sexta-feira, 10 de maio de 2024

Morte, morrer, pos-morte, uma perspectiva ortodoxa

 

Vida após a morte

Bispo Alexander (Mileant).

Tradução de Elga Drizul / Olga Dandolo



Conteúdo:

1. Introdução

2. O que a alma vê "no outro" mundo

3. Avaliação de relatos contemporâneos sobre a vida após a morte

4. Relatos de suicidas

5. Estudos Ortodoxos a respeito do mundo espiritual

6. A jornada da alma para o céu, "julgamento."

7. Paraíso e inferno

8. Conclusão

Suplemento: crítica sobre o estudo da reencarnação.


1. Introdução

"Eu estava deitado na sala da UTI do hospital infantil de Seattle, Estado de Washington, EUA,

- conta o garoto Dean de 16 anos, cujos rins pararam de funcionar,

- quando, de repente, senti-me em pé, movendo-me com incrível velocidade através de um espaço escuro. Eu não via paredes em minha volta, no entanto, parecia ser algo como um túnel. Não sentia vento, porém, percebia que me deslocava com incrível velocidade. Apesar de não entender o porque e para onde eu estava voando, sentia que no final do meu vôo algo muito importante me esperava e eu queria chegar ao meu destino o mais rápido possível.

Finalmente, eu me via em um lugar repleto de luz brilhante e então percebi que havia alguem perto de mim. Era alguém alto, com longos cabelos dourados; vestia roupa branca amarrada no meio com um cinto. Ele não dizia nada, mas eu não tinha medo pois, uma enorme paz e amor emanavam dele. Se não era Cristo, devia ser um de Seus anjos." Depois disto, Dean sentiu que retornou ao seu corpo e voltou a sí. Estas impressões, tão curtas mas muito marcantes, deixaram uma marca profunda na alma de Dean. Ele tornou-se um jovem muito religioso, o que influenciou positivamente toda a sua família.

Este é um dos relatos típicos, reunidos pelo médico pediatra americano Dr. Melvin Morse e publicados no livro "mais próximo da Luz" (Closer to the Light) [7].

Ele observou o primeiro caso de morte temporária em 1982, quando conseguiu fazer reviver a menina Catarina de 9 anos, que se afogou numa piscina pública. Catarina conta que, durante o tempo em que esteve morta, encontrou-se com uma adorável "senhora" que disse chamar-se Elizabeth, - era provavelmente o seu Anjo da Guarda. Elizabeth acolheu com muito carinho a alma de Catarina e conversou com ela. Ciente de que Catarina ainda não estava pronta para passar para a vida espiritual, Elizabeth permitiu que ela retornasse ao seu corpo. Durante este período de sua carreira médica, o Dr. Morse trabalhava em um hospital da cidadezinha de Pocatelo, no estado de Idaho, EUA.

O relato da menina teve um profundo efeito nele, que até então era céptico em relação a tudo que era espiritual, uma impressão tão forte, que ele resolveu estudar mais profundamente a questão sobre o que acontece com uma pessoa logo após a sua morte. No caso de Catarina, Dr. Morse admirou-se particularmente com a descrição detalhada de tudo que sucedeu na hora em que se encontrava morta clinicamente, - tanto no hospital, como em sua casa - como se ela estivesse alí presente. Dr. Morse verificou e se convenceu da veracidade de todas as observações de Catarina.

Após ter sido transferido para o Hospital Infantil Ortopédico de Seattle, e mais tarde, ao Centro de Medicina de Seatle, Dr. Morse começou a estudar sistematicamente a questão da morte. Ele questionava muitas crianças, as quais tiveram a experiência com a morte clínica; comparava e documentava seus relatos. Além disso, ele continuava a manter contato com seus jovens pacientes e observava o seu desenvolvimento intelectual e espiritual a medida que eles cresciam. No seu livro, "Closer to the Light," Dr. Morse afirma que todas as crianças que ele conheceu, que sobreviveram à morte temporária, ao crescer, tornaram-se jovens sérios e religiosos, moralmente mais puros que outros jovens que não passaram por isto. Todos eles aceitaram suas experiências como manifestação da misericórdia de Deus e como um sinal superior de que é preciso viver para o bem.

Relatos semelhantes sobre a vida após a morte, até há pouco tempo, eram publicados apenas na área da literatura religiosa. As revistas populares e livros científicos, via de regra, evitavam esses temas. Um número enorme de médicos e psiquiatras mantinham uma postura negativa em relação a quaisquer manifestações espirituais e não acreditavam na existência da alma. E há apenas vinte anos, durante o aparente triunfo do materialismo, alguns médicos e psiquiatras se interessaram seriamente sobre a questão da existência da alma. O impulso para este movimento foi o livro do Dr. Raymond Moody "Vida após vida"[1], publicado em 1975. Nesse livro, Dr. Moody coletou uma série de relatos de pessoas que tiveram experiência com a morte clínica. Relatos de alguns conhecidos levaram Dr. Moody a interessar-se pela questão, e quando começou a juntar informações, para seu espanto, descobriu que existem muitas pessoas, as quais, na hora em que tiveram morte clínica, tiveram visões fora de seus corpos. Porém, essas pessoas não contavam a ninguém a esse respeito para não serem ridicularizadas e consideradas pessoas loucas.

