terça-feira, 10 de outubro de 2017

OS EVANGELHOS E SUA DATAÇÃO

OS EVANGELHOS E SUA DATAÇÃO
A datação dos evangelhos é tão controversa quanto sua autoria e composição. Isso
porque os evangelhos não foram datados por seus autores. Foram recebendo suas datas de
acordo com os pressupostos de cada estudioso. Se certo grupo de eruditos tende a não
considerar o Novo Testamento como documento fidedigno, está propenso a datar tais
documentos muito mais tarde do que seus colegas conservadores. Os críticos dos séculos 18
e 20 chegaram a aventar datas extremamente tardias para os evangelhos, como, por
exemplo, meados do século 2º d.C.
Geralmente, os especialistas, sejam conservadores ou liberais, costumam datar os
livros do Novo Testamento de acordo com algumas situações internas e externas ao texto. As situações internas seriam passagens que se referem a certos fatos históricos, como, por
exemplo, a destruição de Jerusalém. Um outro critério é levar em conta a comparação de
evangelho para evangelho. Por exemplo, se Marcos foi o primeiro evangelho escrito e os
estudiosos colocam sua data em 55 d.C., conseqüentemente Mateus, que possivelmente
derivou seu evangelho de Marcos, poderia perfeitamente ter tido tempo suficiente para
escrever seu evangelho bem antes de 70.
Citaremos, agora, a opinião de alguns estudiosos conservadores quanto às datas dos
evangelhos. O já citado erudito F. F. Bruce fornece uma datação bem recuada aos
evangelhos. Diz ele: “De minha parte, estaria inclinado a atribuir aos três evangelhos data
anterior: Marcos teria escrito pouco depois de 60, Lucas entre 60 e 70, Mateus não muito
depois de 70”.
Outros, ainda, vão mais longe numa data bem mais recuada, como, por exemplo, o
renomado arqueólogo Albright, que situou não só os evangelhos, mas todos os livros do
Novo Testamento, entre 40 e 80 d.C. John A.T. Robinson, um dos maiores eruditos em grego
do Novo Testamento, apesar de ter sido um crítico liberal, também foi forçado pelas
evidências a datar todos os livros do Novo Testamento antes de 70 d.C. Quanto a isso,
William Craig comenta: “Todos os estudiosos do Novo Testamento estão de acordo que os
evangelhos foram redigidos e desenvolvidos na época da primeira geração, durante a vida
das testemunhas oculares. De fato, um novo movimento significante da ciência bíblica
defende eficazmente que alguns dos evangelhos foram escritos em 50 d.C.”.
Dos documentos antigos do Novo Testamento que existem ainda hoje, um dos mais
remotos é o papiro Rylands 457, que contém alguns versículos do capítulo 18 do evangelho
de João, datado do início do século 2o d.C. Esse papiro faz que o manuscrito saído das
mãos do autor, conhecido como autógrafo, seja datado de pelo menos fins do século 1º.
Outro papiro, conhecido como P75, também datado do século 2o, contém grande parte dos
evangelhos de João e Lucas. O fragmento considerado mais antigo do Novo Testamento era
um papiro encontrado nas grutas do Mar Morto (Qunrã), datado de 70 d.C., contendo
algumas palavras de duas linhas do evangelho de Marcos. Entretanto, alguns estudiosos
concluíram que um fragmento do evangelho de Mateus (Papiro de Magdalen, datado em 608 d.C.) antecede os três papiros mencionados. Também estudiosos como Reicke sugere para Mateus a data de 50—64 d.C. Já B. Orchard e H. Hiley acham que este evangelho é de cerca de 43. d.C.
A despeito de tudo o que foi tratado sobre a datação dos evangelhos, acreditamos que
há uma razão fortíssima para crermos que foram escritos até a década de 70 do século 1o. E
o que nos leva a aceitar essa possibilidade é o fato de que a destruição de Jerusalém e do
templo é profetizada repetidamente pelos evangelistas, mas o Novo Testamento jamais diz
que essa profecia se cumpriu. A cidade e o templo foram destruídos no ano 70, pelo general
romano Tito. Logo, temos fortes razões para acreditar numa data bem recuada para os
evangelhos.

Fonte: Apologética do Novo Testamento - Universidade da Bíblia ® www.universidadedabiblia.com.br








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