Quando iniciei meu trabalho em cosmologia e apresentei partes dele a alguns acadêmicos, tive de alguns muita empolgação e elogios e de outros críticas e desprezo. Para parte destes últimos meu trabalho seria alvo de muita rejeição, pois nada daquilo havia sido apresentado antes no meio científico (acadêmico) e para outros se parecia mais com idéias espiritualistas, esotéricas, de psicologia ou filosofia fenomenológica. Claro que compararam o que leram ao conhecimento que tinham em suas memórias, e no primeiro caso demonstraram o total desconhecimento dos trabalhos que vinham sendo discutidos e apresentados (um chegando a ganhar prêmio Nobel como já apresentei aqui), o mal é que eu também desconhecia tais trabalhos, então não pude contradizê-los. Por outro lado quando cientistas vão investigar algo que seja tema das religiões ou da metafísica sempre são mal vistos por grande parte dos cientistas acadêmicos, por ter como objeto de estudo algo imponderável ou qualquer outro rótulo que lhe queiram dar para evitar pensar sobre sobre o assunto. Já dessa segunda crítica sempre soube me defender apresentando os meios científicos através dos quais tais fenômenos poderiam ser ponderados, evidenciados, calculados, postos sob provas e testes experimentais. Mas minha resposta sempre lhes pareceu talvez áspera demais, pois expunha sua ignorância e sua pouca inteligência ou competência em poder fazer isso quando na verdade já também desejaram fazer e não conseguiram ou cederam ao desencorajamento, o qual agora tentavam passar para mim.
A parte mais aparentemente metafísica do meu trabalho é sem dúvida à que se refere à consciência e o que são os objetos da consciência, e no meu trabalho toda e qualquer coisa e fenômeno é antes de tudo apresentado como objeto ou conteúdo da consciência, daí talvez a dificuldade de entender ou aceitar, algo tão simples, tão comprovado e impossível de ser refutado, que nenhum deles se deu conta antes. E dentro desse aspecto, aparentemente metafísico, de minha pesquisa, o caráter mais difícil de compreender talvez seja como essa consciência sobrevive à morte do corpo (na verdade não não morre, nem nasce).
Robert Lanza já havia pensado e escrito sobre isso e eu cheguei a conclusões bem parecidas com a dele. Na verdade, muitas pessoas pelo mundo parecem ter pensado a mesma coisa ao mesmo tempo, explicando cada um à sua maneira, o que não comprova, mas indica, que a consciência não está totalmente isolada ou presa ao corpo ou cérebro do pensador mesmo quando este corpo está vivo. Eu evitei ler sobre tudo isso para que minha ideia inicial não fosse influenciada por nenhuma outra e desviasse do rumo a que, mas é muito interesse que partindo de pontos completamente diferentes sempre se chega às mesmas conclusões (ou conclusões muito parecidas outras vezes). Minha pesquisa parte da origem do universo, passando pela teoria big-bang e da formação dos sois e sistemas solares, e da matéria como conhecemos, que coincide mais com a linha de Michael Heller, mas chega também a conclusões como a de Lanza. Apesar de minha formação em biologia e dos estudos de psicologia, deixei de lado totalmente essa influência por acreditar desnecessária para chegar à conclusões bem mais simples e observáveis em sua maioria. Já Lanza partiu justamente dessas duas e chegou a conclusões praticamente iguais. Por meios diferentes alguns pesquisadores têm descoberto evidências e até mesmo provas do que foi antes tabu e excluído do campo de estudo das ciências, como vida após a morte do corpo, Deus, saída da consciência do corpo, comunicação mente a mente, e que venham outras.
Biocentrismo, Robert Lanza (2009)
extremamente improvável. No entanto, uma parcela de cientistas, recentemente, procuram se apoiar em conceitos da física quântica, para demonstrar uma possível existência da vida após a morte biológica. Na lista se encontra Robert Lanza, médico e fundador do Biocentrismo, que coloca a consciência como fundamental e criadora do universo – ao contrário da idéia clássica, onde o universo cria a vida.
Para Robert Lanza, a ciência tem evidências da existência da alma – ela seria uma parte da nossa mente. Formação e Recepção Científica Lanza, pelo menos antes de lançar a sua teoria apelidada de Biocentrismo (2007), participou de diversas pesquisas da abordagem tradicional da ciência, incluindo pesquisas em Psicologia, da linha behaviorista (juntamente com Skinner), com diversos artigos publicados na Science, uma das principais revistas da ciência tradicional. Além da Psicologia, Lanza realizou pesquisas na área da Biologia, de células-tronco, com o intuito de curar certos tipos de cegueira. No entanto, em 2007, o cientista propôs a ideia de Biocentrismo na revista literária The American Scholar e, em 2009, publica oficialmente o livro “Biocentrismo: como a vida e a
consciência são a chave para compreendermos a verdadeira natureza do universo” (tradução livre).