Logo após o lançamento do livro do Dr. Moody, a imprensa sensacionalista e a TV divulgaram amplamente os dados coletados por ele. Começaram as discussões acaloradas sobre o tema da vida após a morte e houve até debates públicos. Então, uma série de médicos, psiquiatras e líderes espirituais considerando-se afetados em seu campo de perícia por fontes incompetentes, resolveram conferir os dados e as conclusões do Dr. Moody. Muitos deles ficaram surpresos quando verificaram a veracidade das observações do Dr. Moody, - ou seja, que mesmo após a morte a existência do homem não termina, e sua alma continua a ouvir, pensar e sentir.

Entre as pesquisas sérias e sistemáticas sobre a questão da morte, deve-se mencionar o livro do Dr. Michael Sabom "Lembranças da Morte" (Recollections of Death) [5].O Dr. Sabom é professor de medicina na universidade de Emory e médico no hospital para veteranos na cidade de Atlanta. Em seu livro, podemos encontrar dados precisos e documentados, bem como profundas análises a respeito do assunto em pauta.

Também é valiosa a pesquisa sistemática do psiquiatra Kenneth Ring, publicada no livro "Life at Death" (Vida na Morte) [6]. Dr. Ring montou um questionário para ser respondido pelos sobreviventes à morte clínica. Nomes de outros médicos que se envolveram nessa questão estão citados na parte da bibliografia. Muitos deles começaram suas observações, sendo céticos. Mas, vendo casos novos que confirmavam a existência da alma, mudavam sua perspectiva.

Neste artigo, relataremos alguns casos de pessoas que sobreviveram à morte clínica, compararemos estes dados com os ensinamentos cristãos tradicionais sobre a vida da alma no outro mundo e daremos conclusões comparativas. No suplemento, examinaremos o ensino teosófico sobre a reencarnação.


https://www.ecclesia.com.br/biblioteca/fe_crista_ortodoxa/vida_apos_a_morte.html


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quinta-feira, 9 de maio de 2024

A República dos Bananas? (Seja como for continua com essa imagem)

 *Re$$$umo da "ob(L)a"*

👿👿🔥👇🔥👿👿

Madonna

MADONNA, milionária, branca, loira, olhos claros, estadunidense... representa todo o estereótipo econômico e estético imperialista _que a esquerda critica nos estrangeiros._


Ela vai em um país africano muito pobre e adota gêmeas negras. Afinal a última moda do rico é ter uma criança exótica e ignorar as crianças miseráveis do próprio país que não atendem a essa demanda, como fazem vários outros artistas, inclusive.

Aí, ela faz um "show" no Brasil, país ao qual ela nem suporta ouvir o idioma diga-se de passagem, e se enclausura exigindo inclusive uma passarela exclusiva para não ter contato com essa gente e em seu espetáculo expõe a filha adotiva, agora e ainda com apenas 11 anos a diversas simulações de sexo onde é "servida" por dançarinos caracterizados como escravos sexuais, todos negros, obviamente e falando obscenidades inclusive sobre sua passagem no Brasil, reforçando a imagem de país de prostituição que caso não saiba, é como somos representados lá fora, além de futebol e floresta.

Mas para não perder o foco, vamos repetir... uma criança de 11 anos. E um evento ao ar livre com um conteúdo explicitamente obsceno incluindo cenas eróticas, algumas simuladas e pasmem, outras reais, como quando foi fisicamente masturbada por uma outra pessoa mascarada que literalmente esfregava suas partes íntimas. Cenas essas que certamente foram vistas por milhares de crianças que acompanhavam seus pais ao vivo e talvez algumas centenas de milhares ou milhões pela TV.

Ops... Projetaram imagens de figuras políticas da esquerda, e acharam válido chamar de homenagem um show erótico associado a elas, o que não fez o menor sentido. É assim que se homenageia alguém? Ninguém reverberou a qualidade da voz ou das músicas no dia seguinte. O que repercutiu de verdade foi apenas a promiscuidade já estereotipada e agora reforçada com dinheiro público no Brasil. 


Até agora:


- Nenhuma ONG de "coletivos negros" se indignou com representações de submissão associada aos negros no show.

