segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Jesus é Deus? (parte 1)


Você já encontrou uma pessoa que é o centro das atenções onde quer que vá? Alguma característica misteriosa e indefinível o distingue de todas as outras pessoas. Pois foi isso que aconteceu dois mil anos atrás com Jesus Cristo. Porém não foi simplesmente a personalidade de Jesus que cativou aqueles que o ouviam. Aqueles que puderem ouvir suas palavras e observar sua vida nos dizem que existia algo em Jesus de Nazaré que era diferente de todas as outras pessoas.

A única credencial de Jesus era ele mesmo. Ele nunca escreveu um livro, comandou um exército, ocupou um cargo político ou teve uma propriedade. Normalmente ele viajava se afastando somente alguns quilômetros do seu vilarejo, atraindo multidões impressionadas com suas palavras provocativas e seus feitos impressionantes.

Ainda assim, a magnitude de Jesus era óbvia para todos aqueles que o viram e ouviram. E enquanto a maioria das grandes personalidades históricas desaparece nos livros, Jesus ainda é o foco de milhares de livros e controvérsias sem paralelos na mídia. Grande parte dessas controvérsias envolvem as afirmações radicais que Jesus fez sobre si mesmo, afirmações que espantaram tanto seus seguidores quanto seus adversários.

Foram principalmente as afirmações únicas de Jesus que fizeram com que ele fosse considerado uma ameaça pelas autoridades romanas e pela hierarquia judaica. Embora fosse um estranho sem credenciais ou força política, em apenas três anos Jesus foi capaz de mudar a história dos mais de 20 séculos seguintes. Outros líderes morais e religiosos influenciaram a história, mas não como o filho de um carpinteiro desconhecido de Nazaré.

Qual era a diferença de Jesus Cristo? Ele era apenas um homem de grande valor ou era algo mais?

Essas perguntas nos levam ao cerne do que Jesus realmente era. Alguns acreditam que ele era simplesmente um grande professor de moral, já outros pensam que ele foi simplesmente o líder da maior religião do mundo. Porém muitos acreditam em algo muito maior. Os cristãos acreditam que Deus nos visitou em forma humana, e acreditam que há evidências que provam isso.

Após analisar com cuidado a vida e as palavras de Jesus, C.S. Lewis, antigo cético e professor de Cambridge, chegou a uma espantosa conclusão, que alterou o rumo de sua vida. Então quem é Jesus de verdade? Muitos dirão que Jesus foi um grande professor de moral. Ao analisarmos mais cuidadosamente a história do homem que causa mais controvérsias em todo o mundo, primeiramente devemos perguntar: será que Jesus foi simplesmente um grande professor de moral?

Jesus é Deus?
Grande professor de moral?
Mesmo os membros de outras religiões acreditam que Jesus foi um grande professor de moral. O líder indiano Mahatma Gandhi falava muito bem sobre a integridade e as palavras sábias de Jesus.

Da mesma forma, o estudioso judeu Joseph Klausner escreveu, “Admite-se mundialmente… que Cristo ensinou a ética mais pura e sublime… que joga nas sombras os preceitos e as máximas morais dos mais sábios homens da antiguidade.”

O Sermão do Monte de Jesus foi considerado o maior de todos os ensinamentos sobre ética humana já feito por uma pessoa. De fato, muito do que conhecemos atualmente como “direitos iguais” é resultado dos ensinamentos de Jesus. O historicista Will Durant, que não é cristão, disse a respeito de Jesus: “Ele viveu e lutou persistentemente por ‘direitos iguais’, e nos tempos modernos teria sido mandado para a Sibéria. ‘O maior dentre vós será vosso servo’ é a inversão de toda a sabedoria política, de toda a sanidade.”

Muitos, como Gandhi, tentaram separar os ensinamentos de Jesus sobre ética de suas afirmações a respeito de si mesmo, acreditando que ele era simplesmente um grande homem que ensinava grandes princípios morais. Essa foi a abordagem de um dos Pais Fundadores dos Estados Unidos, o presidente Thomas Jefferson, que editou uma cópia do Novo Testamento retirando as partes que considerava que se referiam à divindade de Jesus e deixando as partes a respeito do ensinamento morais e éticos. Jefferson carregava consigo essa versão editada do Novo Testamento, reverenciando Jesus como o maior professor de moral de todos os tempos.

