sábado, 30 de janeiro de 2016

O QUE O BUDA NÃO ENSINOU EMBORA ALGUNS LHE ATRIBUAM

 “Resumi” esse interessantíssimo texto para apresentá-lo aqui com o intuito não só de desfazer confusões comuns que as pessoas têm quando começam a estudar o budismo, mas também que muitos estudiosos praticantes e mesmo monges eruditos têm e por vezes apregoam. Esse resumo é quase o texto na íntegra, baseado numa tradução encontrada na internet. A tradução tem problemas e erros que corrigi na medida do possível quando não os excluí completamente. Portanto quem quiser ler o texto na integra faz melhor pesquisando o original do autor.
Sempre existem pontos considerados temas complicados nas traduções como desejo, consciência, os corpos, sexualidade, etc., porém o texto me surpreendeu também com assuntos que eu pensava estar esclarecido por meus estudos ou palavras de autores e professores ou dicionários e glossários de pali. Espero que possa surpreender, no sentido comum da palavra, a outros estudiosos e estudantes. Por isso recomendo enfaticamente aos estudantes que também compartilhem com seus professores e conversem com eles a respeito procurando aprofundar os temas e a leitura no cânone sobre eles, pois não estou dizendo que esse autor esteja plenamente correto em cada detalhe de suas afirmações nem que tenha posições polêmicas ou erradas (e minha posição não teria a mínima importância no caso), mas que devemos realmente estudar melhor temas assim.

Sobre o autor: Christopher Titmuss, escritor e monge budista na Tailândia e Índia, ensina Meditação do Despertar e do Discernimento no mundo todo. Vive em Totnes, Devon, Inglaterra. Ele é o fundador e diretor do Dharma Facilitators Programme [Programa de Facilitadores do Dharma] e do programa Living Dharma [Dharma Vivo], um programa de aconselhamento online para praticantes do Dharma. Ele organiza retiros, participa de peregrinações (yatras) e conduz assembléias sobre o Dharma. Christopher tem ensinado em retiros anuais em Bodh Gaya, Índia, desde 1975, e conduz uma reunião anual sobre o Dharma em Sarnath desde 1999. Um instrutor do Dharma graduado no Ocidente, é autor de vários livros, como Light on Enlightenment [Luz na Iluminação], An Awakened Life [Uma Vida Desperta] e Transforming Our Terror [Transformando Nosso Terror]. Um batalhador pela paz e outras questões globais, Christopher é um membro do conselho consultivo internacional da Buddhist Peace Fellowship [Comunidade Budista da Paz]. Poeta e escritor, é co-fundador da Gaia House [Casa Gaia], um centro internacional de retiro em Devon, Inglaterra.

O QUE O BUDA NÃO ENSINOU
por: Christopher Titmuss

Conforme os textos, o Buda não ensinou:

1 – Abhidhamma.  Consistindo de sete livros, o Abhidhamma fornece uma classificação detalhada e analítica da mente e do corpo numa variedade de grupos e elementos. O Abhidhamma foi composto durante um longo período e não é a palavra do Buda, mas só uma interpretação. O Abhidhamma é uma entre um certo número de escolas budistas de interpretação dos Suttas.

2 – Aceitação. Nos 5 mil discursos do Buda não é possível encontrar uma palavra Páli para “aceitação”. Ele aponta mais para uma investigação profunda do que uma aceitação daquilo que não podemos mudar.

3 – Anicca, Dukkha e Anatta são a verdadeira realidade da existência. O Buda nunca fez tal afirmação a respeito da impermanência [anicca], da insatisfatoriedade [dukkha] e do não-eu [anatta]. Ele disse que estas são três características da existência. Se fossem a verdadeira realidade, não haveria alívio nem liberação. O Incondicionado é anatta [não-eu], mas não anicca ou dukkha.

4 – Crença em Deus. O Buda considera a crença no Deus Criador do monoteísmo como só mais uma das diversas espécies de crença religiosa. Ele a rejeitou, bem como a várias outras crenças religiosas. Na antiga Índia, o Deus criador era chamado Brahma. No entanto, o Buda apontou o caminho para permanecer com Brahma (Brahma Viharas). Brahma é um Deus entre os Deuses. A profunda e liberadora força de amor, compaixão, grata alegria e equanimidade revela uma permanência com Brahma, uma força criativa. O Buda nunca hesitou em seu foco na liberação completa, ao invés de uma experiência de união com Brahma.

5 – Estar no aqui e agora. O Buda não deu ensinamentos do tipo “estar aqui e agora”. Os especialistas budistas traduziram muito livremente “ditthe dhamme” como “aqui e agora”. “Ditthe” significa “visão” e “dhamme” refere-se ao Dharma, isto é, a todos os objetos (na mente e no mundo, passado, presente ou futuro), aos ensinamentos e à verdade. O Buda não reconheceu qualquer tipo de entidade egóica [self entity] nem adotou uma idéia de substância para o momento presente. “Ditthe dhamma” pode ainda significar “o ato de ver com atenção cuidadosa o Dharma”.

6 – Crença em Deus, um salvador, um livro sagrado, profeta ou guru. A linguagem de “Deus” é a linguagem do “Eu”. Afinal de contas, a crença em Deus e no Eu são os dois lados da mesma moeda, a primeira crença reconfirmando a segunda. Um “Deus Absoluto” não é uma grande questão nos Suttas porque ela não foi um ensinamento influente quando o Buda destacou o ver claramente, o amor desapegado (metta) e a compreensão da natureza da originação dependente. Ele não se opôs à linguagem de “Deus” (Brahma), como usada na Índia. Ele considerou a noção de Deus inteiramente dependente dos sentimentos, percepções e crenças. Não referiu-se a si mesmo como um profeta, guru, deidade ou avatar (encarnação de Deus). Não referiu-se a si mesmo como um mortal comum. Ele disse: Eu estou desperto. O Buda não apontou um sucessor antes de morrer. Ele ordenou que sua Sangha confia-se no Dharma.

7 – Causa. O Buda observou estritamente a originação dependente. Ele não adota uma causa e efeito simplista, de A para B, pensando algo como “esta técnica de meditação conduz diretamente à liberação”. O Buda referiu-se à causa (Páli, hetu) como uma condição distintiva (paccaya). Ele tendeu a colocar as duas questões juntas. Qual é a causa? Qual é a condição? (ko hetu ko paccayo) Numerosas causas ou condições para numerosos efeitos são mencionados nos Suttas. O Buda não aplica qualquer espécie de modelo simplista – “isto exclusivamente causará aquilo” – para o despertar. Ele se refere a um caminho direto (eke-yana) para o despertar.

8 – Escolha. A idéia de que somos sempre livres para fazer uma escolha não está de acordo com a experiência. Não escolhemos nascer, parar de envelhecer, de ficar doentes ou de sofrer dor. Não podemos escolher viver para sempre. Não podemos escolher ser felizes em cada momento do dia. Não podemos escolher os resultados dos eventos que realizamos em nossas vidas. Poderíamos pensar que fazemos escolhas livres e independentes somente para constatar mais tarde que a suposta livre escolha que fizemos acabou se tornando um pesadelo. Nossas supostas escolhas são limitadas. Fazemos escolhas sem conhecer as incontáveis condições que influenciam tais escolhas, ou do passado, presente, ou que poderiam surgir no futuro. Somos herdeiros de nosso karma e amarrados a nosso karma. Isso é uma escolha? O Buda enfatizou mais a intenção afetando corpo, fala e mente. Na clareza, naturalmente cultivamos ética, samadhi [poder de concentração] e sabedoria. A Sabedoria diz que neste caso não se sente haver qualquer escolha. É simplesmente algo conducente a um modo de vida liberado. Num sentido profundo, realmente não há uma escolha.

9 – Determinismo e fatalismo. O passado certamente pode determinar o processo de originação dependente. O fato de que o passado pode determinar o presente não significa que somos prisioneiros, porque o passado não é um agente que, afinal de contas, possa aprisionar-nos. Isto também significa que não há eventos que simplesmente ocorram sem causas e condições. O Buda também não ensina o fatalismo. Se o passado de modo absoluto determinasse nossa vida, então os ensinamentos das Quatro Nobres Verdades seriam irrelevantes. Seríamos um total prisioneiro de nosso passado. Novamente, não haveria liberação do passado, das forças não-resolvidas do karma. O Buda ensina a originação dependente e a liberação.

10 – Iluminação. A palavra “iluminação” não aparece em lugar algum dos textos budistas. Iluminação é um conceito Ocidental relacionado à era moderna no Ocidente. A palavra bodhi significa “despertar”. Ela vem da raiz budh - “acordar”. Soa arrogante dizer “eu estou iluminado”. Isso soa como crença em um “Eu” que diz “eu estou iluminado”, já que implica em um Eu chegando à Luz e que podemos apreciar aqueles que despertaram. Em Sete Fatores da “Iluminação” a palavra Páli é bojjhanga - bodhi, despertar e anga, aspectos de ou membros de. Uma década atrás eu escrevi um livro chamado Light on Enlightenment [Luz sobre a Iluminação]. Anos depois, um especialista Pali me fez a distinção entre despertar e iluminação. Vivendo e aprendendo!

11 – Fé. No sentido Ocidental, fé é frequentemente associada com fé religiosa, como a de que há vida após a morte ou ter fé em um livro sagrado, um profeta ou Deus. Não há palavra equivalente nos ensinamentos do Buda. Saddha, a palavra Páli traduzida como fé, ou às vezes confiança ou crença, significa sad - coração, dha - pôr ou colocar. Quando nosso coração se dirige à ação, como para explorar os ensinamentos, então saddha surge enraizada na direção do maior aprofundamento.

12 – Livre-arbítrio. Para a vontade ser livre teria que ser independente, suportada pelo Eu e não condicionada por circunstâncias interiores e exteriores. O Buda não ensina o livre-arbítrio. O Buda ensinou o caminho do meio entre livre-arbítrio e determinismo. Verdadeiramente, conhecer e perceber a originação dependente é liberar-se. Isso revela o vazio de um Eu real e das coisas reais.

13 – Escape. Os textos falam do escape do sofrimento. A palavra Pali nissarana significa saída. Nós geralmente associamos escape com evasão, com o medo que nos obriga a fugir de nós mesmos, da responsabilidade. Precisamos lembrar o suporte que o Buda deu-nos para encontrar a saída.
14 – Extinção do desejo. A palavra khaya geralmente traduzida como extinção, destruição ou dissolução, significa o “esgotamento” do desejo. No esgotamento do desejo, podemos envolver-nos em atenção sábia e ação sábia não corrompida com as preocupações do Eu e com aquilo que ele persegue.

15 – Cinco Preceitos. É extraordinariamente difícil encontrar o conjunto de Cinco Preceitos nos ensinamentos do Buda. Esta lista dos cinco aparece em uma única ocasião em um texto obscuro em todos os Suttas. O Buda nunca limitou sila (ética) a cinco preceitos. Ele falou muito mais extensamente sobre ética, sobre moralidade, do que tem feito a tradição budista. Ele falou a monges e monjas sobre a importância do controle dos sentidos, da purificação do meio de vida e do habilidoso uso de comida, vestimenta, abrigo e medicina como características igualmente importantes de sila. Foi conveniente para o rico que a tradição budista ignorasse o Buda e confinasse a ética aos cinco preceitos. O rico poderia buscar a gratificação sensual e privilégios incontidos assim que a tradição em grande parte excluiu-os como uma questão moral. O Buda ainda lista 10 caminhos de ação inábil e ação hábil, 3 de corpo, 4 de fala, 3 de mente (os 4 primeiros sendo a base dos 4 primeiros preceitos). MN 41, Saleyyaka Sutta.

16 – Interconexão. Isto implica que cada “coisa” está conectada a cada outra “coisa”. É uma ideia baseada em primeiro lugar na noção de que há alguma “coisa”. É o carro o motor? Não. Então, tire o motor. É o carro as rodas? Não. Então, tire as rodas. É o carro qualquer outra parte? Não. Então, jogue fora o resto das partes. O que restou do carro a ser conectado? Nada daquele “eu”. Há a convenção de que existe um carro. Muitas mulheres juntaram-se ao Buda no modo de vida renunciado da exploração do Dharma. Uma destas mulheres, chamada Vajira, experimentou pensamentos perturbadores na meditação.

Por quem este homem foi criado?
Onde está o Artífice do ser?
De onde o ser humano se originou?
Onde o ser humano cessa?
Então isto veio à sua mente.
Quem se dedicou a esta questão? Um ser humano ou um ser não-humano?
Ah, isso vem da tentação (Mara) para despertar medo e apreensão? Ela compreendeu.
A verdade despertou nela. Ela respondeu:
Exatamente como numa união de partes a palavra carruagem é usada.
Então, quando os agregados existem,
Há a convenção de um ser humano.
Então, foi dito ao final do discurso pela voz para despertar medo.
Vajira reconheceu-me e então a voz desapareceu dali completamente. SN. 1. pag. 230.

17 – A vida é sofrimento. Está é uma declaração incorreta da primeira nobre verdade. Novamente, não há tal declaração do Buda. Se isso fosse realidade, então não haveria escapatória. Quando o sofrimento surge na vida, é devido às condições. Quando as condições para o sofrimento não estão presentes, então o sofrimento não surge.

18 – Mantras. Os Mantras são geralmente uma prática devocional para um Eu Supremo, para um Deus ou que se utiliza da pura repetição de uma palavra para condicionar a mente a reduzir o estresse ou o pensamento excessivo. O Buda ensinou a experiência direta com a respiração, o corpo, os sentimentos, os estados da mente e o dharma ao invés de qualquer mantra como a prioridade da atenção. Mantras podem, entretanto, ser uma meditação útil para acalmar a mente.

