segunda-feira, 7 de março de 2022

O Fator Melquisedeque - Primeiro Capítulo


Leitores Cristãos on Instagram: "Acho que existem livros ...

1 POVOS DO DEUS REMOTO OS ATENIENSES Em alguma época, durante o sexto século antes de Cristo, numa reunião do conselho na Colina de Marte, em Atenas... "Diga-nos, Nícias, que aviso o oráculo de Pítias lhe deu? Por <|uo esta praga caiu sobre nós? E por que os inúmeros sacrifícios ronlizados de nada adiantaram?” O impassível Nícias olhou de frente o presidente do conselho. "A sacerdotisa declara que nossa cidade se encontra sob uma terrível maldição. Um certo deus a colocou sobre nós por causa do medonho crime de traição do rei Megacles contra os seguidores de Cylon ‘‘É verdade! Lembro-me agora” , disse sombriamente outro mombro do conselho. “ Megacles obteve a rendição dos seguidores do Cylon com uma promessa de anistia, depois violou prontamente sua própria palavra e os matou! Mas qual é o deus que ainda nos condena por esse crime? Já oferecemos sacrifícios de expiação a todos os deuses!” “ Não é bem assim” , replicou Nícias. “ A sacerdotisa afirma que resta ainda um deus a ser apaziguado.” “ Quem poderia ser?" perguntaram os anciãos, olhando incrédulos para Nícias. “ Não posso contar-lhes” , respondeu ele. “ O próprio oráculo parece não saber o seu nome. Ela disse apenas que...” Nícias fez uma pausa, observando as faces ansiosas de seus colegas. Enquanto isso, da cidade enlutada à volta deles ouvia-se o eco de milhares de cânticos fúnebres. Nícias continuou: “ ...precisamos enviar um navio imediatamente a Cnossos, na ilha de Creta, e trazer de lá para Atenas um homem chamado Epimênides. A sacerdotisa assegurou-me que ele saberá como apaziguar esse deus ofendido, livrando assim a nossa cidade. “ Não existe alguém suficientemente sábio aqui em Atenas?” esbravejou um ancião indignado. “ Temos de apelar para um... um estrangeiro?" “ Se conhece algum grande sábio em Atenas pode chamá-lo” , disse Nícias. “ Caso contrário, cumpramos simplesmente as ordens do oráculo.” Um vento frio - frio como se tocado pelos dedos gélidos do terror que varria Atenas, fez-se presente na câmara de mármore branco do conselho na Colina de Marte. Um ancião após outro aconchegouse mais em seu manto de magistrado e refletiu sobre as palavras de Nícias. “ Vá em nosso nome, meu amigo” , disse o presidente do conselho. “ Traga esse Epimênides, se atender ao seu pedido. E se ele livrar nossa cidade, nós o recompensaremos.” Os demais membros do conselho concordaram. O calmo Nícias, de voz suave, levantou-se, inclinando-se diante da assembléia e deixando a câmara. Ao descer a Colina de Marte, ele se encaminhou para o porto de Pireu, que ficava a 13 km de distância, na Baía de Falerom. Um navio achava-se ali ancorado. Epimênides desceu agilmente para a terra, em Pireu, seguido de Nícias. Os dois homens encaminharam-se de imediato para Atenas, recobrando aos poucos a força das pernas depois da longa viagem por mar, desde Creta. Ao entrarem na já mundialmente famosa “ cidade dos filósofos” , os sinais da praga eram vistos por toda a parte. Mas Epimênides observou outra coisa: “ Nunca vi tantos deuses!” exclamou o cretense para o seu guia, piscando surpreso. Falanges ladeavam os dois lados da estrada que saía do Pireu. Outros deuses, centenas deles, adornavam uma escarpada rochosa chamada acrópole. Uma geração mais tarde, os atenienses construíram ali o Partenon. “ Quantos são os deuses de Atenas?” inquiriu Epimênides. “ Várias centenas pelo menos!” replicou Nícias. “ Várias centenas!" foi a exclamação espantada de Epimênides. “ Aqui é mais fácil encontrar deuses do que homens!” “ Tem razão!" riu o conselheiro Nícias. “ Não sei quantos provérbios já foram feitos sobre ‘Atenas, a cidade saturada de deuses’. Com a mesma facilidade que se tira uma pedra da pedreira, outro deus é trazido para a cidade!” Nícias parou repentinamente, refletindo sobre o que acabara de dizer. “ Todavia” , começou pensativo, “ o oráculo de Pítias declara que os atenienses precisam apaziguar ainda um outro deus. E você, 10-0 Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto - 11 l plmônides, deve promover a intercessão necessária. Ao que parece «inlâo, apesar do que eu disse, nós, atenienses, ainda precisamos de mais um deus!" Jogando a cabeça para trás e rindo, Nícias exclamou: “ Realmente, Epimênides, não consigo adivinhar quem poderia ser esse outro deus. Os atenienses são os maiores colecionadores de deuses no mundo! Já saqueamos as teologias de muitos povos das vizinhanças, apoderando-nos de toda divindade que possamos transportar para a nossa cidade, por terra ou por mar!” “Talvez seja esse o seu problema” , disse Epimênides com um ar misterioso. Nícias piscou os olhos para o amigo, sem compreender. Como que desejasse um esclarecimento desse último comentário, mas alyuma coisa na atitude de Epimênides o silenciou. Momentos depois chegaram a um pórtico com piso de mármore, junto à câmara do conselho na Colina de Marte. Os anciãos de Atenas já haviam sido avisados e o conselho os esperava. "Epimênides, agradecemos sua...” começou o presidente da assembléia. “ Sábios anciãos de Atenas, não há necessidade de agradecimentos.” Epimênides interrompeu. “ Amanhã, ao nascer do sol, tragam um rebanho de ovelhas, um grupo de pedreiros e uma grande quantidade de pedras e argamassa até a ladeira coberta de relva, ao pé desta rocha sagrada. As ovelhas devem ser todas sadias e de cores diferentes - algumas brancas, outras pretas. Vocês não devem deixá-las comer depois do descanso noturno. É preciso que sejam ovelhas famintas! Vou agora descansar da viagem. Acordem-me ao amanhecer.” Os membros do conselho trocaram olhares curiosos, enquanto Epimênides cruzava o pórtico em direção a um quarto sossegado, enrolando-se em seu manto como num cobertor e sentando-se para meditar. O presidente voltou-se para um dos membros jovens do conselho. "Veja que tudo seja feito como ele ordenou” , disse ele. “ As ovelhas estão aqui” , falou o membro jovem, humildemente. Epimênides, despenteado e ainda meio dormindo, saiu de seu descanso e seguiu o mensageiro até a ladeira que ficava na base da Colina de Marte. Dois rebanhos - um de ovelhas pretas e brancas e outro de conselheiros, pastores e pedreiros - achavam-se à espera, debaixo do sol que nascia. Centenas de cidadãos, desfigurados por outra noite de vigília cuidando dos doentes atingidos pela praga e chorando pelos mortos, galgaram os pequenos outeiros e ficaram ob­ servando ansiosos. “ Sábios anciãos” , começou Epimênides, “ vocês já se esforçaram muito ofertando sacrifícios aos seus numerosos deuses; entretanto, tudo se mostrou inútil. Vou agora oferecer sacrifícios baseado em três suposições bem diferentes das suas. Minha primeira suposição..." Todos os olhos estavam fixos no cretense de elevada estatura; todos os ouvidos atentos para captar suas próximas palavras. “ ...é que existe ainda outro deus interessado na questão desta praga - um deus cujo nome não conhecemos e que não está, portanto, sendo representado por qualquer ídolo em sua cidade. Segundo, vou supor também que este deus é bastante poderoso - e suficientemente bondoso para fazer alguma coisa a respeito da praga, se apenas pedirmos a sua ajuda.” "Invocar um deus cujo nome ó desconhecido?” exclamou um dos anciãos. “ Isso é possível?” “ A terceira suposição é a minha resposta à sua pergunta” , replicou Epimênides. “ Essa hipótese é muito simples. Qualquer deus suficientemente grande e bondoso para fazer algo a respeito da praga é também poderoso e misericordioso para nos favorecer em nossa ignorância - se reconhecermos a mesma e o invocarmos!” Murmúrios de aprovação misturaram-se com o balido das ovelhas famintas. Os anciãos de Atenas jamais tinham ouvido essa linha de raciocínio antes. Mas, por que, perguntavam eles, as ovelhas deviam ser de cores diferentes? “ Agora!” gritou Epimênides, “ preparem-se para soltar as ovelhas na ladeira sagrada! Uma vez soltas, deixem que cada animal paste onde quiser, mas façam com que seja seguido por um homem que o observe cuidadosamente.” A seguir, levantando os olhos para o céu, Epimênides orou com voz profunda e cheia de confiança: “ Ó, tu, deus desconhecido! Contempla a praga que aflige esta cidade! E se de fato tens compaixão para perdoar-nos e ajudar-nos, observa este rebanho de oveihas! Revela tua disposição para responder, eu peço, fazendo com que qualquer ovelha que te agrade deite na relva em vez de pastar. Escolha as brancas se elas te agradarem; as pretas se te causarem prazer. As que escolheres serão sacrificadas a ti - reconhecendo nossa lamentável ignorância do teu nome!” Epimênides sentou-se na grama, inclinou a cabeça e fez sinal aos pastores que guardavam o rebanho. Estes vagarosamente se afastaram. Com rapidez e voracidade, as ovelhas se espalharam pela colina, começando a pastar. Epimênides ficou ali sentado como uma estátua, com os olhos baixos. “ E inútil” , murmurou baixinho um conselheiro. “ Mal amanheceu 12-0 Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto -1 3 o raras vezes vi um rebanho tão faminto. Nenhum animal vai deitarse antes de encher o estômago e quem acreditará então que foi um deus que o levou a isso?” Epimênides deve ter escolhido esta hora do dia deliberadamente!" respondeu Nfcias. “ Só assim poderemos saber que a ovelha que se deitar o fará em obediência à vontade desse deus desconhecido, 0 não por sua própria inclinação!” Mal Nícias terminara de falar quando um pastor gritou: “ Olhem!” 1 odos os olhos se voltaram para ver um carneiro dobrar os joelhos e deitar-se na relva. “ Eis aqui outro!” bradou um conselheiro surpreso, fora de si por causa do espanto. Em poucos minutos algumas das ovelhas se achavam acomodadas sobre a relva suculenta demais para que qualquer herbívoro faminto pudesse resistir - em circunstâncias normais! “ Se apenas uma deitasse, teríamos dito que estava doente!” exclamou o presidente do conselho. “ Mas isto! Isto só pode ser uma resposta!” Com os olhos cheios de reverência, ele se voltou, dizendo a Epimênides: “ O que faremos agora?” “ Separem as ovelhas que estão descansando” , replicou o cretense, levantando a cabeça pela primeira vez desde que invocara o deus desconhecido, "e marquem o lugar onde cada uma se acha. Façam depois com que os pedreiros levantem altares - um aitar em cada ponto onde as ovelhas descansaram!” Pedreiros entusiastas começaram a fazer argamassa e no final da tarde ela já havia endurecido o suficiente. Todos os altares se achavam preparados para uso. “ Qual o nome do deus que gravaremos sobre esses altares?” perguntou um dos conselheiros do grupo mais jovem, excessivamente ansioso. Todos se voltaram para ouvir a resposta do cretense. “ Nome?” repetiu Epimênides, como se refletindo. “ A divindade, cuja ajuda buscamos, agradou-se em responder à nossa admissão de ignorância. Se agora pretendermos mostrar conhecimento, gravando um nome quando na verdade não temos a menor idéia a respeito dele, temo que vamos apenas ofendê-la!” . “ Não podemos correr esse risco” , concordou o presidente do conselho. “ Mas com certeza deve haver um meio apropriado de - de dedicar cada altar antes de usá-lo.” “ Tem razão, sábio conselheiro” , declarou Epimênides com um sorriso raro. “ Existe um meio. Inscrevam simplesmente as palavras agnosto theo - a um deus desconhecido - no lado de cada altar. Nada mais é necessário.” Os