sábado, 16 de outubro de 2021

Cap. 6 - Ecce Homo - Louis Claude de Saint-Matin

 

Do livro Ecce Homo por Louis Claude de Saint Martin, publicado pela Sociedade das Ciências Antigas






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Capítulo VI


Na categoria das falsas missões estão as que fazem uso de datas e procuram aplicar a movimentos políticos modernos as várias profecias contidas na história judaica. Essas se referiam somente a povos ligados diretamente à Judea, por interesse ou rivalidade, mas sempre segundo planos divinos insondáveis. Realizados tais planos, as profecias utilizadas para anunciá-los exauriram completamente o espírito que lá se encontrava.


Os próprios judeus serão obrigados a se elevarem até regiões superiores para obter os frutos que lhes foram prometidos, onde esse espírito se retirou para aguardá-los. Lê-se, portanto, em Jeremias 30:24: A ardente ira do Eterno não se acalmará até que tenha realizado e executado os propósitos de seu coração. No fim dos dias compreendereis essas coisas.

Lê-se ainda em Isaías 60: 18-22, onde a consolação e a alegria com as quais devem ser preenchidos são transferidas a um dia no qual não terás mais o Sol como luz do dia, nem o clarão da noite te iluminará......O teu Sol não voltará a por-se, e a tua Lua não minguará.

Em Joel 4: 1-2 ainda se lê que depois do retorno da escravidão do povo de Judá e de Jerusalém, o Senhor diz que reunirá todos os povos no vale de Josafá para julgá-los ( tais expressões exultam a inteligência a elevar-se acima do vale terrestre ). O Senhor promete à estirpe de Judá no versículo 21: purificarei ( vingarei ) então o sangue deles, que não purifiquei antes; e o Senhor habitará em Sion. Sobre essas últimas palavras, recordemos a frase pronunciada por São Paulo em I Cor 15:50: A carne e o sangue não poderão receber por herança o reino de Deus. Pela mesma razão dizemos que o reino de Deus não pode co-habitar com a carne e com o sangue. Será necessário, portanto, que a carne e o sangue desapareçam para que as profecias de paz do antigo testamento possam se realizar.

No entanto, se tais profecias fossem aplicadas à reintegração do povo de Israel ao seu reino temporal e terreno isso as diminuiria, certamente querer aplicá-las hoje aos movimentos sociais e políticos significaria desconhecê-las. Estaríamos atribuindo a essas funções que o espírito não lhes conferiu. Não podemos esquecer o estado de nossas sociedades políticas atuais que, infelizmente, estão abandonadas a simples potências humanas, das quais não podemos esperar nenhum futuro. O reino do homem não é desse mundo, e o Homem reparador, que nos regula verdadeiramente, não se ocupou da ordem política dos reinos da Terra deixou-os, sim, às potências que os dirigem.

Esses parecem também estar privados de espírito, embora no seu agir desordenado a luz espiritual jamais os perca de vista. As missões de que falávamos antes, certamente não são menos falsas do que quando se anunciam sob o nome humano da Virgem ou sob outros nomes de criaturas privilegiadas. A tendência do homem de santificar seus próprios impulsos sentimentais e divinizar os objetos bastou para que as simples orações e invocações dirigidas a essas criaturas privilegiadas, assumissem no seu íntimo um caráter de dignidade e imponência. O homem encontra-se apoiado, quase exclusivamente, no auxílio que tais criaturas podem lhe dirigir, enquanto Deus pode favorecer-lhe a ponto de permitir a essas criaturas orarem em conjunto com todos os homens para Ele.

Mas, ao contrário, transpusemos seu culto com facilidade e imprudência. Quanto mais o homem encontrava naquelas criaturas escolhidas a paz, a alegria, o apoio do qual necessitava, menos se sentia impelido a buscar seu conforto na própria fonte.

De fato, quantas pessoas que oram para tais criaturas auxiliadoras, não se surpreendem acreditando orar à própria Divindade, sem conseguir mais estabelecer a diferença entre elas? Quantos se surpreendem adorando-os, enquanto acreditam estar apenas orando? Esse tipo de idolatria é muito perigosa, porque nasce da nossa sensibilidade, do nosso amor e das nossas virtudes, se não das nossas próprias mentes.

