ESPIRITISMO (I)
Do livro Filosofia elementar da Robacruz modema de J. van
Rijckenborgh. -· 5. Ed. - Jarinu, SP.
Conforme já vos expusemos no capítulo VII, o corpo
material e a maior parte de seu duplo etérico permane-
cem, após a morte, deste lado do véu, onde são subme-
tidos ao processo de decomposição. A consciênda, com
o restante da forma corpórea, passa para o além, a esfe-
ra retletora. Queremos agora nos aprofundar no assun-
to, tratando de um dos tlagelos mais terríveis que opri-
mem a humanidade: o espiritismo.
O corpo etérico compôe-sc de quatro tipos diferen-
tes de éteres: o éter químico, o éter vital. o éter lumino-
so e o éter retletor. O corpo material é mantido por
esses quatro éteres. Todas as funções orgânicas e senso-
riais, todas as atividades do cérebro e do sentimento são
realizadas por meio desses éteres.
Devemos, no entanto, fazer distinção entre os dois
éteres superiores e os dois inferiores, visto que eles
diferem em vibração: os dois éteres inferiores são de
vibração mais grosseira; os outros dois, de vibração
mais sutil. A substância etérica com cujo auxílio nós
pensamos é de vibração muito rápida, ao passo que,
comparativamente, os éteres utilizados na construção
das células do nosso corpo possuem vibração mais
lenta.
Muitos dos pesqubadores que estudaram a questão
chegaram à errônea conclusão de que a presew,;a dos
dois éteres chamados superiores·em grande quantidade
seria indicação de espiritualidade do homem, enquanto
que a presença dos éteres inferiores em grande quanti-
dade seria atributo dos homens mais grosseiros. Entre-
tanto, isso é evidentemente falso.
Do ponto de vista espiritual, os étcres luminoso e
retletor podem ser infinitamente mais grosseiros. bem
mais funestos e bestiais, e pelo menos mais perigosos
que os éteres inferiores, do mesmo modo que o ser
superior, o homem, é mil vezes mais perigoso que o ser
inferior, o animal.
Fala-se freqüentemcntt> dt" paixões animais. Ora, as
paixões do animal são puramente funcionais; elas se
manifestam dentro das normas do instinto e do espírito
de grupo.
As paixões humanas, sim, são claramente más.
Muitas pessoas dotadas de visão etérica se sentem toma-
das de admiração quando descobrem numa pessoa
determinada atividade dos éteres superiores ou vêem
uma entidade operando com auxílio de grande quanti-
dade de éter luminoso e éter refletor. Ora, não nos
esqueçamos de que o demónio pode também nos apa-
recer como um anjo de luz.
O éter refletor é mais especialmente um éter de pen-
samento. Geralmente, os homens mais malvados dis-
põem de formidável capacidade mental e de grande
quantidade de éter-pensamento.
O éter luminoso é principalmente um éter-sentimen-
to. Todas as atividades emocionais, desde as mais baixas
às mais elevadas, necessitam de éter luminoso.
De modo geral, pode-se dizer que os dois éteres
inferiores são necessários às funções corporais básicas e
que sempre que o homem se manifesta ou desempenha
um papel Óa vida como ser pensante e emocional, são
necessários os dois éteres superiores.
Portanto, a posse de éteres superiores não revela, de
modo algum, a espiritualidade de um homem. Esta
posse demonstra simplesmente que o homem cm ques-
tão leva uma vida muito ativa, seja no bem, seja no mal.
Os éteres não servem como indicação das qualidades
espirituais ou adiantamento espiritual do homem. Aliás.
os métodos para comprovar se os espíritos são ou não
de Deus nada têm a ver com a ação dos éteres. Sua çor
também não nos serve de base, visto que é possível,
pela vontade. colori-los de forma diferente.
São tantas as mistificações possíveis nesse terreno
que se recomenda com insistência que se desconfie de
todas as sugestões e se rejeite inexoravelmente todos os
tipos de aparições. Ao aluno verdadeiro são dados
outros métodos para alcançar o discernimento.
Assim que o ser humano morre. uma separação tem-
porária acontece no corpo etérico. Normalmente os dois
éteres inferiores ficam para traz com o corpo material,
enquanto que os dois éteres superiores acompanham
temporariamente o falecido, embora um pouco dos dois
éteres inferiores seja levado junto. Quanto maior for o
apego do falecido à terra durante sua vida material e
quanto mais estiver voltado para as coisas deste mundo
(o que não significa de natureza má, mas apenas biolo-
gicamente normal), tanto maior será a concentração de
éteres inferiores ao seu redor.
Nesse estado, ele se dirige ao domínio de transição,
que é a esfera intermediária também denominada esfe-
ra de purificação ou purgatório. Esse domínio com-
preende as três esferas inferiores do mundo do desejo,
que é o Kamaloka da filosofia oriental. Deveis notar que
o remanescente da veste etérica que o falecido ainda
possui liga-o à esfera terrestre, já que o corpo etérico
também é construído e mantido pelas substâncias e for-
ças desta esfera material.