atenienses gravaram as palavras recomendadas pelo con­ 14-0 Fator Melquisedeque selheiro cretense. A seguir, sacrificaram cada ovelha “ dedicada” sobre o altar marcando o ponto em que a mesma havia deitado. A noite caiu. Na madrugada do dia seguinte os dedos mortais da praga sobre a cidade já se haviam afrouxado. No decorrer de uma semana, os doentes sararam. Atenas encheu-se de louvor ao “ Deus desconhecido” de Epimênides e também a este, por ter prestado socorro tão supreendente de um modo verdadeiramente engenhoso. Cidadãos agradecidos colocaram festões de flores ao redor do grupo despretensioso de altares na encosta da Colina de Marte. Mais tarde, eles esculpiram uma estátua de Epimênides sentado e a colocaram diante de um de seus templos.2 Com o correr do tempo, porém, o povo de Atenas começou a esquecer-se da misericórdia que o “ deus desconhecido” de Epimênides lhes concedera. Seus altares na colina foram negligenciados e eles voltaram a adorar centenas de deuses que se mostraram incapazes de remover a maldição da cidade. Vândalos demoliram parte dos altares e removeram pedras de outros. O mato e o musgo começaram a crescer sobre as rufnas até que... Certo dia, dois anciãos que se lembravam da importância dos altares pararam diante deles a caminho do conselho. Apoiados em seus bordões eles contemplaram pensativos as relíquias ocultas por trepadeiras. Um dos anciãos retirou um pouco do musgo e leu a antiga inscrição encoberta por ele: “ ‘Agnosto theo’. Demas - você se lembra?” “ Como poderia esquecer?” respondeu Demas. “ Eu era o membro jovem do conselho que ficou acordado a noite inteira para certificar-me de que o rebanho, as pedras, a argamassa e os pedreiros estariam prontos ao nascer do sol!” “ E eu” , replicou o outro ancião, “ era aquele outro membro jovem e ansioso que sugeriu que fosse gravado em cada altar o nome de algum deus! Que tolice” . Ele fez uma pausa, mergulhado em seus pensamentos, acrescentando a seguir: “ Demas, você talvez me considere sacrílego, mas não posso deixar de sentir que se o “ Deus desconhecido” de Epimênides se revelasse abertamente a nós, logo deixaríamos de lado todos os outros!” O ancião barbudo balançou o bordão com certo desprezo na direção dos ídolos surdos e mudos que, em fileira após fileira, cobriam a crista da acrópole, em número maior do que nunca antes. “ Se Ele jamais vier a revelar-se” , disse Demas pensativamente, “ como nosso povo saberá que não é um estranho, mas um Deus que já participou dos problemas de nossa cidade?” “ Acho que só existe um meio", replicou o primeiro ancião. Povos do Deus Remoto - 15 "Uovemos preservar pelo menos um desses altares como evidência l>ara a posteridade. E a história de Epimênides deve, de alguma fórum, ser mantida viva entre as nossas tradições.” "Uma grande idéia a sua!” entusiasmou-se Demas. “ Olhe! Este «Inda está em boas condições. Vamos empregar pedreiros para poll-lo e amanhã lembraremos todo o conselho dessa antiga vitória sohro a praga. Faremos passar uma moção para incluir a manutenção do pelo menos este altar entre as despesas perpétuas de nossa cidade!” Os dois anciãos apertaram-se as mãos para fechar o acordo e, iIm braços dados, seguiram caminho abaixo, batendo alegremente os hordões contra as pedras da Colina de Marte. O relato acima baseou-se principalmente em uma tradição reUÍ8trada como história por Diógenes Laércio, um autor grego do séc.ulo III A.D., numa obra clássica denominada The Lives oi Eminent 1’hilosophers (“ As Vidas de Filósofos Eminentes” ) (voi. 1, p. 110). Os elementos básicos na narrativa de Diógenes são: Epimênides, um horói cretense, atendeu a um pedido de Atenas, feito por Nícias, a fim do aconselhar a cidade sobre como remover uma praga. Ao chegar a Alonas, Epimênides conseguiu um rebanho de ovelhas pretas e brancas e soltou-as na Colina de Marte, dando instruções para que alouns homens seguissem as ovelhas e marcassem o lugar onde qualquer delas se deitasse. O propósito aparente de Epimênides era dar a qualquer deus ligado à questão da praga a oportunidade de revelar sua disposição om ajudar, fazendo com que as ovelhas que o agradassem ficassem deitadas, como um sinal de que as aceitaria se fossem oferecidas em sacrifício. Desde que não haveria nada extraordinário no fato de ovelhas se deitarem fora de seu períodos habituais de pastagem, I pimênides provavelmente conduziu sua experiência bem cedo de manhã, quando as ovelhas estavam famintas. Algumas das ovelhas deitaram e os atenienses as ofereceram om sacrifício sobre os altares sem nome, construídos especialmente com esse propósito. A praga foi assim removida da cidade. Os leitores do Antigo Testamento lembrarão de que um herói chamado Gideão, buscando conhecer a vontade de Deus, colocou "um pedaço de lã” , como sinal. Epimênides fez mais que Gideão - ole colocou o rebanho inteiro! Segundo a passagem em Leis, de Platão, Epimênides também profetizou, ao mesmo tempo, que dez anos mais tarde um exército persa atacaria Atenas. Todavia, os inimigos persas “ retrocederão com todas as suas esperanças frustradas e depois de sofrer mais ferimentos do que os infligidos por eles” . Esta profecia foi cumprida. O conselho, de sua parte, ofereceu a Epimênides um talento em moedas por seus serviços, mas ele recusou o pagamento: “ A única recompensa que desejo” , disse, “ é estabelecer aqui e agora um tratado de amizade entre Atenas e Cnossos” . Os atenienses concordaram. Após a ratificação do tratado com Cnossos eles providenciaram a volta de Epimênides em segurança para sua casa na ilha. (Platão, nessa mesma passagem, elogia Epimênides chamandoo “ esse homem inspirado” e lhe dá crédito como um dos personagens famosos que ajudaram a humanidade a redescobrir as invenções perdidas durante “ O Grande Dilúvio” .) Outros detalhes nesta referência concernente à causa da maldição foram obtidos de uma nota de rodapé de um editor sobre a obra The Art of Rhetoric, (“ A Arte da Retórica"), livro 3, 17.10 de Aristóteles, encontrada na “ Loeb Classical Library” , traduzida por J. H. Freese e publicada em Cambridge, estado de Massachusetts. A explicação de que o próprio oráculo de Pítias ordenou aos atenienses que mandassem buscar Epimênides faz parte da menção anterior das “ Leis” de Platão. Diógenes Laércio não menciona que as palavras agnosto theo estavam escritas nos altares de Epimênides. Ele declara apenas que “ em diferentes partes da Ática podem ser vistos altares sem qualquer nome gravado, servindo de memoriais para esta expiação” . Dois outros escritores da antigüidade - Pausânias, em sua obra Description of Greece (“ Descrição da Grécia” ) (vol. 1, 1.4), e Filostrato, em sua Appolonius of Tyana (“ Apolônio de Tiana” ) - referemse porém a “ altares a um deus desconhecido” , sugerindo que uma inscrição nesse sentido estivesse gravada neles. O fato de tal inscrição achar-se em pelo menos um altar eAtenas é confirmado por Lucas, um historiador do primeiro século. Ao descrever as aventuras de Paulo, o famoso apóstolo cristão, Lucas menciona um encontro esclarecido de modo impressionante pela história de Epimênides, já referido: “ Enquanto Paulo os esperava em Atenas” , começou Lucas, “ o seu espírito de revoltava, em face da idolatria dominante na cidade” (At 17.16). Se Atenas se gabava de centenas de deuses nos dias de Epimênides, é provável que nos de Paulo houvesse centenas de outros. A idolatria, por sua própria natureza, possui um “ fator inflacionário” embutido. Uma vez que os homens rejeitem o Deus único, onisciente, onipotente e onipresente, preferindo divindades menores, eles finalmente descobrem - para sua frustração - que um número infinito de divindades inferiores é necessário para preencher o 16-0 Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto - 17 ospaço deixado pelo Deus verdadeiro! Quando Paulo viu Atenas rebaixando o privilégio sagrado da ndoração por parte do homem, dirigindo-a para simples tiguras de madeira e pedra, o horror tomou conta dele! E entrou imediatamente ■m ação. Primeiro: "Por isso dlssertava na sinagoga entre os judeus • os gentios piedosos” (At 17.17). Não que os judeus e gregos piedosos estivessem praticando Idolatria! De modo algum. Eles, porém, eram os únicos que poderiam ae opor à idolatria predominante na cidade. Paulo talvez os achasse tão habituados a cenas de idolatria que nflo podiam mais preparar uma ofensiva de impacto contra a mesma. De qualquer modo, o apóstolo lançou seu próprio ataque. Ele discutia também, diz Lucas, “ na praça todos os dias, entre os que se encontravam ali” (At 17.17). Quem se encontrava ali? E como reagiram? Lucas explica: “ Alguns dos filósofos epicureus e estóicos contendiam com ele, havendo quem perguntasse: Que quer dizer esse tagarela?” Até mesmo um apóstolo pode encontrar dificuldades na comunicação transcultural! “ E outros: Parece pregador de estranhos deuses” (At 17.18). Por que este último comentário? Os filósofos, sem dúvida, ouviram Paulo falar de Theos - Deus. Theos era um termo familiar para eles. Todavia, não o empregavam geralmente como nome pessoal, mas em relação a qualquer divindade - da mesma forma que “ homem” em português significa qualquer indivíduo, não sendo considerado nome próprio para quem quer que seja. Entretanto, os filósofos devem ter sabido que Xenofonte, Platão a Aristóteles - três grandes filósofos - usaram Theos como nome pessoal para um Deus Supremo em seus escritos. (Veja, por exemplo, Enciclopédia Britânica, ^5- ed., vol. 13, p. 951 e vol. 14, p. 538.) Dois séculos depois de Platão e Aristóteles, tradutores da Setuaginta, a primeira versão grega do Velho Testamento, enfrentaram um grande problema: üm equivalente adequado para o nome hebraico usado para Deus, Eiohim, poderia ser encontrado na língua grega? I les rejeitaram Zeus. Embora Zeus fosse chamado “ rei dos deuses” , as teologias pagãs decidiram tornar Zeus filho de dois outros deuses, Cronos e Rea. Um filho de outros seres não pode igualar-se a Elohim, que é incriado. Os tradutores finalmente reconheceram o uso fortuito de Theos feito pelos três grandes filósofos acima como um nome próprio grego para o Todo-poderoso. Theos neste uso especial, achava-se ainda livre da contaminação do erro! Eles o adotaram, asalm como Paulo adotou Theos para as suas pregações e escritos no Novo Testamento! É possível, portanto, que não fosse Theos , mas o nome Jesus, pouco familiar, que tivesse levado os filósofos a pensar que Paulo estava “ pregando deuses estranhos". Eles talvez ficassem também espantados com a idéia de alguém querer introduzir mais um deus em Atenas, a capital mundial dos deuses! Em resumo, os atenienses devem ter tido necessidade de uma lista de tamanho equivalente às Páginas Amarelas para controlar as inúmeras divindades já representadas em sua cidade! Como Paulo reagiu à sugestão de estar defendendo deuses estranhos e supérfluos numa cidade já saturada deles? Jesus Cristo fornecera a Paulo uma fórmula-mestra para enfrentar problemas de comunicação transcultural como o de Atenas. Falando através de uma visão tão convincente que deu a Paulo novas perspectivas e tão brilhante que o deixou temporariamente cego, Jesus havia dito: “ Para os quais eu te envio, para lhes abrir os olhos e convertê-los das trevas para a luz” (At 26.17-18). A lógica de Jesus era impecável. Quando as pessoas devem voltar-se das trevas para a luz, é necessário que seus olhos se abram primeiro para