sábado, 30 de janeiro de 2021

“Leis” sobre “propriedade intelectual”

 


                Toda pessoa tem direito a distribuir a sabedoria como queira, seja esta sua própria ou de segunda mão, desde que respeite a autoria e credite devidamente os autores. Não existe “propriedade intelectual”, isto é um absurdo, um roubo, uma usurpação da liberdade de outro.
Se eu, por exemplo, decoro um livro ou parte de um livro eu posso citá-lo à vontade para quem eu quiser. É apenas meu dever pessoal e ético como cidadão justo e honesto creditar o autor e não mentir dizendo que sou eu o autor ou que é outra pessoa que não o autor verdadeiro.
O mesmo então vale (e deve valer se um país pretende ter leis honestas) para a escrita. E se eu imprimo e tenho custos é meu direito cobrar pelo que gastei, não lucrar, desde que cite o responsável, ou responsáveis, pela obra (autor, editora, tradutor, etc.).
Mas se eu organizei ou tive qualquer trabalho com isso (mesmo que apenas o de “tirar xerox”) é justo que eu cobre pelo meu trabalho, portanto tenha algum ganho, que possa ser por alguns considerado lucros (mas isto não é lucro propriamente, pois cobro quanto quiser pelo meu trabalho e paga quem quiser).
Isso de considerar que a pessoa está lucrando depende da subjetividade de cada um, é uma opinião, não pode se transformar em lei, pois seria a imposição de uma mera opinião.
 Veja que eu não sou vendedor de cópias, que têm custo, nem de “CD’s piratas” que tem também custos e dão trabalho. Pelo contrário, eu sou autor, escritor, compositor e músico. E estou defendendo justamente aqueles perseguidos pelos autores e músicos mesquinhos.
Tais pessoas mesquinhas estão sendo tolos, pois defendem não a si mesmos, mas as editoras e gravadoras que dão uma pequena porcentagem de seus lucros aos autores, devido ao poder destas de produzir em série e em grande quantidade, não de serem autores. Os autores são tão tolos que ostentam "pertencer", como uma propriedade mesmo, a tal editora ou gravadora, mas eles são bem recompensados por isso, como cachorrinhos treinados que fazem peripécias para o ganho de seus donos e se contentam com um biscoitinho.
Os autores são apenas reféns que assim preferem por que se submetendo ganham mais do que ganhariam com seu próprio investimento em curto prazo. Como não pensam como investidores (em ganhos em longo prazo) em se tornarem realmente proprietários do lucro de seus próprios investimentos e autorias, pelo contrário cedem seus "direitos" às editoras e gravadoras, muitas vezes covardemente, pois não por necessidade, cedem os “direitos autorais” a outros.
Ora, se as editoras ou gravadoras produzem em quantidades muito maiores do que os “piratas” e mesmo assim cobram mais caro é problema delas que não se adaptam a livre concorrência do mercado e para isso recorrem injustamente a políticos que façam leis protecionistas, que só protegem na verdade as grandes corporações e não as pessoas nem o povo, do qual se arrogam serem representantes. Pelo contrário eles tornam com essas leis os livros e gravações mais caros e inacessíveis à grande maioria. Que eles se adaptem a livre concorrência e produzam de forma mais barata e acessível.
Livros nesse país são praticamente artigos de luxo quando comparado a outros países. E o poder aquisitivo do povo dos outros países é muito maior, devido a salários muito maiores do que os dos ingênuos brasileiros que quase em tudo acreditam nos governantes e que estes estão tentando fazer algo melhor para o povo.
                 Meus livros, artigos e ensaios eu posso vendê-los como bem entender, bem assim aqueles que o copiem, desde que respeitem minha autoria, seu trabalho e seu material pode ser cobrado como eles quiserem, se conseguem fazer de maneira mais barata que eu, parabéns! Que vendam e lucrem. Eu que me ajuste ao mercado e à livre concorrência e assim consiga vender mais barato ou com algo mais atrativo que a copia deles.
E mesmo se eu não consiga me adaptar à concorrência para mim ainda está bom pois para o autor sincero, não aquele que só pensa em vender, o que importa é que as ideias ali escritas sejam conhecidas, chegando ao máximo de pessoas possível. Se os “piratas” conseguirem fazer isso melhor que eu, minha eterna gratidão a eles.
Por que isso? Porque um livro é material. Alguém poderá argumentar, mas você teve muito mais trabalho e levou muito mais tempo. Pois bem, me resta agora ter trabalho também de tornar minha obra acessível, barata, se não tenho também essa ideia e outro tem, o incompetente fui eu.
Veja o caso dos CD’s: os originais tem encarte, um material melhor, de mais qualidade e de muito mais duração. Você escolhe segundo seus critérios que material comprar. Os mesquinhos que desaparecam do comércio. Por causa deles o mundo está um caos comercial (que prejudica sempre os mais pobres) cheio de barreiras econômicas protecionistas, altos impostos e taxas. E pagamos outros vagabundos (os políticos, que nada produzem) para fazer a “fiscalização” sobre as leis que eles mesmos criaram para seu benefício e dos seus protegidos, para que lhe deem mais direitos e dinheiro. E com isso os vagabundos são os que mais ganham dinheiro.
No mundo da música, a máfia das gravadoras dominou o mercado por muitos anos, e ainda domina, embora esteja mais fraca. Mas os mesmos que gravam os trabalhos dos músicos e ganham a maior parte do dinheiro sem criar nada, são os mesmos que criam a tecnologia dos CD’s graváveis e também eles mesmos produzem e vendem CD’s graváveis na grande maioria dos casos. Enquanto eles ganham dos dois lados quantias astronômicas, os que ganham porcentagens bem menores, os autores, gastam fortunas com processos e ações judiciais contra a pirataria. Por que as gravadoras só em bem menos casos entram nessas disputas judiciais?
Nós temos boa parte de nossa obra exposta no blog, que qualquer um pode copiar e fazer o que quiser como vamos saber? É gratuito. Podemos também vendê-la como quisermos e podermos. Se colocarmos um preço muito caro poucas pessoas comprarão, qual a vantagem disso? Nenhuma. Mas é assim que fazem algumas editoras, e quando o livro é tão caro as pessoas tiram cópias. E o que eles fazem, eles baixam o preço pra vender mais? Não, eles processam os “xeroquistas”, eles fazem pressão política para que se criem leis que fiscalizem e punam quem copie e isso gera um gasto estatal e você é que pagará por isso, para que fiscalizem você e impeçam de fazer algo que é direito seu. Para que você seja impedido de tirar cópias e punido se fizer. Eles gastam fortunas com isso e então como recuperar e lucrar? Aumentando mais os impostos sobre os livros o que vai aumentar mais ainda o preço dos livros pra você.
Você paga ao estado para roubar seu direito de copiar, paga para que fiscalizem e policiem você para que não tire copias! E paga a editora que gerou isso tudo comprando o livro caro porque você precisa. Os políticos por outro lado são os maiores usurpadores dos direitos e você os paga salários extraordinários para que eles façam isso com você. O estado fiscalizador e interventor é um crime contra sua liberdade e você é forçado a sustentá-lo com seu voto e o dinheiro dos impostos que está embutido em cada produto. Se todos tivessem direito de copiar livremente, as editoras, para lucrar teriam que baratear o custo dos livros, desenvolver tecnologias para isso, ou então oferecer um produto de qualidade tal que compense realmente a diferença.
O mesmo ocorre com qualquer serviço ou produto no livre mercado. Mas sob a regulação governamental você sempre está sujeito à máfia governamental e aos empresários que querem superfaturar sem esforço, sem criatividade e sem oferecer um bom produto e serviço. devemos raciocinar e procurar se desvincular dessa estrutura criminosa o máximo que pudermos.
                Imagine se eu chegasse numa biblioteca e resolvesse copiar a mão um livro. Será que seria justo criar uma lei que me impedisse de fazer isso, mesmo quando eu cito autores, editoras e todas as referencias necessárias na minha copia? Agora suponha que um amigo precisasse do livro que copiei e não tivesse acesso à biblioteca. Poderia se criar uma lei justa que o impedisse de fazer uma cópia, mesmo através de máquinas, da minha cópia? Agora suponha que eu quisesse copiar à mão todo o livro várias vezes e alguém quisesse comprar algumas copias. Seria justo criar uma lei que me impedisse de vender minhas cópias, meu trabalho de próprio punho, literalmente? Se não seria justo nesses casos, por que seria justo a criar tais leis para os casos de cópias feitas por maquinas?