De fato, as memoráveis palavras de Jefferson na Declaração de Independência tiveram como base os ensinamentos de Jesus de que toda pessoa é de imensa e igual importância perante Deus, independente de sexo, raça ou status social. O famoso documento diz: “Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis…”.

Mas Jefferson não respondeu uma pergunta: Se Jesus afirmou incorretamente ser Deus, ele não poderia ter sido um bom professor de moral. No entanto, Jesus de fato afirmou sua divindade? Antes de observarmos o que Jesus afirmou, precisamos analisar a possibilidade de ele ter sido simplesmente um grande líder religioso.

Jesus é Deus?
Grande líder religioso?
Surpreendentemente, Jesus jamais afirmou ser um líder religioso. Ele nunca se envolveu com políticas religiosas ou promoveu agressivamente suas causas, além de atuar quase sempre fora de locais religiosos.

Ao comparar Jesus com outros grandes líderes religiosos, uma notável distinção aparece. Ravi Zacharias, que cresceu na cultura hindu, estudou religiões do mundo todo e notou uma diferença fundamental entre Jesus Cristo e os criadores de outras grandes religiões.

“Em todos esses, existe uma instrução, um modo de viver. Não é Zaratustra quem você consulta, é Zaratustra quem você escuta. Não é Buda que o liberta, são as Nobres Verdades que o instruem. Não é Maomé que o transforma, é a beleza do Corão que o lisonjeia. No entanto, Jesus são somente ensinou ou expôs sua mensagem. Ele era a sua própria mensagem”.

A verdade na afirmação de Zacharias é ressaltada pelas diversas vezes nos Evangelhos em que os ensinamentos de Jesus foram simplesmente “Venha a mim”, “Siga-me” ou “Obedeça-me”. Além disso, Jesus deixou claro que sua principal missão era perdoar os pecados, algo que somente Deus poderia fazer.

Em As maiores religiões do mundo, Huston Smith apontou: “Somente duas pessoas surpreenderam tanto seus contemporâneos a ponto de provocarem a pergunta ‘O que é ele?’ em vez de ‘Quem é ele?’. Essas duas pessoas foram Jesus e Buda. As respostas de Jesus e Buda para essa pergunta foram exatamente opostas. Buda disse claramente que ele era um simples mortal, e não um deus, quase que como se estivesse prevendo futuras tentativas de adoração. Jesus, por outro lado, afirmou… ser divino.”

E isso nos leva à questão do que Jesus realmente afirmou sobre si mesmo: Jesus afirmou ser divino?

texto completo em: http://y-jesus.org


quarta-feira, 25 de outubro de 2017

LIBERTARISMO E PAZ

Estarei postando aqui uma série de artigos sobre essa outra parte do libertarimo tão pouco conhecida em nosso país e ainda menosprezada em sua influência ou pouco valorizada por aqueles que a conhecem. Esta vertente mais especificamente falando é a composta pelo anarquismo pacifista incluindo o anarquismo cristão.
Para inaugurar uma série de artigos sobre o libertarismo e sua relação com o cristianismo (assim como vertentes similares: essenismo, gnosticismo, catarismo, maniqueísmo, etc.) considerei essa postagem uma boa introdução.


Anarquismo Cristão
O Anarquismo cristão (também conhecido como cristianismo libertário) com base nos ensinamentos de Jesus defende que a única autoridade legítima é Deus e repudia qualquer autoridade secular. Alguns anarquistas cristãos se opõem ao uso da violência tanto para ataque como para defesa. Contudo, vertentes libertárias como a dos taboritas, sob o comando militar de Jan Zizka, baseadas em passagens como Evangelho de Mateus 10:34, Evangelho de Lucas 22:36, Eclesiastes 3:1-10, entre outras, não hesitaram em fazer uso da força.
Os anarquistas cristãos se opõem a todo tipo de tirania local ou global, sugerem que há plena compatibilidade entre anarquismo e cristianismo, e argumentam que uma das razões pelas quais Jesus foi perseguido pelo governo romano, pelos líderes religiosos e pelo Sinédrio, foi porque foi visto como um anarquista, como uma ameaça ao status quo. Para eles, a liberdade é justificada espiritualmente através dos ensinamentos de Jesus, e que, na história, o desvio desses ensinamentos foi promovido principalmente por Constantino.
Leon Tolstói, em seu livro O Reino de Deus está em vós, idealiza uma sociedade baseada na compaixão e em princípios não-violentos. A obra desse escritor russo influenciou Gandhi na luta pela independência da Índia e Martin Luther King nos Estados Unidos da América na luta pela emancipação de pobres, negros e mulheres. Tolstói acreditava que para a efetiva destruição do Estado bastava o não pagamento de impostos e a abstenção do serviço militar. Adin Ballou e Ammon Hennacy defenderam idéias semelhantes.
Jacques Ellul embora recomendasse a atitude de Jesus de seguir “como ovelha para o matadouro” como ideal para o cristão, não deixou de colaborar com a resistência francesa contra a ocupação nazista promovida por Adolf Hitler.