Aproveitando-se dos falsos passos que nossa sensibilidade mal instruída nos faz seguir, o Príncipe das trevas facilmente nos conduz em direção a outros chamados desviados que para ele são bem conhecidos,. Sob a veneração de nomes transformados em sagrados pelo homem, ele pode preparar, anunciar e operar maravilhas e acontecimentos tão planejados que poderiam enganar os próprios eleitos. Qual a razão, então, para que o Príncipe das trevas se esforce em conferir a tais nomes poderes quase divinos, a não ser pela intenção de esconder, o melhor possível, o nome do verdadeiro Deus, que o impediria de se mover e o relegaria aos abismos? Pois se é verdade que existem fogos que produzem irradiações e nuvens que fazem as imagens dos objetos formarem reflexos aparentes, é ainda mais verdadeira a existência de um fogo vivo que opera no silêncio e oculto como o fogo da natureza, produz sem parar os mesmos objetos, regulares em suas formas e

onde parecem desvanecer todas as disformidades.

Certamente, o Príncipe das trevas só pode executar obras inferiores e ilusórias, através do nomes de que se serve. Porém, num grande número de casos distintos, ele tem a capacidade de substituir obras autênticas pelas suas semelhantes com uma analogia doutrinal; fundamentada sobre a nossa

perigosa sensibilidade, ilude o coração com uma doçura sedutora e o espírito com maravilhas pela conformidade da missão e a correspondência dos fatos.

Se fôssemos menos imprudentes, essa mesma uniformidade não deveria deslumbrar-nos mais que o normal. Efetivamente, o mesmo agente que influi sobre tais missões, dirige maravilhas animado pelo escopo de deslumbrar-nos ao invés de instruir-nos; também opera sempre sobre as mesmas bases: conhecendo nossas fraquezas e nossa ávida curiosidade (que tomam as tonalidades das nossas verdadeiras necessidades) é natural que obtenha sempre os mesmos resultados.

Na uniformidade dessas profecias e missões pode haver uma semelhança com aquelas sacras. De fato, ambas nos anunciaram os mesmos eventos e mantiveram a mesma linguagem. Tudo isso não elimina a possibilidade de sermos enganados por tonalidades aparentes, e não impede que o erro tenha, como a verdade, uma linguagem assoante e testemunhos uniformes.

Mas existem sinais por meio dos quais podemos nos guardar dos enganos. Basta pensar nos elogios que os agentes dessas diversas missões fazem abundantemente aos que são chamados, estabelecendo promessas sobre os brilhantes papéis que realizarão. Por outro lado, sabemos que os verdadeiros profetas não costumam ser elogiados e que o Homem responsável pela redenção de nossas culpas prometeu aos próprios discípulos somente ultrajes e perseguições.

Um outro sinal revelador do engano pode ser sentido pela divergência entre as missões extraordinárias e o caráter das missões fundamentais do Reparador, que são as únicas sobre as quais se podem modelar todas as outras missões verdadeiras.

As missões mais próximas de nós no tempo, afastam-se do espírito do Reparador ao localizar sobre a Terra um ponto focal para as graças divinas que ele prometeu às Nações e para as quais não estabeleceu nenhum lugar específico, baseado nas palavras que disse a Samaratina. João 4: 21-23: Vem a hora em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis ao Pai...... Vem a hora e já chegou em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade e são esses os adoradores que o Pai deseja.

As missões afastam-se do espírito do Reparador, quando sujeitam seus agentes à regras humanas e ascéticas, gerando discussões, por não terem sido de fato instituídas pelo Reparador e que sendo fundamentadas somente sobre um caráter convencional e figurativo, oferecem a possibilidade de opiniões relacionadas ao Príncipe oculto e à confusão que ele opera nas próprias missões. Se não são dirigidas pelo Príncipe das trevas, que se serve de normas inconsistentes para sufocar a verdadeira piedade, podem ser orientadas também por entidades que já partiram deste mundo e que estiveram incorporadas em instituições convencionais ou figurativas durante suas vidas terrenas.

Essas, detidas nas regiões inferiores sem terem ainda ascendido às regiões de sua perfeita renovação, podem conservar relações terrenas na ordem da piedade inferior e, nessas relações, saber ensinar doutrinas reduzidas e limitadas - aprendidas sobre a Terra e das quais ainda não tiveram tempo de se separar.