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Cristãos Perseguidos - terceira parte

Extraído do livro:
Perseguidos - porque o cristianismo
se transformou na religião mais combatida do planeta Paul Marshall, Lela Gilbert, Nina Shea ; traduzido por Emirson Justino. -- São Paulo : Mundo Cristão, 2014.

A situação atual das coisas

“Uma mulher de uns 40 anos que vivia numa cidade da província de Pyongan Norte [Coreia do Norte] foi pega com uma Bíblia em sua casa. Ela foi expulsa da própria casa. Um oficial do exército chegou e passou a viver ali. A mulher foi executada  publicamente na eira de uma fazenda.” Oficiais do governo exigiram que houvesse uma testemunha da execução, que posteriormente disse: “Tive curiosidade de saber por que ela seria executada. Alguém me disse que ela havia guardado uma Bíblia em sua casa. Os guardas amarraram a cabeça, o peito e as pernas a um poste e a mataram a tiros. Isso aconteceu em setembro de 2005”.

Outro relato em primeira mão atesta a vigilância invasiva na Coreia do Norte, que praticamente invibializa até mesmo cultos domésticos: “Com base numa denúncia, por volta de janeiro de 2005, agentes da Unidade Central de Inspeção de Atividades Antissocialistas invadiram minha casa num bairro da província de Hamgyong Norte. Como resultado da busca, encontraram uma Bíblia. Fui preso e levado a um campo de concentração para prisioneiros políticos juntamente com minha esposa e filha.

Meu filho, que estava na China, entrou na Coreia do Norte sem nada saber sobre a detenção de sua família. Mais tarde, também foi levado para o campo”.


Tal como na Coreia, assim também no Iraque. Sandy Shibib, 19 anos, como muitos outros cristãos iraquianos, enfrentou dificuldades e medo para buscar formação acadêmica. Com dedicação, ela pegava o ônibus que levava à Universidade de Mossul, onde estudava biologia. Três ônibus, operados pelo bispado católico sírio, levavam centenas de alunos, professores e funcionários a Mossul, partindo da área onde Sandy morava, no distrito predominantemente cristão de Qaraqush. Viajavam em comboio por questão de segurança e eram escoltados por dois veículos do exército iraquiano.

Em 2 de maio de 2010, sem aviso, uma explosão atingiu os ônibus. Entre dois pontos da rota diária, onde o comboio estaria em sua área mais segura, foi atingido por duas bombas atiradas do acostamento. Cerca de 160 alunos foram feridos na explosão.

