Realocação: Malta
Os otomanos,(...) atacaram Rodes em 1455 e novamente em 1480. (...) os hospitalários foram, de novo, obrigados a procurar outro lugar para a sua sede permanente. Após algumas breves paradas na Sicília e na Itália continental, em 1530, a ordem escolheu dessa vez Malta como o seu novo lar, que lhe foi dado pelo rei Carlos V da Espanha (r. 1516-1556). Destarte, os membros passaram a ser chamados de Cavaleiros de Malta. Os otomanos os seguiram até aí também, mas o ataque foi rechaçado em 1565. (...)
No século XVI, os hospitalários entraram em campanha contra os mouros no norte da África, mas a saúde da ordem como um todo estava em declínio. A onda de fervor religioso trazida pelas Cruzadas já havia passado há muito tempo, e o recrutamento havia se tornado um problema. De fato, em lugares tais como a Península Ibérica, a ordem acabou envolvida em conflitos entre reinos cristãos rivais. Os antigos dias de uma guerra santa contra um inimigo da Cristandade claramente identificável e a expectativa de um lugar mais garantido no paraíso para aqueles que lutassem já haviam acabado. Da mesma forma, a administração da vasta rede de propriedades em várias partes da Europa estava longe de ser eficiente, de maneira que a falta de uma supervisão adequada gerasse corrupção generalizada, nepotismo e desperdício de fundos e recursos. Com o desaparecimento das razões básicas pelas quais a ordem havia sido fundada inicialmente, uma transformação era inevitável.
Os hospitalários e os seus refúgios insulares em Rodes e depois em Malta haviam perdurado mais do que em qualquer lugar como bastiões da cavalaria medieval, mas, ao cabo, mesmo lá, a modernidade acabou por arrebatar a ordem. Até mesmo o papel dela como provedora de hospitais foi sobrepujado por instituições geridas por conselhos locais, e o tradicional papel dos hospitalários como guardiões de peregrinos tinha pouca demanda porque cada vez menos ocidentais faziam longas e árduas viagens à Terra Santa sob controle muçulmano. Ainda assim, a ordem persistiu até que Malta fosse capturada por Napoleão em 1798 e existe ainda hoje de várias formas e em vários países, não só atuando como ordem de cavalaria na atribuição de medalhas, como também prestando serviços de ambulância voluntários, sendo este último, é claro, uma continuação do objetivo original dos hospitalários de dar assistência médica gratuita àqueles que mais precisam.
Artigo completo em:
Bibliografia
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- Nicolle, D. Knight Hospitaller –1306. Osprey Publishing, 2001.
- Nicolle, D. Knight Hospitaller –1565. Osprey Publishing, 2001.
- Nicolle, D. The Third Crusade 1191. Osprey Publishing, 2005.
- Phillips, J. The Crusades, 1095-1204. Routledge, 2014.
- Riley-Smith, J. The Oxford Illustrated History of the Crusades. Oxford University Press, 2018.
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- Shephard, J. The Cambridge History of the Byzantine Empire c.500-1492. Cambridge University Press, 2009.
- Tyerman. C. God's War. Belknap Press, 2009.
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