Os ideais do anarquismo cristão estão presentes nestes movimentos:
Anabatistas
Mennonitas
Amish
Quakers
Huteritas
Taboritas
alguns dissidentes ingleses
Doukhbors
Movimento de Trabalhadores Católicos

Pensadores:
Kierkegaard
Henry David Thoreau (disputado)
Leon Tolstói
Nikolai Berdayev
Ammon Hennacy
Jacques Ellul
Dorothy Day
Watchman Nee
Mário Ferreira dos Santos

Fonte: http://www.anarquista.net/anarquismo-cristao-vertentes-do-anarquismo/


segunda-feira, 23 de outubro de 2017

O CÂNON NEOTESTAMENTÁRIO

A palavra cânon, para muitos, não é comum. Seu significado etimológico está ligado a
uma planta — o junco, do hebraico qaneh (Ez 40.3). Transliterado para o grego, esse kanón
ou “cana” (“Caule de várias plantas da família das gramíneas, tais como a taquara, o
bambu, a cana-de-açúcar, etc.”, dic. Aurélio), servia como aferidor de medida. Com o correr
do tempo, passou então a significar “padrão”. Seu significado original continuou sofrendo
mutações. Na época do Novo Testamento, o apóstolo Paulo aplicou a palavra cânon como
“regra moral”, em Gálatas 6.16, e “medida”, em 2Coríntios 10.13,14. Foi Orígenes, porém,
quem primeiro a usou como “regra de fé”. Mais tarde, no século 4o, a palavra cânon aparece com o sentido de “lista” dos livros do Antigo e Novo Testamentos.
Quando, então, falamos no cânon do Novo Testamento, estamos, na verdade, nos
reportando à lista dos 27 livros aceitos como divinamente inspirados, que servem como
regra de fé e prática dos cristãos. Canônico, por conseguinte, denota aquilo que está de
acordo com o cânon relacionado aos 66 livros da Bíblia.
Já tivemos a oportunidade de tratar antes sobre a estrutura dos evangelhos. As
perguntas deste capítulo serão as seguintes: “Como essa lista dos 27 livros foi aceita pela
Igreja? Como foi sua seleção? Quem coligiu esses livros como canônicos? Quais foram os
fatores que levaram a isso?”.
 A história do cânon tenta entender de que modo tais coleções e, finalmente, a coleção
do Novo Testamento, tomaram a forma que possuem hoje.
A resposta mais adequada, talvez do ponto de vista estritamente histórico e não tão
objetivo, é que o Espírito Santo direcionou a Igreja a separar o joio do trigo, ou seja, os livros divinamente inspirados de outras obras falsamente atribuídas aos apóstolos, e isso inclui também as literaturas de caráter ortodoxo que tratavam igualmente sobre a fé cristã, mas não possuíam autoridade divina.
Jesus foi categórico quando afirmou: “Mas, quando vier o Espírito da verdade, ele vos
guiará [os apóstolos] em toda a verdade” (Jo 16.13). Os livros do Novo Testamento
possuíam, por assim dizer, o imprimatur divino. Contudo, nosso outro enfoque agora
recairá na parte mais técnica. Iremos mostrar, mediante uma pesquisa histórica mais
objetiva, o desenvolvimento do cânon neotestamentário. É oportuno, entretanto, começar
mostrando, de forma resumida, a história da autoridade do conteúdo desses livros antes da
formação do cânon sagrado, o que poderíamos chamar de um “protocânon”, ou cânon oral.
Aliás, o único cânon escrito usado até então pela Igreja antes da composição dos escritos
apostólicos era a Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento usada pelos cristãos como texto-prova para mostrar que Jesus era o Messias prometido pelos profetas (Lc 24.44).
Mesmo uma leitura superficial dos evangelhos mostrará que as palavras de Jesus
possuíam uma autoridade espiritual equiparada à autoridade dos livros do Antigo
Testamento.
 Suas palavras deveriam ser praticadas (Mt 7.24).
 Suas palavras eram eternas (Mt 24.35).
 Suas palavras eram espírito e vida (Jo 6.63).
 Suas palavras eram de vida eterna (Jo 6.68).
 Suas palavras deveriam ser obedecidas (Jo 15.7-10).
 Sua doutrina era de Deus (Jo 7.16,17).
 Sua autoridade era superior à autoridade de Moisés (Jo 5.46).