“Esse é o pior ataque, pois atacaram não apenas um carro, mas todo o comboio, e isso numa área fortemente protegida pelo exército”, disse o arcebispo católico de Mossul, Georges Casmoussa. Os estudantes com ferimentos mais graves receberam tratamento em Erbil, capital da região semiautônoma curda.

Sandy morreu alguns dias depois em razão de estilhaços que feriram sua cabeça. Maha Tuma, sua colega de classe, disse: “Sendo alunos, seguíamos para a universidade, não para um campo de batalha. Não carregávamos armas. Mesmo assim, nos tornamos alvos”. A explosão fez quase mil alunos se afastarem da Universidade de Mossul, a única universidade próxima das planícies de Nínive. Muitos jamais retornaram.


"Teosofia" sem véu - parte 3

 

H. P. Blavatsky e o Caso Coulomb

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Helena P. Blavatsky (1831-1891) tinha muitos motivos para se preocupar.

O intrincado Caso Coulomb e o contestado Relatório Hodgson não decidiram sobre a falsidade ou não dos fenômenos extraordinários que cercavam Helena P. Blavatsky, portanto o leitor poderá perguntar qual o motivo então de tratá-los aqui se eles não solucionam a questão. A resposta é que o assunto merece tratamento aqui, uma vez que é pouco conhecido dos leitores da língua portuguesa, devido às escassas traduções sobre o caso e, ademais, pelo curioso fato de que, mesmo assim, ele é importante como exemplo histórico de como os grupos religiosos são capazes de sobreviver, e de até crescer, graças às circunstâncias de dúvida e das situações de indefinição. Com certa frequência, alguns dos fatores que mais contribuíram para a longa sobrevivência das religiões, durante os tantos séculos da sua existência, foram a dúvida, o mistério e a incerteza, uma vez que, nestas situações, é maior, e sempre foi, o número de indivíduos que preferem acreditar do que desconfiar. Em outras palavras, existem muitos que acreditam mais no que ouvem dos outros, do que aquilo que podem testemunhar com os seus próprios olhos e analisar com seu raciocínio, de modo que, em muitos indivíduos, a predisposição para a credulidade é mais forte do que a predisposição para a desconfiança, e este traço humano ajudou na propagação e no crescimento das religiões. Se o contrário tivesse sido o predominante, as religiões sempre teriam sido instituições com poucos seguidores.

Outro motivo é a importância de mostrar os fatos e os problemas que acontecem com os grupos religiosos, os quais são ocultados pela pregação dos seus adeptos e pela apologia dos seus admiradores. A história das religiões não é só um ‘mar de rosas’, tal como encontramos nos relatos dos seus simpatizantes, de modo que Helena P. Blavatsky, uma das fundadoras da Sociedade Teósofica, enfrentou muitas controvérsias e muitas acusações de fraudes, sendo o Caso Coulomb o primeiro de grandes proporções. Enfim, apesar da indefinição, o Caso é interessante para mostrar a quantidade de sujeira que sobe à superfície quando duas partes culpadas se confrontam, através de uma artilharia de acusações mútuas.

Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891)

            Ela é reconhecida por quase todos os esoteristas como “a mãe do esoterismo moderno”, uma das fundadores e figura central da Sociedade Teosófica, sendo talvez a mais importante personagem na revitalização do ocultismo no século XIX. Helena P. Blavatsky nasceu em Ekaterinoslav (atual Dnipropetrovsk) na Ucrânia. Sua mãe, Helena Andreyevna, foi uma conhecida novelista que morreu ainda jovem. Sua herança familiar combinava origens russa, francesa e alemã, sua avó materna, a princesa Helena Pavlovna Dolgorukov, era descendente de uma das mais antigas famílias da Rússia. Sua infância foi marcada por numerosos fenômenos anormais, os quais são denominados de psíquicos pelos espíritas e pelos esoteristas. Desde cedo ela se interessou pelo ocultismo, enfiando-se na biblioteca de livros ocultos do príncipe Pavel Dolgorukov, seu bisavô materno, que tinha sido iniciado na Maçonaria Rosacruz.

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Poucos sabem, mas H. P. Blavatsky era obesa, temperamental, fumante, caloteira, nunca teve uma profissão e vivia cercada de acusações de fraudes.

            Ela se casou em 1849, com a idade de dezessete anos, com Nikifor Blavatsky, vice-governador da província Erivan na Armênia, que tinha sessenta anos de idade na época das bodas, porém, abandonou o seu marido na lua de mel, por não ter afeição por ele. Ela então iniciou uma série de longas viagens pelo mundo afora. Descritos em seus relatos, os quais não foram, em grande parte, confirmados e com a cronologia conflitante, estas viagens a levaram à Europa, ao Oriente Médio, à América do Norte e, possivelmente, à Índia e ao Tibete, por um período de vinte e cinco anos. Estas longas viagens, extraordinárias para uma mulher naqueles tempos, registram sua incansável busca pelo contato com sábios e mestres ocultos.

            O início de suas viagens está no Oriente Médio. Inicialmente, ela viajou para a Turquia, para a Grécia e para o Egito. Às vezes ela viajou com Albert Rawson (1828-1902), um jovem explorador norte americano, autor e artista. Em 1850, eles estudaram com Paolos Metamon, um mago copta, no Cairo. No começo de 1851, ela foi para Londres pela França, e em agosto ela encontrou pela primeira vez com seu “Mestre”. Ele supostamente lhe informou que ela deveria se preparar para uma importante tarefa que lhe exigiria a permanência de três anos de preparação no Tibete. Suas subsequentes peregrinações pelos EUA (supostamente com Rawson de novo) e pela América Latina a conduziu à Índia em 1852, mas ela não conseguiu entrar no Tibete desta vez. Em 1854, ela estava novamente nos EUA, e daí viajou pela Índia, pela Caxemira, pela Birmânia (atual Myanmar) e partes do Tibete em 1856-7. No Natal de 1858, ela regressou para sua família na Rússia, ocasião quando ela exibiu sua habilidade de realizar fenômenos psíquicos (rappings, sons de sinos, locomoção de mobílias e telepatia). No início de 1868, em Florença, ela ouviu de seu “mestre” que ela deveria se juntar a ele em Constantinopla, e daí ela viajou por terra para o Tibete.