que possam ver a diferença entre ambas. O que é preciso para abrir os olhos de alguém? Um abridor de olhos! Mas, onde poderia Paulo, nascido judeu, renascido cristão, encontrar um abridor de olhos para a verdade sobre o Deus supremo, na cidade de Atenas infestada de ídolos? Ele dificilmente poderia esperar que um sistema completamente dedicado ao politeísmo viesse a reconhecer que o monoteísmo é superior. Paulo, no entanto, havia “ passado e observado” (At 17.23) e descobriu algo “ no sistema” que não fazia parte “ do” sistema - um altar que não se associava a qualquer ídolo! Um altar com a curiosa inscrição, “ ao deus desconhecido” . Paulo percebeu uma diferença de comunicação que provavelmente abriria as mentes e os corações daqueles fiiósofos estóicos e epicureus. Quando eles o convidaram para apresentar formalmente seu ponto de vista num local mais próprio para uma discussão lógica, Paulo aceitou. O lugar do encontro foi o Areópago, isto é, A Sociedade da Clina da Marte, um grupo de atenienses eruditos que se reuniam ali para discutir questões de história, filosofia ou religião. Naquela mesma colina, quase seis séculos antes, Epimênides resolvera o problema da praga em Atenas. Paulo poderia ter iniciado seu discurso na Colina de Marte, dando simplesmente nome aos bois. Ele poderia ter dito: "Atenienses, com todas as suas filosofias superiores vocês continuam desculpando a idolatria, caso não a pratiquem também! Arrependam-se 18-0 Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto -1 9 mi pereçam!" E cada uma dessas palavras poderia ser perfeitamente vtrdadeira! Além disso, ele estaria também tentando convertê-los das trevnu para a luz” , como Jesus ordenara. Mas isso seria uma gritante Invorsão da seqüência das coisas! Esta é a razão de Jesus ter ini lufdo a ordem “ abra os olhos deles” como um pré-requisito para fatat as pessoas se voltarem das “ trevas para a luz” . Paulo “ manteve os bois à frente do carro", com as seguintes imlavras: “ Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente Millljiosos (restrição notável, considerando como Paulo odiava a idolatria); porque passando e observando os objetos de vosso culto (alijuns com os antecedentes de Paulo teriam preferido chamá-los de ‘f- • lulos sujos’), encontrei também um altar no qual está inscrito: AO Dl US DESCONHECIDO” . O apóstolo fez a seguir uma declaração que aguardara seis séi ulos para ser pronunciada: “ Pois esse que adorais sem conhecer, é l»mclsamente aquele que eu vos anuncio” (At 17.22-23). O Deus proi litmado por Paulo era realmente um deus estranho como suposto Iio Io s filósofos? De maneira alguma! Segundo o raciocínio de Paulo, •liivó, o Deus judeu-cristão, fora representado pelo altar de Epimêniilnn. Tratava-se, portanto, de um Deus que já interferira na história fizeram os espanhóis. O que importa agora? Que nós, filhos da presente geração, tratemos com justiça os filhos de Pachacuti que sobreviveram ao holocausto espanhol - os quechuas. Vamos colocar a reforma de Pachacuti em perspectiva histórica. Vamos compará-lo por um momento com Aquenaton, Faraó egípcio que tentou também uma reforma religiosa. Os egiptólogos prociamam Aquenaton (1379 - 1361 a.C.) como um gênio raro por ter tentado - sem sucesso - substituir a idolatria confusa e vulgar do Egito antigo pela adoração do sol.22 Pachacuti, no entanto, se encontra quilômetros adiante de Aquenaton pela sua compreensão de que o sol, que podia apenas cegar os olhos humanos, não tinha condições de competir com um Deus grande demais para ser visto pelos olhos do homem! Como é curioso que os eruditos modernos tenham feito enorme publicidade em torno da reforma de Aquenaton, enquanto a de Pachacuti é somente mencionada em livros de estudo obscuros para os iniciados. Vamos endireitar os registros. Se a adoração do sol por Aquenaton estava um degrau acima da idolatria, a escolha de Pachacuti de adorar a Deus em lugar do sol foi como um salto para a estratosfera! Descobrir um homem como Pachacuti no Peru do século XV é tão surpreendente como encontrar um Abraão em Ur ou um Melquisedeque entre os cananeus. Se fosse possível voltar no tempo, Pachacuti é alguém que eu certamente gostaria de conhecer. Gosto de chamá-lo de “ Melquisedeque inca” . Os atenienses e cretenses da época de Epimênides e os incas dos dias de Pachacuti morreram sem ouvir o evangelho de Jesus Cristo. O que dizer disso? Não houve povos pagãos que tivessem vivido para receber as bênçãos do evangelho, os quais já tivessem um conceito de Deus? A história registra, de fato, muitos desse tipo. Este é um dentre eles... Os Santal Em 1867, um missionário norueguês, Lars Skrefsrud e seu colega dinamarquês, um leigo de nome Hans Borreson, descobriram um povo composto de dois milhões e meio de pessoas, vivendo numa região ao norte de Calcutá, na índia. Esse povo recebera o nome de Santal. Skrefsrud logo mostrou-se um exímio lingüista. Ele aprendeu tão depressa o santal que pessoas de regiões distantes afluíam para ouvir um estrangeiro falar tão bem a sua língua! Com a maior rapidez possível, Skrefsrud começou a proclamar o evangelho aos santal. Ele naturalmente ficou imaginando quantos 34 - O Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto - 35 anos seriam necessários antes que o povo santal viesse a abrir o seu coração para a mensagem ou sequer mostrar interesse por ela, desde que estava tão afastado de qualquer influência judaica ou cristã. Para grande espanto de Skrefsrud, os santal ficaram quase imediatamente entusiasmados com a mensagem do evangelho. Finalmente, ele ouviu os sábios de Santal, inclusive um, chamado Kolean, exclamarem: “ O que este estrangeiro está dizendo deve significar que Thakur Jiu não se esqueceu de nós depois de tanto tempo!” . Skrefsrud, atônito, prendeu a respiração. Thakur era uma palavra santal, que significava “ verdadeiro” . Jiu traduzia “ deus” . O Deus Verdadeiro? Skrefsrud não estava, então, introduzindo um novo conceito ao falar de um Deus supremo. Os sábios de Santal delicadamente puseram de lado a terminologia que ele estivera usando para Deus e insistiram em que Thakur Jiu era o nome certo para ser usado. Aquele nome estivera, evidentemente, nos lábios dos santal desde há muito lempo! “ Como vocês sabem a respeito de Thakur Jiu?” perguntou Skrefsrud (talvez um tanto decepcionado). “ Nossos ancestrais o conheciam no passado", responderam os aantal sorrindo. “ Muito bem” , continuou Skrefsrud, “ tenho outra pergunta. Desde que sabem sobre Thakur Jiu, por que não o adoram em lugar do sol, ou pior ainda, dos demônios?” A expressão dos santal mudou. “ Essas” , responderam eles, "são as más notícias". Então, o sábio santal, chamado Kolean, adiantou-se e disse: “ Vou lhe contar a história desde o principio” . Não só Skrefsrud, mas todo o grupo mais jovem dos santal silonciou, enquanto Kolean, um ancião respeitado, desenrolou uma história que levantou a poeira depositada sobre séculos de tradição oral dos santal: Há muito, muito tempo atrás, segundo Kolean, Thakur Jiu - o Deus Verdadeiro - criou o primeiro homem - Haram - e a primeira mulher - Ayo - e colocou-os bem longe, na região oeste da índia chamada Hihiri Pipiri. Ali, um ser chamado Lita tentou fazer cerveja iln arroz e, depois, induziu-os a jogar parte da cerveja no solo como uma oferta a Satanás. Haram e Ayo se embriagaram com a cerveja e ilormiram. Ao acordar souberam que estavam nus e tiveram vergonha. Skrefsrud maravilhou-se com o paralelo bíblico na história de i' ol®an. Porém, havia mais... Mais tarde, Ayo teve sete filhos e sete filhas de Haram, os quais se casaram e formaram sete clãs. Os clãs migraram para uma região chamada Kroj Kaman, onde se tornaram corruptos. Thakur Jiu chamou a humanidade para “ voltar a Ele” . Quando o homem se recusou, Thakur Jiu escondeu um “ casal santo” numa caverna no monte Harata (note a semelhança com o nome bíblico Ararate), destruindo, a seguir, o restante da humanidade através de um dilúvio. Tempos depois, os descendentes do “ casal santo” se multiplicaram e migraram para uma planície de nome Sasan Beda (“ campo de mostarda” ). Thakur Jiu os dividiu ali em muitos povos diferentes. Um ramo da humanidade (que chamaremos proto-santal) migrou primeiro para a “ terra de Jarpi" e depois continuou avançando para leste “ de floresta em floresta” , até que altas montanhas bloquearam o seu caminho. Eles procuraram desesperadamente uma passagem através das montanhas, mas todas se mostraram intransponíveis, pelo menos para as mulheres e crianças. De maneira bem semelhante a Israel no Sinai, o povo desanimou em sua jornada. Naqueles dias, explicou Kolean, os proto-Santal, como descendentes do casal santo, ainda reconheciam Thakur Jiu como o Deus verdadeiro. Porém, ao enfrentar essa crise, eles perderam a fé no mesmo e deram o primeiro passo em direção ao espiritismo. “ Os espíritos dessas grandes montanhas bloquearam nosso caminho” , decidiram eles. “ Vamos nos ligar a eles por meio de um juramento, a fim de nos permitirem passar” . Eles entraram, então, em aliança com os "Maran Buru” (espíritos das grandes montanhas), dizendo: “ Ó, Maran Buru, se abrirem o caminho para nós, iremos praticar o apaziguamento dos espíritos quando alcançarmos o outro lado” . Skrefsrud tinha, sem dúvida, achado estranho que o nome santal para espíritos perversos significasse literalmente “ espíritos das grandes montanhas", especialmente por não existirem grandes montanhas na terra em que os santal habitavam na época. Ele agora compreendia a razão. "Pouco depois” , continuou Kolean, “ eles descobriram uma passagem (a Passagem Khyber?) na direção do sol nascente.” Chamaram essa passagem de Bain, que significa “ porta do dia". Assim, os proto-santal atravessaram para as planícies denominadas, hoje, Paquistão e índia. Migrações subseqüentes os impeliram mais para o leste, até às regiões fronteiriças entre a índia e a atual Bangladesh, onde se tornaram o povo santal dos dias de hoje.23 Escravos de seu juramento e não por amor aos Maran Buru, os santal começaram a praticar o apaziguamento dos espíritos, feitiçaria e até adoração do sol. Kolean acrescentou: “ No início, não tínhamos 36 - O Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto - 37 deuses. Os ancestrais antigos só obedeciam a Thakur . Depois de descobrir outros deuses, fomos nos esquecendo cada vez mais de Thakur, até que restou apenas o seu nome. Atualmente alguns dizem” , Kolean continuou, “ que o deus-sol é Thakur. Assim sendo, quando há cerimônias religiosas... algumas pessoas olham para o sol...e falam com Thakur. Mas os nossos pais nos contaram que Thakur é distinto. Ele não pode ser visto com os olhos da carne, mas tudo vê. Ele criou todas as coisas. Colocou tudo em seu lugar e sustenta a todos, grandes e pequenos.” 