- Ministério público e órgãos de proteção a criança fingindo total demência ao ECA tanto sobre a exposição da menina no palco quanto a das crianças que foram sujeitadas a isso.

- Nenhum juiz que até pouco tempo ameaçava multar e até tirar os filhos dos pais por conta de uma mísera vacina cobrou ou multou a prefeitura.

- Absolutamente ninguém foi responsabilizado.


Continuamos sendo o "Bananil", onde um gringo rico vem aqui, faz mil exigências absurdas, ganha milhões de reais, nos insulta como lugar de prostituição e sai rindo e falando mal. Já disse Sylvester Stallone sobre o Brasil: 

_"Você explode as coisas deles (brasileiros), faz coisas absurdas que não poderiam ser feitas em nenhum outro lugar e no final eles te agradecem e ainda dizem "Tome, leve um macaco!"._


Aqui, no Bananil, a subserviência e escravidão é perpétua.


Autor desconhecido


THANK YOU,

🍌🍌Brasil🍌🍌!

segunda-feira, 6 de maio de 2024

Esclarecimento libertário: libertarismo não é punk

Há alguns Libertários ou que se crêem libertários que defendem a liberdade plena. Vejamos, liberdade plena significa que se eu tenho a capacidade, eu posso, ou não é isso? Claro que eles dirão que não é bem assim e vão terminar colocando algo como "bom senso" como medida, e se não isso, será algo parecido. Mas o que é bom senso? Se eu eu posso, enquanto capacidade, for confundido um só milímetro com eu posso enquanto direito, temos um grande problema. Esse é o grande problema desse pensamento que se crê libertário, e é muito superficial. Típico até daquelas pessoas que confundem "mais" com "mas", é assim, também, esse grande equívoco, essa confusão que estou apontando como uma confusão do "eu posso": não há margem definida. 


O libertarianismo tem uma margem bem definida, o PNA. Eu não posso iniciar agressão. Eu sou capaz, mas não posso. Isso já mostra que é falso o libertário que defende tal aberração. 


Mas vamos olhar um pouco o que é isso. Isto seria o "fazes o que queres", é a regra do diabo, é o "seja feliz, não importa como" que é tão proclamado pelos globalistas, mas de outra maneira, "astuta" (só para os burros): "o que importa é ser feliz". A felicidade do psicopata assassino manipulador é assassinar e manipular, não necessariamente nessa ordem, se é que me entende.


O jusnaturalismo, é claro, não é uma verdade absoluta, e tem suas falhas e deficiências, penso eu, mas é uma das vacinas que todo novo libertário deveria tomar, deveria ser apresentado logo de início para que esse ranso anarcopunk não o contamine e confunda o libertarianismo com uma forma atéia de satanismo tão em moda hoje.


Precisamos, para viver, distinguir bem "eu posso", quando se refere a "eu tenho direito", ou a "eu tenho a capacidade ou poder" e a "eu tenho a possibilidade de". 

No libertarianismo também é necessário wntender. Não é questão de opinião, de bom senso, de definição ideológica, a questão é a mesma mais antiga da civilização: quando minha liberdade interfere, e agressivamente, diria eu, na liberdade do outro (digo agressivamente porque até quando paramos alguém na rua para perguntar sobre uma rua estamos em certa medida interferindo na liberdade do outro).


Isto é tão óbvio e tão simples que não deveria ser necessário dizer. Mas infelizmente, a incompreensão sobre o que são leis, o que é direito natural, o que é um estado e o que é uma associação voluntária, ainda é tão grande entre os novos libertários que eles, muitas vezes, se dizendo até anarco- capitalistas, fazem o papel que o anarco-socialista fazia no passado para os socialistas: dão motivo para eles dizerem "está vendo porque os estado é necessário?"...

sábado, 4 de maio de 2024

PRIMITIVISMO E RESTAURACIONISMO

Por Armando Araújo Silvestre

Pós-doutorado em História da Cultura (Unicamp, 2011)
Doutor em Ciências da Religião (Umesp, 2001)
Mestre em Teologia e História (Umesp, 1996)
Licenciado em Filosofia (Unicamp, 1992)
Bacharel em Teologia (Mackenzie, 1985 )
Em todas as denominações cristãs existe um conceito essencial 
de restauracionismo que se liga ao primitivismo, às origens da 
Igreja cristã primitiva conforme relatos do Novo Testamento
E, contra todo tipo de desvio doutrinário ou práticas de corrupção 
na religião cristã são tidos como heresias ou desvios nos ensinamentos 
que vinham desde os apóstolos. Sempre a Igreja primitiva do 
Novo Testamento, da era apostólica, quando se iniciou o cristianismo,
 serve de modelo para esse primitivismo e restauracionismo.