            Seu “mestre’, conhecido como Morya, foi dito residir perto do grande e importante mosteiro de Tashi Lhunpo, em Shigatse, no Tibete, a sede do Panchen Lama (o mais importante líder da seita Geluk-pa do Budismo Tibetano depois do Dalai Lama, ou seja, o segundo na hierarquia desta majoritária corrente tibetana). Neste local, Morya e outro “mestre”, Koot Hoomi, conduziam uma escola para adeptos ao lado do mosteiro. Estes “mestres” são compreendidos pelos teósofos como sendo avançados adeptos com poderes sobre-humanos que não eram sujeitos ao mosteiro, tampouco às suas regras, mas tinham completo acesso a sua biblioteca e aos seus recursos (Goodrick-Clarke, 2008: 213).

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Vista parcial do mosteiro Tashi Lhunpo, no Tibete, nos arredores do qual H. P. Blavatsky informou viverem os mestres Morya e Koot Hoomi, porém ninguém os conhecia.

Então, com base nestes detalhes é que aparece a primeira suspeita sobre a existência destes “mestres”. O gigantesco e importante mosteiro de Tashi Lhunpo é muito conhecido no Tibete (atualmente está aberto até para a visitação pública), no entanto, ninguém até agora, quer seja um monge, um lama, um explorador ou um visitante foi capaz de confirmar a existência destes “mestres” nos arredores daquele complexo, sobretudo os que viveram daquela época. Por exemplo, L. Austine Waddell, contemporâneo de H. P. Blavatsky, que visitou o Tibete muitas vezes (o seu livro foi publicado em 1895), que conviveu com os lamas, que aprendeu a língua tibetana e que visitou alguns mosteiros disse em seu livro Tibetan Buddhism (Budismo Tibetano): “Nem os lamas conhecem alguma coisa sobre estes médiuns – os Mahātmas (Koot Hoomi, etc.) – que os teósofos colocam no Tibete e atribuem um importante lugar no misticismo tibetano…” (Waddell, 1972: 129). Este autor informa mais adiante neste mesmo livro que o mosteiro de Tashi Lhunpo abrigava cerca de 3.800 monges naquela época (idem: 272), portanto é impossível que os monges e os lamas não conhecessem estes “mestres”, que frequentavam a biblioteca e as instalações do mosteiro, também que não conhecessem a tal escola para adeptos nos seus arredores. Daí que não é difícil então de ser levado a pensar que a permanência de H. P. Blavatsky no Tibete, para treinamento espiritual com os Mahātmas (Grandes Almas), é uma ficção (Murdoch, 1984: 07). Outro episódio fictício de sua vida pode ter sido o relato de que Blavatsky lutou, vestida com trajes masculinos, na batalha de Mentana, Itália (idem: 07)

H. P. Blavatsky relatou que foi aceita como uma discípula e recebeu os ensinamentos que tanto buscava. Ela foi introduzida na sagrada literatura do Budismo Tibetano, lhe foi mostrado os tesouros do mosteiro e, por fim, foi preparada para ser a missionária dos “mestres’ para o Ocidente. Ela supostamente permaneceu neste reduto dos Himalaias, preparando-se para a sua obra, do fim de 1868 até o fim de 1870. Em seguida, ela fundou uma sociedade para o estudo do espiritismo, La Société Spirite, no Cairo, no fim de 1871, a qual teve vida curta. Blavatsky era conhecida no Cairo por realizar fenômenos sobrenaturais, então Emma Cutting, quem depois do seu casamento seria conhecida como Emma Coulomb, delatora do intrincado e controvertido Caso Coulomb, foi visitá-la para conhecer os seus poderes extraordinários. Emma Coulomb relatou assim o seu encontro com H. P. Blavatsky no Cairo: “Eu encontrei um quarto cheio de pessoas, todas vivas, e usando a mais insultante linguagem contra a fundadora da Sociedade, dizendo que ela (Blavatsky) tinha pego o dinheiro delas e as tinha deixado somente com isso, apontando para o espaço entre a parede e o pano, onde diversas peças de barbante ainda estavam dependuradas, as quais seriam para puxar, através do teto, uma comprida luva estofada com algodão, a qual deveria representar a mão e o braço materializados de um espírito. Eu fui embora deixando a multidão tão vermelha (de raiva) quanto o fogo, pronta para nocauteá-la quando ela voltasse” (Coulomb, 1885: 04-5).

O surpreendente é que, mesmo depois de testemunhar este caso de fraude, Emma Coulomb voltou a procurar Madame Blavatsky no Cairo, se tornaram amigas e até emprestou dinheiro para ela, empréstimo que nunca foi pago por Blavatsky, um dos motivos que levou E. Coulomb a despejar uma avalanche de delações contra Blavatsky no futuro, quando era sua governanta em Madras (Chennai), Índia, no período de 1880 a 1884, tal como veremos mais adiante. Por outro lado, a escritora e teósofa Beatrice Hastings relatou uma versão diferente deste episódio em seu livro, em quatro volumes, em defesa de H. P. Blavatsky; “… na ausência de Madame Blavatsky, alguns médiuns, que ela tinha encarregado, organizaram uma sessão fraudulenta e foram surpreendidos, a Sociedade então chegou a um fim” (Hastings, 1937, vol. II: 07). J. Murdoch registrou que uma vez Blavatsky afirmou que o episódio do Cairo “poderia ser rasgado do livro da sua vida” (Murdoch, 1984: 07).