19 – Metta é bondade amorosa. Muitos tradutores Pali definiram metta como bondade amorosa. O Pali-English Dictionary, da muito respeitada Pali Text Society, na Grã-Bretanha, usa a palavra “amor” para metta. Percepções da bondade dos monges budistas podem ter influenciado a moderna tradução de metta. O dicionário diz que metta deriva de mid - amar. Bondade amorosa é uma tradução inadequada. Metta expressa amor incondicional, amizade profunda e bondade ilimitada, aberta e sem amarras. O Buda falou a Anuruddha de liberação através do amor (metta ceto-vimutti) e novamente em Itivuttaka 27.19-21. Ananda também incentivou meditar nas características de metta para se atingir a liberação.

20 – Método e técnica para desenvolver Metta. No Metta Sutta, o Buda simplesmente revelou as qualidades, atitude e estado de ser de alguém profundamente fixado em metta. Amor sem limites é a marca de uma pessoa verdadeiramente realizada. O Buda apenas ensinou a direção de metta em todas as direções assim que se esteja desapegado. Metta, que é amor, é uma força transformadora e divina que compartilha características similares à liberação. Ambas, liberação e amor, não conhecem limites. Os métodos e técnicas modernas para desenvolver metta têm muito pouca relação com a realização de metta como uma imersão permanente. Apesar disso, a aplicação de métodos e técnicas para desenvolver metta pode ser muito proveitosa. Em seu livro clássico da tradição Theravada do século V, o Visuddhimagga (o Caminho de Purificação), o Venerável Acharya Buddhaghosa aproveitou algumas das afirmações do Buda e usou-as como frases para desenvolver metta. Ex.: “Possam todos os seres estar livres da inimizade. Possam eles viver venturosamente.”

21 – Atenção plena é o elo mais importante no Caminho Óctuplo. O Buda nunca isolou um elo acima dos outros. No Discurso sobre as Quatro Aplicações de Atenção Plena, ele disse que “atenção plena é cultivada até o ponto necessário para o conhecimento, a fim de se permanecer livre e independentemente no mundo”. Não há qualquer instrução nos ensinamentos do Buda para se estar “cônscio em cada momento”. É um empreendimento impossível. Tomar um dos aspectos do caminho e elevá-lo acima dos demais abandona a originação dependente. Isso daria caráter de Eu à atenção plena. No MLD 117, o Buda declarou que visão correta, esforço correto e plena atenção correta sustentam uma à outra enquanto fornecem uma explicação abrangente da sustentação mútua e dos significados de cada elo no Nobre Caminho Óctuplo.

22 – Prática momento a momento. O Buda não adota esse tipo de idéia. Ele defende a aplicação da plena atenção ao corpo, sensações, estado da mente e dharma. É um meio de realizar uma liberação eterna. Ele não ensina o concentrar-se na plena atenção para seu próprio benefício. Ele não admite qualquer tipo de egoidade à plena atenção. Não há palavras para “momento a momento” em qualquer dos Suttas. Desenvolvemos plena atenção juntamente com seis outros membros para atingir o despertar, a saber, investigação, energia, alegria profunda, tranquilidade, concentração meditativa e equanimidade, para chegar à verdadeira sabedoria da liberação. (MLD 118) [a sigla MLD que aparece aqui pela segunda vez vem na verdade da tradução da sigla MN (Majjhima Nikaya), 117 e 118 respectivamente, que tratam de forma bem abrangente o tema].

23 – Conhecer e perceber as coisas como elas são. Não proferido pelo Buda. Uma má tradução comum de yathabhutam-ñana-dassana. Esta célebre declaração do Buda significa literalmente “conhecer e perceber conforme o que vem a ser”. Bhuta vem da raiz bhu, vir-a-ser. Isso se refere à ação de conhecer e perceber. Não há menção de coisas nesta afirmação. Esta tradução correta é uma aproximação mais dinâmica e desafiadora do que a má tradução que sugere uma idéia fixa. “O que vem a ser” se refere à originação dependente.

24 – Nenhum Eu. O Buda permaneceu em nobre silêncio quando perguntado se havia um eu ou nenhum eu. Ele simplesmente declarou que corpo, sentimentos, percepções, formações mentais, incluindo os pensamentos, e a consciência não eram alguém e não pertenciam ao eu. Ele não ensinou o eu como sendo um veículo para a liberação da falsa percepção. Anatta literalmente significa “não-eu”; se o Buda tivesse dito “nenhum eu”, ele teria falado na-atta.

25 – A Unidade é a realidade fundamental. O Buda não negou a importância da Unidade. Ele se refere a ela na experiência de Brahma Viharas (Permanência Divina ou Presença de Deus). Ele não se refere a esta Permanência como realidade fundamental, uma vez que isso traz a noção de um Eu que se une a outro. O Buda refuta que O Todo é Um e igualmente refuta que O Todo é Muitos e aponta para a originação dependente. Em MLD 117, o Buda disse: a Unificação da mente, equipada com os outros sete elos do Caminho Óctuplo, é chamada nobre concentração correta com seus suportes e requisitos.

26 – Abrir-se ao desejo. O desejo (tanha), tanto quanto a ânsia e a sede que se seguem, conduz à insatisfatoriedade e ao sofrimento. O Buda nunca endossou uma idéia como a de se abrir ao desejo. O desejo resulta do contato, da identificação com sensações particulares que condicionam o desejo e alimentam o apego. A idéia de que podemos obter aquilo que desejamos sem vínculo com os resultados compromete os ensinamentos do Buda sobre a insatisfatioriedade do desejo. Abrir-se ao desejo emite uma mensagem aos consumidores budistas para que estejam abertos a seus desejos desde que, por meio deles, sigam sem ânsia. A paz temporária da mente que experimentamos quando somos bem-sucedidos em conseguir o que queremos é devida à suspensão temporária do desejo em nossa mente. Abrir-se ao desejo dilui os ensinamentos do Buda para adequá-los à ideologia Ocidental de ir atrás do que queremos. O Buda usa outras palavras para “desejo”, como dhamma-canda, zelo pelo dharma, quando referindo-se à intenção, práticas e ações necessárias para o despertar e a liberação.

27 – A Paixão (raga) deve ser erradicada. O Buda incentivou a paixão como Dhamma rage (Paixão pelo Dharma). Não devemos confundir raga com desejo. Ele referiu-se a abandonar qualquer raga que dá cor e distorce os objetos. A palavra raga significa dar cor ou tingir.

28 – Paramitas (Perfeições). O Buda não ensina as 10 Perfeições. Elas não são encontradas em nenhum lugar dos Suttas. Ele refutou a crença de que podemos alcançar uma perfeição da mente, não importa o quanto cultivemos dana (generosidade), ética, renúncia, sabedoria, energia, paciência, honradez, decisão, metta (amor, bondade amorosa) e equanimidade. As 10 Perfeições são encontradas nos comentários do Theravada e Seis Perfeições são encontradas na tradição Tibetana.
29 – Salvação pessoal. Salvação pessoal importa para aqueles que acreditam em um Eu que deva ser salvo.

30 – Renascimento. Não há nenhuma palavra nos ensinamentos do Buda que se traduza literalmente como renascimento. Esta noção parece vir da palavra Páli punnabbhava, que literalmente significa “novo vir-a-ser” [rebecoming]. No Kalama Sutta, um dos mais queridos de todos os discursos sobre a investigação, o Buda presume uma ideia provisória sobre o “novo vir-a-ser” ao invés de referir-se a isso como um fato indubitável. Há o “novo vir-a-ser” devido a estar-se amarrado à força do desejo.

31 – Reencarnação. O Buda refutou a crença numa alma, Eu [self] ou essência que vai de uma vida à outra. Nossa meditação não pode mostrar algo interno permanente a deixar o corpo ao chegar a morte.

32 – Visão correta. A palavra Pali para “correto”, no caso de “visão correta”, “intenção correta” e nos seis elos restantes no Nobre Caminho Óctuplo, é Samma. Samma significa “conducente” - conducente ao completo despertar. Uma visão conducente revela uma profundidade de compreensão do que é a liberação. Samma não tem qualquer implicação de um mandamento moral, de certo ou errado. Miccha Magga significa um Caminho Não-conducente que se segue na vida.

33 – Samatha (tranquilidade) e vipassana (discernimento) são práticas separadas uma da outra. O Buda nunca refere-se em nenhum lugar a samatha e vipassana como técnicas. Ele ensinou samatha-vipassana como qualidades de experiência e percepções essenciais para a compreensão do Dharma. Ele disse que algumas pessoas são desenvolvidas em ambas; algumas são desenvolvidas em tranquilidade; algumas são desenvolvidas em discernimento e algumas permanecem não-desenvolvidas em ambas. O Buda nunca disse que samatha (a consciência plena da respiração) é uma técnica e que Vipassana ou meditação do discernimento (consciência do corpo ou pensamentos que surgem) é outra técnica. Diferentes tradições budistas separaram uma da outra.

34 – A visão da impermanência é tudo o que importa. O Buda nunca tomou a exploração da impermanência isoladamente do resto do corpo de seus ensinamentos. Quanto à impermanência, incentivou uma perspectiva quíntupla – vemos a originação, o desvanecimento (de eventos, fenômenos, experiências, relacionamentos, etc), a satisfação, o risco e o caminho para fora do mundo da impermanência. A experiência de impermanência (anicca – literalmente “não-permanente”) está disponível como um passo em direção ao desapego.

35 – Partícula subatômica (kalapas). O Buda não ensinou o desenvolvimento do poder de concentração (samadhi) na meditação a fim de experimentar partículas subatômicas. A palavra kalapas não aparece em nenhum lugar dos suttas. O Buda não sustentou tais coisas, como visões materialistas ou não-materialistas.

36 – A Verdade está dentro de você. Nunca declarado pelo Buda. Ele disse que preservamos a verdade quando não fazemos reinvindicações de a possuirmos. A verdade não está dentro, nem dentro de outro, nem no meio. Nós não podemos encontrar uma coisa chamada Verdade interior. A verdade é aquilo que nos desperta (bodhi-sacca), a verdade da sabedoria (sacca-ñana). Não é uma entidade substancial que alguns têm e outros não têm.

37 – Vipassana como uma técnica. Não há nada nos ensinamentos do Buda indicando que Vipassana seja uma técnica. A palavra simplesmente significa “discernimento” [insight, seria melhor traduzido como compreensão]. Um momento de discernimento é um momento de vipassana que pode surgir em qualquer lugar a qualquer momento. A tranquilidade sustenta o discernimento e o discernimento sustenta a tranquilidade. Calma e discernimento indicam liberação.

38 – Eu Real. Diversos professores budistas mais graduados inevitavelmente usam em suas conferências e escritos o conceito de Eu Real. Não há nada que valide um Eu Real. Quem ou o que internamente determina o que é esse meu Eu Real e o que não é esse meu Eu Real?

39 – Dieta vegetariana. O Buda estava mais interessado no que saía de nossas bocas, do que naquilo que entrava nelas. Ele não se opôs que os buscadores renunciados recebessem carne para comer, desde que animais não fossem mortos por eles. (MLD 55) [MN 55]. Na Índia vegetariana todos os dias andarilhos, iogues, sadhus e ascetas muito, muito raramente tocam carne. Os hindus tratam as vacas na Índia com reverência sagrada por seu modo tranquilo e seus laticínios. É improvável que os hindus oferecessem à Sangha desabrigada do Buda qualquer coisa com aspecto de carne – isto é, animais, aves ou peixe. O Buda necessitaria revisar radicalmente sua visão hoje a respeito da ingestão de carne. Há crueldade para com os animais em nossos grandes matadouros. Animais são abastecidos com uma dieta prejudicial. Vacas, ovelhas, porcos e aves consomem uma enorme quantidade de comida, quer confinados em fábricas animais, quer ocupando terras valiosas que poderiam fornecer grãos, frutas e vegetais. Milhões de budistas entoam para salvar todos os seres sencientes e dispensar bondade amorosa aos animais, aves e peixes, mas continuam a comê-los, geralmente no dia-a-dia.

40 – Meditações com visualização. O Buda forneceu práticas diretas para vermos e conhecermos por nossas próprias experiências o que vem a ser, ao invés de aplicar sobre a experiência visual figuras, imagens ou arquétipos mentais. Do mesmo modo que com os métodos para metta, o uso de práticas com mantras, visualização, podem, contudo, ser uma forma muito benéfica de meditação.

41 – Nós criamos nossa própria realidade. O Buda nunca fez essa declaração. Você vê essa frase atribuída ao Buda em posters e calendários. É uma idéia bizarra. Pode a mente criar o céu, a terra, a natureza e incontáveis seres sencientes? A crença de que criamos nossa própria realidade é uma projeção primitiva. Não podemos criar nem mesmo nosso próprio sofrimento. A noção de “eu” e “meu” simplesmente surge com condições que têm um suporte. As condições da originação dependente dão forma à realidade. A mente não pode criá-la. O Eu substituiu Deus, o Criador, pelo Eu, o Criador. É outra projeção. Isso vem da má tradução do primeiro verso do Dhammapada. O buda disse que “todos os dharmas são fabricados pela mente”. Isso significa que a mente constrói o Eu pelo que é percebido. A mente concede substância, essência, alma ou egoidade àquilo que é originação dependente.