Algumas denominações cristãs adotaram o Restauracionismo ou Primitivismo Cristão como sua postura histórico-teológica, por acreditarem que o cristianismo histórico se desviou da rota original ou se perdeu em sua trajetória histórica. Para esses movimentos restauracionistas ou primitivistas, faz-se necessária a restauração daquele cristianismo primitivo da era apostólica, baseadas em pressupostos históricos e teológicos com tudo que Jesus Cristo havia estabelecido, mas que as Igrejas perderam em sua apostasia (abandono de fé) e nem mesmo o protestantismo magisterial (luteranismo, calvinismo e anglicanismo) conseguiu reformar o catolicismo.

Entre os movimentos restauracionistas ou primitivistas se encontram os movimentos, no período medieval, como os Valdenses, os Franciscanos e os Hussitas, que tentaram restaurar o cristianismo original e sua simplicidade. Portanto, também na Igreja Católica ocorreram estes e outros movimentos restauracionistas, como a Igreja Vétero-Católica e o Sedevacantismo.

Referências bibliográficas:

CHAUNU, Pierre. O tempo das reformas (1250-1550): a Reforma protestante. Lugar na História, v. 49-50, Edições 70, 1993.

MARTINA, Giacomo. História da Igreja: de Lutero aos nossos dias. V. 1: A era da Reforma. São Paulo: Loyola, 1997.

SILVESTRE, Armando A. Calvino: o potencial revolucionário de um pensamento. São Paulo: Vida, 2009.

Webgrafia:

Sobre o cristianismo – restauracionismo (parte 14). http://psicologiadareligiaounicap.blogspot.com.br/2016/08/cristianismo-parte-14-restauracionismo.html

Também em nosso blog:

fraternidadedosirmaosemcristo.blogspot.com

Grupo de estudos no Telegram e no WhatsApp: (79) 988335718


quinta-feira, 2 de maio de 2024

A SÉRIE FARSAS, FRAUDES E CHARLATÕES

Estaremos revisando todas as nossas séries sobre farsas, fraudes e charlatões. Por isso quero avisar que não estamos aqui simplesmente fazendo denúncias sem apresentar caminhos e até mesmo soluções. Não estamos simplesmente destruindo, como dizem uns, sem construir. Aqui nesse mesmo blog temos apresentado isto, nosso ponto de vista e nossas posições e ações. E quando não aqui, mais extensamente nos nossos blogs específicos e colabobares diretos (e também pela redação de outros, colaboradores indiretos).

Temos desde o início mostrado as visões e as soluções políticas e econômicas libertárias que são as que acreditamos: o libertatarianismo não-utilitarista (pois que o utilitarista não é libertário de fato), o jusnaturalismo, o conservadorismo clássico, a escola austríaca de economia, o anarcocooperativismo (ou individual de livre adesão), etc.. E denunciando as visões opostas à liberdade, principalmente aquelas que usam a palavra de modo retórico, falso, mentiroso... 

Nossa posição epistemológica e religiosa foi a única que variou desde o início, mas mantém a sua essência empírica. Isto é bem claro no que temos compartilhado nos últimos anos, o cristianismo primitivo, ortodoxo e místico, ou seja, o mesmo triângulo no qual sempre nos baseamos, a palavra escrita, a tradição, e a experiência, em outras palavras, não o chamado cristianismo esotérico (pois isso não existe), mas o esoterismo cristão, como dizem outros, ou seja, o que existe de profundo e espiritual, particular, íntimo, em todo o cristianismo e teologia (nuns bem menos é fato, mas noutros bem mais, graças a Deus). E também temos mostrado como isso tudo é bem diferente do mainstream, do pop, do que a maioria pensa ser, e até mesmo os dicionários definem erradamente, teológico, cristão e cristianismo.

Temos mostrado também nossa posição epistemológica em relação à ciência, muito diferente do cientificismo da mídia e do suposto (completamente falso) consenso científico que é apresentado quase que na totalidade das matérias por esta apresentada. Pois, não só não existe tal consenso, não deve haver em ciência, pois se faz não só pela busca de provas, mas também de contra-provas. Inclusive o conceito de "consenso científico" apresentado pela mídia é falso, visto que é justamente o oposto (não se trata de muitos cientistas apoiando novas descobertas apenas por opinião ou leitura de artigos, mas da postura exatamente contrária e conservadora, de que só podemos afirmar algo a longo praso, quando as possibilidades contraditórias possam observadas, analisadas e refutadas). Pois o exame de uma nova descoberta não como o que os jornalistas fazem hoje, buscando mais evidências e mais fatos para apoiar sua suposta conclusão, isso se chama viés de confirmação, mas é justamente o contrário, o exame científico busca evidências em contrário, para refutar, e só quando não há sequer uma evidência em contrário que se pode afirmar que há uma prova científica.