Para concluir, fora dos relatos no estilo hagiográfico por autores teosóficos e por admiradores, os quais projetavam nela a imagem de uma alta iniciada, escolhida pelos grandes Mestres para ser o canal de instrução para toda a humanidade, Helena P. Blavatsky era retratada, por outros contemporâneos, como sendo obesa, fumante compulsiva, sem graduação universitária, sem profissão (ela sempre sobreviveu da generosidade dos outros), temperamental, bem como os céticos e os seus opositores lhe acusavam da autoria de fenômenos fraudulentos. Por exemplo, a conhecida escritora e uma vez teósofa Mabel Collins, autora do famoso livro Luz no Caminho, quem co-editou a revista Lúcifer por mais de um ano com H. P. Blavatsky, uma vez proferiu a seguinte declaração sobre a fundadora da Sociedade Teosófica: “Ela me ensinou uma grande lição, eu aprendi com ela o tanto que os seres humanos, considerados como um todo, são idiotas, crédulos e facilmente iludidos com esperanças infundadas. Seu desprezo pelo semelhante era na mesma escala gigantesca que tudo mais sobre ela, exceto seus dedos agudos maravilhosamente delicados. Em tudo mais, ela foi uma grande mulher; ela tinha um grande poder sobre os fracos e sobre os crédulos, uma grande capacidade de fazer o preto parecer branco, uma larga cintura, um apetite voraz, uma paixão pelo cigarro, um incansável e insaciável ódio por aqueles que ela imaginava serem os seus inimigos, um grande desprezo pelo decoro, um péssimo temperamento, um grande domínio da linguagem suja e um grande desprezo pela inteligência de seus companheiros de uma maneira que eu nunca imaginei ser possível estar presente em uma única pessoa” (Mann, 1919: 94). Outro escritor, V. S. Solovioff, registrou a seguinte opinião sobre Blavastky: “Sua principal força e o segredo do seu sucesso está no seu extraordinário cinismo e desprezo pela humanidade, um cinismo que ela usava para encobrir como uma regra com grande habilidade, mas que ainda explodia irresistivelmente às vezes. ‘Quanto mais simples e mais grosseiro o fenômeno’, ela em seguida me admitiu, ‘mais provável de ser bem sucedido. A vasta maioria das pessoas, que é reconhecida como esperta, é idiota sem esperança…” (idem: 94).

A Fundação da Sociedade Teosófica

            A vida pública mais bem documentada de Blavatsky começou com sua chegada nos EUA em 1873. Ela iniciou sua carreira esotérica no movimento espírita, o qual era extremamente difundido naquele país. No outono de 1874, ela encontrou seu futuro co-fundador da Sociedade Teósofica, coronel Henry Steel Olcott (1832-1907), um militar e advogado, com grande interesse no Espiritismo, na fazenda Eddy, em Chittenden, Vermont, EUA, onde ele estava escrevendo para jornais de Nova York sobre sessões que materializavam espíritos. Blavatsky publicou artigos sobre Espiritismo e se tornou ativamente envolvida no movimento espírita, se comunicando com um espírito chamado “John King” e defendendo publicamente os médiuns desacreditados. Ela pensava que o Espiritismo era um útil contraponto inicial para o materialismo.

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Os fundadores da Sociedade Teosófica: Helena P. Blavatsky e o coronel Henry S. Olcott

           A Sociedade Teosófica foi fundada na cidade de Nova York em 1875, por dezesseis indivíduos que tinham fortes interesses no Espiritismo e no Ocultismo. Os fundadores foram Helena P. Blavatsky e o coronel Henry S. Olcott, este último seu primeiro presidente. J. Murdoch aponta que a principal característica de H. S. Olcott era a sua “voraz credulidade” (Murdoch, 1894: 05) e que uma vez Blavatsky se referiu a ele como um “bebê crescido, que não sabia diferenciar a sua cabeça dos seus calcanhares” (idem: 09). Coronel Olcott escreveu um fantasioso livro, com base em suas experiências com o Espiritismo, denominado People from the Other World (Pessoas do Outro Mundo), publicado em 1875, cujo delírio especulativo chega ao ponto de até investigar o peso e o tamanho dos espíritos. Por exemplo, segundo ele, o espírito de Honto, após quatro pesagens, alcançou o peso médio de 67,5 libras (30,6kg), enquanto que o espírito de Katie Brine, após três pesagens, resultou no peso médio de 62 libras (28,1kg). Quanto ao tamanho, o espírito de Honto mediu 5 pés e 5 polegadas (1,65m), enquanto que o espírito de Havana mediu de 4 pés e 10,5 polegadas (1,48m) a 4 pés e 8 polegadas (1,42m). Já o tamanho do espírito de Mrs Compton era de 5 pés e 4 polegadas, ou seja, 1,62m (ver: Olcott, 1875: 487).

