Do livro Perseguidos - porque o cristianismo se transformou na religião mais combatida do planeta Paul Marshall, Lela Gilbert, Nina Shea ; traduzido por Emirson Justino. -- São Paulo : Mundo Cristão, 2014.
Sob ataque
Os cristãos ocidentais desfrutam das numerosas bênçãos da liberdade religiosa. Nossos direitos, ainda que às vezes ameaçados, são muitos. Falamos livremente sobre nossa fé, nossas igrejas, nossas preferências denominacionais e nossas orações respondidas. Valorizamos, lemos e escrevemos comentários em nossas Bíblias e compartilhamos nossas crenças com outras pessoas, sem medo do perigo. Nossas igrejas podem ter escolas religiosas e programas de comunicação. Podemos usar uma cruz no pescoço, e nossos bispos, sacerdotes, ministros, monges e freiras se vestem numa ampla gama de estilos. Nosso cristianismo não exige que estejamos sempre olhando por cima do ombro, com medo de sermos presos por orar ou atacados por portar uma Bíblia.
Nossas igrejas são bem construídas, bem equipadas e divulgadas por meio de placas. Nossos pastores podem se concentrar em suas responsabilidades ministeriais sem ter de se preocupar com ameaças de uma polícia hostil ou de multidões iradas.
Para nosso encorajamento e entretenimento, há redes de televisão, indústria musical, websites e editoras. Nossa liberdade religiosa é amplamente protegida por nossos governos, bem como pelas culturas em que vivemos.
Infelizmente, a maioria dos cristãos do mundo não compartilha dessas circunstâncias. A experiência deles não é apenas diferente da nossa; ela é inimaginavelmente distinta. Claro que não precisamos nos sentir culpados por nossa liberdade religiosa, concedida por Deus. Às vezes, porém, precisamos ser relembrados de como é a vida cristã em outros países, cujo cotidiano guarda pouca semelhança com o nosso. Aqueles homens, mulheres e crianças de coragem e fé estão espalhados em grande número por todo o globo. Neste exato momento, enquanto estas palavras são escritas:
Um pastor cristão permaneceu três anos numa fétida cela de prisão no Irã. Dia após dia ele esperou a palavra final das autoridades: “Amanhã pela manhã você será enforcado”. O pastor fora condenado por ter se convertido do islã para o cristianismo, o que se chama apostasia no Irã, e recebeu a sentença de morte. Ainda assim, não renunciou à fé cristã. Sob pressão internacional, o Irã finalmente o absolveu da apostasia, sentenciando-o pelo crime menor de “evangelizar muçulmanos”. Solto em 8 de setembro de 2012, o marido e pai amoroso continua sob o risco de ser morto pelos esquadrões da morte islâmicos. (...)
No Paquistão, uma mulher aguarda o dia de sua execução. Ela está doente, fraca e cansada e sente uma saudade insuportável de seus cinco filhos. Também foi sentenciada à morte por causa de sua fé cristã. Foi julgada e condenada por blasfêmia ao profeta Maomé — crime capital no Paquistão. (...)
Na China, amigos e entes queridos aguardam notícias de um padre católico romano idoso que foi sequestrado e do qual nada se soube desde então. Ele é frágil mas fiel a suas crenças e a sua igreja. Em sua fidelidade, porém, ofendeu o regime do Partido Comunista. Ninguém sabe ao certo se ele está vivo ou morto. Com cerca de 80 anos, (...).
Na Nigéria, cristãos sobreviventes ainda sentem o cheiro de fumaça e carne queimada em seu vilarejo. Pelo menos onze adoradores morreram carbonizados após terroristas bombardearem uma igreja no início de 2012. Mais de vinte pessoas foram gravemente feridas. Cristãos das cercanias estão temerosos, embora desejem ser corajosos e fiéis. Estão bastante conscientes de que também são alvos. (...)
Os mais perseguidos do mundo
Quem são essas pessoas? Por que elas enfrentam dificuldades? Como ofenderam as autoridades governamentais ou outros membros de sua sociedade a ponto de colocar a vida em risco? Nas páginas seguintes, analisaremos mais detalhadamente essas histórias e muitas outras. Examinaremos os casos daqueles que são perseguidos por sua fé cristã no contexto de seus países, suas culturas e do mundo cada vez mais perigoso pelo qual devem transitar ao mesmo tempo que cumprem compromissos sagrados e buscam sobreviver.
Nosso livro se concentra num fato pouco divulgado: os cristãos são o grupo religioso mais amplamente perseguido no mundo hoje. Isso é confirmado por estudos de fontes tão diversas como Vaticano, Portas Abertas, Pew Research Center e publicações como Commentary, Newsweek e Economist. Segundo uma estimativa feita pela Conferência dos Bispos Católicos da Comunidade Europeia, 75% dos atos de intolerância religiosa são direcionados a cristãos.
Essa perseguição visa todas as tradições da fé cristã, de católicos romanos, ortodoxos e protestantes a denominações litúrgicas, evangélicas e carismáticas, incluindo centenas de grupos menores e menos conhecidos. Os cultos de adoração cristã variam, e as tradições são impressionantemente diferentes, mas nossas igrejas são unidas na crença no mesmo Jesus Cristo como Senhor e Salvador.
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