Também temos mostrado o nosso ponto político-social, pois não acreditamos no mito dos gênios que viram algo que ninguém antes viu e que viu também a solução de todos problemas ("religião" ou seita fanática, bem tipificada pelos marxistas, por exemplo). E isto exatamente porque acreditamos que as pessoas (e a "sociedade") e os povos não devem ser usados como cobaias pelos ideólogos, filósofos, hisroricistas, sociólogos, cientistas ou qualquer outro gênio ou doutor de plantão, para implantação de seus planos milaborantes e sua panaceia ideológica, política e ou econômica.

Assim estimulo a cada um que se interessa em ver o que denunciamos também buscar (neste ou nos nossos outros blogs) também nossos pontos de vista e o que acteditamos ser o melhor caminho e soluções, muito diferentes das panaceias e planos mirabolantes dos políticos, partidos e gênios da "sociologia", da economia ou de quem quer que seja representando qualquer setor ou a si mesmo. 

segunda-feira, 29 de abril de 2024

quarta-feira, 24 de abril de 2024

A ORDEM DOS TERAPEUTAS 5

Podemos fazer girar a roda outra vez, porque não há somente os filósofos antigos e os terapeutas de Alexandria; há também esse momento na história no qual, através da pessoa do Cristo, algo do Ser se revela. Novamente, vamos encontrar o quaterno:

Terceira Quaternal

 

Aqui entramos no que é chamado de Comunidade Joanista, que também é uma escola de sabedoria. O que aconteceu em torno de São João, na ilha de Patmos e em Éfeso, foi a revelação do Eu Sou em um corpo, a presença do Ser em uma forma humana, a presença do Infinito no finito, a presença do Eterno no tempo.

A consciência toma corpo para que o corpo tome consciência. A luz se torna matéria para que a matéria retorne à luz. Há esse movimento que, na teologia, é chamado de Kenosis – a descida da luz na matéria; mas há também esse movimento denominado de Teosis, o retorno à luz, o retorno a Deus.

Nesse caso, a vida bem aventurada é deixar existir em nós o ser bem aventurado, o eu sou bem aventurado, eu sou a vida, eu sou o vivente. Deixar que a vida exista mais em nós. Eu sou a luz – são tantas mensagens de Yeshua que estão no interior do seu eu humano.  Ele deixa, a partir do seu eu humano, falar o eu sou divino. Eu sou a liberdade, a verdade, a vigilância, a atenção que liberta. Não identificar-se com o que conhecemos de nós e do outro é a abertura ao infinito, a abertura dos nossos limites.

Somos limitados, mas não estamos fechados em nossos limites. Trata-se de abrir o nosso ego, de abrir o nosso pequeno eu para a presença do Eu Sou, que é livre em mim, que é também o Eu Sou do amor. Deixar existir em nós aquele que ama. Às vezes é preciso saber que aquele que ama em nós, ama aquilo que nós não amamos com o pequeno ego.

Não é o eu que perdoa; é o Self que é capaz de perdoar situações que são imperdoáveis e que não podemos perdoar por meio do nosso próprio poder. Trata-se de se abrir a esse poder do Eu Sou, esse que em mim é mais amoroso, mais inteligente que eu e que pode compreender. É aquele que compreende tudo, perdoa tudo, como afirmava Platão.

Não se deve opor o conhecimento ao coração. O perdão é uma questão de inteligência, mas é também uma questão de saúde. Se houver em nós rancores, a vida não pode mais circular; o rancor ou não perdão é um veneno para o nosso corpo. Perdoar não é algo que é bom somente para o outro a quem perdoamos; sobretudo, é bom para nós mesmos. Então, a energia da vida pode circular e nos tornamos mais livres. O Eu Sou que está em nós nos quer livres com relação às nossas memórias, ao nosso passado. O Eu Sou, que está em nós, nos quer capazes de amar, até mesmo aquilo que não nos agrada. Trata-se de transformar certas situações e fazer delas uma ocasião de transcendência, de ultrapassar a nós mesmos, porque nos realizamos e nos completamos ao nos ultrapassarmos. Eis o que a Comunidade Joanista, ou Evangelista, vai tentar realizar.

...


(Extraído do texto de Jean-Yves Leloup: Uma Vasta e Ancestral Herança)

Continua...

sexta-feira, 19 de abril de 2024

A ORDEM DOS TERAPEUTAS 4



Em Atenas, infelizmente, essas escolas [Jardim de Epicuro, Liceu de Aristóteles, Academia de Platão e Estoicos] se opunham umas às outras. Havia uma oposição entre o prazer e o desejo, entre a voz do conhecimento, a da contemplação e a voz da ação. O que interessa é que nós, segundo os terapeutas de Alexandria, tratemos de manter todas essas dimensões juntas.

Então, podemos virar a página, girar a roda e encontrar o eixo da cruz que também gira.