            O apartamento de Blavatsky na 46 Irving Place, em Nova York, tornou-se o ponto de encontro de pessoas interessadas no Ocultismo. Entretanto, foi durante esta época que Blavatsky começou a diminuir a sua atenção pelo Espiritismo e passou a dirigir seu interesse para as religiões orientais (Budismo e Hinduísmo) e para as tradições esotéricas do Ocidente (Cabala, Rosacruz, Maçonaria, etc.). Em função deste forte interesse pelas tradições orientais, bem como pela repetida proclamação de Blavatsky de que a fonte da sabedoria espiritual se localizava no Oriente, a sede da Sociedade, em março de 1879, se transferiu para Bombaim (atual Mumbai), permanecendo lá até o final de 1882, ocasião em que foi então transferida para Madras (atual Chennai), onde permanece até hoje, em uma imensa área no bairro de Adyar (naquela época um subúrbio da cidade), com suas gigantescas instalações.

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Vista parcial da sede mundial da Sociedade Teosófica em Chennai (antiga Madras), Índia.

         Apesar da doutrina teosófica ser formada de uma miscelânea de ideias conservadoras reunidas de diversas religiões e tradições esotéricas, cuja consolidação acontece em razão do conservadorismo e do apego ao passado, ela se diferenciou por uma novidade diante das outras culturas religiosas até então, qual seja, a da introdução do conceito de evolução. Tanto da ideia de evolução espiritual do indivíduo, como da evolução das raças, bem como da evolução dos mundos e dos continentes. A ideia da evolução era emergente na época, século XIX...

Continua...

sábado, 16 de janeiro de 2021

LITURGIAS - 1

Esta nova série mostrará as diversas liturgias principais de várias denominações cristãs segundo a visão de seus próprios praticantes, comecando pelas mais antigas e ou mais ortodoxas, mas não seguindo exatamente uma ordem hierárquica quanto a esses critérios, veremos exemplos de liturgias das comunidades ortodoxas, católicas, primitivas (ou "primitivistas") e protestantes...

A Liturgia da Igreja Ortodoxa

A Santa Eucaristia - Monastério Ortodoxo de Valaam  Catedral da Transfiguração

Eu, porém, pela tua grande misericórdia
entrarei na Tua casa;
prostar-me-ei com temor no teu Santo Templo. (Sl 5,8)

Eu os conduzirei ao Monte Santo
e os encherei de alegria em minha casa de oração.

Seus holocaustos e sacrifícios subirão agradáveis ao meu Altar,
porque o Meu Templo será chamado
Casa de Oração para todos os povos. (Is 57,6)

Introdução


Igreja Ortodoxa adora a Deus com o mesmo espírito com o qual ele é adorado no Céu (segundo as revelações presentes em Isaías, Ezequiel e no Apocalipse). Isso supõe a utilização de elementos externos como o incenso, as velas, as vestes litúrgicas, as prostrações, do momento em que adorar a Deus na terra comporta uma experiência que envolve também o corpo. A Igreja venera a cruz, os evangelhos, as imagens de Cristo e, por extensão, todos os ícones dos santos. Prestando-lhes homenagem, o fiel se volta ao Protótipo por ele representado (Cristo).

Todo ato litúrgico da Igreja Ortodoxa não é, absolutamente, vivido como uma ostentação triunfalística, pois os sinais servem para convidar o fiel a voltar o próprio olhar sobre si e não para fora de si. A Liturgia não quer atingir a imaginação nem seu fim é doutrinar e submeter os fiéis ao poder de outros homens que decidam por eles. A Igreja e a Liturgia outra coisa não são do que um ambiente no qual saímos de nós fisicamente e espiritualmente para conseguir sempre mais e sempre melhor voltar o próprio olhar em si mesmo, lugar no qual Deus se revela. Para tal fim, é indispensável abrir os olhos do coração, isto é, da própria interioridade.

O primeiro exercício que o fiel deve cumprir é o de afastar-se dos pensamentos e das fantasias da vida mundana, fazer um profundo silêncio sobre si. Somente assim os sinais e os símbolos litúrgicos começam a interpelar e a interagir com a interioridade do homem.

A Liturgia, com os seus gestos e palavras, entra, envolve e “prende” o cristão de dentro para fora. O resultado é aquele de sentir de maneira clara e sensível a intervenção de algo novo, de uma força anteriormente desconhecida. Tal força, que se faz sentir claramente em quem começa a abrir os olhos diante deste tipo de experiência, tradicionalmente é chamado pela Igreja com o termo “Graça”. É somente assim que a Igreja, em lugar de ser transformada pelo mundo, transforma o mundo e, através do culto prestado a Deus, confessa aquilo que crê e que vive, terminando por irradiar uma realidade que não é humana (“Eu vos dou a paz, minha paz eu vos dou. Não como o mundo a dá, eu a dou para vós...” Jo 14,27).

Naturalmente, sendo como uma reunião, a Liturgia exige empenho. As palavras cantadas devem, tornar-se mentalidade e vida de quem as canta e isso pode perturbar o cansado e ignorante cristão moderno.

Outro elemento que particularmente perturba o homem de hoje é o tempo dedicado ao culto. No Ocidente, uma Missa dominical que supere meia hora traz cansaço. No Cristianismo Ortodoxo, a Divina Liturgia (a Santa Missa) dura ao menos uma hora e meia. Se ainda é precedida de algum outro ofício, dura duas horas e meia. Dá-se o caso em que diversos ofícios com a Divina Liturgia durem também 12-13 horas, tendo início à tarde e terminando na manhã seguinte. Neste caso, estamos diante das assim chamadas “Vigílias”ou “Agripnie”. Experiências deste tipo mostram a extrema relatividade do tempo e fazem entrar num outro tipo de dimensão onde Liturgia e vida coincidem. Tudo isso nada mais é do que uma antecipação daquilo que será o Paraíso no qual não existirá o tempo, mas um eterno presente.

