segunda-feira, 16 de maio de 2022

Ordem Hospitalária - 4

 As Cruzadas

Os hospitalários, a exemplo de outras ordens militares como a dos Cavaleiros Templários, forneciam algumas vitais centenas de cavaleiros aos exércitos cruzados ocidentais, especialmente da Terceira Cruzada (1187-1192) em diante, quando eles costumavam compor os flancos dos exércitos no campo de batalha. De fato, o grande líder muçulmano Saladino oferecia uma recompensa a qualquer homem que capturasse um hospitalário, tamanha a importância deles aos exércitos cruzados. A ordem também continuou cumprindo o seu importante papel de oferecer assistência médica àqueles que dela necessitavam.

(...)



Os hospitalários foram um elemento-chave da Quarta Cruzada (1202-1204), e, embora eles tenham participado da malsucedida defesa de Acre em 1291, a ordem teve o mérito de ajudar muitos refugiados a escaparem para um lugar seguro em Chipre. Seguiram-se campanhas regulares contra o Império Otomano a partir do século XIV. Em 1344, os Hospitalários faziam parte da Liga Papal que capturou Izmir, e, em 1365, eles atacaram Alexandria. Houve também muitos reveses, com destaque para a desastrosa invasão do Despotado do Epiro (1376-1381) e para a malsucedida cruzada em 1396. Quanto aos hospitalários, porém, eles mostrariam ser resilientes o bastante para sobreviver ao catálogo de insucessos das últimas cruzadas e continuariam gozando do seu status de poderosa agência internacional de renda e de guerra.

Realocação: Rodes

Quando Jerusalém caiu outra vez em mãos muçulmanas em 1187, forçando os cruzados a se retirarem, os hospitalários transferiram a sua sede, primeiro para Acre em 1191 e depois, quando os latinos foram expulsos da Terra Santa por completo em 1291, os Cavaleiros Hospitalários se mudaram para uma nova sede em Chipre. Infelizmente, a ilha carecia de um porto bom o suficiente, e a terra não era tão fértil quanto o esperado. Em seguida, em 1306, os hospitalários elegeram a ilha de Rodes como sua base permanente, mas antes eles tiveram de tomá-la dos bizantinos.

(...) A população grega ortodoxa de Rodes, vista pelos hospitalários católicos como cismática, foi obrigada a reconhecer a autoridade suprema do papa e, na capital, os gregos foram movidos à força para os subúrbios. O antigo palácio foi ampliado, os cavaleiros viviam em confortáveis alojamentos, dispostos em grupos baseados na língua materna do irmão, e, é claro, sem esquecer as origens da ordem, havia um bem equipado hospital de dois andares que ainda hoje está de pé depois de ter sido restaurado e usado pelos italianos durante a Primeira Guerra Mundial.

Outra consequência da mudança para Rodes foi que ela tornou os hospitalários uma ordem militar muito mais voltada para a força naval. Tratados como cidadãos de segunda classe, muitos dos habitantes locais acabariam como remadores das galeras de guerra da ordem. Devido à realocação também, a partir de 1310, os membros passaram a ser frequentemente chamados de Cavaleiros de Rodes. (...) Em meados do século XV, os hospitalários poderiam contar com algo em torno de 450 cavaleiros e 2000 soldados na ilha. Longe dali, os hospitalários continuavam a gerir uma rede de priorados pela Europa, e, mais tarde, a ordem foi reforçada pela extinção dos Cavaleiros Templários, cujas propriedades foram dadas aos hospitalários em 1312.

Os Hospitalários e o Império Bizantino

Os hospitalários tinham uma relação estreita com o Império Bizantino. Com um posto avançado na capital Constantinopla, o imperador Manuel I Comneno (r. 1143-1180), por exemplo, empregava o prior da ordem como um emissário diplomático. A ordem ajudou a reconduzir João V Paleólogo (r. 1341-1391) ao trono e recebeu gratificações do seu filho e sucessor, o imperador Manuel II (r. 1391-1425). Depois, como os bizantinos continuavam tendo dificuldades de manter o seu império, Corinto, na região grega do Peloponeso, foi vendida aos hospitalários em 1397, embora eles só a tenham mantido sob seu domínio até que os otomanos conquistassem a região em 1403. (...)




Entrada Principal, Palácio dos Mestres, em Rodes
Sailko (CC BY-SA)



A independência dos hospitalários e as suas relações estreitas com os bizantinos foram provavelmente algumas das razões pelas quais eles muitas vezes recebiam críticas por parte de papas e de outros líderes ocidentais. A sua perceptível riqueza era outra fonte de inveja. As críticas incluíam: serem extravagantes nas suas vestimentas e no seu estilo de vida, demasiado cruéis no tratamento de prisioneiros muçulmanos, demasiado liberais na promoção de homens de classe baixa ao nível de cavaleiro e até descarados protetores de piratas. Essa última afirmação tem alguma justificativa, já que os hospitalários buscavam incessantemente uma estratégia para tornar as rotas marítimas mediterrânicas uma contínua zona de guerra, atacando qualquer coisa flutuante que estivesse ao seu alcance. Outras ordens militares, especialmente os Cavaleiros Templários e os Cavaleiros Teutônicos, recebiam críticas similares, dando um sinal de que, no período medieval tardio, os estados estavam cada vez mais receosos desses perigosos guerreiros de elite que faziam o que bem lhes aprouvesse.


Matéria completa em:

https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-17072/cavaleiros-hospitalarios/

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