24 Como Skrefsrud respondeu? Alguns missonários, com certeza responderam em situações semelhantes, dizendo: “ Esqueçam-se desse ente que julgam ser Deus! Ele só pode ser o diabo! Vou lhes contar quem é o verdadeiro Deus” . Esse tipo de reação arrogante, com freqüência, destruiu o potencial de resposta de povos inteiros. Skrefsrud não pertencia a essa classe. Assim como Abraão aceitou El Elyon, o nome cananeu dado por Melquisedeque a Deus, e da mesma forma que Paulo e Barnabé, João e seus sucessores seguiram o caminho aberto pelos filósofos gregos, quando aceitaram os nomes gregos Logos e Theos como válidos para o Altíssimo, Lars decidiu também aprender uma lição de Kolean e seus ancestrais. Ele aceitou Thakur Jiu como o nome de Javé entre os santal. Skrefsrud não encontrou qualquer elemento de erro ligado ao nome Thakur Jiu, que pudesse desqualificá-lo. Ele não se achava na categoria de Zeus, digno de rejeição, mas de Theos/Logos, merecedor de aceitação. Além disso, raciocinou ele, se, como norueguês, podia chamar o Altíssimo de Gud - cujo nome surgira de um ambiente tão pagão quanto Theos em grego e Deus em fatim - os santaf tinham então, certamente, direito de chamá-lo Thakur Jiu! Skrefsrud aceitou o nome! Durante algum tempo, ele achou estranho ouvir de seus próprios lábios a proclamação de Jesus Cristo como Filho de Thakur Jiui Mas isso só por algumas semanas. Depois, a estranheza se foi. Sem dúvida, deve ter sido igualmente estranho quando alguém afirmou que Jesus Cristo era o Filho de Theos, ou de God, ou de Gud, ou, finalmente, de Deus\ A aceitação do nome santal para Deus, por parte de Skrefsrud, fez qualquer diferença? Uma rosa, qualquer seja o nome pelo qual a chamem, não continua com o mesmo perfume? Num jardim, isso acontece, mas não na memória! A própria palavra “ rosa” tem o poder de evocar a reminiscência da cor e do perfume. Substituir o seu nome por cardo não mudará a rosa, mas eliminará a lembrança saudosa do ouvinte. Durante séculos incontáveis, os filhos dos santal cresceram ouvindo os pais exclamarem em seus jardins ou ao redor do fogo: “ Ó, se apenas nossos antepassados não tivessem cometido 6 3 - se grave erro conheceríamos Thakur Jiu ainda hoje! Mas do modo como as coisas estão, perdemos contato com ele. Fomos, provavelmente, postos de lado como um povo indigno e ele não quer mais nada conosco, porque nossos antepassados voltaram-lhe as costas naquela hora difícil nas montanhas, há tanto tempo atrás!” . O uso do termo familiar Thakur Jiu, diante de qualquer audiência santal iria, portanto, evocar inúmeras lembranças, tornando os ouvintes, geralmente, mais contemplativos, curiosos e até mesmo prontos a corresponder. Foi exatamente este o efeito que a pregação de Skrefsrud e Borreson produziu!25 De fato, antes que Skrefsrud e Borreson percebessem o que ocorria, eles se viram literalmente rodeados de milhares de indivíduos do povo santal pedindo que lhes ensinassem como reconciliar-se com Thakur Jiu através de Jesus Cristo! A possibilidade de ser eliminada a separação entre a sua raça e Thakur Jiu os empolgou ao máximo! À medida que o ensino dos interessados causou conversões e batismos, pastores sérios, em igrejas tradicionais da Europa, logo ficaram espantados com relatórios procedentes da índia, afirmando que Skrefsrud e Borreson estavam batizando diariamente os santal, numa média, durante um período, de cerca de 80 indivíduos irradiando alegria! “ Alguma coisa deve estar errada!” exclamaram certos teólogos europeus, julgando impossível que os “ pagãos que viveram nas trevas" durante tanto tempo pudessem conhecer o suficiente sobre Deus e o caminho da salvação para serem convertidos e batizados tão depressa, através do ministério de Skrefsrud e Borreson, e em tão grande número! Até mesmo a alegação de oito batismos por dia teria confundido a mente dos clérigos europeus, a maioria dos quais teria considerado a média de um batismo por semana como prova de que a bênção de Deus se derramara poderosamente sobre o seu ministério! Oitenta batismos por dia significavam, porém, que as jovens igrejas santal na “ índia Hindu” estavam crescendo 500 vezes mais depressa do que a maioria das igrejas na “ Europa Cristã” ! Os cristãos que protestaram durante longo tempo, afirmando que as missões para a Ásia seriam absolutamente inúteis, em vista dos asiáticos serem obstinados em seus pontos de vista e não poderem, de forma alguma, compreender o evangelho, ficaram atônitos. Skrefsrud e Borreson, toda vez que voltavam à Europa para fazer palestras nas igrejas, eram constantemente saudados como heróis da fé por milhares de cristãos comuns que, ouvindo falar da conversão dos santal, viajavam grandes distâncias para ouvir os dois homens. O resultado 38-0 Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto - 39 foi um grande reavivamento da vida espiritual em muitas igrejas da Europa. Alternando com essas explosões gratificantes do aplauso público, comitês de clérigos carrancudos reuniram-se para interrogar Skrefsrud e Borreson respectivamente. Eles se sentiam obrigados a duvidar da profundidade da reação dos santal, pensando talvez que o sucesso surpreendente de Skrefsrud e Borreson entre os “ pagãos” viesse a ter um reflexo negativo sobre os seus próprios ministérios laboriosos na “ Europa iluminada” . Enquanto isso, na fronteira entre os santal e a índia, os cristãos santal continuaram a manifestar o caráter cristão e provaram seu fervor ao divulgarem corajosamente o evangelho entre o seu povo. Skrefsrud contou 15.000 batismos durante os seus anos na índia. No decorrer desse período, ele traduziu grande parte da Bíblia para a língua santal, compilou uma gramática e um dicionário santal, registrou inúmeras tradições desse povo para a posteridade e persuadiu o governo colonial a aprovar leis protegendo a minoria santal da exploração impiedosa de seus vizinhos hindus. Surpresos com o tamanho da colheita que haviam iniciado, Skrefsrud, Borreson e suas esposas enviaram um pedido de SOCORRO! Outros missonários apressaram-se a socorrê-los, a fim de ceifar a colheita santal que amadurecia velozmente; e depois de poucas décadas, mais 85.000 crentes foram batizados pela missão santal de Skrefsrud. A essa altura, grupos batistas e outros haviam corrido para colocar seus marcos de propriedade ao longo do filão santal, sendo responsáveis por várias dezenas de milhares de novos cristãos! A história dos santal é apenas uma entre centenas de casos em que povos inteiros do mundo não-cristão demonstraram maior entusiasmo em receber o evangelho do que nós, cristãos, mostramos em enviá-lo a eles. O comentário feito por Kolean a Skrefsrud sobre os adoradores do sol entre os santal, mesclando o nome de Thakur Jiu com a sua adoração do sol é instrutivo. Da mesma forma que o rei de Sodoma tentou insinuar-se na vida de Abraão, os adoradores do sol ou idólatras podem algumas vezes tentar obter maior prestígio em seus rituais, associando a eles o nome de Deus. Os que praticam o ocultismo fazem ocasionalmente o mesmo com os nomes europeus para o Altíssimo, tais como: God, Gott, ou Gud. Os pesquisadores que investigaram apenas o ritual cúltico de qualquer determinada sociedade poderão passar por sobre o ponto de vista muito diferente dos membros mais perspicazes de uma cultura, como aconteceu com Kolean entre os santal. Na ausência desse conceito, um estranho poderia facilmente chegar à conclusão errada de que Thakur Jiu era o nome de um deus-sol santal. Vejamos outro caso: Huascar, décimo-segundo rei do império inca (Pachacuti foi o nono), mandou erigir um ídolo de ouro numa ilha no lago Titicaca e chamou-o de Viracocha-lnti!26 A múmia de Pachacuti deve ter gemido em sua cripta! O nome do deus grego Zeus é outro exemplo. Compare Zeucom Theos e Deus na coluna seguinte: Zeus Qeos (usando a consoante grega theta em lugar de “ th” ) Deus Não é necessário um diploma de lingüística para enxergar que os três nomes procedem de uma única raiz lingüística. Os três começam com consoantes — Z, ©, e D - - que exigem que a ponta da língua esteja entre os dentes ou imediatamente por trás deles. Os três nomes destacam o que os lingüistas chamam de “ vogal e média, aberta, no segundo espaço. O terceiro espaço nos três nomes contém as vogais o ou u “ posteriores fechadas” . E os três nomes preenchem o quarto espaço com a sibilante s. Em último lugar, os três compartilham de um sentido semelhante. Vamos, agora, reconstruir teoricamente a história provável desses três termos. No princípio, antes do grego e do latim se diferenciarem como línguas distintas, havia um vocábulo original - talvez Deos - que era um nome pessoal para o Todo-poderoso. Mais tarde, à medida que as várias seitas inventaram deuses menores e lhes deram nomes pessoais, cada seita afirmou que seu deus era, na verdade, Deos. Como resultado, na ocasião em que as mudanças de pronúncia levaram “ Deos” a se tornar “ Deus” em uma região e “ Geos” em outra, os três termos se haviam generalizado de forma a significar “ deus” em lugar de “ Deus” . Exemplo: As esponjas de aço apareceram pela primeira vez sob a marca "Bom -Bril” . Quando as empresas concorrentes produziram outras marcas de esponjas desse tipo, a palavra “ Bom-Bril” estava tão indelevelmente associada com as esponjas de aço que o público também chamava os produtos concorrentes de “ Bom-Bril” . Em outras palavras, “ Bom-Bril” tornara-se “ bom-bril” , assim como “ Deus” tornou-se “ deus". Filósofos como Xenofonte, Platão e Aristóteles tentaram, com efeito, inverter a tendência para a generalização, voltando ao uso original de theos como um nome pessoal. O resultado? Tanto o sentido específico original como o geral passaram a coexistir. Zeus, como uma terceira variação do Deos original, conseguiu evitar a generalização, sobrevivendo como um nome pessoal específico. De fato, Epimênides usou Zeus como nome pessoal do Todo40 - O Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto - 41 poderoso em outra parte do mesmo poema, citado pelo apóstolo Paulo em Tito 1.12! Porém, um destino diferente e muito mais sério sobreveio à variante Zeus. Os teólogos gregos, manipulando, através dos séculos, o nome pessoal do Todo-poderoso (Zeus), introduziram gradualmente significados inconsistentes com o conceito original. Eles decidiram, por exemplo, afirmar que Zeus fora gerado por dois outros seres - Kronos e Rhea. Uma vez que os teólogos induziram os adoradores a aceitarem a sua revisão, o nome Zeus não mais designava um Criador incriado. Na ausência de um número suficiente de "koleans” para defender o conceito original, “ Zeus” morreu como um nome válido para Deus. Esse termo uma vez profundo prosseguiu, tornando-se, porém, tão incrustado de erros que nem sequer um Platão ou Aristóteles puderam resgatá-lo. Eles tiveram simplesmente de passar por ele, favorecendo Theos. O mesmo fizeram os tradutores judeus e os apóstolos cristãos. Do mesmo modo, quase no exato momento em que o Cristianismo nasceu, os “ mudadores de significado” teológicos tentaram insinuar novos sentidos tendenciosos nos termos cristãos. Os grandes concflios teológicos dos Pais da Igreja podem ser tidos como uma lentativa de impedir que os termos cristãos importantes sofressem o mesmo destino de palavras antes elevadas, como Zeus, tinham sofrido. Uma das surpreendentes características deste “ deus dos céus” benigno e onipotente, de muitas religiões populares da humanidade, é sua tendência de identificar-se com o Deus do Cristianismo! Esse "deus dos céus” , embora considerado pela maioria das religiões populares como remoto e praticamente inatingível, tende a aproximar-se e falar às pessoas religiosas sempre que - sem que elas mesmo o saibam - estão prestes a encontrar emissários do Deus cristão! E o que o “ deus dos céus” diz nessas ocasiões? Ele se vangloria e se encoleriza invejosamente contra o Deus do cristianismo, como uma divindade estrangeira usurpadora? Pressiona seus seguidores a rejeitarem fanaticamente o evangelho do intruso? Longe disso! I m centenas de casos, atestados por