42 – Atenção sábia. Uma tradução simples. As palavras Páli são yoniso-manasikara. Yoni é o útero da mãe. Manas é mente. Kara é ação. É a ação da mente que emerge da profundeza de nosso ser. Yoni é usada metaforicamente. Manas é mente. Kara é ação. Yoniso-manasikara indica o estabelecimento da mente.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A Escola Austríaca

Do livro A Escola Austríaca de Jesus Huerta de Soto. -- São Paulo :
Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010.

a tEoria da ação doS auStríaCoS frEntE à
tEoria da dECiSão doS nEoCláSSiCoS

Para  os  teóricos  austríacos,  a ciência  Econômica  é  concebida
como uma teoria da ação mais do que da decisão, e esta é uma das
características  que  mais  os  separa  dos  seus  colegas  neoclássicos.
de fato, o conceito de ação humana engloba e supera, em muito, o
conceito de decisão individual. Em primeiro lugar, para a Escola
Austríaca,  o  conceito  relevante  de  ação  inclui,  não  só  um  hipo
tético processo de decisão num enquadramento de conhecimento
“dado”  sobre  os  fins  e  os  meios,  mas,  sobretudo,  e  isto  é  o  mais
importante, “a própria percepção do sistema de fins e de meios”
(kirzner, 1998: 48) no seio do qual tem lugar a alocação econômica
que os neoclássicos tendem a estudar com caráter de exclusividade.
oimportante para os austríacos não é que se tenha tomado uma
decisão, mas sim que a mesma é levada a cabo sob a forma de uma
ação  humana  ao  longo  de  cujo processo (que  eventualmente  pode
chegar ou não a concluir- -se) se produzem uma série de interações
e atos de coordenação cujo estudo constitui, para os austríacos, o
objeto de investigação da ciência Econômica. Por isso, para a Es
cola Austríaca, a ciência Econômica, longe de ser um conjunto de
teorias sobre escolha ou decisão, é um corpus teórico que trata dos
processos de interação social, que poderão ser mais ou menos coor
denados, dependendo da capacidade demonstrada no exercício da
ação empresarial por parte dos agentes implicados.

Os  austríacos  são  especialmente  críticos  da  concepção  restrita  de
economia que tem a sua origem em robbins e na sua conhecida defi
nição da mesma como ciência que estuda a utilização de meios escas
sos susceptíveis de usos alternativos para a satisfação de necessidades
humanas (robbins, 1932). A concepção de robbins supõe implicita
mente um conhecimento dado sobre os fins e os meios, com o qual se
reduz o problema econômico a um problema técnico de mera alocação,
maximização ou otimização, submetido a restrições que se supõe serem
também conhecidas.  ou seja, a concepção de economia em robbins
corresponde ao coração do paradigma neoclássico e pode considerar
se completamente alheia à metodologia da Escola Austríaca tal como
ela hoje é entendida. com efeito, o homem “robbinsiano” é um au
tômato ou simples caricatura do ser humano que se limita a reagir de
forma passiva face aos acontecimentos. Em oposição a esta concepção
de robbins, há que destacar a postura de Mises, kirzner e do resto dos
economistas  austríacos,  que  consideram  que  o  homem,  mais  do  que
alocar meios “dados” a fins também “dados”, procura constantemente
novos fins e meios, aprendendo com o passado e usando a sua imagi
nação para descobrir e criar (mediante a ação) o futuro. Por isso, para
os austríacos, a economia está integrada dentro de uma ciência muito
mais geral e ampla, uma teoria da ação humana (e não da decisão ou es
colha humanas). segundo Hayek, se esta ciência geral da ação humana
“precisa de um nome, o termo ciências praxeológicas, agora claramente
definido e amplamente utilizado por ludwig von Mises, parece ser o
mais apropriado” (Hayek, 1952a: 24).

oSuBjEtiviSmo auStríaCo frEntE ao
oBjEtiviSmo nEoCláSSiCo

Um segundo aspecto de importância crucial para os austríacos é
o Subjetivismo.   Para  a  Escola  Austríaca,  a  concepção  subjetivista  é
essencial e consiste precisamente na tentativa de construir a ciência
Econômica partindo sempre do ser humano real de carne e osso, con
siderado como agente criativo e protagonista de todos os processos
sociais. Por isso, para Mises, “a teoria econômica não estuda coisas
e objetos materiais; estuda os homens, as suas apreciações e, conse
quentemente, as ações humanas que delas derivam. os bens, as mer
cadorias,  as  riquezas  e  todas  as  demais  noções  de  conduta  não  são
elementos  da  natureza,  mas  sim  elementos  da  mente  e  da  conduta
humana. Quem deseje entrar neste segundo universo deve abstrair-se
do mundo exterior, centrando a sua atenção no significado das ações
empreendidas  pelos  homens”  (Mises,  1995:  111-112).   É  fácil  por-
tanto entender que para os teóricos da escola Austríaca, e em grande
medida ao contrário dos neoclássicos, as restrições em economia não
são impostas por fenômenos objetivos ou fatores materiais do mundo
exterior (por exemplo, as reservas de petróleo), mas antes pelo conhecimento humano de tipo empresarial (a descoberta de um carburador
que conseguisse duplicar a eficiência dos motores de explosão teria o
mesmo efeito econômico que uma duplicação do total de reservas físicas
de petróleo). Por isso, para a Escola Austríaca, a produção não é um
fato físico natural e externo, sendo antes, pelo contrário, um fenômeno intelectual e espiritual (Mises, 1995: 169).

O EVANGELHO DE MARIA MADALENA

*Observe a semelhança com o ensinamento e a linguagem budista...

FRAGMENTO DO EVANGELHO SEGUNDO MARIA MADALENA

Salvador disse: "Todas as espécies, todas as formações, todas as criaturas estão unidas, elas
dependem umas das outras, e se separarão novamente em sua própria origem. Pois a
essência da matéria somente se separará de novo em sua própria essência. Quem tem
ouvidos para ouvir que ouça".

Pedro lhe disse: "Já que nos explicaste tudo, dize-nos isso também: o que é o pecado do
mundo?" Jesus disse: "Não há pecado ; sois vós que os criais, quando fazeis coisas da
mesma espécie que o adultério, que é chamado 'pecado'. Por isso Deus Pai veio para o meio
de vós, para a essência de cada espécie, para conduzi-la a sua origem."

Em seguida disse: "Por isso adoeceis e morreis [...]. Aquele que compreende minhas
palavras, que as coloque-as em prática. A matéria produziu uma paixão sem igual, que se
originou de algo contrário à Natureza Divina. A partir daí, todo o corpo se desequilibra.
Essa é a razão por que vos digo: tende coragem, e se estiverdes desanimados, procurais
força das diferentes manifestações da natureza. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça."

Quando o Filho de Deus assim falou, saudou a todos dizendo: "A Paz esteja convosco.
Recebei minha paz. Tomai cuidado para ninguém vos afaste do caminho, dizendo: 'Por
aqui' ou 'Por lá', Pois o Filho do Homem está dentro de vós. Segui-o. Quem o procurar, o
encontrará. Prossegui agora, então, pregai o Evangelho do Reino. Não estabeleçais outras
regras, além das que vos mostrei, e não instituais como legislador, senão sereis cerceados
por elas".Após dizer tudo isto partiu.

Mas eles estavam profundamente tristes. E falavam: "Como vamos pregar aos gentios o
Evangelho ao Reino do Filho do Homem? Se eles não o procuraram, vão poupar a nós?"
Maria Madalena se levantou, cumprimentou a todos e disse a seus irmãos: "Não vos
lamentais nem sofrais, nem hesiteis, pois sua graça estará inteiramente convosco e vos
protegerá. Antes, louvemos sua grandeza, pois Ele nos preparou e nos fez homens". Após
Maria ter dito isso, eles entregaram seus corações a Deus e começaram a conversar sobre as
palavras do Salvador.

Pedro disse a Maria:"Irmã, sabemos que o Salvador te amava mais do que qualquer outra
mulher. Conta-nos as palavras do Salvador, as de que te lembras, aquelas que só tu sabes e
nós nem ouvimos."

Maria Madalena respondeu dizendo: " Esclarecerei a vós o que está oculto". E ela começou
a falar essas palavras: "Eu", disse ela, "eu tive uma visão do Senhor e contei a Ele: 'Mestre,
apareceste-me hoje numa visão'. Ele respondeu e me disse: 'Bem aventurada sejas, por não
teres fraquejado ao me ver. Pois, onde está a mente há um tesouro'. Eu lhe disse: 'Mestre,


aquele que tem uma visão vê com a alma ou como espírito?' Jesus respondeu e disse: "Não
vê nem com a alma nem com o espírito, mas com a consciência, que está entre ambos assim
é que tem a visão [...]".

E o desejo disse à alma: 'Não te vi descer, mas agora te vejo subir. Por que falas mentira, já
que pertences a mim?' A alma respondeu e disse:'Eu te vi. Não me viste, nem me
reconheceste. Usaste-me como acessório e não me reconheceste.' Depois de dizer isso, a
alma foi embora, exultante de alegria. "De novo alcançou a terceira potência , chamada
ignorância. A potência, inquiriu a alma dizendo: 'Onde vais? Estás aprisionada à maldade.
Estás aprisionada, não julgues!' E a alma disse: ' Por que me julgaste apesar de eu não haver
julgado? Eu estava aprisionada; no entanto, não aprisionei. Não fui reconhecida que o Todo
se está desfazendo, tanto as coisas terrenas quanto as celestiais.' "Quando a alma venceu a
terceira potência, subiu e viu a quarta potência, que assumiu sete formas. A primeira forma,
trevas,; a segunda , desejo; a terceira, ignorância,; a quarta, é a comoção da morte; a quinta,
é o reino da carne; a sexta, é a vã sabedoria da carne; a sétima, a sabedoria irada. Essas são
as sete potências da ira. Elas perguntaram à alma: ´De onde vens, devoradoras de homens,
ou onde vais, conquistadora do espaço?' A alma respondeu dizendo: ' O que me subjugava
foi eliminado e o que me fazia voltar foi derrotado..., e meu desejo foi consumido e a
ignorância morreu. Num mundo fui libertada de outro mundo; num tipo fui libertada de um
tipo celestial e também dos grilhões do esquecimento, que são transitórios. Daqui em
diante, alcançarei em silêncio o final do tempo propício, do reino eterno'."

Depois de ter dito isso, Maria Madalena se calou, pois até aqui o Salvador lhe tinha falado.
Mas André respondeu e disse aos irmãos:"Dizei o que tendes para dizer sobre o que ela
falou. Eu, de minha parte, não acredito que o Salvador tenha dito isso. Pois esses
ensinamentos carregam idéias estranhas". Pedro respondeu e falou sobre as mesmas coisas.
Ele os inquiriu sobre o Salvador:"Será que ele realmente conversou em particular com uma
mulher e não abertamente conosco? Devemos mudar de opinião e ouvirmos ela? Ele a
preferiu a nós?" Então Maria Madalena se lamentou e disse a Pedro: "Pedro, meu irmão, o
que estás pensando? Achas que inventei tudo isso no mau coração ou que estou mentindo
sobre o Salvador?" Levi respondeu a Pedro: "Pedro, sempre fostes exaltado. Agora te vejo
competindo com uma mulher como adversário. Mas, se o Salvador a fez merecedora, quem
és tu para rejeitá-la? Certamente o Salvador a conhece bem. Daí a ter amado mais do que a
nós. É antes, o caso de nos envergonharmos e assumirmos o homem perfeito e nos
separaremos, como Ele nos mandou, e pregarmos o Evangelho, não criando nenhuma regra
ou lei, além das que o Salvador nos legou."

Depois que Levi disse essas palavras, eles começaram a sair para anunciar e pregar.