O terceiro sinal revelador a nos manter atentos quanto a um possível aspecto negativo das missões extraordinárias, consiste em analisar o motivo pelo qual as mulheres, dada a sua sensibilidade, são preferidas em relação aos homens, sendo o foco de todos os favores da glória que tais missões prometem a seus agentes para reinarem nessa espécie de império. De fato, Isaías nos esclarece bem nesse ponto quando repreende o povo por deixar-se dominar pelas mulheres (3:12).

Para alguns homens, que exercem papéis representativos no âmbito das realizações extraordinárias e de manifestações de força ligadas ao nome da Virgem e de muitas outras criaturas privilegiadas, as mulheres prestam-se em massa a desenvolver a função de anunciadoras e de missionárias, em qualquer lugar que estejam.

Não falo das instituições religiosas que a ignorância, a superstição e a má fé consolidaram sob o amparo de nomes fascinantes, arrastando sem limites o entusiasmo das populações ignorantes. As desarmonias que daí derivam são comparáveis àquelas que derivam de um abuso análogo na ordem das manifestações.

Para convencer-nos, basta deter nossa atenção sobre os princípios aqui já expostos. Antes de mais nada, nós fomos eleitos para sermos sinal e testemunho da Divindade e de mais nenhum outro ser.

Além disso, as Sagradas Escrituras, que são o arquivo fiel dos nossos títulos e do nosso destino, nos dizem do Reparador em Atos 4:12 : Em nenhum outro há salvação, pois nenhum outro nome foi dado sob o céu aos homens por quem possamos ser salvos.

Em vão, os defensores de nomes novos e diferentes apoiam-se nas palavras do próprio Reparador, que no Apocalipse 2:17 promete dar aos vitoriosos o maná sagrado, e uma pedra branca sobre a qual será escrito um novo nome desconhecido a todos exceto aquele que o recebe.

Tais palavras são dirigidas contra os partidários de nomes novos. Como não se espera que sejam vitoriosos ao oferecer um novo nome, demonstrou-se que a promessa não se refere a esse tipo de manifestação.

Além disso, esses novos nomes são conhecidos por quem os recebe e também por todos aqueles que não os recebem, enquanto o novo nome prometido pelo Reparador não é conhecido de nenhum outro, a não ser pelo que o recebe. Esse mesmo Reparador diz em Apocalipse 3:12 : Quanto ao vencedor, farei dele uma coluna no templo de meu Deus. E ele nunca sairá fora do templo e escreverei sobre ele o nome de meu Deus e o nome da cidade de meu Deus da nova Jerusalém, aquela que desce do céu de meu Deus, e meu novo nome.

Essas promessas anunciam ainda que haverá favores para aqueles que aproveitarão os dons já trazidos pelo Reparador. Consequentemente anunciam uma ampliação do nome libertador que ele já nos ensinou. Ora, as manifestações da emotividade impaciente e inconsciente, baseadas num pretenso aumento, no fundo oferecem nomes de criaturas simples que abusam de nós, contradizem os verdadeiros princípios do nosso ser, injuriam as Escrituras e, falsamente, pretendem abolir suas promessas.

Quanto às manifestações e missões que se apresentam sob o nome do próprio Reparador, não só não nos dão o verdadeiro novo nome, como atribuem ao Reparador um papel e uma linguagem onde ele próprio não se reconheceria.



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quinta-feira, 14 de outubro de 2021

RESPOSTAS DE GREGÓRIO PALAMAS SOBRE OS SANTOS HESIQUIASTAS - 1

DO LIVRO

FILOCALIA VOLUME VI 

GREGÓRIO PALAMAS A CALIXTO E INÁCIO XANTHOPOULOI 

Tradução do grego Jacques TOURAILLE Abbaye de BELLEFONTAINE Sob supervisão do Pe. Boris BOBRINSKOY 