literalmente milhares de religiosos em todo o mundo, o Deus dos céus faz exatamente o que El I lyon fez através de Melquisedeque. Ele reconhece alegremente como sendo seus os mensageiros de Javé que se aproximam! Toma cuidado para esclarecer perfeitamente que Ele é justamente o próprio Deus que esses estrangeiros especiais proclamam! Tem-se a indiscutível impressão de que o Deus dos Céus queria comunicar-se com pessoas de várias religiões populares todo o tempo, mas por suas próprias razões misteriosas manteve uma política de restrição até a chegada do testemunho de Javé! Esta é, com certeza, uma poderosa evidência extra-bíblica da autenticidade da Bíblia como revelação do Deus verdadeiro e universal! Ela é também, como veremos mais tarde, a principal razão, a nível humano, para a aceitação fenomenal do cristianismo entre pessoas de muitas religiões populares diferentes em todo o mundo. Além do mais, passagem após passagem das Escrituras têm testemunhado, no decorrer dos séculos, que o nosso Deus não se deixou sem testemunho - em separado da pregação do evangelho (veja por exemplo, At 14.16-17 e Rm 1.19-20 e 2.14-15). Esse testemunho, embora diferente na espécie e qualidade do testemunho bíblico - continua sendo mesmo assim uma evidência dEle! Como é então trágico a verdade de que os cristãos em geral não sabem praticamente nada sobre este fenômeno mundial de pressuposição monoteísta, subjacente à maioria das religiões populares da terra! Muitos teólogos e até alguns missionários, cujos ministérios foram tremendamente facilitados pelo fenômeno, nervosamente empurraram para um canto escondido esta evidência que serve para clarear a mente. Por que? Se você pertence a uma tradição que vem ensinando aos cristãos, há séculos, que o resto do mundo se acha em total escuridão e nada sabe sobre Deus, fica um tanto embaraçoso dizer: “ Estávamos errados. Na verdade, mais de 90 por cento das religiões populares do mundo reconhecem pelo menos a existência de Deus. Algumas até consideram s'eu interesse redentor pela humanidade” . A declaração feita pelo apóstolo João de que o mundo jaz no maligno (veja 1 Jo 5.19), deve ser combinada com o reconhecimento do apóstolo Paulo de que Deus não se deixou ficar sem testemunho. Pois esse testemunho penetrou nas trevas da impiedade em quase toda parte, até certo ponto. Nas palavras do apóstolo João, "a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela” (Jo 1.5). João especificou ainda que a "luz” descrita por ele é “ a verdadeira luz que, vinda ao mundo, ilumina a todo o homem” (1.9, grifo acrescentado). Mas, por que os missionários que passaram pela mesma experiência do fenômeno do deus dos céus procuram ocultar a mesma? Talvez por julgarem que alguém pudesse dizer em seu país: “ Vejam! Eles já acreditavam em Deus! Você não precisava convertê-los, afinal de contas!” Evitar a objeção era mais fácil do que confrontá-la - embora não seja difícil de contestar! Então, eles simplesmente comunicaram outras informações importantes aos que os mantinham na missão. 42 - O Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto - 43 Outros missionários, treinados por teólogos que menosprezavam o fenômeno, ficaram assim mentalmente condicionados a ignorar a evidência, ainda antes de tê-la encontrado! Ou talvez se surpreendessem com ela, mas se sentissem relutantes em mencioná-la para que seus próprios professores não viessem a duvidar de sua ortodoxia. Dois ou três teólogos proeminentes, quando começaram a ouvir relatos de segunda ou terceira mão sobre um reconhecimento quase universal de um Deus Supremo, entre as religiões populares ao redor do mundo, chegaram precipitadamente a uma conclusão infeliz: A singularidade da Bíblia, como a única auto-revelação de Deus ao homem, estava sendo ameaçada, segundo eles. Alguns evolucionistas, compreendendo que não seria proveitoso para sua causa se os teólogos começassem a divulgar o fenômeno do deus dos céus, astuciosamente os instigaram a rejeitar o fenômeno, insinuando que ele provava que a Bíblia não era única. Os teólogos responderam com pouca sabedoria, rejeitando o fenômeno do deus dos céus como inconseqüente. Por sua vez, eles persuadiram gerações de alunos a adotarem a mesma postura defensiva. Desde então, certos teólogos tornaram parte de sua carreira desacreditar crenças paralelas à Bíblia nas religiões populares como “ distorções” ou “ falsidades satânicas” . Naturalmente, é verdade que contrafações espirituais, falsidades e distorções foram de fato introduzidas no mundo. É também possível que os mensageiros do evangelho sejam desviados por elas, assim como é igualmente possível que uma abelha, zumbindo em meio às flores, caia, por engano, nas garras de uma planta carnívora. Mas as abelhas não deixam de colher o néctar com medo das plantas carnívoras, ou das teias de aranhas ou dos insetos louvadeus. A seguir, vemos dois exemplos de plantas carnívoras fazendo o papel de "flores” em nosso “ campo” , como Jesus chamou repetidamente este mundo. Os missionários fazem bem em evitar tais coisas e os teólogos nos advertem corretamente contra elas. 1. Os hindus esperam o que chamam “ a décima encarnação de Vishnu” . Um jovem missionário na índia, desesperado em obter a atenção dos hindus, simplesmente decidiu proclamar Jesus desse modo - a décima encarnação de Vishnu! Ele estava certamente sendo insincero ao afirmar tal coisa. Os teólogos conservadores agitam os braços, como um juiz de futebol, e gritam “ louco!” , quando ficam sabendo de uma abordagem tão comprometedora na comunicação transcultural. Porém, eles não devem, logo a seguir, argumentar com base nesse único exemplo, que o ponto de vista de outras culturas é basicamente irrelevante quando nos aproximamos delas com o evangelho. Esse tipo de dedução é um exemplo de atitude precipitada. Permanece o fato de que a crença indiana na possibilidade de um deus encarnar-se entre os homens, torna-nos mais compreensivos quando conversamos com eles sobre “ o Verbo que se fez carne e habitou entre nós” - não em ocasiões sucessivas, mas de uma vez por todas! 2. Alguns budistas, do mesmo modo, esperam uma quinta manifestação de Buda como Phra-Ariya-Metrai, o “ senhor misericordioso” . Seria errado e fútil reduzir o Filho de Deus, encarnado uma vez por todas, a uma simples “ quinta manifestação” de quem quer que seja. No entanto, o reconhecimento dos budistas de que o homem precisa de misericórdia administrada por um poder além de si mesmo, permanece como um ponto de contato latente. O testemunho entre as religiões populares relativo à existência do Deus Supremo tende, entretanto, a constituir uma categoria muito diferente das acima citadas. Apresentamos a seguir duas ilustrações. Uma delas vem do livro de Harold Fuller, Run While the Sun is Hot ( “ Corra Enquanto o Sol Está Quente” ), com detalhes acrescentados e extraídos da obra de Albert Brant, ainda não publicada, In the Footsteps of the Flock (“ Nos Passos do Rebanho” ). A outra faz parte de uma entrevista pessoal com o Dr. Eugene Rosenau, virtual cidadão da República Centro-Africana. O Povo Gedeo da Etiópia Nos recessos da região montanhosa da Etiópia, na parte centro-sul, vivem vários milhões de cafeicultores que, embora divididos em diversas tribos, compartilham uma crença comum num ser benévolo chamado Magano - Criador onipotente de tudo quanto existe. Uma dessas tribos é chamada de Darassa ou, mais acuradamente, de povo gedeo. Na verdade, bem poucos membros da tribo gedeo, cerca de meio milhão de membros, oravam a Magano. Com efeito, um observador casual descobriria que o povo estava mais preocupado em apaziguar um ser maligno, a quem dava o nome de Sheifan. Certo dia, Albert Brant perguntou a um grupo de gedeos: “ Vocês consideram Magano com tanta reverência, mas no entanto rendem sacrifícios a Sheit'an; por que isso? Ele recebeu a seguinte resposta: "Sacrificamos a Sheifan, não porque o amemos, mas simplesmente por não termos comunhão suficiente com Magano para que nos afastemos de Sheifan! Todavia, pelo menos um homem gedeo procurou uma resposta 44 - O Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto - 45 pessoal de Magano. Seu nome - Warrasa Wange. Sua posição - parente da “ famflia real” da tribo gedeo. Seu domicílio - uma cidade de nome Dilla, situada na parte mais remota das terras da tribo gedeo. Seu método de abordagem a Magano - uma oração simples, pedindolhe que Se revelasse ao povo gedeo! Warrasa Wange obteve uma pronta resposta. Visões surpreendentes começaram a surgir em seu cérebro de uma hora para outra. Ele viu dois homens brancos. (Os que sofrem de “ caucasofobia” - pessoas que não gostam ou temem os “ brancos” , geralmente chachamados “ caucasianos” - irão objetar, mas o que posso fazer? A história não deve ter previsto o pendor atual para a caucasofobia!) Warrasa viu os abrigos frágeis erigidos pelos dois brancos, sob a sombra de um grande sicômoro, perto de Dilla, cidade de Warrasa. Mais tarde, eles construíram estruturas mais permanentes, com tetos brilhantes. Essas estruturas, finalmente pontilharam toda uma ladeira! O sonhador jamais vira as estruturas temporárias frágeis nem as permanentes, de telhado brilhante. Todas as habitações na terra dos gedeos tinham telhado de capim. Então, ele ouviu uma voz. “ Esses homens” , disse ela, “ trarão a você uma mensagem de Magano, o Deus que você procura. Espere por eles” . Na cena final de sua visão, Warrasa viu-se removendo a estaca central de sua própria casa. No simbolismo gedeo, essa estaca central representa a própria vida do homem. Ele levou a seguir a estaca e fixou-a no solo junto a uma das habitações de telhado brilhante dos estranhos. Warrasa compreendeu a implicação - a sua vida iria identificarse mais tarde com a dos estrangeiros, com a sua mensagem e com Magano que os enviaria. Warrasa esperou. Oito anos se passaram. Durante esses oito anos vários adivinhos entre os gedeos profetizaram que estranhos logo chegariam trazendo uma mensagem de Magano. Num dia muito quente, em dezembro de 1948, o canadense de olhos azuis, Albert Brant, e seu colega, Glen Cain, surgiram no horizonte num velho caminhão. A missão deles era dar início ao trabalho missionário, para a glória de Deus, entre o povo gedeo. Eles haviam esperado permissão do governo etíope para estabelecer sua nova missão bem no centro da região dos gedeos, mas os etíopes amigos da missão avisaram que tal pedido seria certamente recusado devido ao clima político existente na ocasião. “ Peçam para ir apenas até a cidade de Dilla” , disseram os conselheiros com uma piscadela. “ Ela fica bem distante do centro da tribo. Os que se opõem à sua missão vão achar que não poderiam de forma alguma influenciar a tribo inteira a partir dessa cidade na periferia!" “ Lá está ela” , exclamou Brant para Cain. “ Fica bem na extremidade da população gedeo, mas tem de servir.” Com um suspiro, ele dirigiu o velho caminhão para Dilla. Glen Cain limpou o suor da testa. “ Que calor, Albert” , disse ele. “ Espero encontrar uma boa sombra para as nossas tendas!” Olhe aquele velho sicômoro!” respondeu Albert. "Parece encomendado para nós!” Brant virou o veículo, subindo uma lombada, em segunda, para chegar à árvore. Warrasa Wange ouviu o som do carro à distância. Ele se voltou justamente a tempo de ver o velho caminhão de Brant parar sob os ramos estendidos da árvore. Devagar, Warrasa seguiu para onde estava o caminhão, refletindo... Três