A RELIGIÃO COMO ESCLARESCIMENTO

Por Frater I.L.I.V.
                Consideramos que uma religião que pretenda a verdade deve ser um fator de esclarecimento, não de obscurecimento, não de dogmatismo não de superstição. Nossa ordem é aberta a qualquer religião desde que não vá contra nossos princípios éticos e nossos objetivos mais elevados. Mas a fraternidade que constitui a porta de entrada da ordem tem dois lados, o cientifico e o religioso, podendo cada um ser tomado à parte.
Se o lado científico for tomado separadamente ou enfatizado o estudante seguirá, se assim quiser, a graduação de nossa ordem, com possibilidade de mestrado e doutorado. Se o lado religioso for tomado separadamente ou enfatizado o estudante seguirá, se assim decidir, os sacramentos religiosos de nossa ordem, com a possibilidade de tornar-se um cavaleiro ou monge e depois de rei ou rainha rosacruz (em ambos os lados há esse título, mas não tem equivalência, a não ser nas práticas fundamentais, visto que o do ramo científico precisa realizar e compreender profundamente muitas práticas fundamentais e o religioso apenas as práticas essenciais mesmo que não as compreenda de todo).
Embora não sejamos uma religião propriamente dita, podemos ter e professar uma religião ou mais, ou não, além do que todos independente de seguirmos ou não uma religião praticamos princípios que podem ser tidos como religiosos em comum. Por isso somos os verdadeiros ecumênicos (do gr. oikoumenikós, pelo lat. Oecumenicu; relativo a toda a Terra habitada; universal; que manifesta disposição à convivência e diálogo), pois nossos estudantes podem praticar todas aqui, e em seu elementos essenciais efetivos, o que já é uma vantagem.
Somos o que se pode chamar de verdadeira universalidade (que não se atêm a uma especialidade; que abrange quase por inteiro um campo de conhecimentos, de ideias, de aptidões, etc.; que é adaptável ou ajustável de modo que possa atender a diferentes necessidades; ecumênico), os verdadeiros católicos (do lat. ecles. catholicu < gr. katholikós, universal.), pois agregamos os elementos verdadeiros de todas as verdadeiras religiões, autêntico sincretismo universal (que abarca toda a Terra, que se estende a tudo ou por toda a parte; mundial), pois os elementos principais não dependem de cultura, linguagem, etnia, povo, mas da natureza terráquea (dita humana, mas que em nosso caso engloba seres que podem não ser humanos na atualidade).
Nos consideramos verdadeiros holísticos, ainda que não façamos alarde sobre isso, nem nos enquadremos na moda atual do que se costuma chamar holístico. Não digo isso por termos aderido ao chamado holismo (de hol(o)- + -ismo: tendência, que se supõe seja própria do Universo, a sintetizar unidades em totalidades organizadas; teoria segundo a qual o homem é um todo indivisível, e que não pode ser explicado pelos seus distintos componentes (físico, psicológico ou psíquico), considerados separadamente), mas por ele ser uma consequência natural dos princípios herméticos, aos quais nós admitimos. Por todas essas características podemos ser considerados a verdadeira religião (tanto no sentido de religação quanto no sentido de releitura) e não mais uma religião, afinal, englobamos todas e todos no que têm em comum; e pesquisamos os elementos reais e efetivos e as formas de potencializá-los para alcançar os objetivos comuns a todas.
Na humanidade, quanto à busca da verdade, existem dois tipos de pessoa, os esotéricos e os religiosos. Os esotéricos são os que buscam as ordens, a experiência, o ver por si mesmo, os empiristas. Nessa categoria estão incluídos os cientistas, os historiadores, os compositores, os artistas, etc. Sim, pois todos passam por um processo ‘esotérico’ na vida, a saber, dominar algo que relativamente poucos dominam; possuir um conhecimento especial (e poderes em muitos casos) ou passar por um aprendizado gradativo em que o fim depende das partes anteriores, sendo inacessível àquele que não possui os pré-requisitos (como no caso das universidades, ordens ocultistas e academias militares). Isto é o que se chama esotérico, um circulo menor dentro de outro círculo, que engloba apenas certas qualidades; maior qualidade, especificidade e precisão.
Os religiosos são os que buscam as igrejas, as religiões exotéricas, uma explicação, uma esperança, um conforto, uma solução, algo em que possa confiar, ter fé, acreditar. Nessa categoria estão incluídos os filósofos (sim, os filósofos, pois podem concluir sem provas, se satisfazer com mero raciocínio ou suposta evidência), os psicologistas, os jornalistas, os instrumentistas os artesões, etc. (essa correspondência é apenas ilustrativa aqui). Buscam um domínio ou conhecimento público, acessível a qualquer um, imediato ou que possa ser rapidamente absorvido, facilmente demonstrável ou entendível, que não depende de muitos conhecimentos prévios. Isto é o que se chama exotérico, um circulo aberto, maior, que pode englobar mais, maior quantidade e generalidade. 
Há intermediários? Sim, mas sempre um lado predomina. Há ‘neutros’ ou que estão fora dessas características? Talvez, admitimos a possibilidade ainda que não tenha sido encontrado. Mas tais seriam como verdadeiros niilistas, que não se importam com nada, nem admitem ‘verdades’ ou experiências ou razoes ou percepções, e desejam o nada. Se tais existirem de fato, ou não passem de traumatizados ou maníaco depressivos (etc., etc.) como a maioria dos que se afirmam niilistas: não estão buscando a verdade e não podem ser sequer considerados humanos normais enquanto estão nesse estado, sendo que a busca de ‘verdades’ mais seguras é uma característica da natureza humana. Se existem precisam antes de tratamento, estudo, abertura mental, serem bem tratadas compassiva e amorosamente.
Existem ações e estudos que o religioso pode fazer aqui, todo o aspecto exotérico de nossa ordem, apesar da ‘cientificidade’, oferece teorias, filosofia, moral e práticas que podem ser acessíveis a todos, sem que seja necessário nenhum super aprofundamento, mas apenas entendendo e praticado como em qualquer religião de fato. E nós não prometemos um inferno àqueles que não realizarem nossas práticas ou ideais mais elevados, apenas apresentamos as possíveis consequências de acordo com os caminhos, decisões e comportamentos tomados. É mais importante escolher e decidir com consciência dentro de suas possibilidades de realização e superação e ter um querer e vontade elevados do que ter altos objetivos e se esforçar sem sucesso e numa sucessão de fracassos e sentimentos de culpa. Por isso enfatizamos o próximo passo, o presente, e valorizamos o caminho acima dos objetivos últimos, que estão distantes de nós e não podem ser conquistados a qualquer custo ou por quaisquer caminhos ou atalhos.
E o que são, resumidamente esses fundamentos religiosos? Primeiro de tudo o auto conhecimento e o conhecimento da interdependência de tudo com tudo e todos com todos e com tudo (o que já leva ao próximo elemento, o fator ético, ou mesmo moral), através da (a) atenção constante tal qual ensinamos e da (b) auto observação; esta prática consiste no despertar conscientemente e já, por sua própria natureza; leva a ver algo por si mesmo e a um esclarecimento. É o trabalho com a consciência. Segundo, o elemento do comportamento, dentro de valores que proporcionam uma vida melhor e mais harmônica com o ambiente e com os outros seres, o fator ético, uma moral prática, que além das vantagens citadas que constituem o seu lado empírico, contribui sistematicamente para o processo de purificação mental, que leva a eliminação dos obstáculos, da vida e, principalmente, dos que obstruem a visão. É o trabalho com a vontade. O terceiro elemento é o elemento da união, compreensão, aceitação; são práticas, ritos, festejos, exercícios, etc. que nos levam a uma aproximação e quiçá uma comunhão com aquilo que buscamos de mais elevado, com o divinal, o absoluto, o incondicionado, isto que alguns chamam Deus, outros Nirvana, outros Brahman, outros o Uno ou o Um, IAO, Cristo, Buda,  Vauhala,  Rá, o Sol, o Tao, etc. mal entendido pela maioria das religiões ocidentais. Este é o trabalho com o amor.
Sim, falando em religião, a união suprema pode ser alcançada também no caminho exotérico, religioso, é claro. Dizem que isso pode levar vidas e vidas, mas o mesmo pode ocorrer no lado esotérico. Dizem que é o caminho mais leve, mas que pouquíssimos alcançam as metas, mas isso pode acontecer em qualquer caminho dada a afinidade e o esforço de cada um. Mudam os procedimentos, os obstáculos, as facilidades e dificuldades. Cada pessoa trabalha com aquilo com que se sinta em harmonia e afinidade, visando o melhor resultado com relação ao objetivo último que é a iluminação, ou seja, justamente o significado da palavra religião, a união com o supremo.






sábado, 16 de janeiro de 2016

O QUE É A LEI

Muitos no Brasil, quando se fala de leis, dizem "eu estudo a lei", outros simplesmente acreditam que a solução para os problemas sociais está na criação de novas leis. Mas entre todos dificilmente se poderia perguntar o que é a lei e ter uma resposta lógica ou acertada.
Primeiro precisamos perguntar o que é a lei e segundo sob qual perspectiva se estuda ou se propõe o estudo da lei. Mas o mais importante de tudo é questionar, não a intensão da lei (ou aparente intensão), mas sua consequência a curto, médio e longo prazo, ou seja, o seu resultado.
Entretanto, o mais comum entre a população e os políticos é o senso comum, acreditar que a solução são novas leis, emendas, enfim, tudo que se acredita ser o aperfeiçoamento de um código legal existente. Mal se percebe que na maioria dos casos esta é justamente a causa das injustiças, e continua-se engrossando o caldo das tão discursadas injustiças sociais e de todas as injustiças que possam existir justamente através das imposições legais. nesse livro do qual a seguir temos um trecho  Bastiat discute tudo isso e mais um pouco. Uma leitura obrigatória num país onde só se foi permitido conhecer um lado do mundo das ideias em se tratando de lei.

Do livro A Lei, de Frédéric Bastiat, São Paulo : Instituto
Ludwig von Mises Brasil, 2010.
O que é então a lei? É a organização coletiva do direito individual
de legítima defesa.
Cada um de nós tem o direito natural, recebido de Deus, de defender
sua própria pessoa, sua liberdade, sua propriedade. Estes são os
três elementos básicos da vida, que se complementam e não podem
ser compreendidos um sem o outro. E o que são nossas faculdades
senão um prolongamento de nossa individualidade? E o que é a propriedade
senão uma extensão de nossas faculdades?
Se cada homem tem o direito de defender — até mesmo pela força
— sua pessoa, sua liberdade e sua propriedade, então os demais
homens têm o direito de se concertarem, de se entenderem e de organizarem
uma força comum para proteger constantemente esse direito.
O direito coletivo tem, pois, seu princípio, sua razão de ser, sua
legitimidade, no direito individual. E a força comum, racionalmente,
não pode ter outra finalidade, outra missão que não a de proteger as
forças isoladas que ela substitui.
Assim, da mesma forma que a força de um indivíduo não pode,
legitimamente, atentar contra a pessoa, a liberdade, a propriedade de
outro indivíduo, pela mesma razão a força comum não pode ser legitimamente
usada para destruir a pessoa, a liberdade, a propriedade dos
indivíduos ou dos grupos.
E esta perversão da força estaria, tanto num caso como no outro,
em contradição com nossas premissas. Quem ousaria dizer que a força
nos foi dada, não para defender nossos direitos, mas para destruir
os direitos iguais de nossos irmãos? E se isto não é verdade para cada
força individual, agindo isoladamente; como poderia sê-lo para a força
coletiva, que não é outra coisa senão a união das forças isoladas?
Portanto, nada é mais evidente do que isto: a lei é a organização do
direito natural de legítima defesa. É a substituição da força coletiva
pelas forças individuais. E esta força coletiva deve somente fazer o
que as forças individuais têm o direito natural e legal de fazerem: garantir
as pessoas, as liberdades, as propriedades; manter o direito de
cada um; e fazer reinar entre todos a JUSTIÇA.
Um governo justo e estável
E se existisse uma nação constituída nessa base, parece-me que a
ordem prevaleceria entre o povo, tanto nos fatos, quanto nas ideias. Parece-
me que tal nação teria o governo mais simples, mais fácil de aceitar,
mais econômico, mais limitado, menos repressor, mais justo e mais
estável que se possa imaginar, qualquer que fosse a sua forma política.
E, sob tal regime, cada um compreenderia que possui todos os privilégios,
como também todas as responsabilidades de sua existência.
Ninguém teria o que reclamar do governo, desde que sua pessoa fosse
respeitada, seu trabalho livre e os frutos de seu labor protegidos contra
qualquer injustiça. Se felizes, não teríamos de atribuir tampouco
ao governo nossos deveres, da mesma forma que nossos camponeses
não lhe atribuem a culpa da chuva de granizo ou das geadas. O estado
só seria conhecido pelos inestimáveis benefícios da SEGURANÇA,
proporcionados por esse tipo de governo.
Pode-se ainda afirmar que, graças à não-intervenção do estado
nos negócios privados, as necessidades e as satisfações se desenvolveriam
numa ordem natural; não se veriam mais as famílias
pobres buscando instrução literária antes de ter pão para comer.
Não se veria a cidade povoar-se em detrimento do campo ou o
campo, em detrimento da cidade. Não se veriam os grandes deslocamentos
de capital, de trabalho, de população, provocados por
medidas legislativas.
As fontes de nossa existência tornam-se incertas e precárias com
esses deslocamentos criados pelo estado. E, ainda mais, esses atos
agravam sobremaneira a responsabilidade dos governos.
A completa perversão da lei
Infelizmente, a lei nem sempre se mantém dentro de seus limites
próprios. Às vezes os ultrapassa, com consequências pouco defensáveis
e danosas. E o que aconteceu quando a aplicaram para destruir a
justiça, que ela deveria salvaguardar. Limitou e destruiu direitos que,
por missão, deveria respeitar. Colocou a força coletiva á disposição de
inescrupulosos que desejavam, sem risco, explorar a pessoa, a liberdade
e a propriedade alheia. Converteu a legítima defesa em crime para
punir a legítima defesa.
Como se deu esta perversão da lei? Quais foram suas consequências?
A lei perverteu-se por influência de duas causas bem diferentes: a
ambição estúpida e a falsa filantropia.
Falemos da primeira.
A tendência fatal da humanidade
A autopreservação e o autodesenvolvimento são aspirações comuns
a todos os homens.
Assim, se cada um gozasse do livre exercício de suas faculdades e
dispusesse livremente dos frutos de seu trabalho, o progresso social
seria incessante, ininterrupto e infalível.
Mas há ainda outro fato que também é comum aos homens.
Quando podem, eles desejam viver e prosperar uns a expensas dos
outros. Não vai aí uma acusação impensada, proveniente de um espírito
desgostoso e pessimista. A história é testemunha disso pelas
guerras incessantes, as migrações dos povos, as perseguições religiosas,
a escravidão universal, as fraudes industriais e os monopólios,
dos quais seus anais estão repletos.
Esta disposição funesta tem origem na própria constituição do homem,
no sentimento primitivo, universal, invencível que o impele
para o bem-estar e o faz fugir da dor.
Propriedade e espoliação
O homem não pode viver e desfrutar da vida, a não ser pela assimilação
e apropriação perpétua, isto é, por meio da incessante aplicação
de suas faculdades às coisas, por meio do trabalho. Daí emana
a propriedade.
Por outro lado, o homem pode também viver e desfrutar da vida,
assimilando e apropriando-se do produto das faculdades de seu semelhante.
Daí emana a espoliação.
Ora, sendo o trabalho em si mesmo um sacrifício, e sendo o homem
naturalmente levado a evitar os sacrifícios, segue-se daí que — e
a história bem o prova — sempre que a espoliação se apresentar como
mais fácil que o trabalho, ela prevalece. Ela prevalece sem que nem
mesmo a religião ou a moral possam, nesse caso, impedi-la.
Quando então se freia a espoliação? Quando se torna mais árdua e
mais perigosa do que o trabalho.
É bem evidente que a lei deveria ter por finalidade usar o poderoso
obstáculo da força coletiva contra a funesta tendência de se preferir
a espoliação ao trabalho. Ela deveria posicionar-se em favor da propriedade
contra a espoliação.
Mas, geralmente, a lei é feita por um homem ou uma classe de
homens. E como seus efeitos só se fazem sentir se houver sanção e
o apoio de uma força dominante é inevitável que, em definitivo, esta
força seja colocada nas mãos dos que legislam.
Este fenômeno inevitável, combinado com a funesta tendência que
constatamos existir no coração do homem, explica a perversão mais ou
menos universal da lei. Compreende-se então por que, em vez de ser
um freio contra a injustiça, ela se torna um instrumento da injustiça,
talvez o mais invencível. Compreende-se por que, segundo o poder
do legislador, ela destrói, em proveito próprio, e em diversos graus,
no resto da humanidade, a individualidade, através da escravidão; a
liberdade, através da opressão; a propriedade, através da espoliação.
Vítimas da espoliação legal
É próprio da natureza dos homens reagir contra a iniquidade da
qual são vítimas. Então, quando a espoliação é organizada pela lei, em
prol das classes dos que fazem a lei, todas as classes espoliadas tentam,
por vias pacíficas ou revolucionárias, participar de algum modo da
elaboração das leis. Estas classes, segundo o grau de lucidez ao qual
tenham chegado, podem-se propor dois objetivos bem diferentes ao
perseguir a conquista de seus direitos políticos: ou querem fazer cessar
a espoliação legal ou aspiram a participar dela.
Malditas, três vezes malditas as nações nas quais este último objetivo
domina as massas e estas vêm a deter o poder de legislar!
Até então a espoliação legal era exercida por um pequeno número
de pessoas sobre as demais. É assim que se observa entre os povos
cujo direito de legislar está concentrado em algumas mãos. Mas, uma
vez tornado universal, busca-se o equilíbrio na espoliação universal.
Em lugar de extirpar o que a sociedade continha de injustiça,
generaliza-se esta última. Tão logo as classes deserdadas recobram
seus direitos políticos, o primeiro pensamento que as assalta não é o
de livrar-se da espoliação (isto suporia nelas conhecimentos que não
podem ter), mas organizar, contra as outras classes e em seu próprio
detrimento, um sistema de represálias — como se fosse preciso, antes
do advento do reinado da justiça, que uma cruel vingança venha ferilas,
umas por causa da iniquidade, outras por causa da ignorância.
Resultados da espoliação legal
Não poderiam, pois, ser introduzidas na sociedade mudança e infelicidade
maiores que esta: a lei convertida em instrumento de espoliação.
Quais as consequências de semelhante perturbação? Seriam necessários
volumes e mais volumes para descrevê-las todas. Contentemo-
nos em indicar as mais notáveis.
A primeira é a que apaga em todas as consciências a noção do justo
e do injusto. Nenhuma sociedade pode existir se nela não impera de
algum modo o respeito às leis. Porém, o mais seguro para que as leis
sejam respeitadas é que sejam de fato respeitadas.
Quando a lei e a moral estão em contradição, o cidadão se acha na
cruel alternativa de perder a noção de moral ou de perder o respeito à
lei, duas infelicidades tão grandes tanto uma quanto a outra e entre as
quais é difícil escolher.
Fazer imperar a justiça está tão inerente à natureza da lei, que lei
e justiça formam um todo no espírito das massas. Temos todos forte
inclinação a considerar o que é legal como legítimo, a tal ponto que
são muitos os que falsamente consideram como certo que toda a justiça
emana da lei. Basta que a lei ordene e consagre a espoliação para
que esta pareça justa e sagrada diante de muitas consciências. A
escravidão, a restrição, o monopólio acham defensores não somente
entre os que deles tiram proveito como entre os que sofrem as suas
consequências.
...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