Contudo, o tempo litúrgico é um elemento que o cristão ortodoxo vive de modo profundamente diverso em comparação com o cristão ocidental. Enquanto que no Ocidente o cristão é “obrigado” a permanecer firme em seu posto, a estar atento, a não sair da igreja antes do tempo, no Oriente o cristão se aproxima da Liturgia com o espírito com que o sedento se aproxima da fonte. Quanto maior a sede, maior sua vontade de beber. E a fonte não pára de jorrar água, estando ali para isso.

Estás cansado? Ninguém te obriga a permanecer (na Ortodoxia não existe o preceito festivo, ou seja, a obrigação de ir a Missa no domingo). Estás com sono? Por um momento, dorme! (Às vezes os visitantes não ortodoxos ficam um pouco desconcertados quando vêm algum monge dormindo na igreja durante os longos ofícios matutinos).

A Liturgia é como uma nave na qual tu estás viajando. Quer durmas, quer estejas vigiando, a nave continua navegando. A Liturgia é como o alimento que a criança prende quando está no ventre da mãe (a Igreja). O fato de que ele esteja aparentemente sem fazer nada não significa que ele não cresça. Como a criança no ventre materno, assim o cristão. Isso permite, também hoje, a conservação dos tempos de celebração que o Ocidente tinha há muito tempo atrás. Evidentemente, com isso, o fiel não é convidado ao desempenho, pois mesmo quando repousa, o faz para recomeçar a trabalhar com maior zelo. O tempo é dado exatamente para trabalhar a si mesmo e para crescer, não para distrair-se infinitamente como crianças num parque de diversões.

Contudo, é totalmente estranho ao espírito ortodoxo uma participação que envolva os crentes estética, sentimental ou intelectualmente. A Igreja não é um teatro ou um espetáculo televisivo! Muito menos é uma cátedra universitária. Os homens entram na igreja para serem ontologicamente transformados e curados, não para permanecer o que eram antes de entrar com alguma consolação sentimental a mais! É também completamente estranho ao espírito ortodoxo viver a Liturgia como se fosse um diálogo entre o padre e os fiéis, ou como se fosse um momento em que se possa ministrar a catequese. A Liturgia é o lugar onde fala a força de Deus, não onde se demonstra a razão dos homens, por mais justa que possa parecer.

Hoje como ontem, a Liturgia da Igreja Ortodoxa oferece, a quem o deseja, uma perspectiva diversa na qual se espelha e se reflete misticamente a inefável presença de Deus, único horizonte de esperança num mundo enlouquecido sempre mais à procura de sentido. A beleza litúrgica como revelação de Deus e oferta do homem.

A Liturgia da Igreja Ortodoxa é um ícone completo da Liturgia Celeste, uma imagem da eternidade. Cada elemento seu é utilizado para revelar ao coração do homem a beleza do Reino de Deus. Quer na língua grega, quer na hebraica, o termo “belo” significa também bom. A verdade de Deus é também uma beleza: uma beleza que atrai o coração do homem. Para poder compreendê-la, o homem deve adquirir aquele espírito de criança do qual nos fala Cristo. Este espírito não é a ingenuidade ou a afetação, mas aquela possibilidade insubstituível de maravilhar-se, através da qual Deus se deixa descobrir no mais profundo de nós mesmos. Somente os corações puros, simples e humildes diante de Deus podem captar a beleza na qual Ele nos mostra sua Face, no radiante esplendor de seu amor. O ensinamento das iconografias, a riqueza dos textos litúrgicos, como o conjunto daquilo que se pode definir a “estética” litúrgica, não se orientam unicamente para a razão; antes de tudo, falam ao coração do homem. Portanto, a Liturgia é feira para envolver o homem, nutri-lo, iluminá-lo.

O fiel que participa da oração da Igreja não o faz para concentrar-se intelectualmente num ensinamento codificado, mas para impregnar-se da beleza da Liturgia, mergulhar em sua atmosfera, nutrir sua alma, o coração e o espírito. Repetimos: é preciso entrar na Liturgia como uma criança que saboreia com surpresa as maravilhas do mundo, o que comporta uma atitude pacífica, ao mesmo tempo distendida e concentrada. É por isso que os ofícios litúrgicos – às vezes muito longos – não são vividos nos termos de obrigação, mas como uma vida na vida onde o tempo pára, numa pregustação do Reino futuro no qual é importante uma certa ascese para permanecer em pé e atentos.

Na Liturgia, a beleza não é somente um ícone da glória de Deus porque foi dedicada a Deus. Por “dedicada” deve-se entender literalmente “oferta a Deus como oferta sacrifical”. No seio da Liturgia o homem é chamado a render a Deus tudo aquilo que faz parte de sua vida, tudo o que a torna preciosa, tudo quanto constitui um dom de Deus e o transforma em ação de graças.

Ora, o sentido do belo é certamente o sinal mais profundo da imagem divina no homem. Manifestando a beleza litúrgica em todos os seus aspectos, o homem não oferece a Deus apenas os talentos que Ele lhe deu para multiplicar, mas realiza também aquela capacidade inestimável de poder maravilhar-se diante da beleza plasmada pelo homem para ser ícone de Deus.

Fonte:

Traduzido do Italiano para ecclesia por: Pe. José Artulino Besen - ITESC/Florianópolis - SC

http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/liturgia/a_liturgia_da_igreja_ortodoxa.html

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Cristãos Perseguidos - 2

 Parece a mesma notícia, mas não é. São os dados de 2020 já, e os casos aumentaram enormemente...

