quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Conservadorismo Libertário


O libertarianismo conservador, ou conservadorismo libertário, é uma corrente de pensamento que tenta conciliar duas filosofias políticas historicamente distintas. Embora pareçam opostas, seus proponentes argumentam que elas são, na verdade, complementares.

O libertarianismo conservador combina:

 * Liberdade Individual (Libertarianismo): A crença de que a liberdade individual é o principal valor político. Isso se traduz na defesa de um estado mínimo, que não deve intervir na vida econômica (capitalismo de laissez-faire), nem na vida social e moral dos cidadãos. A coerção estatal é vista como a maior ameaça à liberdade.

 * Tradição e Moralidade (Conservadorismo): A valorização de instituições e valores tradicionais, como a família, a religião, a propriedade privada e a moralidade. O conservadorismo, nesse contexto, defende que essas tradições são a base da ordem social e da civilização.

A principal questão que essa corrente busca responder é como a liberdade individual pode coexistir com a ordem social. Os libertarianos conservadores argumentam que a liberdade sem uma base moral e cultural sólida leva à decadência e ao caos, destaca-se a importância dada à manutenção dos padrões morais, religiosos e culturais que mantêm a paz, o respeito mútuo e a ordem, não os auterando sem uma séria razão. Forte rejeição a ideologias que não se provam na prática e aos experiementos sociais. O Estado mínimo, que garante a liberdade econômica, só é viável se os cidadãos forem moralmente responsáveis e se autogovernarem.


O que os Proponentes Defendem?

Os defensores dessa visão, como Murray Rothbard (embora ele se referisse ao seu pensamento como paleolibertarianismo, uma forma mais radical da ideia) e o político Ron Paul, partem de algumas premissas centrais:

 * Moralidade Voluntária, Não Coercitiva: A moralidade, a virtude e os costumes não devem ser impostos pelo Estado. Eles precisam ser cultivados e preservados por meio de instituições sociais voluntárias (famílias, igrejas, comunidades) e pela tradição cultural. O Estado, ao tentar impor sua própria "moralidade", geralmente destrói as hierarquias e os valores naturais da sociedade.

 * Propriedade Privada como Pilar da Ordem: A propriedade privada é o fundamento da liberdade e da ordem social. Em uma sociedade libertária conservadora, os donos de propriedade privada teriam a liberdade de estabelecer suas próprias regras, como proibir certos comportamentos ou promover valores morais em suas terras e em seus negócios. Isso criaria uma sociedade descentralizada, onde a moralidade e a ordem seriam mantidas por meio de contratos voluntários e da pressão social, não da coerção estatal.

 * Rejeição do "Libertarianismo Licencioso": Muitos libertários conservadores criticam o que consideram uma ala "licenciosa" do libertarianismo, que defende a liberdade total sem se preocupar com as consequências morais ou sociais. Para eles, a liberdade só é valiosa quando é usada para construir e sustentar uma sociedade virtuosa e estável.

Em resumo, o libertarianismo conservador propõe que a melhor forma de preservar os valores conservadores e as tradições é não usar o Estado para isso. Pelo contrário, o Estado deve ser minimizado ao máximo, pois ele é visto como o principal agente de destruição das instituições sociais, culturais e econômicas que dão significado e ordem à vida humana.


Para entender o aprofundamento das ideias de Murray Rothbard sobre a relação entre libertarianismo e conservadorismo, é fundamental examinar o conceito de paleolibertarianismo, que ele desenvolveu em parceria com Lew Rockwell no início dos anos 90.

Em essência, Rothbard buscava uma aliança estratégica entre libertários e os "paleoconservadores", uma facção do conservadorismo norte-americano que se opunha ao "neoconservadorismo" e, em particular, às suas políticas de intervencionismo estatal e militar. A estratégia de Rothbard não era diluir o libertarianismo, mas sim usá-lo como a base filosófica para uma coalizão populista de direita.


Principais Ideias de Rothbard sobre a Síntese

 * Rejeição da "Esquerda" Libertária: Rothbard criticava o que considerava a apropriação do libertarianismo por elementos da "nova esquerda" nos anos 60. Para ele, o libertarianismo não deveria se associar à contracultura, ao relativismo moral ou a um estilo de vida que ele considerava "licencioso". Ele argumentava que a liberdade não era um fim em si mesmo para a permissividade, mas sim uma condição necessária para o florescimento de valores morais e culturais.]

 * A Tese do Estado como Inimigo das Tradições: Rothbard defendia a ideia de que o Estado é o maior destruidor da ordem social, da família e da moralidade. Ele via o Estado moderno como um motor de mudanças sociais radicais, usando impostos para financiar programas de engenharia social, intervenção militar e políticas que corroem as instituições tradicionais. Portanto, para proteger a tradição e a moralidade conservadoras, a primeira e mais importante tarefa seria desmantelar o poder do Estado.

 * Sociedade de Propriedade Privada e Contratualismo: Em um mundo sem Estado, Rothbard imaginava que a ordem seria mantida pela propriedade privada e por associações voluntárias. Os proprietários teriam o direito de estabelecer regras morais e sociais em suas terras, criando comunidades com valores e costumes distintos. A moralidade, em vez de ser imposta por leis estatais, seria defendida e aplicada pela pressão social e pelo direito de propriedade.

 * Populismo de Direita como Estratégia: Rothbard acreditava que a mensagem libertária poderia atrair as classes médias e trabalhadoras descontentes com a burocracia estatal e a elite cultural e política. Ele propunha que os libertários deveriam se aliar aos paleoconservadores em torno de pautas como o isolacionismo (anti-guerra), o anti-imigração e a oposição ao Estado de bem-estar social, que ele via como mecanismos de redistribuição forçada.


Diferença com o Anarco-conservadorismo

Embora as ideias de Rothbard sejam semelhantes ao anarco-conservadorismo (e ele próprio foi uma influência para o principal teórico do anarco-conservadorismo, Hans-Hermann Hoppe), a principal diferença reside na ênfase e na estratégia.

 * O anarco-conservadorismo é mais uma filosofia sobre como uma sociedade anárquica pode ser conservadora, com Hoppe focando na necessidade de uma ordem moral e de hierarquias sociais para a estabilidade.

 * O paleolibertarianismo de Rothbard era mais uma estratégia política para construir uma coalizão e promover a agenda libertária, usando o apelo conservador para atrair um público mais amplo. A ideia era unir a "ética da liberdade" com a defesa das tradições culturais.


Concluindo

Em suma, Rothbard via a defesa dos valores conservadores não como uma contradição com o libertarianismo, mas como uma consequência lógica de sua aplicação radical. Ao abolir o Estado, as instituições sociais e morais tradicionais teriam a liberdade para florescer sem a interferência coercitiva e subversiva do governo.

Antonio. F. Gonzaga 

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