Iluminacionismo
Realmente a expressão "esclarecimento libertário" é uma dos significados da palavra iluminacinismo. Iluminação significa claramente duas coisas, despertar, e todo despertar é um esclarecimento, e se libertar. É conhecer a verdade, e isto liberta. então esclarecimento libertário é o mesmo que iluminação.
Iluminação tem duas acepções e elas são interdependentes: esclarecer-se e despertar. Para despertar é preciso certo esclarecimento. Para que o esclarecimento realmente surta efeito, seja esclarecedor é preciso pelo menos algum grau de estar desperto. No oriente se fala de despertamento, mas quando é feita a tradução a grande esmagadoras maioria dos tradutores usa a a palavra iluminação.
E iluminacionismo são os métodos, sistemas, descrições, que vão desde procedimentos, entendimentos até compreensões plenas e plenas realizações desse despertar e dessa liberdade.
O importante é o significado correto disso. A pessoa atinge a iluminação completa quando ele se torna totalmente desperta, atingindo certo conhecimento que é um tipo de onisciência. Assim, ela é esclarecida de tudo, digamos. Esta é a parte metafísica do conceito, a qual têm sido problemática, pois se apenas poucos aceitam, bem menos são os que entendem (e esse entendimento só pode ser progressivo e em níveis do próprio processo do despertar, não apenas intelectual).
Mas iluminação também é quando se liberta totalmente de tudo, de todas as condições, de todas as limitações do conhecimento verdadeiro, uma libertação plena. Essa libertação significa por outro lado poderes e saberes. Essa é a parte não metafísica do conceito, embora para muitos nem estão claros os limites humanos e da mente humana, nem estão claros os significados da palavra liberdade (e essa liberdade é justamente dentro do máximo das possibilidades, ela não inclui o impossível nem a destruição da lógica, menos ainda da ética e da moralidade, pelo contrário, tem base nestas).
Entretanto, se for apenas um lado desses dois não é a verdadeira e completa iluminação. A verdadeira iluminação implica necessariamente em despertar e libertação. Despertar implica necessariamente em lucidez e saber, conhecimento consciente. E libertação implica necessariamente em purificação, eliminação das obstruções da liberdade e do conhecimento e implica também em poder realizar a vontade e seu propósito.
Observe que essa abordagem coloca um sistema de visão e pensamento completamente diferente do habitual. O habitual, parte do mundo, das coisas, das aparências para o pensamento, a vontade, ações e conhecimento. Este não, este parte da consciência, da vontade, do conhecimento anterior às coisas e fenômenos para o que julgamos conhecer e o que podemos conhecer de fato, o universo dos fenômenos. Em suma, se formos pegar os pontos mais radicais, diríamos que um sistema parte do supostamente conhecido para o desconhecido, e outro, este que quero apresentar, parte do anterior ao conhecimento, do desconhecido para o que se julga conhecido. É uma virada de 180 graus.
Esclarecimento e Despertar Gradual
Mas existem níveis de iluminação. Que podemos didaticamente dividir em dois, a completa e a parcial, quando ainda resta algo a ser feito; a parcial pode ser subdividida ainda em três níveis. No nível parcial podemos chamar esses graus de iluminação de esclarecimento e no nível completo podemos chamar de despertar ou plena e completa iluminação. Ambas as formas de esclarecimento nessa direção são libertadoras. São esclarecimentos libertários. Mas não é apenas um conhecimento teórico ou de ouvir dizer. Têm que ser compressão e uma experiência profundas.