décadas mais tarde, Warrasa (agora um crente radiante em Jesus Cristo, Filho de Magano), junto com Albert Brant e outros, contaram mais de 200 igrejas entre o povo gedeo - igrejas com uma média acima de 200 membros cada! Com a ajuda de Warrasa e outros habitantes de Dilla, quase toda a tribo gedeo foi influenciada pelo evangelho - apesar da localização periférica de Dilla! Os Mbaka da República Centro-Africana O que aconteceu entre o povo gedeo não é, de maneira alguma, um incidente isolado. Por incrível que pareça, literalmente milhares de missionários cristãos através da história ficaram surpresos com as boas-vindas exuberantes de alguns povos mais remotos! Pessoas que não conseguiriam ler um jornal, nem mesmo se ele fosse atirado à sua porta, previram a chegada dos mensageiros do Deus verdadeiro com tanto conhecimento como se tivessem acabado de ler sobre eles no noticiário matutino! Porém, geralmente o “ deus dos céus” - como os antropólogos costumam designá-lo - não revelava o tipo de boas notícias que seus mensageiros transmitiriam. Ele prefereria dizer apenas que estavam para chegar. Eis o motivo pelo qual a história de Koro vem a ser uma exceção estonteante! Koro? O Criador, como é chamado em várias línguas banto da África. E uma tribo banto - os Mbaka - chegaram talvez mais perto do que qualquer outro povo da terra a prever não apenas a chegada de uma mensagem de Koro, mas até mesmo da parte de seu conteúdo! Os Mbaka vivem perto da cidade de Sibyut na República Centro-Africana. O missionário Eugene Rosenau, Ph.D., costumava ouvir atônito quando os homens da tribo Mbaka, especialmente os da al46 - O Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto - 47 deia Yablangba, explicavam porque haviam respondido com tanta prontidão ao evangelho quando o pai de Eugene, Ferdinand Rosenau, e seus colegas batistas o pregaram pela primeira vez entre os mbaka, em princípios da década de 20. Certo dia, Eugene, profundamente comovido, exclamou: “ Os seus ancestrais mbaka estavam mais perto da verdade do que meus antepassados germânicos ao norte da Europa!” Seguem-se alguns comentários dos membros da tribo mbaka, que me foram transmitidos de Mbakaland pelo próprio Eugene Rosenau. “ Koro, o Criador, enviou uma mensagem a nossos antepassados há muito tempo atrás, dizendo que Ele já mandara seu Filho para realizar uma coisa maravilhosa em favor de toda a humanidade. Mais tarde, porém, nossos ancestrais afastaram-se da verdade sobre o Filho de Koro. Com o tempo, eles até esqueceram o que Ele havia leito pela humanidade. Desde a época do “ esquecimento” , gerações sucessivas de nosso povo desejaram descobrir a verdade sobre o Filho de Koro. Mas tudo o que pudemos saber foi que mensageiros finalmente viriam para repetir esse conhecimento esquecido. De alguma forma, sabíamos também que os mensageiros seriam provavelmente brancos...” (Os que sofrem de caucasofobia podem relaxar! Desta vez a cor branca era apenas uma probabilidade!) “ ...Em qualquer caso, resolvemos que, à chegada dos mensageiros de Koro, todos nós lhe daríamos as boas-vindas e creríamos na sua mensagem!” Ferdinand Rosenau descobriu, além disso, que os homens de uma certa aldeia chamada Yablangba eram considerados “ guardadores das tradições de Koro” - uma espécie de clã levítico dentro da tribo. Como, então, eles responderam ao evangelho? O povo mbaka em Yablangba, reagiu tão positivamente ao evangelho, conta Eugene, que cerca da década de 50 alguém fez uma importante descoberta - 75 a 90 por cento de todos os pastores africanos, treinados por Eugene e seus colegas, eram dessa mesma yrande aldeia - Yablangba! A porcentagem foi depois alterada, à medida que outros povos da República Centro-Africana, que responderam, passaram a contribuir com sua quota de líderes, a maioria dos quais foi naturalmente orientada pelos primeiros pastores de Yablangba. Até mesmo os “ ritos de passagem” tribais entre os mbaka, diz I ugene, mostram paralelos judeu-cristãos. Primeiro, os anciãos ofereciam um sacrifício de sangue pelos iniciados. A seguir, batizavamnos por imersão num rio. Durante vários dias após o batismo, o iniciado deveria comportar-se como uma criança recém-nascida! De acordo com o simbolismo, não lhe era permitido falar. Toda vez que um indivíduo mbaka tropeçava numa pedra, ele se voltava e ungia o objeto ofensor. A seguir, dizia à mesma: “ Fale, pedra, Koro usou você para guardar-me do perigo ou do mal?” Eugene vê um estranho paralelo entre esse costume e a metáfora bíblica de Jesus Cristo como uma “ pedra de tropeço” e uma “ rocha de ofensa” . Porém, Ele representa isso apenas para os homens que não reconhecem que Deus busca guardá-los do perigo e do mal através de Jesus! Os mbaka, por sua parte, estão prontos a reconhecer a bênção de Koro, até mesmo quando ela vem disfarçada numa pedra de tropeço que fere o seu pé! Eugene lembra uma época, anos antes, quando missionários mais jovens, encantados com histórias desse tipo das tradições mbaka, disseram que gostariam de ter “ mais tempo para estudar a cultura". Um missionário mais velho objetou: “ Não se estuda o inferno. Pregamos o céu!” O “ inferno” acha-se admitidamente presente em toda sociedade humana. Selvagens “ nobres” são tão raros quanto nobres civilizados. O mesmo homem que unge a pedra, hoje, pode cometer homicídio amanhã. Admitimos também que jamais devemos permitir que nosso fascínio por qualquer situação humana nos absorva tanto que deixemos de “ pregar o céu” . Não obstante, parece claro que o “ inferno” não teve prioridade no desenvolvimento da cultura mbaka, pois alguma influência celestial se faz sentir. Quem quer que desejasse pregar sinceramente o céu aos mbaka não erraria se primeiro estudasse a influência que este já exercera sobre o mundo deles! Do mesmo modo que aceitamos prontamente um estranho, caso primeiramente ele tenha sido recomendado por alguém que conhecemos e em quem confiamos, os mbaka também receberam alegremente o evangelho por ter-lhes sido recomendado por alguém que conheciam e em quem confiavam - sua própria tradição sobre Koro! Por essas razões, proponho que estes aspectos particulares da tradição mbaka sejam descritos como “ redentores". (Nota: “ redentores” e não “ salvadores” ! “ Redimir” significaria que o povo mbaka poderia entrar em comunhão com Deus através de suas próprias tradições, em separado do evangelho. “ Redentor” , neste contexto, significa “ contribuir para a redenção de um povo, mas sem culminá-la.” ) “ A tradição redentora” contribui para a redenção de um povo, apenas por facilitar sua compreensão do sentido dessa redenção. A tradição redentora dos mbaka levou-os a considerar o evangelho como algo precioso e não como uma coisa imposta arbitraria48-0 Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto - 49 mente por um estrangeiro. Esse mesmo evangelho não se ajustava somente às exigências de Koro como um Deus justo, mas também às suas próprias necessidades como homens e mulheres pecadores. O lato de o evangelho fazer isto de modo a cumprir, em vez de anular, este núcleo “ redentor" da tradição mbaka torna o evangelho único, em lugar de diminuí-lo! Essa singularidade aumenta muitíssimo quando percebemos que o mesmo evangelho também cumpre os componentes redentores de milhares de outras culturas! Nenhuma outra mensagem da terra já possui um alicerce lançado para a mesma nos sistemas de fé de milhares de sociedades humanas completamente diversas! Como é lamentável que alguns teólogos tenham julgado que a singularidade do evangelho estivesse sendo ameaçada por essas tradições, quando na verdade elas a acentuavam! É igualmente digno de lástima que nos ensinassem a condenar as mesmas, considerando-as “ falsas” ou “ distorcidas” . Este tipo de ensino levou alguns cristãos - incluindo certos missionários - a se mostrarem muito defensivos e até ofensivos para com os não-cristãos. Instigou-os a ver as semelhanças com o cristianismo em outras culturas com barreiras ao evangelho, em vez de umbrais com a inscrição “ bem-vindos"! Uma outra pergunta: E se os convertidos de um determinado povo, depois de receberem o evangelho, com a sua compreensão facilitada por suas próprias tradições, se desencantarem posteriormente do mesmo? E se voltarem às suas tradições e fizerem delas um fim em si mesmas? E se construírem uma seita em volta delas, competindo com as igrejas de Cristo? Devemos dizer então: “ Ah! Isto prova que as tradições deles eram do diabo todo o tempo!” Absolutamente não! Se uma mulher estraga a navalha do marido cortando algum objeto, isso significa que ele não deveria ter uma navalha desdeo começo? O mau uso subseqüente não invalida o propósito para o qual a navalha foi fabricada. Antes de desacreditar a tradição ou culpar as pessoas pelos seus atos, devemos fazer primeiro indagações quanto ao seguinte. Em nossa apropriação do folclore, deixamos muitas perguntas sem resposta? Ou, quem sabe, missionários da segunda ou terceira geração tivessem falhado em apreciar a metodologia transcultural dos pioneiros ousados que fizeram os primeiros contatos com o povo em sua área? Certas vezes, quando visito campos missionários, descubro que os obreiros que continuam o trabalho começado por outros nem sequer pensaram em inquirir sobre o tipo de comunicação que seus predecessores consideravam eficaz. Se esses sucessores tomarem muitas coisas como certas, eles talvez ofendam desnecessariamente os jovens convertidos, afastando-os das igrejas cristãs. Desse modo, quando esses convertidos procuram encher o vazio em suas vidas, coríirmando as antigas tradições, que sabem instintivamente estarem íe alguma forma ligadas ao evangelho, o seu folclore pode ser injustamente rotulado de “ arma satânica usada para iludir jovens converticos” . Uma outra pergunta: não é humilhante para povos como os gedeos ou os mba^a terem conhecimento sobre Magano/Koro e serem obrigados a aguardar séculos até que estrangeiros de alguma outra parte do mundo resolvam que “ talvez esteja na hora de ir e contarlhes como podem conhecê-IO pessoalmente?” A resposta é, acima de tudo, sim! Povos como os gedeos ou os mbaka várias vezes deixaram os missionários embaraçados, perguntando: "O seu tataravô conhecia os caminhos de Deus? Sabia? Então, por que não veio e ensinou meu tataravô?!" Mas uma resposta mais completa exige também o seguinte comentário: Pense na pessoa mais presunçosa e arrogante que conhece (não inclua você mesmo). Agora pergunte: Que denominador comum esconde-se por trás desse conceito e dessa arrogância? Esse denominador comum é invariavelmente uma ilusão de independência - uma confiança irreal em nossa capacidade de forjar nosso próprio destino. Se entre os presunçosos você encontrar alguém que julga agradar até mesmo a Deus - é certo que se trata do mais arrogante de todos! Não nos surpreende então que a resposta divina à arrogância humana seja declarar-nos todos dependentes! Essa dependência não está ligada às nossas boas obras” mas à boa obra de seu Filho no Calvário! Isto não nos deixa qualquer base para a vaidade! Porém, Deus parece ter avançado ainda mais... Além de nos tornar dependentes de seu Filho para salvação, Ele também nos reduziu à dependência de nosso semelhante para receber as notícias dessa salvação! Jesus não publicou qualquer livro. De fato, Ele não nos deixou uma única letra de próprio punho! Também não designou anjos em nossa era para pregarem