Tradução Luis KEHL

St. Gregory Palamas

GREGÓRIO PALAMAS SOBRE OS SANTOS HESIQUIASTAS 

Questão: Você fez bem, ó Pai, em citar as palavras dos santos a propósito de minha pergunta. De fato, quando o escutei solucionar minhas incertezas, admirei a evidência da verdade, mas uma reflexão deslizou entre os meus pensamentos: uma vez que toda palavra combate outra palavra, como você disse, uma palavra poderá também contestar aquilo que você disse. No entanto, eu não temo isto. Eu sei que só o testemunho dos santos é incontestável, e já ouvi santos dizerem a mesma coisa que você. Pois quem não foi convencido por eles, como será ele próprio digno de fé? Como não rejeitará este o Deus dos santos? Pois foi Deus quem disse aos apóstolos, e, por intermédio deles, aos santos que os seguiram: “Quem os rejeitar, estará rejeitando a mim203”, ou seja, estará rejeitando a própria verdade204. Portanto, como poderão os que buscam a verdade aprovar alguém que se opõe à verdade? É por isso que lhe peço, Pai, que me exponha cada um dos argumentos que ouvi destes homens que perseguem a educação helênica por toda a vida, e que depois me diga o que você pensa, acrescentando ainda a opinião dos santos. Estes homens afirma que estamos errados em nos esforçar por conter no corpo nosso intelecto. É fora do corpo, dizem eles, que devemos coloca-lo de alguma maneira. Por isso eles fustigam duramente 203 Lucas 10: 16. 204 Cf. João 14: 16. alguns dos nossos. Eles escrevem contra eles, exortando os noviços a olhar para si mesmos e fazer penetrar neles seu próprio intelecto por meio da inspiração do sopro. Eles dizem que o intelecto não está separado da alma; mas como fazer penetrar aquilo que não está separado, mas unido? Eles acrescentam que os nosso falam em introduzir pelas narinas e alojar neles a graça divina. Mas eu sei que suas alegações nos caluniam, pois ouvi isto de um dos nossos, o que me levou a penar que em outros domínios seu comportamento deve ser também perverso. Pois é a mesma coisa forjar o que não está à vista dos homens, e perverter o que está. Mas ensine-me, Pai: por que escolhemos tão ardentemente fazer penetrar em nós o intelecto, e não pensamos no mal que existe em contê-lo no corpo? Resposta: Aos que escolheram colocar sua atenção sobre si próprios na hesíquia, não é inútil se esforçar para manter seu intelecto no interior de seu corpo. Irmão, você ouviu o Apóstolo dizer: “Nosso corpo é o templo do Espírito Santo que reside em nós 205”, e também: “Somos a morada de Deus, conforme Deus disse: Eu habitarei e marcharei neles e serei seu Deus206”. Então, porque, se temos a inteligência, nos indignar que a inteligência habite naquilo que se torna naturalmente a morada de Deus? E de que maneira fez Deus habitar a inteligência no corpo desde o princípio? Terá ele feito mal? Estas questões, irmãos, cabe aos heréticos colocarem, eles que dizem que o corpo é mau e que ele é obra do maligno. Quanto a nós, pensamos que o intelecto é mau nos pensamentos corporais, mas que ele não é mau no corpo, uma 205 II Coríntios 6: 19. 206 II Coríntios 6: 16. vez que o corpo não é mau. É por isso que, com Davi, cada um que se liga a Deus por toda a vida chama por Deus assim: “Minha alma tem sede de ti. Quantas vezes te desejou minha carne!207”. E: “Meu coração e minha carne se regozijam junto ao Deus vivo208”. E com Isaías: “Meu seio ressonou como uma cítara, e tudo o que há dentro de mim como um muro de bronze que reconstruístes209”. E: “Por temor a ti, Senhor, concebemos o Espírito de tua salvação210”. Confiando-nos a ele, não tombaremos. Cairão aqueles que falam a linguagem da terra e que mentem atribuindo à terra as palavras e as condutas celestes. Pois se o Apóstolo chama o corpo de “morte” (com efeito, ele disse: “Quem me libertará deste corpo de morte?211”) é por que o pensamento material e corporal tem realmente a forma do corpo. É por isso que, comparando-o ao pensamento espiritual e divino, ele o chamou de corpo, e não apenas de corpo, mas de corpo de morte. Isto ele já havia demonstrado claramente um pouco antes, ao acusar não a carne, mas o impulso faltoso suscitado pela transgressão. Ele disse: “Eu fui vendido ao pecado212”. Ora, quem é vendido não é escravo por natureza. E mais: “Eu sei que o bem não habita em mim, ou seja, na minha carne213”. Veja, ele não diz que a carne é má, mas que é mau aquilo que reside no corpo, ou seja, esta lei que vive em nossos membros e que se opõe à lei do intelecto214 . 207 Salmo 62 (63): 2. 208 Salmo 83 (84): 3. 209 Isaías 16: 11. 210 Isaías 26: 18. 211 Romanos 7: 24. 212 Romanos 7: 1.4. 213 Romanos 7: 18. 214 Cf. Romanos 7: 23. É por isso que, ao nos opormos à lei do pecado, nós a fazemos sair dos domínios do corpo e aí colocamos a atenção do intelecto. Por meio dela damos a cada potência da alma sua lei própria e a cada um dos membros do corpo aquilo que lhe convém. Aos sentidos, damos aquilo que eles devem perceber, e em qual medida: esta obra da lei se chama “temperança”. Na parte passional da alma, suscitamos o melhor estado, que se chama “amor”. E melhoramos também a razão, recusando tudo o que impede a reflexão de se elevar a Deus, e chamamos esta parte da lei de “sobriedade e vigilância” (nepsis). Aquele que purificou o corpo pela temperança, que fez do amor e do desejo uma oportunidade de virtude por meio do amor, que apresentou diante de Deus um intelecto despojado pela prática da prece, adquire e vê em si mesmo a graça prometida aos corações puros. Então ele poderá dizer com Paulo: “Deus, que disse: ‘Que a luz brilhe do fundo das trevas’, fez brilhar a luz em nossos corações, para que resplandeça o conhecimento da glória de Deus sobre a face de Jesus Cristo215”. Mas, diz ele ainda, trazemos este tesouro em vasos de barro216: nossos corpos. Se retivermos nosso intelecto dentro do corpo, estaremos agindo de uma maneira indigna da nobreza do intelecto? Quem poderá afirmar uma coisa destas, não digo do espiritual, mas daquele que possui um intelecto desprovido da graça divina, e, no entanto, um intelecto de homem?