Todo esclarecimento libertário pode contribuir com a iluminação. Iluminacionismo é o sistema que estuda a iluminaciologia, a ciência de como trazer à luz o que está escondido e o que está nas trevas. Então veja que são dois sentidos novamente, de esclarecer, ver o que não se está vendo, ver o que está oculto e ainda outro sentido, de trazer luz, por luz na escuridão, clarear o que está em trevas. Então não só é a visão do que está escindido, mas da própria obscuridade e suas causas, isto é, eliminar os obstáculos à luz, retirar o que está impedindo que a luz chegue, clarear os pontos que estão nas trevas, pois uma luz destrói trevas de milênios, as trevas não prevalecem quando há luz, isto é iluminar. O sistema de estuda, cataloga, classifica, examina, testa, relaciona, explica e enfim esclarece os processos e os sistemas de iluminação, é o iluminacionismo e esse estudo é chamado iluminaciologia, o estudo da iluminação no sentido de despertar e ser liberto.
Em outros artigos e neste mais adiante estudamos e estudaremos o que é e quais os níveis, como ocorre, quais os processos da iluminação. E vamos também discutir o que é a liberdade e a libertação. Pois não se pode ignorar que o conceito de liberdade não é unânime, muitos creem que não há qualquer liberdade nesse mundo, outros que temos absoluta liberdade, mas se descartarmos esses extremos que são absurdos podemos ver com mais clareza a liberdade possível, compararmos com a liberdade mais limitada que temos agora e analisar até que ponto esta pode se estender. Assim podemos compreender o princípio, e porque ele é um princípio supremo.
O entendimento do esclarecimento e da libertação
O entendimento por si só não ilumina, não esclarece, menos ainda a informação, um conhecimento só ilumina quando ele nos altera significativamente; é preciso uma ação mental ou processamento pela mente que recebe essa informação. Assim se a informação for bem entendida e guardada ela gera um conhecimento, mas esse conhecimento só pode ser chamado de uma compreensão quando a pessoa se apossa dele como se ele fosse sua própria descoberta, há essa sensação, que se chama de insight, que pode ser traduzido como compreensão ou uma compreensão mais profunda, que é quando o novo conhecimento se relaciona com outros conhecimentos que existem em nossa mente e até forma um novo conhecimento diferente do primeiro, que veio mais recentemente. Este que é mais amplo e com várias relações e níveis de conhecimento e significado que podem gradativamente serem revelados ou conhecidos pela mente. Só então podemos falar de um esclarecimento de fato.
Isto só acontece quando a pessoa se apossa do conhecimento não como tem livros e informações, mas como se fosse o seu próprio autor. Tal assimilação pode exigir certas experiências e um amadurecimento, que pode se dar pelas relações interiores, isto é, reflexão, pela observação exterior, ou por experiências que podem ser traumáticas ou prazerosas. Assim o sábio lê os símbolos e os avisos dos sinais e os traduz em suas relações interiores, o néscio ou o medíocre precisa ver para entender, às vezes muitas vezes antes que isso aconteça, e o tolo precisa sofrer experiências marcantes (então bem vê-se que a maioria das ordens ocultistas não são para seletos como se diz, mas para os tolos que têm essa necessidade). Talvez possamos dizer que o filósofo é que aproveita todas as três formas da mesma maneira que a primeira e a sistematiza, descobre suas leis e princípios, e às vezes até prevê muitos resultados.
Também não é todo esclarecimento que ilumina, nem tampouco ilumina completamente. Só alguns tipos de esclarecimentos podem ser considerados alguma iluminação ou algum tipo de iluminação da forma como foi escrita acima. E é preciso que se diga com precisão que tipo de esclarecimentos são estes. São os que nos moldes acima descritos produzem libertação e são verdadeiros. Só a verdade pode ser esclarecedora e só a verdade pode libertar. Então esclarecimento libertário é o que revela a verdade e a verdade que liberta, não "uma verdade", não uma "verdade" que aprisiona, mas A Verdade, e não só A Verdade, mas A Verdade que liberta. Então não é qualquer esclarecimento que interessa, nem é qualquer verdade, mas a que liberta, e no mais apenas as que levam a esta,que se relacionam com esta.