o evangelho, em lugar de homens ou em colaboração com eles! Se tivesse acrescentado anjos à sua força-tarefa de comunicação, você já pode advinhar o que teria ocorrido - as igrejas fundadas através do m in isté rio de anjos iriam proclamar sua superioridade sobre as im plantadas pelo ministério de simples homens (ou vice-versa)! Na plano de Deus, entretanto, as coisas tendem a funcionar de modo a não d a r rnargem para o orgulho humano! “ Deus resiste aos soberbos, contudc» aos humildes concede a sua graça” (1 Pe 5.5). Se, portanto, o / udeu mostrar humildade quando um samaritano 50 - O Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto - 51 lhe der uma lição espiritual, Deus irá alegremente providenciar uma situação de ensino adequada! (Veja Lc 10.25-37; 17.11-17.) Da mesma forma, Deus humilha algumas vezes os arrogantes europeus transmitindo-lhes sua verdade através de irmãos mulatos ou pretos da Ásia ou África. De modo inverso, talvez seja melhor para a alma de um liberal rancoroso, se encontrar o caminho da verdadeira libertação por meio de um membro da raça dominante odiada! Com esses princípios em mente, prefiro não questionar o método divino de fazer uso de mensageiros improváveis para alcançar vários povos. Espero confiante que Ele continue a empregar mensageiros que façam levantar as sobrancelhas de pelo menos alguém. Vejamos agora outros exemplos de povos preparados. Os Chineses e os Coreanos Os chineses o chamam de Shang Ti - o Senhor do Céu. Alguns eruditos fazem especulações a respeito de Shang Ti poder talvez relacionar-se lingüisticamente ao termo hebraico Shaddai, como em El Shaddai, o Todo-poderoso, Na Coréia ele é conhecido como Hananim - O Grande. A crença em Shang Ti/Hananim é anterior ao confucionismo taoísmo e budismo, não se sabe por quantos séculos. De fato, segundo a Encyclopedia of Religion and Ethics (“ Enciclopédia de Religião e Ética” (vol 6, p. 272), a primeira referência a qualquer tipo de crença religiosa na história chinesa especifica apenas Shang Ti como o único objeto dessa fé. A antigüidade da referência em questão: cerca de 2.600 anos antes de Cristo! Isso significa mais de dois mil anos antes que o confucionismo ou qualquer outra religião estabelecida surgisse na China! Os adoradores em toda a China e Coréia parecem ter compreendido, desde o início, que Shang Ti/Hananim jamais deveria ser representado por ídolos. O povo chinês, por sua parte, parece ter homenageado Shan Ti livremente até o começo da Dinastia (1066-770 a.C.). Nessa época, os líderes religiosos chineses, desejosos de enfatizar a majestade e santidade de Shang Ti, gradualmente perderam de vista seu amor e misericórdia para com os homens. Eles logo limitaram de tal modo a fé que apenas o imperador foi considerado "suficientemente bom” para adorar Shang Ti - e isso somente uma vez por ano! O povo comum, a partir desse período, ficou proibido de render culto diretamente ao Criador. Foi-lhe dito que o Pai Imperador tomaria conta de tudo. Paralelos trágicos ligam esta antiga política chinesa com a de­ cisão do inca Pachacuti de restringir às classes altas o privilégio de adorar Viracocha. A decisão de Pachacuti não só deixou as massas sem Viracocha, como também deixou Viracocha sem seguidores entre os incas, uma vez que os invasores exterminaram a nobreza inca. Da mesma forma, a política imperial chinesa não deixou apenas as massas sem Shang Ti, mas também Shang Ti virtualmente sem adeptos entre os chineses devido ao que se seguiu. Impedir que o povo obedecesse a Shang Ti, como era de seu costume, criou um vácuo espiritual na China. Esse vácuo não poderia perdurar muito tempo sem que alguma coisa se apressasse a preenchê-lo. Apenas três séculos depois do fim da Dinastia Chu, três religiões inteiramente novas materializaram-se do nada e precipitaram-se para preencher esse vazio. A primeira, o confucionismo, começou ensinando as massas a limitarem a devoção religiosa à adoração dos ancestrais dando prioridade ao desenvolvimento de uma sociedade melhor aqui na terra! Não se importem com Shang Ti, aconselhou Confúcio. Ele está distante; é inacessível ao povo comum. Deixem-no para o imperador, que é o único que pode interceder por vocês! Em outras palavras, o confucionismo simplesmente tentou construir uma estrutura humanista em torno do status quo\ A adoração dos ancestrais foi uma espécie de calmante usado para tranqüilizar o instinto religioso do homem e não para satisfazê-lo. Favorecido pela classe dominante por razões óbvias, o confucionismo começou a ganhar terreno. Os ensinos de Confúcio não podiam, no entanto, satisfazer o instinto religioso da grande maioria dos chineses. O resultado foi o aparecimento do taoísmo como uma suposta alternativa popular ao confucionismo. A solução do taoísmo para a fome que devorava o coração dos chineses era uma mistura de magia, filosofia e misticismo. Os taoístas ridicularizavam a busca de Confúcio de uma sociedade humana ideal. A ordem do universo, declararam os taoístas, favorece firmemente o status quo e resistiria obstinadamente a todas as tentativas de modificá-lo! O taoísmo também começou a ganhar terreno, mas a fome continuou. Então surgiu, da índia, por sobre o Himalaia, uma nova religião chamada budismo! Parece incrível que o budismo pudesse ser bem recebido na China, pois enfatiza o celibato. Nada poderia ser mais abominável para os chineses com sua idealização exagerada do casamento e procriação! Todavia, o budismo obteve rapidamente amplo apoio popular e finalmente prevaleceu sobre o confucionismo e taoísmo como a religião predominante da China.27 Qual a razão do sucesso do budismo? 52 - O Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto - 53 Primeiro, os mestres budistas evitavam o confronto com os i.ostumes indígenas contrários. Eles mudavam ou adaptavam consiuntemente suas doutrinas para torná-las aceitáveis aos chineses. O hudismo simplesmente dissolveu-se na sociedade chinesa como a manteiga quente no pão fresco. Para a maioria teimosa, que rejeitava o celibato, os sacerdotes budistas inventaram solicitamente outras maneiras pelas quais os chineses casados conseguiam obter pontos #m sua busca do Nirvana. A razão principal para a aceitação do budismo por parte de milhares de chineses foi muito direta - o budismo mostrou-se disposto a fornecer os deuses que os chineses podiam adorar! Não se trata de Gautama, o fundador do budismo, pretender que aeus seguidores ensinassem a idolatria. Ele até chegou, de fato, a adverti-los que não começassem uma nova religião! O budismo começou somente como uma reação aos excessos do hinduísmo. No Início, o budismo era tão centralizado no homem quanto o confucionismo, ou até mais que ele! Os seguidores de Gautama, porém, chegaram logo à decisão prática de que as massas sequiosas de adoração na China queriam divindades perante as quais pudessem inclinar-se e não apenas ideais centralizados no homem, a serem contemplados! Os sacerdotes budistas viram uma oportunidade de sobrepujar não só o confucionismo humanista como também o taoísmo místico, com sua filosofia, magia e ritual. Mas, eles defenderam a idéia de uma volta à adoração de Shang Ti? Fazer isso seria invadir o domínio que o imperador considerava propriedade sua. Havia, no entanto, uma alternativa fascinante. Eles encorajaram os chineses a adorarem o próprio Gautama como Buda - o iluminado! O pó de Gautama deve ter-se transformado em lixívia e aberto caminho através do chão de sua sepultura! Já que os chineses achavam difícil formar uma idéia mental de um Gautama indiano, os sacerdotes budistas fizeram estátuas dele com os olhos adequadamente oblíquos. Tudo isto só para ajudar a adoração! Com o tempo, alguém sugeriu queimar incenso diante das estátuas comemorativas. Pode estar certo de que isso também aconteceu apenas para ajudar na adoração. Nada com que preocupar-se. Em muito pouco tempo todos sabiam que as estátuas haviam-se tornado ídolos a serem adorados, mas a essa altura ninguém mais se importava com isso. O budismo forneceu deuses, é certo, mas não o Deus. Shang Ti, o Deus a quem muitos dos fundadores da China oravam, não tinha parte no budismo, nem desejava ter. Shang Ti, cuja providência, segundo os próprios historiadores chineses, havia feito da China uma uma grande nação, não era mais citado como um Deus a quem o povo comum pudesse orar. Como aconteceu com a adoração Inti - o fator Sodoma entre os incas - que obscureceu quase totalmente a memória de Viracocha - o budismo tornou-se o fator Sodoma que afastou quase inteiramente a maioria dos chineses e algum tempo mais tarde, a maioria dos coreanos, de Shang Ti/Hananim. Quase. Apesar do afastamento combinado dessas três religiões concorrentes, a lembrança de Shang Ti perdurou. Mesmo dois mil e quinhentos anos após a emergência do confucionismo, taoísmo e budismo, os chineses e coreanos ainda falavam ocasionalmente de Shang Ti/Hananim com curiosidade e uma certa reverência. As crianças chinesas também diziam, às vezes: “ Papai, fale-nos de Shang Ti” . Os filhos dos coreanos talvez exclamassem: “ Papai, conte a história de Hananim” . Os pais chineses e coreanos balançavam invariavelmente a cabeça, dizendo: “ Sabemos tão pouco. Ele está muito longe". Da mesma forma que Viracocha, Shang Ti teria o seu Pachacuti. Mas seja como Shang Ti ou Hananim, onde encontraria defensores que pedissem a volta dos povos infiéis? Desta vez, chegaram emissários com a revelação especial de Shang Ti/Hananim - o testemunho judeo-cristão. Porém, o depoimento deles, foi muitas vezes intermitente e nem sempre identificaram o mesmo com o testemunho residual monoteísta, já reconhecido como válido pelos chineses e coreanos. Em lugar de pedir aos ouvintes que se ajoelhassem arrependidos diante de Shang Ti/Hananim, o Deus reverenciado pelos antepassados que haviam fundado ambas as nações antes do início da história escrita, os mensageiros muitas vezes deram um nome completamente estranho ao Todo-poderoso. Algumas vezes, eles até se empenhavam em enfatizar que esse Deus “ estrangeiro” não se parecia com nenhum deus que os chineses ou coreanos tivessem conhecido antes. Os que tiveram essa atitude, interpretaram de maneira completamente errada a verdadeira situação, deixando também de perceber o alvo real de seu ministério. Era como se Abraão tivesse recusado reconhecer El Elyon. Os primeiros a chegar foram os nestorianos, no século VIII A.D. Mais tarde, Kublai Khan, fascinado pelo que aprendera de Marco Polo sobre o evangelho, enviou mensageiros ao Papa pedindo que mandasse missionários para ensinar as boas novas de Jesus Cristo a todos os habitantes de seu império. A china fazia parte desse império na época. O Papa demorou para atender o pedido, mas finalmente enviou quatro sacerdotes para os domínios do Khan. Alguns deles 54-0 Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto ■ 55 morreram no caminho e outros voltaram covardemente à pátria. Kublai Khan, convencido de que o monotefsmo era superior à Idolatria, procurou uma alternativa no islamismo. Muitos povos mongóis vieram dessa forma a tornar-se muçulmanos. Anos mais tarde, ordens católico-romanas chegaram à China e à Coréia com resultados confusos. Os católicos romanos adotaram Irases como Tien Ju - Mestre do Céu ou Tien Laoye, para designar Deus na língua chinesa. Mais tarde, na Coréia, eles ignoraram durante muitas décadas o termo nativo Hananim e impuseram em