CONTINUA...


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segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Por que psicoterapia? parte 1

Todos nós, sem saber, necessitamos de algum tipo de psicoterapia, porque em nosso ritmo normal de vida há uma anormalidade em relação às naturezas biológica, psíquica e espiritual próprias do ser humano: uma aceleração e ou um excesso, uma carga a mais do que alguma ou todas essas três áreas podem suportar. Nesta série discutiremos alguns dos principais resultados disso, sintomas, carências, e medidas que podem ser tomadas...


Quando procurar por ajuda?

A saúde mental é responsável pelos resultados daquilo que uma pessoa vive. Se existe uma ou mais áreas da vida que não vão bem, é bem provável que existam fatores internos que precisam ser repensados. Estes podem desencadear diversos sentimentos negativos, como mudanças repentinas de humor, ansiedade e até distúrbios alimentares.

Os transtornos mentais podem ter vários desencadeadores e sintomas como: tristeza, ansiedade e culpa. Se você tem alguns desses sintomas, certamente um bom psicólogo poderá auxiliá-lo.

No momento em que uma pessoa, com o auxílio de um psicólogo, começa a fazer terapia ela começa a criar novas atitudes e comportamentos que começam a desenvolver a felicidade, confiança em si mesma, controle sobre as relações próximas e seus pensamentos.

Saiba identificar os principais sinais que indicam a necessidade de fazer terapia:

Depressão

A depressão provoca profunda tristeza de modo prolongado e perda de interesse nos prazeres diários. Ela é considerada um transtorno de humor que afeta como uma pessoa se sente, pensa e se vê, o que pode levar a vários problemas emocionais e físicos.

Muito longe de ser um sinônimo de fraqueza ou frescura, a depressão merece atenção e pode ser melhor identificada com a terapia, que é realizada de acordo com as necessidades de cada pessoa.

Muitas pessoas se acostumam com o sofrimento. No caso da depressão, alguns acham até bonito – quase romanceiam o temperamento melancólico. Mas não é bonito! A depressão também pode matar.

Ansiedade

A vida acelerada e corrida pode causar ansiedade em seus vários momentos. Porém, quando estes sentimentos começam a ser intensificar pode ocorrer um transtorno de ansiedade e até levar à síndrome do pânico.