A verdadeira face de Nelson Mandela

O governador do estado de Sergipe como ditador típico  (que finge criticar ditadores enquanto omite seu verdadeiro sonho de viver num Brasil controlado por uma ditadura socialista), por decreto, está mudando o nome de escolas e outros locais públicos alegando que os nomes se referem a ditadores. Um deles, sem qualquer consulta popular foi alterado para Nelson Mandela. Disse ainda cinicamente que pedia desculpas por não consultar a população, mas que "ensinará" ao alunos quem foi Mandela e sua importância. Claro que vai dar sua versão já bem construída por pesado market ao longo da história. Mas nesse artigo vamos conhecer um pouco melhor...
A verdadeira face de Nelson Mandela

por Paulo Kogos, segunda-feira, 9 de dezembro de 2013



Dedico este artigo ao povo sul-africano, especialmente às vítimas do apartheid, do terrorismo comunista, da barbárie de Mandela, do regime do CNA e dos genocídios. Descansem em paz.

+PRÓLOGO
Para o historiador John Dalberg-Acton, o 1º barão Acton, o guia da História não é Clio, uma das musas gregas inspiradoras das ciências, literatura e arte. Este papel caberia a Radamanto, um dos juízes do mundo dos mortos, carrasco dos injustos e vingador dos inocentes.
Nunca este espírito foi tão necessário quanto hoje, em um mundo onde a mídia de massa distorce os fatos a serviço das mais infames agendas políticas.
Nelson Mandela, assim como muitos falecidos, goza de uma injusta reputação de herói e libertador perante a opinião pública. Seus métodos, motivação e legado, porém, são nefastos.
A finalidade deste artigo é expor a verdadeira face do mais querido assassino e terrorista da História.
+INTRODUÇÃO À TRAGÉDIA SUL-AFRICANA
"O racismo é a forma mais baixa e mais cruelmente primitiva de coletivismo. É a noção de atribuir significado moral, social ou político à linhagem genética de um homem - é a noção de que os traços caracterizadores e intelectuais de um homem são produzidos e transmitidos por sua química corporal interna. O que quer dizer, na prática, que um homem deve ser julgado, não por sua índole ou ações, mas pelas índoles e ações de um coletivo de antepassados." — Ayn Rand
África do Sul, dias atuais
O inimigo do meu inimigo não é necessariamente meu amigo. Os infames bolcheviques de Lenin lutaram contra a cruel tirania czarista dos Romanov. Seus métodos eram horrendos, vitimando inclusive as crianças inocentes da família real. Ao assumir o poder Lenin e seus sucessores perpetraram horrores inauditos contra seu povo.
Analogamente, Nelson Mandela lutou contra o Partido Nacionalista da África do Sul, que impunha o grotesco sistema de políticas racistas conhecido como Apartheid. Seus métodos foram diabólicos. Uma vez no poder, ele e seus sucessores espalharam o terror pelo país. E seu objetivo? O mesmo que o de Lenin.
Mandela foi um terrorista. Seu modus operandi incluía uso de minas e explosivos contra civis inocentes, assassinato de negros não alinhados à sua causa, incêndios contra negócios cujo proprietário era negro, greves e boicotes incitados através de coerção e tortura. Aterrorizava as mesmas pessoas que dizia estar libertando da tirania do Apartheid.
Uma luta armada contra os membros criminosos de um Estado, e que não ceife vidas inocentes, é legítima defesa. Santo Agostinho de Hipona dizia que uma guerra justa é aquela que castiga uma injustiça; mas a doutrina de "guerra justa", derivada do pensamento de Hugo Grotius, estabelece importantes limites éticos a respeito do jus in bello (justiça na conduta da guerra). O princípio da distinção veda o emprego da violência contra não-combatentes.
Mandela não observou princípio ético algum. Como disse Aida Parker, compaixão e sentimento pela condição humana não tinham papel em suas ações.
Oficialmente membro do Congresso Nacional Africano (CNA), Mandela também fazia parte do Partido Comunista da África do Sul (PCAS), embora tenha mentido sobre o fato. Era inclusive um de seus líderes. O PCAS, cujas diretivas estratégicas vinham do Kremlin, controlava o CNA.
Explorava o triste quadro de segregação e opressão racial não para ajudar os negros, mas para levar adiante uma revolução comunista.
Até o fim da Guerra Fria, o continente africano foi palco de inúmeras "guerras por procuração" comandadas pela URSS. Nos países onde o socialismo marxista triunfou, tais como Angola, Congo, Etiópia, Moçambique, Zimbábue e Zâmbia, o resultado foi morticínio, miséria extrema e tragédias humanitárias.
Para usar um termo do cientista político R.J. Rummel, as guerras de libertação nacional promovidas pela URSS nos países subdesenvolvidos foram um "democídio" em massa. Este tenebroso quadro tem sido concretizado na África do Sul desde que Mandela assumiu o poder e vem piorando sob o governo de seus sucessores do CNA.
Mandela transformou a África do Sul em uma ditadura sem oposição comandada pela cleptocracia da aliança CNA/PCAS, que está levando o país à extrema pobreza, ao caos social e até mesmo ao genocídio.
Ironicamente, a ideologia defendida por Mandela é a grande responsável por aquilo que o mundo acredita que ele combateu. O apartheid é filho do casamento profano entre a mentalidade anti-capitalista e os interesses dos grandes players políticos e corporativos.
Ricas reservas de diamantes e metais preciosos foram descobertas na África do Sul entre as décadas de 1860 e 1880. O atual território do país era dividido em províncias britânicas, estados africâneres (etnia sul-africana descendente de colonos europeus, principalmente holandeses) e territórios nativos.
A disputa pelo controle das jazidas resultou em diversos conflitos, incluindo a Primeira Guerra dos Bôeres (1880 -1881), uma luta pela independência da República do Transvaal, estado bôer (subgrupo africâner que fala holandês) rico em ouro e que havia sido anexado pelo Império Britânico. A vitória dos bôeres não durou muito. A disputa pelo ouro de Witwatersrand levou à eclosão da Segunda Guerra dos Bôeres (1899 — 1902).
A decisiva vitória britânica resultou na hegemonia imperial sobre Transvaal e Orange. Em 1910 a unificação destas e de outras duas colônias britânicas formou a União da África do Sul (1910 — 1961). O território passou do status de colônia para domínio. 
Leis de segregação racial tão antigas quanto 1893 foram outorgadas para garantir o domínio de sindicatos britânicos brancos sobre essas imensas reservas.
O apartheid foi institucionalizado em 1910 pelo governo do bôer Louis Botha. Conforme demonstra o economista Herry Valentine, essa política tinha como objetivo criar uma reserva de mercado para os brancos. O apartheid introduziu políticas de discriminação salarial que decretavam a obrigatoriedade de um salário maior para os brancos. Era acompanhada  de restrições ocupacionais aos negros.
O maior crime do Apartheid talvez tenha sido o Ato da Terra de 1913, que reservava 87% da terra do país para posse dos brancos e segregava etnias negras em territórios etnicamente homogêneos e administrativamente autônomos conhecidos como Bantustões. Havia 10 deles. O resultado foi um roubo massivo da terra legítima dos negros, que ficaram também impedidos de adquirir terras.
De acordo com o economista William Hutt em seu livro "The Economics of the Colour Bar", um apartheid industrial foi imposto em 1922  por sindicatos brancos britânicos liderados por William H. Andrews, um dos chefes do PCAS (sim, o mesmo do Mandela). Seu slogan era "Brancos uni-vos e lutem por um mundo trabalhista".
Muitos negros abandonaram o país, incluindo profissionais altamente qualificados. Quando o Partido Nacional assumiu o poder, em 1948, as políticas do Apartheid foram arrochadas, levando a uma emigração ainda maior da população negra. Foi somente por volta da década de 1970 que os mecanismos de mercado conseguiram ajustar parcialmente a situação.
O acúmulo de capital que ocorre naturalmente a despeito do estado aumentou a oferta de empregos. Os empreendedores passaram a burlar as regulações trabalhistas do apartheid para contratar mão-de-obra negra. Some-se a isso o fato de que muitos negros entravam no país para fugir da opressão de regimes comunistas em países vizinhos, que era pior que o apartheid.
No final da década de 1980 o governo havia afrouxado a fiscalização das políticas segregacionistas e uma classe média negra com alto nível de instrução havia se formado. Havia negros empreendedores e negros milionários. Entre 1971 e 1980 a renda real da população negra havia crescido 40%. Leis como o controle de fluxo interno e as restrições ocupacionais haviam sido abolidas.
A geração de riqueza e qualidade de vida eram prejudicadas principalmente pelas políticas intervencionistas, pelos ditames estatais no setor bancário e de mineração, e pelo excesso de gastos do governo.
Os fatos corroboram a frase do economista Murray Rothbard:
O capitalismo de livre-mercado é um maravilhoso antídoto para o racismo. Num livre mercado, empregadores que se recusarem a contratar trabalhadores negros produtivos estão ferindo os seus próprios lucros e posição competitiva da própria empresa. É apenas quando o estado se intromete que o governo consegue socializar os custos do racismo e estabelecer um sistema de apartheid
Mandela, ao se tornar estadista, insistiu nos mesmos erros do apartheid. É impressionante o paralelismo entre seu discurso em 1997 e o discurso de 1958 do racista pró-apartheid Hendrick Verwoed, então primeiro-ministro da África do Sul.
Verwoed disse:
Há pessoas (que argumentam) que tudo deve ser submetido às chamadas leis econômicas. Felizmente, sob um governo nacionalista, estes adoradores das leis econômicas nunca acharam seu caminho, mas um ideal mais alto e mais nobre se reforçou: a manutenção da civilização branca.
Mandela em 1997 disse:
A evolução do sistema capitalista no nosso país coloca no mais alto pedestal a promoção dos interesses materiais de uma minoria branca
Embora com cores invertidas, a injusta acusação contra o capitalismo se manteve e o racismo e a pobreza se perpetuam.
Selo soviético em homenagem a Mandela
+PRÊMIO NOBEL DO HORROR
"O povo da África do Sul, liderado pelo PCAS, destruirá a sociedade capitalista e construirá no seu lugar o socialismo." — Nelson Mandela
Mandela entrou para o CNA em 1943 (aos 25 anos), encorajado por Walter Sisulu, habilidoso articulador político e membro do PCAS. Em 1944 ambos se uniram ao ativista Oliver Tambo para formar a Liga da Juventude do CNA. Até então o partido se opunha à luta armada. Tendo atingido certa proeminência no partido, Mandela passou a pressionar o CNA para adotar métodos mais violentos.
Esta pressão encontrou eco após o massacre de Sharpeville, em março de 1960. O governo de Hendrik Verwoerd arrochou as leis de segregação racial, o que levou milhares de negros a protestar nos arredores de um posto policial.
A polícia abriu fogo contra a multidão, matando 69 pessoas, alimentando o radicalismo da oposição, e corroborando o fato de que a maior parte do terrorismo é incitada pela própria barbárie estatal.
Conforme explica o historiador Stephen Ellis, muitos grupos estavam dispostos a pegar em armas contra o regime após Sharpeville, mas era o PCAS que possuía maiores conexões internacionais.
O membro do PCAS Joe Slovo havia sido colega de Mandela na Universidade de Witwatersrand. Coronel da KGB, sua ligação com Moscou se dava através da Zâmbia.
Seguindo diretivas do Kremlin, Mandela e Slovo fundaram, em 1961, o Umkhonto we Sizwe (MK), traduzido como "Lança da Nação", o braço armado do CNA, cujo objetivo era uma revolução comunista, como preconizava a agenda soviética para o continente.
Foi o ano em que a África do Sul separou-se da Commonwealth para se tornar uma república, como resultado de um referendo no qual apenas brancos votaram. Ao mesmo tempo tensões étnicas se acirravam em torno das questões relativas à representatividade política no novo regime.  A MK planejava se aproveitar daquela situação delicada para lançar uma campanha de terror e tingir o país de vermelho com sangue inocente. Conforme Mandela mesmo disse:
O movimento comunista ainda enfrenta inimigos poderosos que devem ser completamente esmagados e varridos da face da Terra antes que o mundo comunista possa se concretizar.
Slovo escreveu em 1986, no seu artigo "A Campanha de Sabotagem", que ele havia sido apontado para constituir o alto comando do MK pelo PCAS, enquanto o CNA havia indicado Mandela.
Mas sendo este último também um alto membro do Comitê Central do Partido Comunista e sendo a própria fundação do braço armado uma instrução de Moscou, fica fácil concluir que o PCAS controlava, de fato, o MK; e que Mandela era uma peça-chave da estratégia de terror soviética na África.
Segundo Igor Glagolev, que intermediava o suporte soviético ao MK, o comitê executivo do Partido Comunista da União Soviética havia decidido tomar a África do Sul no fim da década de 1950. O país, contudo, já estava nos planos comunistas desde 1928, quando a Internacional Comunista havia instruído o PCAS para converter o CNA em instrumento revolucionário.