Logo, Jesus Cristo e, posteriormente, os apóstolos se tornaram o “cânon vivo” da Igreja
enquanto pregavam oralmente a doutrina cristã. Lucas relata que a Igreja perseverava na
“doutrina dos apóstolos” (At 2.42; 5.28). As pregações apostólicas, possivelmente, devem ter sido estereotipadas nas comunidades locais e, por conta disso, houve, também
possivelmente, uma categorização oral dessas pregações. Vejamos como se expressa a
introdução do Novo Comentário da Bíblia: “Além do evangelho escrito, recordado pelos
quatro evangelistas, havia o evangelho falado ou oral, a boa-nova (euangelion) proclamada
por Cristo e pelos discípulos”.
Como vimos, Marcos, bem cedo, talvez por volta do final da década de 40, começa a
escrever seu evangelho, o qual é tomado como base por Mateus e Lucas. Se a corrente de
pensamento acima esposada pela maioria dos críticos modernos for a correta, então Marcos gozou bem cedo de uma autoridade histórica e apostólica. Lucas nos diz que fez uma investigação minuciosa. Duas palavras usadas no original precisam ser destacadas aqui:
akribos (minucioso), que pode ser traduzida para “meticuloso”, “preciso”, “rigoroso”, e
parakoloutheo (investigação), que vem de dois vocábulos gregos: para, que denota “ao lado
de, perto” e akoloutheo, que exprime: 1) Seguir a alguém que precede, juntar-se a ele como
seu assistente, acompanhá-lo; 2) Juntar-se a alguém como um discípulo, tornar-se ou ser
seu discípulo (Strong). Tal foi o exame criterioso que Lucas fez antes de redigir seu
evangelho.
Assim, Lucas, ao se basear em parte no evangelho de Marcos que, segundo a tradição
de Papias, em parte recebera de Pedro, confere implicitamente autoridade apostólica ao
mesmo.
Há de se destacar que, por esse tempo, a coleção das cartas de Paulo já formava o que
muitos chamam de corpus paulinun. Pedro chega a citar as epístolas de Paulo,
equiparando-as às “Escrituras” (2Pe 3.15,16).
Se Pedro escreveu sua epístola entre 66 e 67, como bem atestam alguns estudiosos,
então as cartas do apóstolo já eram consideradas de valor canônico na Igreja primitiva. Dois
pontos podem ser destacados para mostrar esta verdade:
O próprio Paulo acreditava na inspiração de seus escritos, como sugerem alguns
textos (1Co 7.40; 14.37), por serem autorizados (1Co 2.16; 7.17; 14.37,38; 2Ts 3.14).
Paulo ordenava que suas epistolas fossem lidas pelas igrejas (Cl 4.16; 1Ts 5.27).
Como se Formou o Cânon?
Alguns fatores circunstanciais contribuíram para que o cânon dos 27 livros do Novo
Testamento fosse coligido. Vejamos tais fatores:
1) Combate às heresias,
2) Perseguições e
3) Solidificação da religião cristã.
As profecias sobre os falsos mestres, proferidas por Cristo (Mt 24.11), Pedro (2Pe 2.1) e
Paulo (At 20.29,30), haviam começado a se cumprir na época de João (1Jo 2.19; 4.1-3; 2Jo
1.7). Entre as sete igrejas do Apocalipse, aparecem alguns pequenos grupos heréticos da
época, dirigidos por alguns falsos apóstolos (Ap 2.2) que apresentavam a doutrina de Balaão
(Ap 2.14) e dos nicolaítas (Ap 2.15). E também Jezabel, “mulher que se diz profetisa” (Ap
2.20).
Na época, florescia também o gnosticismo, doutrina sincretista que misturava
doutrinas cristãs com ensinamentos pagãos. Os grupos cristãos gnósticos afirmavam que o
corpo de Jesus era apenas ilusório (docético), pois consideravam a matéria má e
pecaminosa, daí as advertências de João em 1João 4.2.
É possível que grupos espúrios da época de Paulo (judaizantes) e João (gnósticos)
começaram a produzir seus próprios escritos, conferindo-lhes autoridade apostólica. Alguns
escritos espúrios em nome dos apóstolos começaram a circular ainda quando eles estavam
vivos. Lucas 1.1-3 parece sugerir que muitos desses escritos, antecedentes ao seu
evangelho, não fossem fidedignos. Subentendemos isso pela advertência que Lucas faz a