Encontremos a integração das quatro escolas, porque nesse meio tempo há uma revelação do Ser.

Segunda Quaternal


Na tradição dos terapeutas de Alexandria, tudo não se trata, simplesmente, de uma questão filosófica. Trata-se, também, de pessoas que acreditam. Isso quer dizer que, nesta fraternidade, se encontram duas grandes correntes de pensamentos: o grego e o semita. São duas visões do cosmos, duas visões do ser humano completamente diferentes. Então, trata-se de fazer uma síntese.

O cristianismo vai herdar essa síntese entre o mundo semita e o mundo helênico através dos terapeutas de Alexandria, um século antes de Cristo. Na beira do lago Mariotes, onde homens e mulheres se reúnem para viver uma vida bem aventurada, que, para eles, é uma vida em comunhão com o Ser Que É o Que É. Esse “Eu Sou” que se revelou a Moisés. Trata-se de viver em comunhão com o Ser que nos faz ser; tomar consciência do Ser que faz existir todas as coisas.

Cuidar do ser significa cuidar da vida, do vivente, em todas as dimensões da realidade. De início, há o cuidado do ser na natureza. Há também um jardim com legumes, com todo tipo de árvores e frutas, com animais. Vocês se lembram da palavra Éden? É o jardim. Essa mesma palavra, em persa, é o Jardim do Paraíso.

Nesse jardim, encontramos os elementos da sabedoria de Epicuro, o retorno à natureza: cuidar do ambiente do qual nós fazemos parte. [...]

Nosso corpo é composto por todos os elementos, como uma parte do universo. Cuidar do nosso corpo e do corpo do outro, é cuidar do universo, da parte do universo que nos é confiada. E vocês sabem da importância dos alimentos para os terapeutas, que é muito simples. E também a importância das vestimentas. Todos esses detalhes materiais são ocasiões para se lembrar da presença do Ser e, também, uma maneira de viver cada instante, cada momento presente, como algo sagrado. As panelas da nossa cozinha são tão preciosas quanto os vasos do altar. O templo é a vida cotidiana. É preciso cuidar do ser no corpo que somos e no corpo do universo.

Há também o cuidar do ser no conhecimento, a importância do estudo para os terapeutas. Vocês se lembram desses campos de estudos? Há o livro da natureza, o livro das escrituras, o livro do coração, o livro do corpo, o livro da noite, o livro dos sonhos. Filon de Alexandria escreveu muito sobre os sonhos, pois em todos esses livros, quer seja o da natureza, o das escrituras, o do corpo ou o do coração humano, é o mesmo logos que fala, a mesma informação criadora.

São João, no prólogo do seu Evangelho, vai se lembrar de toda essa sabedoria de Filon: da Luz que habita todo o ser humano que vem a esse mundo. Cada um de nós é habitado por uma centelha da divindade, não só os seres humanos, mas cada elemento da criação.

Por isso, como na escola de Aristóteles, estudamosa natureza. Descobrimos a inteligência que está nela e tentamos nos harmonizar com essa inteligência [...] descobrir que elas são uma só. Descobrir o logos que nos religa a toda criação. É necessário e importante o estudo da natureza. Não somente ter prazer, mas também buscar compreender.

Há, igualmente, o livro das escrituras. Filon dizia que o que é escrito no livro das escrituras, no livro dos profetas, no livro dos sábios é a mesma coisa que nos diz a espuma, que nos dizem as flores, as nuvens, mas numa linguagem humana. Quer dizer que o vivente nos ama. E o que o vivente busca a nossa consciência, o nosso acordo, a nossa harmonia na união com ele.

Alguns são sensíveis à linguagem da natureza e outros à linguagem das escrituras, ou os textos sagrados, qualquer que seja a tradição. Outros são mais sensíveis à linguagem do corpo, ou à linguagem do coração. Mas em todas essas linguagens é a mesma inteligência criadora que nos fala.

Além da energia da criação, há também a inteligência criadora e, ainda, a imaginação criadora. Um aspecto interessante nos terapeutas de Alexandria é a importância dada aos arquétipos e às imagens. Trata-se de cuidar não somente do nosso corpo, da nossa inteligência, dos nossos pensamentos, mas também das imagens que nos habitam. Essas imagens que, por vezes, nos falam através dos sonhos. É a linguagem dos textos sagrados e do inconsciente.

A linguagem dos conceitos, da análise, não é conveniente para todo mundo. Outros são mais sensíveis à linguagem poética, às imagens dos sonhos. Trata-se também de ouvir os ensinamentos que nos são dados através das imagens, dos arquétipos.

[...]