Em 1962 Mandela recebeu treinamento militar na Argélia, um dos países onde os membros do CNA recebiam instrução em táticas de guerrilha, terrorismo e tortura. Outras localidades incluíam Cuba, Egito, Etiópia, Coréia do Norte, Rússia, China, Alemanha Oriental e Tchecoslováquia.
Mandela teve experts como tutores. Com o FLN, partido socialista e terrorista argelino, aprendeu a decepar o nariz de seus desafetos. O manejo de explosivos lhe foi ministrado pelo IRA, cuja ligação com o CNA se dava através de Gerry Adams, político socialista irlandês.
As técnicas de espionagem e interrogatório lhe foram ensinadas pela STASI, a polícia política da Alemanha Oriental. De acordo com as instruções, os interrogatórios deveriam ser brutais, contra qualquer um que fosse minimamente suspeito de trair os dogmas do partido.
Mandela foi um bom aluno e aprendeu bem as lições. A maior parte das técnicas brutais foi aplicada contra negros suspeitos de traição. O CNA mantinha um centro de detenção conhecido como QUATRO na Angola, onde milhares de negros, muitos deles adolescentes, foram torturados e mortos.
Ainda em 1962, Mandela foi capturado em uma fazenda nos arredores de Johanesburgo, de posse de granadas-de-mão, minas terrestres antipessoais e detonadores. Muitos dos explosivos estavam disfarçados de objetos corriqueiros como caixas de fruta e potes de alimentos.
Os planos terroristas de Mandela, expostos mais tarde, incluíam a colocação destes artefatos em locais movimentados de forma a maximizar os danos.
Em julho do ano seguinte a polícia efetuou novas buscas e detenções, e teve início o famoso Julgamento de Rivonia, onde dez líderes do CNA foram julgados por 221 atos de sabotagem. Embora a ONU diga que Mandela era um prisioneiro político, a Anistia Internacional afirmou claramente que ele foi condenado por seus atos de violência, tais como terrorismo, e até por contrabando de minas terrestres.
Durante as investigações, foi apreendido um documento conhecido como Operação Mayibuye, cujo comando supremo seria composto por Mandela, Slovo e Joe Modise.
O documento continha um plano detalhado de guerra revolucionária que teria sido traçado, provavelmente, com consultoria soviética ou maoísta.
Consistia em dividir o país em 4 regiões que seriam invadidas por pequenos grupos guerrilheiros de 10 homens cada, cuja missão era causar levantes nas comunidades e tribos através de dissimulação e intimidação, conseguindo adeptos.
Enquanto estes commandos "trabalhariam" os vilarejos, uma força convencional de 7000 homens invadiria o país com o apoio dos sindicatos. Em outro documento que veio à tona em Rivonia, Mandela declarou que "traidores e informantes devem ser brutalmente eliminados."
Ao ser condenado, Mandela proferiu o discurso "Estou Preparado para Morrer", no qual negava a influência socialista sobre suas ações e dizia lutar pelos direitos dos negros.
O discurso foi escrito a várias mãos e editado por um jornalista profissional. Tratava-se de propaganda enganosa conduzida por diversos canais de esquerda para angariar simpatia.
Apesar de tais afirmações soarem como teoria conspiratória de extremistas da direita, elas foram confirmadas por diversos membros não marxistas do CNA, que acusaram Mandela de ter sequestrado a causa antiapartheid, submetendo-a a agenda de Moscou. Cabe ressaltar que todos os integrantes do PCAS também faziam parte do CNA.
De acordo com Rowley Arenstein, proeminente membro do PCAS, Mandela era o principal instrumento dos comunistas para "sequestrar" o CNA e marginalizar seu antigo líder, Albert Luthuli, um ativista legitimamente antiapartheid, e que se opunha à luta armada e aos planos marxistas.
Sabotar e marginalizar os membros moderados e pacíficos do CNA era um de seus papéis. Mandela enganava seus colegas de CNA conforme novas diretivas do PCAS eram emitidas. Explorava os anseios legítimos dos verdadeiros ativistas antiapartheid, de derrotar o racismo institucionalizado, para implantar um regime totalitário de extrema-esquerda. No documento "Como Ser um Bom Comunista", Mandela escreveu que o estudo do marxismo é necessário para controlar melhor as massas. E ele controlou.
Em 1965, o MK se aliou ao ZIPRA, o braço armado de um partido marxista-leninista do Zimbábue (Rodésia na época), e que tem no seu currículo o emprego de mísseis antiaéreos contra aviões comerciais.
Após uma desastrada invasão conjunta ao país, na qual as forças revolucionárias foram derrotadas pelo Exército da Rodésia, a MK entrou em uma crise militar. Durante a década de 1970 o movimento foi duramente combatido pelo governo sul-africano.
Em junho de 1976, um protesto de estudantes negros acabou em uma infame tragédia conhecida como Levante de Soweto. A polícia sul-africana abriu fogo contra adolescentes que jogavam pedras. Houve uma escalada de violência que resultou em centenas de mortes, incluindo crianças. Mais uma vez o MK aproveitou o momento para reconstruir seu exército e conquistar apoio.
Enquanto Mandela estava preso na Ilha de Robben, sua mulher Winnie Mandela estava em pleno processo de glorificação como parte de uma campanha de culto à personalidade, a nova estratégia da MK.
A mídia local e internacional, distorcendo os fatos a serviço das esquerdas mundiais, a elevavam à condição de "mama wetu" (mãe da nação), "rainha guerreira" e "Evita negra" (sendo a própria Evita Perón uma falsa heroína). Não demorou a que as atenções do PCAS se voltassem para a recuperação da imagem do marido dela e a pressão internacional se fizesse sentir.
Em 1982, Mandela foi transferido para a prisão de Pollsmor, na Cidade do Cabo. Não só passou a ter diversas regalias como também obteve acesso a várias amenidades de comunicação com o exterior. Chris Hani, um líder da MK famoso por sua brutal repressão contra membros não marxistas do CNA, alegou que possuía total acesso à Mandela e que bastava um telefonema para marcar uma reunião com ele.
Nesta época, a MK passou a adotar a estratégia de propaganda pelo ato, ou seja, ações de grande visibilidade embora de pouco valor tático.  Mandela passou a comandar este tipo de atividade de dentro da prisão (tal qual os criminosos organizados brasileiros), e esta foi justamente a fase mais sangrenta e desumana do MK.
Entre 1980 e 1994, dezenas de milhares de civis inocentes foram mortos em ataques do CNA, sendo que boa parte destes crimes foi ordenada ou autorizada por Nelson Mandela. Em cerca de 80% das vezes o alvo dos ataques era a população civil.
Um dos mais conhecidos e infames atos terroristas deste período foi o Atentando de Church Street, em 1983. Mandela o ordenou em conjunto com Tambo.
Embora o alvo fosse uma instalação da Força Aérea Sul-Africana, os explosivos foram programados para detonar na hora do rush, com o objetivo de causar o máximo de baixas entre os civis. Foram 19 mortos e 217 feridos, incluindo mulheres e crianças de várias etnias. Havia pedaços de corpos humanos espalhados por uma enorme área.
No seu livro "Um Longo Caminho para a Liberdade", Mandela confessa que autorizou pessoalmente diversos atentados. O ataque ao Shopping Amanzimtoti, por exemplo, matou 2 mulheres e 3 crianças.
Além de atentados à bomba, houve também uma campanha de minagem, pilhagem e vandalismo.
Somente entre 1985 e 1987, as minas terrestres colocadas nas estradas rurais pelo CNA custaram 125 vidas inocentes. Entre 1984 e 1989 cerca de 7200 casas de negros não-membros do CNA foram destruídas, além de 1770 escolas, 10318 ônibus, cerca de 50 templos e milhares de carros e estabelecimentos comerciais.
Destaque-se que o CNA foi classificado como grupo terrorista pelo Departamento de Estado dos EUA e por muitas outras agências de inteligência.
Testemunhas das atrocidades que tentaram alertar o mundo foram assassinadas.
Bartholomew Hlapane, dissidente do PCAS, depôs diante do Comitê do Senado Americano para Segurança e Terrorismo, em 1982. Hlapane revelou a verdade sobre a Carta da Liberdade, documento oficial contendo os princípios básicos do CNA, escrito com a participação de Mandela, e que se tornou símbolo da causa antiapartheid.
O documento havia sido esboçado por Joe Slovo a pedido do Comitê Central do Partido Comunista da URSS. O dissidente revelou também as ligações entre o CNA e o PCAS. Pouco tempo após seu testemunho, foi executado a tiros de fuzil AK-47 por um membro do CNA.
Por mais monstruosos que sejam os relatos lidos até aqui, nada disso se compara à natureza diabólica do que relatarei agora.
Necklacing (colar bárbaro). Este termo foi cunhado por Winnie Mandela. Trata-se de um método de execução que consiste em colocar pneus de borracha embebidos em gasolina em torno do corpo da vítima, que por sua vez era forçada a beber o combustível. Ateia-se fogo aos pneus. A borracha derretida carcome a pele enquanto as chamas consomem a pessoa. A morte só chega após cerca de 20 minutos de sofrimento agonizante.
Estima-se que 3.000 pessoas tenham sido mortas assim pelo CNA. O método era aprovado e incentivado por Winnie, que disse em um discurso: "Com nossas caixas de fósforos e nossos necklaces, libertaremos esse país".
As vítimas eram praticamente todas negras, acusadas de traição e colaboração com o regime. Incluíam funcionários públicos negros, adolescentes sem engajamento político e trabalhadores que não participavam de greves. Mineiros estrangeiros e lojistas também foram vitimados.
Os "julgamentos" aconteciam na rua, aos gritos da turba. Winnie usou o necklace como arma de guerra psicológica.
Hordas do CNA em conjunto com a UDF (Frente Democrática Unida, um dos grupos guerrilheiros antiapartheid) promoveram uma verdadeira guerra civil negra, invadindo comunidades pacíficas e queimando casas. Cerca de 200 mil negros ficaram desabrigados. Algumas comunidades negras chegaram a montar milícias para se defender dos guerrilheiros de Mandela.
Em 1989 formou-se uma aliança entre o COSATU (Congresso Sul-Africano de Sindicatos), PCAS e UDF. Este bloco pouco coeso na época ficou conhecido como Movimento Democrático de Massa, e viria a formar a base do novo apartheid corporativista que vigora hoje no país.
Winnie, Nelson Mandela e Joe Slovo
+UM CURTO CAMINHO PARA A TIRANIA
"Sob regime comunista a África do Sul será uma terra de leite e mel" — Nelson Mandela
Em 1985, P.W. Botha, então presidente da África do Sul, ofereceu a liberdade a Nelson Mandela desde que ele renunciasse à violência. A proposta não foi aceita, e ele só saiu da prisão mediante ordem incondicional de soltura emitida pelo presidente De Klerk em 1990. 
A pressão internacional pela sua libertação contou com grande participação do Conselho Mundial da Paz, uma organização fundada no âmago do politburo soviético e dirigida pela KGB. Até 1991, quando a URSS foi dissolvida, militantes do CNA ainda recebiam treinamento militar em quartéis russos. O socialismo ocidental também teve grande influência na campanha "Free Mandela".
Cinco anos antes da soltura, o vice-diretor do Comitê de Direitos Humanos do Parlamento Europeu Nicholas Bethell disse que defendia a luta armada, afinal ele também era socialista. Lideranças da esquerda britânica, americana e escandinava ajudaram a trabalhar a imagem de Mandela e financiaram o terrorismo da MK.
De Klerk, cuja agenda estava subordinada a interesses globalistas, tratou de esconder do país os planos e atividades do CNA. Os serviços de inteligência sul-africanos foram instruídos a não investigar o partido para não comprometer a imagem moderada que a mídia passava ao mundo. 
Jornalistas que dissessem a verdade, tais como Aida Parker, eram censurados. A Aida Parker's Newsletter divulgou detalhes dos horrores dos campos de detenção do CNA e de como a mídia colaborou para a falsificação da imagem de Mandela.
Se Mandela era um perigo para as pessoas dentro da prisão, ao sair ele se tornou o flagelo do país. Tão logo se viu livre, o futuro ganhador do Nobel da Paz clamou por uma intensificação da luta armada.
Uma onda de terror varreu a África do Sul logo após sua liberação. Nos primeiros 20 dias 84 pessoas foram assassinadas pelo CNA, 19 delas através do necklace. Houve inclusive execução de mulheres acusadas de bruxaria.
As sombrias previsões do jornal de inteligência britânico Special Office Brief foram confirmadas: "A África do Sul está à beira de um banho de sangue de negros contra negros. O terrorista Mandela não é um líder majoritário e não será aceito pelos zulus."
De fato, os zulus eram majoritariamente anticomunistas e ferrenhos opositores do CNA. Iniciou-se uma guerra entre este e o Partido da Liberdade Inkatha, organização conservadora nacionalista zulu, com o CNA iniciando as agressões e culpando o Inkatha.
A violência incitada por Mandela atingiu pesadamente a população branca. O canto de "Matem o bôer! Matem o Fazendeiro" ecoava nas fileiras do CNA.
Em 1992 ouve 369 ataques contra fazendas. No auge dos massacres, em 1993, 55 pessoas eram assassinadas por dia, a maioria africâneres vítimas da campanha de vingança racial de Mandela. 
Neste vídeo ele canta uma música sobre matar brancos:


A brutalidade do processo político que levou o CNA ao poder faria inveja a Oliver Cromwell.
O partido organizou uma unidade de 3150 homens chamada National Peacekeeping Force (NPKF), traduzido como Força Nacional de Paz. Sua função era assegurar o poder do CNA e de Mandela.
A oposição foi esmagada através de golpes políticos contra os bantustões. Estes territórios já gozavam de certa autonomia e muitos de seus líderes recusavam a incorporação à África do Sul.
Mas para uma democracia, o número de pessoas espoliadas importa e separatismo é um mau negócio. Em um documento chamado "Prepare a Foice para o Martelo Vindouro", preparado pelo PCAS, lê-se:
Esforços devem ser feitos para persuadir os servidores públicos de que sua estabilidade trabalhista e suas pensões só podem ser garantidas por um governo popular e não por líderes tribais.
De fato, apenas governos voltados para as massas podem garantir tamanho nível de espoliação e parasitismo.
O pior conflito aconteceu no Bantustão de Bophuthatswana, o mais rico deles. Seu líder, Lucas Mangope, queria a autonomia do território e se opunha ao CNA, que por sua vez iniciou uma invasão de 1 semana contra Bophuthatswana.
Houve pilhagens, incêndios, saques e estupros. A NPKF depôs Mangope. O mesmo aconteceu no Bantustão de Ciskei, com a deposição de Oupa Gqoso.  Após Ciskei, Joe Slovo disse: "dois já foram, falta um", referindo-se ao KwaZulu, território outrora autônomo da etnia zulu.
Março de 1994. Cerca de 20 mil membros do Partido da Liberdade Intakha, que defendia a autonomia do KwaZulu, protestaram pacificamente contra as eleições até Shell House, o quartel general do CNA.
Sob ordens de Mandela, homens armados do CNA abriram fogo contra a multidão matando 53 zulus. O incidente ficou conhecido como Massacre de Shell House. Dissidentes políticos capturados foram torturados, inclusive uma criança.
A imprensa internacional reagiu com doentia condescendência. Um artigo no Los Angeles Times dizia:
Os sul-africanos e a comunidade internacional devem encarar o fato de que muitos chefes do Intakha não irão cooperar. Forçá-los a aceitar a realidade de uma África do Sul democrática será um longo e talvez violento processo.
Qualquer semelhança com os ataques dos revolucionários franceses aos alsacianos com a desculpa de que eles não falavam a "linguagem da república" não é mera coincidência. Mas os livros franceses que glorificam as barbáries da Revolução Francesa afirmam: "O Terror é terrível, mas grandioso".
No período entre sua soltura e a subida ao poder, Mandela fez um giro pelo mundo, como parte da campanha para promover sua imagem. 
Ao longo da turnê manifestou seu apoio aos mais sanguinários ditadores do mundo, como Fidel Castro, Saddam Hussein, Ali Khamenei e Hafez al-Assad.
Muito amigo do genocida líbio Muammar al-Gaddafi, disse que ele possuía compromisso com a paz e com os direitos humanos.
Mandela era simpatizante de Idi Amin Dada, o brutal ditador de Uganda que foi cúmplice do sequestro de um avião comercial por terroristas palestinos. Na ocasião, em 1976, commandos israelenses resgataram os reféns no Aeroporto de Entebbe.
Mandela era antissemita. Em um encontro com o também terrorista Yasser Arafat, classificou o resgate de Entebbe como "ato de barbárie." Em uma cerimônia em Teerã, Mandela disse:
O povo da África fará da revolução islâmica do Irã um modelo para seus movimentos revolucionários.
Em meio à festa da mídia mundial em torno de Mandela, um homem, em um ato de bravura, expôs a verdade sobre o terrorista no American Opinion Speakers Bureau da Sociedade John Birch.
Trata-se de Tomsanqa Linda, ex-prefeito de Ibhayi, uma cidade com 400 mil habitantes negros. Linda quase foi assassinado pelo CNA em 1985. Sua casa e seus negócios foram incendiados, bem como a casa de seus parentes e amigos.
A despeito das ameaças de morte, Linda contou ao mundo os crimes de Mandela. Mais importante que isso, revelou o fato de que a população negra sempre havia desprezado o CNA e a UDF.
Enquanto Mandela pressionava os governos do mundo para aumentar as sanções e boicotes contra a África do Sul, Linda alertou para o fato de que as sanções afetariam principalmente as famílias negras mais pobres. Estas, ao contrário de Mandela, pediam o fim das sanções. Como disse Don Fotheringham, a maior ameaça à população negra era Mandela e seu partido comunista.
A eleição que colocou Mandela no poder foi fraudulenta. Enquanto a mídia internacional preparava a opinião pública ocidental para uma possível intervenção militar da ONU, a NPKF intimidava o eleitorado de oposição. Homens do CNA pululavam nos locais de votação.
Crianças receberam documentos falsos para votar em Mandela. A chamada Comissão Eleitoral Independente era liderada pelo esquerdista Johann Kriegler, simpatizante do CNA.
E assim o terrorista agraciado com o Nobel da Paz assumiu a presidência da África do Sul em maio de 1994. Estima-se que a guerra civil promovida pelo MK de Mandela tenha tido o sanguinolento saldo de 300 mil mortos.
Mandela e Fidel Castro
COMO SER UM BOM GENOCIDA
"Para a maioria dos negros, as promessas utópicas de Mandela se transformaram em um Pesadelo Orwelliano." — Aida Parker
Pior que Mandela revolucionário foi Mandela no poder.
Em 1995 foi formada a Comissão da Verdade e Reconciliação (CVR), uma corte constituída após o fim do Apartheid e controlada por membros do CNA e do PCAS. Dedicava-se ao revisionismo histórico e à absolvição de criminosos, bem como à promoção cultural do revanchismo étnico.
No mesmo ano, o tenente-coronel Willem Ratte, veterano das guerras de fronteira na Angola, acusou Mandela de homicídio devido ao Massacre de Shell House. A CVR o absolveu.
No mesmo ano a Rádio Donkerhoek, de Hatte, foi fechada por Mandela que, já no poder, cerceou a liberdade de imprensa buscando esconder a verdade.
Winnie Mandela foi condenada pela CVR pela tortura e necklacing de Stompie Moeketsi, uma menina de 14 anos que havia sido acusada de colaborar com a polícia em 1988.
Sua sentença de 6 anos de prisão foi reduzida pela comissão para uma simples multa e ela continuou sendo membro do CNA.
Mandela foi o mentor de um novo apartheid, piorado, desta vez contra brancos e zulus.
O objetivo é o mesmo do apartheid original: garantir o domínio da aliança entre governo e grandes corporações sobre as reservas minerais através do controle do mercado, da cizânia entre as etnias, da expulsão da população africâner e da segregação do povo zulu.
Os bôeres passaram a ser assassinados em suas fazendas, em seus negócios e em suas casas. Charles Nqakula, membro do PCAS e Ministro da Segurança, disse que se os brancos não gostam dos ataques, que se retirem da África do Sul.
Houve total repressão ao direito de autodeterminação de etnias negras minoritárias.
A primeira parte do plano de Mandela foi a disseminação do caos e a formação de uma base política que o apoiasse.
Assassinos e estupradores foram soltos dos presídios.
O então presidente sul-africano ordenou também que escolas dos brancos fossem queimadas e proibiu a fala do idioma africâner, embora ele próprio fosse fluente no idioma.
Lembremos que Pol Pot falava francês fluentemente mas executava quem falasse o idioma no Cambodja. Seu gabinete era quase inteiramente composto por comunistas, alçados a posições proeminentes de acordo com seu ódio contra brancos.
Um deles era Peter Mokaba, um dos responsáveis por popularizar o lema "Matem o fazendeiro, matem o bôer".
Com Mandela no poder a taxa de criminalidade disparou, o padrão de vida caiu e houve degradação ambiental.
Sua política econômica foi caracterizada por leis trabalhistas altamente restritivas, impostos escorchantes, ações afirmativas altamente discriminatórias e inflacionismo.
Um grande número de brancos deixou a África do Sul num primeiro momento e hoje um número ainda maior de pessoas de todas as etnias está abandonando o país. A maior parte dos emigrantes são pessoas com alto grau de instrução.
Os sucessores de Mandela perpetuaram suas ingerências e o CNA está até hoje no poder. O país é governado por uma elite política. Os tiranos brancos foram substituídos por tiranos negros. Enquanto o CNA se autoglorifica com monumentos e mansões para seus membros, o povo sofre com doenças, miséria e violência, como de costume em regimes socialistas.
Em 2002 a taxa de desemprego chegou a alarmantes 48%. Os negros são os principais afetados, uma vez que na década de 1980 o CNA proibiu negros de estudar como parte da campanha "revolução antes da educação".
Os efeitos disso no mercado de trabalho são sentidos com força atualmente. Entre 1994 e 2011 houve uma desvalorização de 70% do rand, a moeda do país, o que agravou os efeitos da pobreza.
O estado de bem-estar social promovido por Mandela conseguiu aquilo que o apartheid nunca alcançou: a destruição dos negros.
Em apenas uma década de regime democrático do CNA o número de pessoas vivendo com menos de 1 dólar por dia passou de 2 milhões para 4 milhões, e o número de favelados aumentou 50%. 
Apenas 5000 dos 35 milhões de negros sul-africanos ganhavam mais de 60 mil dólares por ano em 2004. Naquele ano os registros apontaram para 60% dos habitantes vivendo sem saneamento adequado e 40% vivendo sem telefone, enquanto o índice de infecção por HIV chegava a intoleráveis 20%.
Entre 1994 e 2010 quase meio milhão de pessoas morreram de AIDS. A expectativa de vida havia caiu 13 anos em apenas 10 anos de governo do CNA.
Nunca houve tanta violência na África do Sul quanto agora. Desde que o CNA de Mandela assumiu o país, quase 1 milhão mulheres foram estupradas e quase 300 mil sul-africanos foram assassinados.
O Ato de Controle de Armas de Fogo de 2000 fez com que a criminalidade e o número de gangs disparassem e abriu caminho para uma escalada sem precedentes do genocídio branco.
A África do Sul se transformou na capital mundial do crime organizado. Há 600 sindicatos do crime operando no país, incluindo mafiosos russos e sicilianos e traficantes nigerianos. As palavras do historiador Paul Johnson, proferidas em 1995, nunca foram tão verdadeiras:
A África do Sul é um país afetado pelo crime e pela corrupção, com padrões declinantes e uma população acometida pela pobreza e pela existência carnal.
O legado mais nefasto de Mandela é o genocídio perpetrado pela CNA e seus aliados contra a população branca.
Esta abjeta campanha de terror ocorre com a anuência do atual presidente sul-africano, Jacob Zuma, que tem em seu currículo uma acusação de estupro. Zuma forjou uma aliança entre CNA, PCAS e COSATU, formando uma frente comunista responsável pela desapropriação violenta das terras bôeres.
Embora o número de fazendeiros mortos na última década ultrapasse 4000, e o número de africâneres brancos assassinados em crimes de ódio no mesmo período chegue próximo de 70 mil, e apesar do fato de que 50 africâneres são assassinados por dia, o genocídio ainda não atingiu seu auge.
Gregory Stanton, presidente da Genocide Watch, é um dos maiores especialistas em estudos sobre genocídio do mundo.
O autor identificou oito estágios que caracterizam o processo de genocídio, sendo o último deles a negação de que tenha acontecido. O extermínio é o penúltimo. O quinto estágio é a polarização, que no caso da África do Sul é uma polarização racial. Há uma campanha cultural para incutir na população a ideia de que os brancos não são sul-africanos.
De acordo com Stanton o país encontra-se no sexto estágio, chamado preparação. Nesta fase as vítimas são identificadas e separadas segundo critérios étnicos ou religiosos e sua propriedade é expropriada.