A ansiedade pode ser o problema central de um paciente, mas pode ser mais um sintoma dentro de seu processo de adoecimento. Pode, por exemplo, aumentar em um início de um surto na Esquizofrenia. Ou seja, uma ansiedade elevada indica um adoecimento psicológico. Não adianta se automedicar ou camuflar o sintoma, nem muito menos se acostumar com ela. Temos sim que nos conhecer para saber o porquê da ansiedade e como lidar com a causa desta na nossa vida. Não adianta ir pelo que o vizinho sente ou diz. Temos que buscar, na psicoterapia, no nosso intimo o que nos aflige e utilizar recursos disponíveis na ciência para melhora como: acupuntura, massagens, exercícios físicos, meditação e se necessário, medicação (prescrita por um psiquiatra).

Transtornos de humor

Existem vários tipos de transtornos de humor  que incluem os depressivos e bipolares. Geralmente as pessoas com estes tipos de transtorno apresentam picos de humor, se tornando eufóricos ou depressivos.

Com isso, uma pessoa pode se afastar de pessoas queridas ou se sentir facilmente distraída. A terapia entra como um fator de controle deste sinal, sendo eficaz para modificar pensamentos negativos e estimular os positivos.

Distúrbios alimentares

Os distúrbios alimentares geralmente trazem consequências sérias para o organismo e para a saúde mental. Transtornos como a bulimia nervosa e a anorexia nervosa são consideradas doenças biopsicossociais, ou seja, envolvem diversos fatores que podem ocasionar o seu desenvolvimento.

A terapia entra como um tratamento de reeducação e transformação, de modo a reduzir comportamentos compulsivos. A psicoterapia e a terapia familiar também são importantes, variando de acordo com o quadro clínico de cada pessoa.

(...)

Esperamos que você tenha entendido a importância de fazer terapia e como ela contribui para a saúde mental. Que tal ajudar outras pessoas a entenderem melhor sobre o assunto? Compartilhe este post nas redes sociais!

Matéria completa em 

https://hospitalsantamonica.com.br/5-razoes-que-provam-por-que-todo-mundo-deveria-fazer-terapia/

Se você precisa de ajuda terapêutica ou conhece alguém que precisa entre em contato pelo nosso e~mail a.f.g.72@outlook.com
A resposta pode demorar algumas horas ou alguns dias, mas todas as mensagens serão respondidas.

LITURGIAS - 2 - A influência da Liturgia de Jerusalém, Liturgia de São Tiago Sobre as posteriores

Voltando à série sobre liturgias, trago um texto que fala sobre a liturgia cristã que é por muitos considerada a mais antiga, atribuída ao irmão do Senhor, São Tiago, a Liturgia de Jerusalém, e sua influência sobre as que vieram depois dela.






A influência da Liturgia de Jerusalém, Liturgia de São Tiago, o Irmão do Senhor:
Antiga Liturgia de Jerusalém

sobre as outras Igrejas

Enrique Bermejo Cabrera

Tradução do espanhol por:
Pe. André Sperandio

Introdução

Jerusalém é o ambiente vital onde a liturgia cristã nasce, se desenvolve e de onde irradia o esplendor de sua forma sobre todas as igrejas do Oriente e do Ocidente. Assim como o Concílio Constantinopolitano, no ano 381, reconheceu Jerusalém como a «mãe de todas as igrejas», podemos considerar a liturgia de Jerusalém como a mãe de todas as liturgias.

Na última ceia e no contexto da Pessach Hebraica, Jesus antecipa de modo ritual o mistério da paixão e morte que haveria de padecer. No Cenáculo ele instituiu a Eucaristia e, neste mesmo lugar, os apóstolos receberam o Espírito Santo, partindo dali para pregar o evangelho por todo o mundo e celebrar a obra de nossa redenção. O Cenáculo foi, portanto, a primitiva sede da Igreja de Jerusalém. São Cirilo, falando sobre a vinda do Espírito Santo, o identifica com a «Igreja superior dos apóstolos». Encontramos a mesma denominação na recensão tardia da oração eucarística de Santiago: «A habitação alta da santa e gloriosa Sião». No entanto, a liturgia que irá influenciar todas as outras é a que se celebrava em torno da Anastasis e conhecida por fontes que temos do século IV em diante.

(...)