Por isso, Filon dirá, como Sócrates, que o ser em si mesmo, a realidade absoluta, permanece sempre desconhecida; o real permanece oculto nas realidades que manifesta. O que nós conhecemos não é o real; são as realidades que ele manifesta: a realidade primeira e as realidades intermediárias – o mundo das ideias e dos arquétipos, e o mundo das imagens. E há a realidade material, essa da qual podemos ter consciência. Todas essas são manifestações do real. Mas o real, na sua essência, permanece inacessível.




Daí a importância, para os terapeutas de Alexandria, do silêncio, da meditação silenciosa; porque somente através do silêncio podemos conhecer o silêncio. E o absoluto é o que há de mais silencioso em nós: o que existe antes do mundo das imagens, antes do mundo das ideias, antes do mundo dos pensamentos. Há essa fonte silenciosa e aí se trata de cuidar do ser nessa dimensão.

Não ter medo do vazio e do silêncio, pois é a partir desse silêncio que nascem todas as realidades. É a partir desse espaço que não podemos tocar, que não podemos apreender, que todas as coisas se manifestam; eis a importância do espaço entre nós.

Há também uma quarta dimensão, que podemos chamar de relação criadora. As nossas relações nos transformam. Após encontrarmos essa ou aquela pessoa, se nós nos deixamos tocar por ela, algo em nós é modificado.

O real é o Encontro. Existir é se encontrar. O que, por vezes, nos transforma. Para nós, terapeutas, eis toda a importância da fraternidade. Onde não há a fricção, estamos na ficção. Quer dizer que, se as nossas personalidades não se enfrentarem, não conheceremos quem somos.

O conflito não é o que impede a aliança, desde que nele não nos fechemos. Às vezes nos ocorre um conflito através do qual poderemos descobrir uma maneira de união mais profunda. Nesse caso, vamos ver toda a importância do perdão, para que não nos fechemos no passado, para que reencontremos a nossa liberdade, para que a vida possa circular entre nós.

Nos terapeutas de Alexandria há essa busca da integração do corpo, da inteligência, da contemplação, do imaginal e do mundo relacional; é preciso cuidar de todas essas dimensões.

[...]

(Extraído do texto de Jean-Yves Leloup: Uma Vasta e Ancestral Herança)

Continua...


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Nikolai Berdiaev - parte 3 - Espírito e Liberdade




Os gnósticos não compreenderam o mistério da liberdade, da liberdade em Cristo, assim como não compreenderam o mistério do amor. Existe aí um dualismo desesperado, que inverte a verdadeira hierarquia do ser. Os gnósticos não entreviram a ordem dos valores sobre a qual repousa o universo cristão, onde o grau supremo está organicamente ligado ao grau mais baixo, servindo assim à causa da transfiguração e da salvação universal. Eles interpretaram falsamente o princípio da hierarquia. A gnose suprema dos homens “espirituais” é necessária para a salvação e a transfiguração dos homens “carnais”. Os homens espirituais não devem permanecer orgulhosamente sobre os cumes, separados do mundo “carnal”, mas devem se consagrar à sua espiritualização, elevá-lo aos graus mais altos. De resto, a fonte do mal é espiritual, não carnal. A Igreja condenou com justiça o orgulho dos gnósticos, seu dualismo desesperado, o sentimento pouco fraterno e desprovido de amor que eles manifestavam contra o mundo e os homens. Mas a consciência da Igreja estava orientada de preferência para o homem médio, o homem da massa, ela estava preocupada em guiá-lo, preocupada com a grande obra de sua salvação. Ao censurar o gnosticismo, ela afirmou e legalizou, de certo modo, o agnosticismo. O mesmo problema que atormentava profunda e sinceramente os gnósticos foi, por assim dizer, reconhecido como ilegal e inadmissível no Cristianismo, as mais altas aspirações do espírito, a sede de um conhecimento profundo dos mistérios divinos e cósmicos, foram adaptados para o nível médio da humanidade. Não apenas a gnose de Valentim, como a de Orígenes, foram consideradas inadmissíveis e perigosas, como o é atualmente a de Soloviev. Um sistema de teologia foi elaborado para se tornar um obstáculo à gnose superior. Somente os grandes místicos cristãos chegaram a abrir para si uma passagem através dessas fronteiras fortificadas.