Cerca de 340 milhões de cristãos perseguidos no mundo em 2020

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Cerca de 340 milhões de cristãos foram "fortemente perseguidos" no mundo em 2020, um fenômeno em constante crescimento e que foi agravado pela pandemia de coronavírus, de acordo com um relatório da ONG Portas Abertas, publicado nesta quarta-feira (13).

"As minorias cristãs perseguidas enfrentaram violência sem precedentes e aumento da discriminação. A covid-19 ampliou as tendências que temos constatado há vários anos", escreve a ONG protestante ao apresentar sua lista anual de 50 países onde os cristãos estão no centro da mira.

Cerca de 340 milhões de cristãos - católicos, ortodoxos, protestantes, batistas, evangélicos, pentecostais... - foram "fortemente perseguidos", contra 260 milhões em 2019, denuncia a ONG, que registra os ataques, de "discreta opressão diária" à "violência mais extrema".

"Isso representa 1 cristão em cada 6 na África e 2 em cada 5 na Ásia", destaca Patrick Victor, diretor da Portas Abertas França, que garante que os números estão "abaixo da realidade".

As causas desta perseguição extrema ou muito forte na África Subsaariana, no Sul da Ásia e no Oriente Médio estão ligadas ao "nacionalismo religioso", particularmente na Ásia, e ao "extremismo islâmico que está se espalhando" na África.

O número de cristãos mortos aumentou 60%, passando de 2.983 para 4.761. "Mais de 90% na África Subsaariana", explica Victor.

Pelo sexto ano consecutivo, a Nigéria lidera "os países onde mais pessoas foram mortas por sua fé" (3.530 mortos), à frente da República Democrática do Congo (460) e do Paquistão (307).

Em contrapartida, a ONG observa que o número de igrejas atacadas (fechamentos, ataques, danos, incêndios) reduziu pela metade (4.488) em comparação com 2019.

A China lidera esta lista com 3.088 igrejas atacadas (contra 5.576 em 2019), à frente da Nigéria.

"Na China, assim como na Índia, a perseguição aos cristãos é sistemática e até sistêmica", diz Victor.

O número de cristãos detidos por sua fé aumentou para 4.277, contra 3.711 em 2019, com cerca de metade na Eritreia (1.030) e na China (1.010).

Se levados em conta todos os tipos de perseguição, a Coreia do Norte, onde "a fé em Deus é um crime contra o regime", segundo a ONG, lidera o ranking mundial, seguida pelo Afeganistão, Somália, Líbia, Paquistão e Eritreia.

"Não há motivos estritamente religiosos por trás das perseguições. Elas podem estar relacionadas ao nacionalismo religioso, como na Índia ou na Turquia, ou ao controle do Estado, como na China, ou ao crime organizado e cartéis de drogas como na Colômbia e México", resume a associação.

https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2021/01/13/interna_internacional,1228581/cerca-de-340-milhoes-de-cristaos-perseguidos-no-mundo-em-2020.shtml


segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Cristãos Perseguidos - priemira parte

A presente mostra a perseguição aos cristãos que segue por todo o mundo, nunca parou, mas que tem aumentado muito nos últimos anos...

Mais de 250 milhões de cristãos foram perseguidos no mundo em 2019

postado em 15/01/2020 11:26 por:
Mulher cristã sudanesa reza durante um culto de domingo na Catedral de Todos os Santos, no centro de Cartum.

Perseguição

Cerca de 260 milhões de cristãos foram "severamente perseguidos" em todo mundo em 2019, um número crescente, (...). ...dados de 50 países onde os cristãos são mais perseguidos. O período avaliado vai de novembro de 2018 a outubro de 2019.

No total, 260 milhões de cristãos - católicos, ortodoxos, protestantes, batistas, evangélicos, pentecostais - foram "severamente perseguidos", contra 245 milhões em 2018, segundo a organização.

Por "perseguição", a ONG entende toda e qualquer violência, que pode chegar ao assassinato, começando por uma opressão diária mais discreta.

"Este aumento pode ser explicado, em particular, pela deterioração da situação da liberdade religiosa na China em nível nacional, afetando cada vez mais regiões, e pela implantação do jihadismo na África", escreve a ONG.

Morte

O número de cristãos mortos caiu de 4.305 para 2.983, uma diminuição de 31% em relação ao ano anterior.

"Por três anos esse número continuou aumentando", de acordo com a Open Doors, que explica essa diminuição pela "queda do número (conhecido) de cristãos mortos na Nigéria".

No entanto, a Nigéria permanece no topo dos países com o maior número de cristãos mortos por sua fé, com 1.350 mortos.

Ataques a locais e pessoas

Além disso, em um ano, o número de igrejas atingidas (fechadas, atacadas, danificadas, ou queimadas) aumentou cinco vezes em todo mundo, de 1.847 para 9.488, enquanto o número de cristãos detidos subiu de 3.150 para 3.711.

Perseguição política, religiosa, ideológica...

Com todos os tipos de perseguições combinados, a Coreia do Norte está novamente no topo deste ranking anual.

"O controle totalitário do regime sobre cada indivíduo faz de sua fé em Deus um crime contra o regime, motivo suficiente para terminar sua vida em um campo de trabalhos forçados", relata a ONG.

Na sequência, aparecem Afeganistão, Somália, Líbia, Paquistão, Eritreia, Sudão, Iêmen, Irã e Índia.

Parceira da Open Doors International (que opera em 60 países), a Open Doors diz que seus números, que incluem apenas os assassinatos "comprovados com certeza", estão "abaixo da realidade".

Essa associação, que "fornece apoio espiritual, moral e humanitário" aos cristãos perseguidos, existe na França desde 1976.

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