Deve ficar claro que, após o falecido ter deixado o
domínio etérico, os restos da roupagem etérica não
podem ser mantidos: eles se decompõem, volatilizam-se
e depois o falecido não pode conservá-los. Isso é da
máxima importância pois assim que os remanescentes
da veste etérica desaparecem. chega o momento em
que o homem deve assimilar o conhecimento do seu
verdadeiro estado de ser. Somente então ele adquire a
verdadeira noção do que ele é, para depois partir para
a esfera celeste ou a infernal, em concordância com o
seu estado de ser. Portanto, compreende-se facilmente
que a posse de éteres após a morte determina forte liga-
ção à terra.
Quando o homem acha que sua ligação com a terra é
indesejável, quando nào sente nenhum interesse nela
mas, ao contrário, deseja se livrar dela o mais depressa
possível, ele nada fará para se opor ao processo de vola-
tilização dos éteres. Quando, porém, o caso é o oposto,
ou seja, o seu interesse está precisamente voltado para a
terra e com ela quer manter sua ligação a qualquer
preço, ele tudo fará para retardar esse processo de vola-
tilização. Ele tentará repor cada perda de éter e até
mesmo aumentar seu suprimento de éteres e, desse
modo, prolongar artificialmente sua permanência na
esfera de transição.
Aí está a causa do espiritismo e dos fenômenos a ele
relacionados, tais como o satanismo, os espíritos ligados
à terra e assim por diante. Ela deriva das milhares de
entidades na esfera de transição que se dedicam à pilha-
gem de éteres, parasitando e explorando a esfera terres-
tre. Os tenômenos espiritistas configuram roubo de éte-
res. Não só de éteres inferiores, mas, principalmente,
dos dois éteres superiores.
Este assunto exige um estudo minucioso c aprofun-
dado. bem como explicação séria, pois se trata de um
verdadeiro horror, de um perigo real, ao qual quase nin-
guém escapa. Todos nós somos vitimados em maior ou
menor grau por essas hordas de parasitas de éteres.
Muitas qualidades pouco agradáveis ou pouco vir-
tuosas do nosso ser se desenvolvem em proporções que
ultrapassam bastante o nosso verdadeiro estado de ser
porque são consciente e propositadamente estimuladas
por tais entidades. Um sentimento baixo como, por
exemplo, o ciúme, custa éter luminoso a quem o desen-
volve. O mesmo ocorre, também, na atividade de opo-
sição, oposição intencional, consciente, seja qual for a
razão. Essa atividade custa não só éter luminoso. mas
principalmente éter refletor, pois neste caso predomina
a função cerebral.
Essas baixas atividades podem ser ativadas muito acima
do nom1al pelas forças do além, a ponto de tornar impos-
sível qualquer autocontrole. Esta sangria de éteres constitui
o alimento das lúgubres entidades já mencionadas.
O mesmo acontece quando há cólera, perversidade.
melancolia - e não o esqueçamos - também os exces-
sos intelectuais. Esses estados provocam intensas explo-
sôes nas quais são despendidas grandes quantidades de
éteres. Todas as formas de anomalias psíquicas decor-
rem da alividade dos parasitas de éter.
Poderíamos nos perguntar se essas entidades tão
empenhadas em se manter ligadas à terra não poderiam
gerados. O que parece um profundo exagero e uma fan-
tasia audaciosa é nada mais que uma simples expressão
da pavorosa realidade.
Como age o satanismo? Para compreendermos isso.
devemos partir do t'<tto de que o corpo vital de cada
ser humano tem uma natureza e uma vibração diferen-
tes. Portanto, uma entidade da esfera intermediária
não pode simplesmente usurpar éteres estranhos. Sem
dúvida da tenta fazer isto, mas nào pode conservar
estes éteres por muito tempo, porque eles se volatili-
zam rapidamente devido à sua fórmula pessoal de
vibração. Entào, para alcançar seus fins. ela recorre a
um método de possessão bem mais refinado: tenta
apoderar-se de um ser humano que vive na terra e
com o qual possui certa polaridade para fazer nascer,
após meses ou anos, o desejado equilíbrio vibratório.
Então. poderá comodamente vampirizar os éteres que
ambiciona. ou literalmente sugá-los. vivendo desse
modo, às custas de sua vítima que, por sua vez, leva
uma existência miserável.
Associando-se a diversos cúmplices, essas entidades
controlam grupos inteiros, subtraindo determinadas for-
ças etéricas e fosfóricas que assimilam através dos
médiuns. Dessa forma, possuem e mantêm seus círculos
espiritistas, assim como um fazendeiro mantém porcos,
galinhas e vacas, para viver de seus produtos.
Às vezes, acontecem acidentes. Quando os controla-
dores penetram muito profundamente no ser de suas
vítimas, a ponto de desalojá-las, o resultado é a loucura.
Diante dessa situação muitos deles recuam, já que não
podem utilizar convenientemente esse corpo estranho
do qual se apossaram, pois também eles levariam uma
144 existência miserável.
Sem dúvida existem certos casos em que essas enti-
dades se vêem forçadas a realizar possessôes como
estas, por temor de serem expulsas da esfera de transi-
ção, por temor dos cúmplices ou ainda por causa da
luta entre os vários controladores de um mesmo
médium. Tudo é possível a esse respeito.
Muitos problemas e questões ainda existem para
serem discutidos tais como a natureza das mistificaçôes,
a organização do satanismo, as causas do suicídio, a
essência do homicídio em geral, a causa dos atos bes-
tiais e a influência disso na religião e no ocultismo.
Acima de tudo, o caminho da cura e do combate a esse
flagelo que é o satanismo precisa ser discutido.
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