Devemos reconhecer que o conhecimento dos antigos gnósticos era problemático, que ele não havia se livrado da demonolatria; nele, o Cristianismo estava mesclado a cultos pagãos, à sabedoria pagã. Entretanto, poderia existir um conhecimento cristão superior, mais esclarecido, que não seria mais exclusivamente exotérico e adaptados aos interesses do coletivo, como o é aquele que existe nos sistemas dominantes da teologia oficial. Poderiam existir no Cristianismo não apenas São Tomás de Aguino, como também Jacob Boehme, não apenas o metropolita Filatetes, como Vladimir Soloviev. Se os homens “espirituais” não devem ser vaidosos do grau que atingiram, nem se separar dos homens “psíquicos” e dos carnais, nem por isso devemos concluir que eles não existem, nem rejeitar as aspirações de seu espírito e de sua sede torturante
Afirmando que não existe um conhecimento “espiritual” superior. Isso equivaleria, num sentido oposto, à mesma destruição da hierarquia orgânica que encontrávamos nos gnósticos. O mundo renega e desdenha facilmente de toda via espiritual, de toda aspiração do espírito, de todo conhecimento superior; ele imagina de bom grado que eles o entravam em seu trabalho de organização universal e que ele pode facilmente passar sem eles. Ele proclama isso a torto e a direito, por milhares de milhões de bocas. Ademais, nada pode ser mais penoso do que observar a consciência da Igreja subscrita à negação do espírito professada pelo Estado, negação que, nos confins do mundo, no comunismo ateu, se transforma em extermínio definitivo do espírito, da vida e da aristocracia espirituais.

“Não extingais o espírito[3]”, disseram-nos; ora, negar a problemática da consciência cristã equivale a esquecer esse preceito. O trabalho que objetiva a iluminação do mundo não exige uma diminuição da qualidade do espírito. Assim, o problema, antes de tudo, é aquele do espírito e da vida espiritual.

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Eu gostaria que ficasse bem entendido aquilo que eu pretendo expressar nesse livro. Eu reconheço que existe algo de essencial que não consigo traduzir em palavras, e que não tenho como desenvolver meus pensamentos íntimos. É muito difícil encontrar uma forma de expressão que transmita exatamente a ideia essencial que vivemos   dentro de nós. Tudo o que eu escrevo nesse livro está ligado à problemática torturante do espírito. Conforme o aspecto de meu espírito, eu revisto minhas questões preocupantes de um modo que é ao mesmo tempo afirmativo e oculto, e coloco meus problemas sob a forma de uma firmação. Mas meu pensamento, em meu ser interior, é o de um homem que coloca problemas para si, sem que eu seja um cético. Para a solução de meus problemas de espírito, ou antes, do único problema que consiste nas relações entre o homem e Deus, eu não posso receber auxílio do exterior. Aqui, nenhum staretz, por avançado que seja na vida espiritual, poderá ser de valia. Todo o problema reside no fato de que eu devo descobrir por mim mesmo o que Deus me escondeu. Deus espera de mim um ato de liberdade, uma criação livre. Minha liberdade e minha criação são minha obediência à vontade secreta de Deus, que espera do homem algo que vai além e que é bem mais do que entendemos habitualmente quando se fala de Sua vontade. Talvez eu devesse me ocupar, não da metafísica abstrata de Deus, mas de Sua psicologia concreta. É possível que Deus chore sangue ao ver como os homens compreendem servilmente Sua vontade e a cumprem de modo puramente formal. A vontade divina deve ser cumprida até o final. Não quis Deus que o homem fosse um livre criador? Não ama Ele até um Nietzsche, que O combate?

Meu livro não é um livro de teologia, nem foi escrito segundo um método teológico; ele não pertence a uma escola filosófica; ele faz parte da filosofia profética, para a distinguirmos da filosofia científica, para empregarmos a terminologia proposta por Jaspers. Eu evite a linguagem de escola, conscientemente. Trata-se de um livro de teosofia[4] livre, escrito dentro de um espirito de filosofia religiosa e de gnose livres. Nele, eu ultrapassei conscientemente os limites do conhecimento filosófico, teológico e místico, que o pensamento ocidental se deleita em estabelecer, tanto quanto nas escolas católica ou protestante, como na filosofia acadêmica.

Eu me reconheço como um teósofo cristão, no sentido daquilo que eram Clemente de Alexandria, Orígenes, São Gregório de Nissa, Jacob Boehme, Saint Martin, Franz Baader, Vladimir Soloviev. Todas as forças de meu espírito e da minha consciência estão orientadas no sentido da penetração absoluta dos problemas que me atormentam. E meu objetivo é menos o de lhes dar uma solução sistemática, do que colocá-los com mais vigor diante da consciência cristã. Não se deve ver nesse livro palavra alguma dirigida contra a santidade da Igreja. Eu posso me enganar muito, mas minha vontade não é de apresentar uma heresia qualquer, ou protesto que possa gerar um cisma. Eu me situo na esfera da problemática cristã; ela exige esforços criativos do pensamento e as mais diversas opiniões estão aí autorizadas naturalmente.

Paris-Clamart, 1927


[1] Monges espirituais, com grandes conhecimentos.
[2] I Coríntios 3: 2.
[3] I Tessalonicenses 5: 19.
[4] Não confundir com o falso “teosofismo”, de Mme. Blavatsky.