhas em um período relativamente curto de tempo.
Os primeiros missionários na Coréia “ tomaram o devido cuidado" e isso resultou em algumas igrejas muito fortes. A cidade de
Seul, na Coréia, por exemplo, contém as duas maiores igrejas protestantes do mundo. A maior dessas duas igrejas chamada de “ Full
Gospel Central Church” , alcançou 270.000 membros em 1983! Os
membros dessa única congregação excedem a população inteira de
muitas pequenas cidades.
Paul Vonggi Cho, o pastor, organizou a “ Full Gospel Central
Church" em quase 10.000 grupos de células. Cada célula tem a sua
própria liderança treinada. Se o comunismo (ou qualquer outro poder
Inimigo) tentar reprimir o cristianismo na Coréia do Sul, aquela igreja
estará preparada para espalhar seus milhares de grupos de células
como esporos ao vento. Nesse caso, o prédio de cimento, onde a
lyreja agora se reúne, iria se tornar um simples esqueleto vazio, mas
o testemunho continuaria.
A outra maior congregação protestante do mundo, a “ Young
Nuk Presbiterian” , está atualmente ultrapassando a marca dos
<10.000 membros. Segundo o Dr. Sam Moffat, Jr., a “ Young Nuk” é
também uma “ igreja-mãe” prolífica. Cerca de 200 “ igrejas-filhas” , em
' íQuI e subúrbios vizinhos, tiveram sua origem no testemunho prestado pela “ Young Nuk” .
E as igrejas católico-romanas na Coréia? De acordo com o Dr.
Sam Moffat, Jr., os sacerdotes católicos romanos na Coréia, ao verem as igrejas protestantes crescerem rapidamente, enquanto suas
próprias paróquias o faziam com lentidão, convocaram uma conferência para perguntar-se, “ o que estamos fazendo de errado?” É interessante notar que concluíram ter cometido um erro ao rejeitar o
nome Hananim, favorecendo nomes não coreanos para o Todo-poderoso. Decidiram, então, fazer uso do nome Hananim dali por diante.
Chamaram mais sacerdotes e lançaram uma nova campanha
através de toda a Coréia. O alvo: identificar-se fortemente, embora
um tanto tarde, com Hananim! Desde então, o catolicismo começou a
58-0 Fator Melquisedeque
experimentar um crescimento mais rápido. As igrejas católico-romanas na Coréia têm agora um total de aproximadamente um milhão de
membros, o que eleva o número de cristãos na Coréia do Sul, depois
de apenas 90 anos de crescimento ininterrupto, a aproximadamente
25% de toda a população. Não se sabe ao certo se o catolicismo poderá superar a liderança numérica obtida pelos protestantes, principalmente através da escolha de um nome coreano para Deus e, depois, colocando o governo das igrejas nas mãos dos coreanos o mais
depressa possível!
Enquanto o Senhor não volta, é provável que a Coréia do Sul
venha a tornar-se a primeira nação do mundo a ver mais de 50% de
toda a sua população fazendo parte de igrejas protestantes. Se os
cristãos coreanos continuarem a transmitir o evangelho com o seu
zelo presente, isso pode acontecer ainda antes do ano 2.000! Os
nossos irmãos coreanos não confiam apenas no apoio da carne! As
reuniões de oração realizadas antes do amanhecer nas igrejas da
Coréia, transbordam, característicamente, de milhares de suplicantes
sinceros. Seu principal pedido em oração é pela conversão de seus
irmãos e irmãs da Coréia do Norte, passando do comunismo para
Cristo!
Sempre que os ventos sopram do sul para o norte, ao longo da
zona desmilitarizada, os cristãos coreanos sobem aos outeiros e
soltam balões carregados de Bíblias na direção de seus irmãos do
outro lado da zona.
Também ali, Hananim precisa dar seu testemunho!31
Notas
1. Um escritor de nome Petrônio, visitando Atenas no primeiro século, ficou
surpreso com o número excessivo de deuses na cidade. Mais tarde, ele escreveu
que era mais tácil encontrar um deus em Atenas do que um homem! Veja Albert
Barnes, Notes on the O ld & N ew T estam ents.(Grand Rapids: Baker Book house),
com relação a Atos 17.16.
2. Ibid.
3. The N ew Z ondervan P ic to ria l E ncyclopedia o f the B ible, Merrill C. Tenney,
ed., 5 vols. (Grand Rapids: Zondervan Publishing House, 1974) vol. 4, pp.
177-178.
4. Ibid.
5. Ibid.
6. Victor W. Von Hagen, The A ncient Sun K ingdom s o f the A m éricas (Nova Iorque: World Publishing Co., 1957), p. 497.
7. Philip Ainsworth Means, “ The Incas: Empiro Builders of the Andes"J n d ia n s
o í the A m éricas, rev. 1965 (Washington, D.C.: National Geographic Society,
1955), p. 307.
8. Alfred Metraux, H istory o t the Incas (Westminster, MD: Pantheon Books, Random House, Inc., 1969), p. 123.
9. Hiram Bingham, “ Discovering Machu Picchu” , Indians o f the A m éricas, p.
317.
10. Metraux, H istory o f the Incas, p. 126.
11 .Ib id ., p. 128.
12. Ibid.
13. Means, "T he Incas” , p. 306.
14. B. C. Brundage, Em pire o f the Inca (Norman, OK: University of Oklahoma
Press, 1963), pp. 1 6 4 -165.
15. Metraux, p. 128.
16. Brundage, p. 1 62.
17. Ibid. p. 163.
18. Ibid. p. 165.
19. Means, pp. 305, 306.
20. Brundage, p. 165.
21. Metraux, p. 126.
22. Leonard CottrelI, ed., The H orizon Book of L ost W orlds (Nova Iorque: Am erican Heritage Publishing Co., 1962), p. 115.
23. Lars Skrefsrud, T raditions and Institutions o l the S antal, 1887.
24. Ibid.
25. Helen Gebuhr Ludvigsen, A li H eart (Blair, NE: Lutheran Publishing House,
1952).
26. B. C. Brundage, Lords o f the Cuzco (Norman, OK: University of Oklahoma
Press, 1967), p. 143.
27. Os comentários sobre confucionismo, taofsmo e budismo foram extrafdos da
Enciclopédia Britânica.
28. John Ross, H istory o f Corea (Londres: Elliot Stock, 62, Paternoster Row,
1891), p. 356.
29. De uma entrevista pessoal com a Sra. John Tolliver, em Three Hills, Alberta,
Povos do Deus Remoto - 59
60-0 Fator Melquisedeque
realizada em abril de 1 978. A Sr® Toiliver foi criada na Coréia e ouviu várias referências a esse altar em sua juventude.
30. Spencer J. Palmer, Korea and C h ristia nity (Coróia: Hollym Corporation,
1967), p. 9.
31. Um outro exemplo de pessoas que tinham um conceito do Deus remoto achase descrito em P or Esta C ruz Te M atarei, de Bruce Olson, publicado pela Editora
Vida, em 1979.
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