É necessário agregar que a mesma liturgia de Jerusalém sofreu influência de outras liturgias, como por exemplo a romana, no que diz respeito à introdução da festa da Natividade do Senhor em 25 de dezembro, dia em que Jerusalém comemorava os Santos Davi e Tiago, como relata o lecionário armênio: «25 de dezembro, dia de Tiago e Davi, reunimo-nos na Santa Sião. Neste dia em outras cidades, é celebrada a Natividade de Cristo». Dito isso, vamos ver como a liturgia de Jerusalém influenciou a formação de outras liturgias e como algumas de suas formas litúrgicas tornaram-se patrimônio de outras liturgias

Características da Liturgia de Jerusalém

A liturgia de Jerusalém é acima de tudo memorial enquanto realizada em edifícios ou lugares de culto construídos sobre «lugares santos», lugares que entraram em contato com eventos da nossa salvação realizada pelo Senhor.

Ambos, os fatos e os lugares são pascoais, porque focalizam o advento da Páscoa de Cristo: Paixão e Ressurreição, Martyrium e Anastasis. A este centro litúrgico da morte-ressurreição retorna toda a liturgia Jerosimilitana: Tanto a Santa Sião como a Eleona ou o Monte das Oliveiras, com os seus respectivos memoriais, referem-se a este centro, constituindo juntos um triângulo litúrgico que se estende, ato-contínuo, até Belém e Lazarion (tumba onde Lázaro esteve sepultado).

Assim como os Evangelhos são constituídos e se desenvolvem em torno do querigma da Ressurreição, assim também o Ano Litúrgico: os espaços litúrgicos são criados em torno do lugar da ressurreição, a vida cristã alimenta-se da ressurreição. O fato, o lugar, o tempo, a celebração da ressurreição será o lugar, o momento e o argumento de encontro da Bíblia, arquitetura, arte, liturgia etc.; porque a ressurreição é sempre o ponto de partida e a meta de toda aspiração cristã.

A Liturgia de Jerusalém é uma liturgia à caminho, em peregrinação, porque durante todo o ano litúrgico percorre os lugares memoriais da nossa salvação, fazendo coincidir a celebração com tempos e lugares memoriais. Por natureza, sua liturgia adapta-se ao tempo e ao lugar da celebração: «acima de tudo é particularmente belo e digno de admiração que, tanto os hinos e antífonas como as leituras e orações recitadas pelo bispo, sempre tem um conteúdo tal que se adaptam convenientemente ao dia em que é celebrado e ao lugar onde se realizam» (Itinerarium Egeriae 47,5).

Por sua vez, a Liturgia de Jerusalém também é mimética, ou seja, através da imitação torna plástica a celebração da memória. Considere-se a proclamação do Evangelho da Ressurreição pelo bispo ou a veneração da Cruz na Sexta-feira Santa.

Se é verdade que as liturgias se formaram a partir da de Jerusalém, também é verdade que em torno de outras cidades se formaram novas expressões celebrativas, sobrepondo-se uma sobre as outras, ou prevalecendo as principais sobre os menores. No Oriente, as principais cidades do Império eram Constantinopla e Antioquia. Esta última exerceu sua influência sobre Dioceses do Egito e da Líbia. Constantinopla absorveu gradualmente as igrejas vizinhas: Heraclea de Tracia, Éfeso e Cesareia da Capadócia. Jerusalém exerceu sua influência na liturgia, independentemente do seu estatuto jurídico.

Em grande parte, a difusão da liturgia de Jerusalém em outras igrejas deveu-se à paz constantiniana, período em que os santos lugares foram honrados com magníficas construções. Os peregrinos puderam contemplar a vida litúrgica que se desenvolvia e, retornando depois à sua terra natal, queriam também eles ter a sua própria liturgia. A vida de pessoas consagradas, homens e mulheres, nos lugares santos era dedicada ao culto, sempre acompanhando as ações litúrgicas do bispo e da comunidade cristã e intensificando o louvor em outras horas litúrgicas.

Influência da liturgia de Jerusalém

Influência sobre a Liturgia Bizantina

Até a século IX a liturgia de Jerusalém exercia uma grande influência sobre a liturgia bizantina, seja pelo que diz respeito ao sistema de leituras, seja em relação aos usos litúrgicos. Mas no século IX, a tendência é invertida: a liturgia de Constantinopla prevalece sobre o sistema de leituras ierosolimitano, embora Jerusalém tenha mantido a sua primazia quanto aos ritos. Na verdade, o Tipikon de São Savas foi adotado pelo Oriente bizantino.