seu lugar esses mesmos termos chineses. Os missionários protestantes, ao chegarem finalmente à China, discordavam veementemente entre si quanto ao uso de “ Shang Ti” , alguma outra palavra ou frase chinesa, ou um termo estrangeiro para o Todo-poderoso. Um grupo afirmava ser melhor usar um “ novo nome para uma coisa nova” . Os que empregavam “ Shang Ti” , em geral não se aproveitavam do pleno potencial do nome, deixando de invocar sua antiqüíssima associação com as origens da China. A falta de consenso sobre este ponto vital foi, provavelmente, a razão dos protestantes, proporcionalmente, terem causado menos impacto sobre a China do que sobre a Coréia. Quando, porém, os missionários protestantes entraram na Coréia em 1884, eles estavam virtualmente de acordo! Os registros indicam que acreditavam sinceramente, depois de investigar a compreensão dos coreanos quanto ao mundo sobrenatural, que Javé só poderia ter um nome na Coréia - Hananim\ Alguns talvez tivessem escolhido Hananim por pura obstinação. Eles viram que seu uso os faria prevalecer sobre os missionários católico-romanos que tinham precedido os protestantes em algumas partes da Coréia, mas estavam impondo um nome estrangeiro para Deus. Em qualquer caso, já em 1890, um pioneiro protestante escreveu: “ O nome Hannonim é tão destacado e tão universalmente usado que não precisamos temer em futuras traduções e pregações os conflitos inconvenientes ocorridos, há muito tempo atrás, entre os missionários chineses a respeito do assunto, embora os romanistas tenham introduzido o nome que empregam na China” .28 Quer baseado na convicção ou no espírito de contradição, a escolha de Hananim não poderia ser mais providencial para as missões protestantes na Coréia! Pregando fervorosamente nas cidades, vilas, aldeias ou na zona rural, os missionários protestantes começaram por afirmar a crença coreana em Hananim. Construindo sobre este testemunho residual, eles magistralmente eliminaram a antipatia natural do povo coreano em curvar-se diante de alguma divindade estrangeira. Falando diretamente a um público já emocionalmente cu­ rioso a respeito de Hananim, os protestantes repetiram a prcclamação do apóstolo Paulo em Listra: “ No passado (Theos) permitiu que todos os povos (incluindo os coreanos) andassem nos seus próprios caminhos (escolhendo o xamanismo, confucionismo ou budismo em preferência a Ele); contudo, não se deixou ficar sem testemunho” (veja At 14.16-17). Continuando, os protestantes explicaram que Hananim lançara as bases para uma futura reconciliação com as pessoas arrependidas, revelando-se a Si mesmo de um novo modo a um povo - os judeus. Ele escolheu esse povo, não por ser maior em número ou de qualidade superior a outros, mas simplesmente por necessitar de uma lente específica para focalizar uma nova revelação de Si mesmo sobre a tela da história humana. Ele deu também essa revelação de forma escrita mediante homens especiais - Moisés, os profetas e os apóstolos. Mais importante de tudo, Ele encarnou seu próprio Filho entre os judeus. Jesus, o Messias, o Logos Eterno, o único Homem Justo, morreu pelos pecados de todos os homens e depois levantou-se dentre os mortos, provando a todos que Hananim aceitava a expiação feita por Ele. A seguir, enviou mensageiros que levaram as boas notícias da redenção a todos os povos, chamando todos ao arrependimento e à fé no nome de Jesus, Filho de Hananim. Os coreanos, aos milhares, ouviam reverentes os protestantes. Ali estavam homens e mulheres que sabiam muito mais sobre o Deus verdadeiro do que seu próprio rei que lhe rendia homenagens anualmente numa ilha sagrada no rio próximo a Pyongyang, capital da Coréia.29 Eram pessoas que oravam livremente a Hananim em nome desse Jesus e recebiam respostas a essas orações. Os coreanos ficaram impressionados. Uma de suas tradições Tan'gun afirmava que Hananim tinha um Filho que desejara viver entre os homens.30 Os missionários católicos, ainda designando Deus com frases chinesas como Tien Ju ou Tien Laoye, pareciam estar mostrando aos coreanos que a cultura chinesa era superior à deles. Os coreanos, naqueles dias, já lutavam com dificuldades para não se sentirem inferiores aos seus vizinhos chineses, altamente eruditos e com maiores conhecimentos científicos do que eles. Assim sendo, em números cada vez maiores os coreanos começaram a dar ouvidos aos missionários protestantes. Em breve, um movimento de grande intensidade em resposta ao evangelho de Jesus Cristo começou a abalar grande parte da Coréia! Hoje, um século depois da chegada dos protestantes, aproximadamente três milhões de coreanos pertencem a igrejas protestantes. Todos os dias, na Coréia do Sul, cerca de 10 novas igrejas pro56-0 Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto -5 7 Instantes abrem suas portas pela primeira vez para acomodar a ainda crescente onda de convertidos. Os protestantes também fizeram pelo menos uma outra coisa i orta na Coréia. Eles insistiram em que as igrejas coreanas se tornassem “ autônomas, auto-suficientes e autodivulgadoras” quase ilosde o nascimento! Ao serem tomados os devidos cuidados, podemos cortar o cordão umbilical de um recém-nascido alguns minutos após o parto. O bebê pode até mesmo aprender a nadar nas primeiras semanas de vida, com a precaução adequada! As novas igrejas podem também, através do ensino adequado e do exemplo, sustenInr-se sozinhas em um período relativamente curto de tempo. Os primeiros missionários na Coréia “ tomaram o devido cuidado" e isso resultou em algumas igrejas muito fortes. A cidade de Seul, na Coréia, por exemplo, contém as duas maiores igrejas protestantes do mundo. A maior dessas duas igrejas chamada de “ Full Gospel Central Church” , alcançou 270.000 membros em 1983! Os membros dessa única congregação excedem a população inteira de muitas pequenas cidades. Paul Vonggi Cho, o pastor, organizou a “ Full Gospel Central Church" em quase 10.000 grupos de células. Cada célula tem a sua própria liderança treinada. Se o comunismo (ou qualquer outro poder Inimigo) tentar reprimir o cristianismo na Coréia do Sul, aquela igreja estará preparada para espalhar seus milhares de grupos de células como esporos ao vento. Nesse caso, o prédio de cimento, onde a lyreja agora se reúne, iria se tornar um simples esqueleto vazio, mas o testemunho continuaria. A outra maior congregação protestante do mundo, a “ Young Nuk Presbiterian” , está atualmente ultrapassando a marca dos <10.000 membros. Segundo o Dr. Sam Moffat, Jr., a “ Young Nuk” é também uma “ igreja-mãe” prolífica. Cerca de 200 “ igrejas-filhas” , em ' íQuI e subúrbios vizinhos, tiveram sua origem no testemunho prestado pela “ Young Nuk” . E as igrejas católico-romanas na Coréia? De acordo com o Dr. Sam Moffat, Jr., os sacerdotes católicos romanos na Coréia, ao verem as igrejas protestantes crescerem rapidamente, enquanto suas próprias paróquias o faziam com lentidão, convocaram uma conferência para perguntar-se, “ o que estamos fazendo de errado?” É interessante notar que concluíram ter cometido um erro ao rejeitar o nome Hananim, favorecendo nomes não coreanos para o Todo-poderoso. Decidiram, então, fazer uso do nome Hananim dali por diante. Chamaram mais sacerdotes e lançaram uma nova campanha através de toda a Coréia. O alvo: identificar-se fortemente, embora um tanto tarde, com Hananim! Desde então, o catolicismo começou a 58-0 Fator Melquisedeque experimentar um crescimento mais rápido. As igrejas católico-romanas na Coréia têm agora um total de aproximadamente um milhão de membros, o que eleva o número de cristãos na Coréia do Sul, depois de apenas 90 anos de crescimento ininterrupto, a aproximadamente 25% de toda a população. Não se sabe ao certo se o catolicismo poderá superar a liderança numérica obtida pelos protestantes, principalmente através da escolha de um nome coreano para Deus e, depois, colocando o governo das igrejas nas mãos dos coreanos o mais depressa possível! Enquanto o Senhor não volta, é provável que a Coréia do Sul venha a tornar-se a primeira nação do mundo a ver mais de 50% de toda a sua população fazendo parte de igrejas protestantes. Se os cristãos coreanos continuarem a transmitir o evangelho com o seu zelo presente, isso pode acontecer ainda antes do ano 2.000! Os nossos irmãos coreanos não confiam apenas no apoio da carne! As reuniões de oração realizadas antes do amanhecer nas igrejas da Coréia, transbordam, característicamente, de milhares de suplicantes sinceros. Seu principal pedido em oração é pela conversão de seus irmãos e irmãs da Coréia do Norte, passando do comunismo para Cristo! Sempre que os ventos sopram do sul para o norte, ao longo da zona desmilitarizada, os cristãos coreanos sobem aos outeiros e soltam balões carregados de Bíblias na direção de seus irmãos do outro lado da zona. Também ali, Hananim precisa dar seu testemunho!31 Notas 1. Um escritor de nome Petrônio, visitando Atenas no primeiro século, ficou surpreso com o número excessivo de deuses na cidade. Mais tarde, ele escreveu que era mais tácil encontrar um deus em Atenas do que um homem! Veja Albert Barnes, Notes on the O ld & N ew T estam ents.(Grand Rapids: Baker Book house), com relação a Atos 17.16. 2. Ibid. 3. The N ew Z ondervan P ic to ria l E ncyclopedia o f the B ible, Merrill C. Tenney, ed., 5 vols. (Grand Rapids: Zondervan Publishing House, 1974) vol. 4, pp. 177-178. 4. Ibid. 5. Ibid. 6. Victor W. Von Hagen, The A ncient Sun K ingdom s o f the A m éricas (Nova Iorque: World Publishing Co., 1957), p. 497. 7. Philip Ainsworth Means, “ The Incas: Empiro Builders of the Andes"J n d ia n s o í the A m éricas, rev. 1965 (Washington, D.C.: National Geographic Society, 1955), p. 307. 8. Alfred Metraux, H istory o t the Incas (Westminster, MD: Pantheon Books, Random House, Inc., 1969), p. 123. 9. Hiram Bingham, “ Discovering Machu Picchu” , Indians o f the A m éricas, p. 317. 10. Metraux, H istory o f the Incas, p. 126. 11 .Ib id ., p. 128. 12. Ibid. 13. Means, "T he Incas” , p. 306. 14. B. C. Brundage, Em pire o f the Inca (Norman, OK: University of Oklahoma Press, 1963), pp. 1 6 4 -165. 15. Metraux, p. 128. 16. Brundage, p. 1 62. 17. Ibid. p. 163. 18. Ibid. p. 165. 19. Means, pp. 305, 306. 20. Brundage, p. 165. 21. Metraux, p. 126. 22. Leonard CottrelI, ed., The H orizon Book of L ost W orlds (Nova Iorque: Am erican Heritage Publishing Co., 1962), p. 115. 23. Lars Skrefsrud, T raditions and Institutions o l the S antal, 1887. 24. Ibid. 25. Helen Gebuhr Ludvigsen, A li H eart (Blair, NE: Lutheran Publishing House, 1952). 26. B. C. Brundage, Lords o f the Cuzco (Norman, OK: University of Oklahoma Press, 1967), p. 143. 27. Os comentários sobre confucionismo, taofsmo e budismo foram extrafdos da Enciclopédia Britânica. 28. John Ross, H istory o f Corea (Londres: Elliot Stock, 62, Paternoster Row, 1891), p. 356. 29. De uma entrevista pessoal com a Sra. John Tolliver, em Three Hills, Alberta, Povos do Deus Remoto - 59 60-0 Fator Melquisedeque realizada em abril de 1 978. A Sr® Toiliver foi criada na Coréia e ouviu várias referências a esse altar em sua juventude. 30. Spencer J. Palmer, Korea and C h ristia nity (Coróia: Hollym Corporation, 1967), p. 9. 31. Um outro exemplo de pessoas que tinham um conceito do Deus remoto achase descrito em P or Esta C ruz Te M atarei, de Bruce Olson, publicado pela Editora Vida, em 1979.


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