Só que existem muitos níveis de conhecimento da verdade que são aprofundamentos de significado ou níveis cada vez mais elevados de significação melhor dizendo e existem muitos níveis de expansão do alcance das verdades e da verdade mesma. Por isso o simples ler, lembrar e saber não pode ser dito sequer um nível de conhecimento, pois para que seja conhecimento pelo menos o nível mais rudimentar de processamento tem que ser realizado, que é a decodificação dos símbolos. As palavras, números, frases, nos seus significados, formando um produto mental completamente diferentes dos símbolos, isto é das letras ou fonemas, que se traduzem em imagens também completamente diferentes dessas, de fenômenos, de fatos, de relações, etc. e desde isto até os reais entendimentos e a compreensão chamada de profunda, quando aqueles significados em relação com outros mais fazem agora parte da mente do conhecedor.
Esclarecimento libertário, portanto, não é a simples informação que se lê ou se declara em algum lugar mas o processo de tomada para si própria, como foi dito acima e em níveis cada vez mais elevados e amplos conforme esta trabalhe, nesses processamentos por parte da mente que se apropria e compreende, tendo muito mais a ver com o que recebe a informação do com o que ou quem a transmite. Isto desde o nível mais simples de entendimento até o mais elevado de esclarecimento ou iluminação ou sabedoria.
Libertário é o que realmente liberta
Liberdade é um princípio supremo, que tem a ver com a vontade mesma, isto é, existente em si e por si mesma, não é simplesmente um conceito ou uma lei, mas um princípio e este princípio determina as possibilidades, não só está contido em possibilidades. É preciso entender que existem leis e princípios inalteráveis, por haverem possibilidades (e limitadas) dentre esses princípios não quer dizer que tudo seja relativo, muito pelo contrário, significa que as possibilidades existem, mas são limitadas. Não é difícil de entender isso. Por exemplo se tivermos dois dados e lançá-los, sempre teremos, se considerarmos a soma dos números que caem virados para cima, um número entre dois e doze. Podemos ter 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 ou 12, não podemos ter 0, nem 1, nem 13, nem 15, nem 1253, nem qualquer outra soma que não um número inteiro entre dois e doze. Assim podemos entender que entendimento é que liberta, se soubermos também o que é liberdade, quais suas possibilidades e seus limites.
A libertação não é só conhecer as possibilidades e poder escolher como costumam dizer. É aumentar as possibilidades ou conhecer outras possibilidades. Seguindo com o símile acima, é o mesmo que ser informado que você tem outros dois dados, onde eles estão, como chegar até lá, etc. e mais que isso conhecer as chances mais prováveis no lançamento de quatro dados. Você terá mais possibilidades. Mas libertação não é só isso. É poder driblar e até eliminar os obstáculos do conhecimento, os obstáculos que causam as dificuldades, os obstáculos que restringem as possibilidades de realizar a vontade, o propósito de sua vida. Fazendo uma comparação seria como descobrir que os condicionamentos de sua mente, do seu corpo e das suas mãos é que determinam os números entre 2 e 24 que você poderá obter como resultado, e ainda saber como livrar-se desses condicionamentos e poder controlara os resultados dos dados à vontade.
Mas também a verdadeira libertação também não é só isso. São essas duas coisas também, sem dúvida, mas principalmente é a descoberta de que se está num estado alterado de consciência, que limita não só seu conhecimento, mas seu agir, seu falar, suas emoções, sua lucidez, suas lembranças, sua criatividade, suas habilidades e enfim sua satisfação e felicidade. Essa descoberta por si só já é libertadora, mas não muito, liberdade mesmo é livrar-se desse estado, dessa embriaguez, dessas limitações, dessa prisão, desse mundo de fenômenos distorcidos que pensamos ser A realidade. Então liberdade, em sentido último é primeiro voltar ao estado original. É voltar à natureza original, à consciência original, e ao conhecimento original. Isto por si é um supremo esclarecimento, e uma verdadeira liberdade.