A liturgia de Jerusalém influenciou de modo decisivo, ou até mesmo privilegiado, liturgias que se conservaram por meio de traduções próprias, documentos antigos desta sublime liturgia. Refiro-me às liturgias armênia e georgiana, liturgias que tomaram de Jerusalém o calendário, o lecionário e traduziram também várias homilias.

Influência sobre a liturgia armênia

Arménia sofreu influência dos cristãos da Capadócia grega e da Síria (Osroene e Adiabene) do século III ao V. Do século V ao século VII, quando a tradição cristã armênia nativa estava no auge da sua formação, a influência veio de Jerusalém. Este período foi seguido por outro com influência da parte bizantina de Constantinopla e, finalmente, um período de influência latina, nos séculos XII e XIV.

O ano litúrgico formou-se no início do século V, sobre a base do Tipikon (LAr) recebido de Jerusalém. Neste período, começa a se formar o hinário armênio, que é uma criação própria desta igreja sobre a base do mencionado calendário.

Influência de Jerusalém sobre a liturgia georgiana

No ano 325, o cristianismo já existia na Geórgia, o que se sabe pela participação de um bispo georgiano no Concílio de Niceia. Pelo menos desde o século v há registros de escritos em georgiano. A liturgia desta Igreja sofreu a influência da liturgia de Jerusalém, usando os livros do século IX, quando foram substituídos por um ordo constantinopolitano. Os livros litúrgicos de Jerusalém eram o lecionário e o calendário. Para as leituras do ofício os livros homiléticos georgianos recorreram frequentemente às obras autênticas ou não de Cirilo de Jerusalém. A análise de seis livros homileticos antigos o demonstram.

Influência sobre o rito siro-ocidental

O rito siro-occidental ou siroantioqueno é a tradição dos siro-ortodoxos do Patriarcado de Antioquia e da Índia, bem como siro-católicos e malankares. Três centros litúrgicos influenciaram a formação destes três ritos: Jerusalém, Antioquia e Edessa. Destes, apenas Edessa era um centro de língua e cultura siríaca; as outras duas eram «gregas» com uma minoria de língua siríaca.

O rito siro-occidental é uma síntese do elemento siríaco das origens, especialmente para o que diz respeito aos hinos e outras partes corais, com material traduzido de textos litúrgicos gregos de procedência antioquena e ierosolimitana. Esta síntese foi realizada pela comunidade monástica não-calcedoniana da língua siríaca do interior da Síria, Palestina e algumas regiões da Mesopotâmia, situadas longe das cidades de gregas da costa Mediterrânea. Os cristãos d língua siríaca organizaram-se em igrejas independentes sob Jacobo Baradai (+ 578) e por este motivo foram chamados jacobitas.

Influência na liturgia copta

A liturgia da Jerusalém exerceu influência sobre a liturgia copta como mostra a coincidência de um documento do início do século XIV, «A lâmpada das trevas», de Abul Barakat (falecido entre 1320-1327). No estudo de sua obra E. Lanne diz, em uma de suas conclusões: «Ao longo de toda a exposição, as coincidências que temos visto com o rito de Jerusalém, do 5º ao 10º século, são por demais numerosas e muito importantes para que se possa pensar que se trate simplesmente de casuais coincidências». De acordo com este mesmo autor, a Semana Santa influenciou muito a celebração copta.

Influência no rito maronita

William F. Mancober mostrou que o rito maronita representa uma síntese independente do rito siríaco antigo calcedonense.

Aspectos da liturgia de Jerusalém que influenciaram outras liturgias

Depois das esquemáticas observações sobre a influência da liturgia de Jerusalém sobre a liturgia das diversas igrejas, passamos a considerar os campos litúrgicos através dos quais a liturgia da cidade Santa influenciou outras liturgias: o ano litúrgico, o ofício, a divina liturgia (missa), os outros sacramentos, drama e arte.

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FONTE: “Gerusalemme: realtà, sogni e speranza”.
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https://ecclesia.org.br/biblioteca/liturgia/a-influencia-da-liturgia-de-jerusalem-sobre-as-outras-igrejas.html