O ataque à propriedade privada é, segundo Stanton, uma maneira de consolidar o poder do estado: "propriedade privada te dá o poder econômico de se opor ao governo, sem propriedade privada não há base de poder econômico para tal oposição." A ideia é minar a capacidade de resistência da população oprimida.
De fato, entre 1994 e 2013 o número de fazendas comerciais caiu de 120 mil para 37 mil. Somente no setor agrícola 400 mil empregos foram perdidos.
Outra estratégia é minar sua capacidade de defesa. O regime do CNA baniu as milícias rurais bôeres que protegiam as fazendas e confiscou suas armas.
A verdadeira razão por trás da matança transparece nas palavras do supremacista negro Julius Malema, ex-presidente da Liga Jovem do CNA e atual comandante do Lutadores da Liberdade Econômica, um partido marxista-leninista, ao requerer a nacionalização das minas: "Eles (brancos) exploraram nossos minerais por muito tempo. Queremos as minas, é a nossa vez."
O verdadeiro motivo é o roubo, tal qual aquele perpetrado pelo III Reich contra os judeus. O que Malema quer fazer com as minas já está sendo feito com a terra. O CNA as distribuiu para membros do partido através de reforma agrária política e racialmente motivada. 90% dessa terra é improdutiva.
Julius Malema segue conclamando uma guerra contra a população branca, que ele acusa de ser inteiramente criminosa. Promete roubar a terra dos africâner através de uma brutal violência que já está acontecendo.
Mulheres e crianças brancas estão sendo executadas em suas próprias casas. Algumas vítimas são mortas enquanto dormem. Aqueles que tiverem o coração forte podem ver os assustadores e tocantes relatos destas barbáries aqui. Algumas imagens podem ser chocantes demais.
Peter Mokaba, falecido comparsa de Mandela ameaçava os brancos: "When Mandela dies we will kill you like flies." (Quando Mandela morrer mataremos vocês como moscas). Algumas pessoas nascem e morrem apenas para causar tristeza e sofrimento. A situação tende a piorar.
Mandela com o banqueiro David Rockefeller
A QUEM INTERESSA A FARSA MANDELA?
"O primeiro campo de batalha é a reescrita da História" — Karl Marx
A pergunta "a quem interessa?" deveria ser feita mais vezes. Por que terroristas como Mandela recebem o Nobel da Paz, a Medalha Presidencial da Liberdade e o Prêmio da Paz de Lenin? (embora este último, como disse meu amigo David Lage, soe algo como "Prêmio Mengele de Boas Práticas Médicas").
A quem interessa glorificar Nelson Mandela? Por que as pessoas se comovem com um falso preso político, mas sequer ouvem falar em presos políticos reais como Ignatius Kung Pin-Mei, Óscar Biscet e Saeed Abedini?
Por que tão poucos lembram aqueles que realmente lutaram contra os horrores do Apartheid, movidos por um genuíno senso antirracista e pró-liberdade?
Refiro-me a pessoas como Mangosuthu Bethelezi, líder do Inthaka Freedom Party; e o bispo Isaac Mokoena, líder da Associação da Igreja Reformada Independente, que lutou contra a lei que impedia casamentos entre etnias e contra as sanções econômicas ocidentais.
Ressalte-se que a Igreja Católica e muitas outras denominações cristãs tiverem um importante papel na luta antiapartheid, mas hoje sofrem não só com a ingratidão, mas também com injustiças.
Jacob Zuma acusa o Cristianismo de ser o culpado pelos problemas do país.
Por que não se ouve falar dos outros casos de apartheid no continente africano, como a expulsão de milhares de negros mauritanos de suas terras (e tortura e morte de muitos outros), promovida por Ould Taya?
Por que as escolas ensinam que Mandela foi um herói? Por que o mundo inteiro se comove com a África do Sul, mas não com Serra Leoa, Sudão, Uganda, ou com os curdos?   
É ingenuidade pensar que as lideranças políticas e geopolíticas — os mesmos indivíduos que mentem, falsificam, roubam, matam, e declaram guerras injustificáveis — seriam tomados por um espírito de luz que os encheria de terna compaixão pelos povos oprimidos.
O real motivo da cruzada mundial contra o Apartheid e pró-Mandela se resume a uma palavra: minérios.
A África do Sul é rica em ouro e diamantes, além de abrigar um dos 19 pontos de estrangulamento do comércio marítimo internacional. A área de influência de sua Marinha de Guerra abrange outros 7 pontos de estrangulamento no Oceano Índico.
O país possui também uma das maiores reservas de minérios estratégicos do mundo. Utilizados em ligas de alta resistência e alta tecnologia eletrônica, estes recursos são de grande interesse militar.
Até 1989, 40% de todo o ouro minerado na História era proveniente da África do Sul. Ainda hoje, o país é o maior produtor de cromo e possui 95% das reservas mundiais de metais do grupo da platina (platina, paládio, ródio, rutênio, irídio e ósmio).
Durante a guerra fria, a importância de se controlar essas jazidas atingiu novos patamares.
Após a independência em 1961, o status da África do Sul como potência regional e o crescente poderio do Partido Nacional passaram a representar uma grande ameaça aos interesses soviéticos, o suficiente para que estes tomassem providências imperialistas.
Relatórios dos serviços de inteligência sul-africanos revelaram que o objetivo do apoio soviético ao PCAS e ao CNA era de fato o controle das reservas minerais. Em 1973 o então presidente da URSS Leonid Brejnev afirmou:
Nossa meta é ganhar o controle dos dois grandes tesouros dos quais o Ocidente depende — o tesouro energético do Golfo Pérsico e o tesouro mineral da África do Sul.
A estratégia adotada era a desestabilização do regime africâner através do suporte e financiamento de movimentos comunistas revolucionários internos e externos.
Tanto o crescimento do poderio africâner quanto da influência soviética na África do Sul eram intoleráveis para os líderes corporativistas anglo-americanos que controlavam as minas desde os tempos coloniais.
A resposta dos banqueiros ocidentais foi garantir sua posição valendo-se do método soviético, já testado em campo.
Relatórios policiais indicam que em 1984, Gavin Reddy, CEO da Anglo-American Mining Corporation, já estava em plena negociação com líderes do CNA exilados na Zâmbia.
A empresa foi fundada na África do Sul pelo banco J.P. Morgan e por Ernst Oppenheimer, empresário do ramo de ouro e diamantes que também controlava o cartel de mineradoras De Beers.
O lobby dos governos ocidentais, grandes corporações, grandes bancos e instituições midiáticas havia se organizado para assumir o patrocínio da CNA, organização oficialmente amparada pela diplomacia americana na época.
Um artigo de 1983 publicado por Thomas G. Karis, colaborador da ONU, declara que seria vantajoso para os EUA ver pessoas como Mandela no poder.
A partir de 1986 o presidente americano Ronald Reagan impôs sanções ao governo sul-africano, pressão para boicote internacional, retirada da CNA da lista de organizações terroristas e a ordem de soltura de prisioneiros, incluindo Mandela.
O motivo não era as atrocidades racistas do regime, mas a aliança com o CNA, que uma vez no poder, favoreceria a agenda dos cartéis anglo-americanos.
O senador americano Jesse Helms, que se opôs às sanções, notou que esta medida não estava ligada aos problemas de segregação racial, mas sim à transferência de poder para as elites comunistas do movimento antiapartheid. As lideranças negras não comunistas foram completamente esquecidas.
Na mesma época a mídia iniciou um amplo trabalho de marketing pessoal para construir a imagem de Mandela como herói e libertador.
A manipulação da opinião pública no Ocidente legitimou politicamente não apenas as sanções como também os planos de transferência de poder.
Ao assumir o poder, o CNA cumpriu sua parte do acordo. O partido de Mandela não adotou medidas marxistas-leninistas, mas sim medidas corporativistas keynesianas, oferecendo concessões a grandes corporações ocidentais para exploração de minérios e outros ativos estratégicos.
Em 1994 o CNA submeteu seu plano econômico a Harry Oppenheimer, filho de Ernst, e que havia financiado movimentos revolucionários entre as décadas de 1970 e 1980.
Mandela era seu amigo pessoal e disse que "suas contribuições para construir uma parceria entre grandes corporações e o novo governo democrático neste primeiro período de regime democrático merecem todo o apreço".
Mandela também afirmou, em 1996, que a privatização das "paraestatais" herdadas da era do apartheid é a política fundamental do CNA.
O que ele chama de "privatização" são na realidade concessões a grandes corporações em detrimento da livre competição de mercado.
Diversas agências do governo americano, incluindo o Departamento de Defesa supervisionam programas de cooperação comercial. Bilhões de dólares de ajuda externa arrancados dos americanos pobres são enviados aos sul-africanos ricos e politicamente bem relacionados.
Os negócios entre África do Sul e o eixo Washington-Londres decolam. Mas a vida do cidadão comum sul-africano está cada vez pior devido à ausência do autêntico capitalismo.
Talvez o fato mais triste de todo esse jogo de interesses sejam os diamantes de sangue, cuja mineração utiliza trabalho escravo e cujas receitas fomentem batalhas entre senhores da guerra africanos.
Trata-se de uma indústria monopolística chefiada pela DeBeers Consolidated Mines, esta controlada pelo Rothschild Bank de Londres.
A mineradora persuadiu governos do mundo todo, através de lobby, a negociar toda a produção de diamantes através da DeBeer's Central Selling Organization (CSO).
O mercado de diamantes não é livre. As determinações regulatórias impostas pelas agências da ONU e pelos estados servem aos interesses do cartel, perseguindo produtores independentes.  Ao mesmo tempo a DeBeers consegue qualquer certificação que necessite, independentemente de seus métodos de exploração, trabalhando em conjunto com governos africanos e membros da comunidade internacional.
A África do Sul produz mais de 1 bilhão de dólares anuais em diamantes.
Em 2006 o cineasta Edward Zwick viajou à África para filmar "Diamantes de Sangue", um filme a respeito da Guerra Civil de Serra Leoa (1991-2002).
O longa-metragem mostra a tragédia causada pelo monopólio da DeBeers, incluindo o sequestro de civis pela Frente Revolucionária Unida (um grupo guerrilheiro de Serra Leoa) para trabalhar nas minas. Na ocasião Mandela enviou a Zwick uma carta de advertência:
Seria profundamente lamentável se a produção do filme inadvertidamente obscurecesse a verdade, e como resultado, levasse o mundo a acreditar que a resposta apropriada seria parar de comprar diamantes produzidos na África.
A verdade é que Mandela, a serviço da URSS quando guerrilheiro, passou a servir aos banqueiros de Londres quando estadista.
Mentiroso contumaz, fingiu defender os direitos individuais enquanto endossava o genocídio. Fingiu defender a união entre os povos enquanto protegeu apenas a união de cartéis e de esquemas políticos. Fingiu defender a paz enquanto lucrava com a guerra.
Acenou para as nossas crianças com a mão encharcada de sangue inocente. Seu legado de horror ainda assombrará a África do Sul por muitos anos.

Agradecimentos
Tatiana Villas Boas Gabbi, por sua colaboração inestimável ao adequar minhas referências bibliográficas às normas vigentes; Ariel Barja e Fernando Fiori Chiocca pelas excelentes sugestões de sites e artigos

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Paulo Kogos é um anarcocapitalista anti-político. Estuda administração no Insper e escreve para o blog Livre & Liberdade.