A recepção negativa da comunidade científica com as suas idéias não foi consensual. O médico Nobel, já falecido (2012), Edward Donnall Thomas, fez uma declaração positiva para a Revista Forbes, em 2007. Outros cientistas, como o físico Lawrence Krauss, alegaram que a ideia, filosoficamente falando, pode ser “interessante”, mas “não é testável cientificamente” (Wikipedia, 2013). Alguns, de forma mais negativa, como Dr. Vinod Wadhawan, acusaram Lanza de pseudocientista e de aproveitador, por fazer uma parceria com o médico Deepak Chopra, com o simples intuito de alavancar su as vendas.
Apesar das críticas, vamos conhecer melhor a teoria de Robert Lanza. Se ela provocou e ainda provocará uma revolução científica, já pode-se afirmar que, no mínimo, trouxe uma discussão nos meios científicos sobre um assunto tão polêmico e tabu, que é a morte.
Biocentrismo e Vida Após a “Morte”
O Biocentrismo, definido por Lanza, defende que o universo provém da consciência e, sem ela, ele não poderia existir. Para sustentar esta idéia, o Biocentrismo se apóia no experimento da dupla fenda, onde o elétron é determinado como partícula, pelo fato de medi-lo, uma vez que o elétron se comporta como ondas de possibilidades, até o momento em que se procura saber a sua localização exata. Tal experimento deu origem ao enunciado, da mecânica quântica, chamado de Princípio da Incerteza, onde as nossas observações provocariam algum efeito, no mundo atômico. Além da dupla fenda, Lanza afirma que o Biocentrismo é semelhante à ideia de múltiplos universos, evocando a noção de que é possível a existência da consciência em “outros mundos”, uma vez que haveria um número infindável de universos, que existem simultaneamente ao nosso. Segundo o cientista, a morte seria um ilusão criada pela nossa mente, pois, a vida, para Robert,transcende a linearidade a qual estamos acostumados em observá-la. Segundo ele, a morte é uma crença, assim o tempo e o espaço não existiriam de fato, objetivamente, mas seriam apenas ferramentas da nossa mente, para a compreensão do universo.
O Princípio Antrópico Cosmológico também é base para o Biocentrismo de Lanza, ou seja, a nossa existência não surge ao acaso, pelo contrário, é proposital. A vida e a biologia, por sua vez, criariam a realidade, sem a noção linear e limitante que costumamos assumir. Ainda, de acordo com o médico, a morte apenas existe como conceito, ensinado pelas gerações, e, portanto, não pode “existir em qualquer sentido real”, em contraposição, a vida seria apenas um fragmento de tempo – este, por sua vez, daria simplesmente um “reboot” quando morremos, fisicamente, a novas possibilidades. A vida, portanto, não se trata de um tempo, passado, presente e futuro – aqui, sem a nossa consciência, espaço e tempo não tem valor algum, desta forma, quando morremos, a nossa mente não poderia deixar de existir, pois ela faria parte do universo, assim uma parte da mente poderia ser imortal.
Os Sete Princípios: A teoria do Biocentrismo se baseia em 7 princípios:
1. O espaço e o tempo não são realidades absolutas, portanto, a realidade “externa” seria um processo de percepção e de criação da consciência.
2. As nossas percepções externas e internas estão ligadas, de forma profunda, não podendo se divorciar uma da outra.
3. O comportamento das partículas subatômicas está ligado com a presença de um observador consciente.
Sem esta presença, as partículas existem, no melhor dos casos, em um estado indeterminado de
probabilidade de onda.
4. Sem consciência a matéria permanece em um estado indeterminado de probabilidade. A consciência precede o universo.
5. A vida cria o universo, e não o contrário, como estabelecido pela ciência tradicional.
6. O tempo não tem real existência fora da percepção humana.
7. O espaço, assim como o tempo, não é um objeto. O espaço é uma forma de compreensão e não existe por conta própria.
Revolução Científica
cientificamente. O Biocentrismo é uma teoria que vem acompanhada de outras concepções, desenvolvidas por outros cientistas, como Stuart Hameroff, Roger Penrose e Amit Goswami, que, apesar de serem rejeitadas por boa parte do mainstream científico, representam algo que poderia ser impensável ou inadmissível por algumas pessoas: cientistas de renome que acreditam na vida após a morte.
Referências
LANZA, Robert; BERMAN, Bob. Biocentrism: How life and consciousness are the keys to understandingthe true nature of the universe. Benbella Books, 2009.
Fonte: http://www.esalq.usp.br/lepse/imgs/conteudo_thumb/Biocentrismo.pdf
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