Teófilo no versículo 4: “Para que tenhais plena certeza das coisas em que foste ensinado”.
Na segunda metade do século 2o, fervilhavam escritos atribuídos aos apóstolos, tais
como: evangelhos, atos, epístolas e apocalipses. Mas todas essas obras foram produzidas
por grupos heréticos que tentavam propagar e fundamentar suas heresias usando o nome
dos verdadeiros apóstolos de Cristo. Pais da Igreja como Irineu e Tertuliano escreveram
abundantemente combatendo tais grupos e suas respectivas heresias.
Eusébio de Cesaréia, por volta do século 4o, mostra, em sua obra História eclesiástica,
a proliferação dos heresiarcas que existiram desde o final do século 1o até sua época. Foi
também nesse período que começaram a circular pela Igreja muitos escritos de cristãos,
como, por exemplo, o livro catequético Didaquê (Pastor de hermas), entre outros.
Todavia, a necessidade de se ter um cânon autorizado dos livros do Novo Testamento
se fez sentir realmente quando Marcião (140 d.C.), um cristão com tendências gnósticas,
elaborou uma lista particular de livros contendo apenas o evangelho de Lucas e dez
epístolas de Paulo. Os evangelhos e as epístolas que se referiam a Jesus como Filho do Deus
do Antigo Testamento foram rejeitados por Marcião, e também todo o Antigo Testamento. A Igreja reagiu reprovando esse cânon. Agora, restava saber qual era o verdadeiro cânon do
Novo Testamento.
Até então, a Igreja não havia se preocupado em formular uma lista definida dos livros
autênticos ou não. Mas todos os livros que compõem hoje o nosso Novo Testamento foram
aceitos pela Igreja, com exceção, e isso apenas em algumas regiões, dos sete livros finais.
Todavia, isso ocorreu mais por causa do isolamento geográfico entre as igrejas do que por
escolha própria. Na polêmica contra os heréticos, era necessário saber que livros, de fato,
eram autênticos, quais deles estavam revestidos de autoridade divina e quais não.
Conseqüentemente, restava saber que livros deveriam ser lidos como sendo verdadeiramente inspirados nas igrejas.
Os Princípios Usados no Critério de Seleção
Depois da controvérsia com Marcião, os cristãos começaram a acelerar o processo de
canonicidade que já estava em andamento. Em resumo, esse processo seguiu mais ou
menos o seguinte padrão: os livros do Novo Testamento foram escritos pelas testemunhas
oculares ou discípulos de tais testemunhas (Marcos e Lucas); sua leitura foi amplamente
recomendada pelos apóstolos (Paulo, João e Pedro); foram colecionados (epístolas de Paulo) e aceitos pelas igrejas como sendo úteis para dirigir a vida espiritual e doutrinária da Igreja; ganharam aceitação por parte de toda a Igreja e não apenas das congregações locais; e, por último, foram, mais tarde, oficialmente aprovados mediante decisão formal da Igreja. Alguns critérios, no entanto, foram usados pelos cristãos para decidir se um livro era autêntico ou não, dos quais destacamos os seguintes:
A. A Apostolicidade da Obra. O material em consideração pela comunidade
eclesiástica deveria ter sido redigido por um dos doze que conviveram com Jesus. No
entanto, esse critério era um tanto flexível, pois havia pessoas que não foram testemunhas
oculares, mas escreveram obras sobre a vida de Cristo. Então, neste caso, o termo
apostolicidade não precisava significar necessariamente autoria apostólica, poderia ser
autoridade e aprovação apostólica. Temos um bom exemplo nos escritos dos dois
evangelistas, que, apesar de não terem sido do corpo original dos apóstolos, no entanto,
escreveram com a autoridade de um apóstolo. Lembrando que Marcos foi companheiro de
Pedro e Lucas, de Paulo.
B. A catolicidade da obra. Este fator envolve a circulação, o uso e a aceitação do livro.
Já que não era fácil comprovar a autenticidade apostólica, esta característica auxiliou, e
muito, a confecção do cânon. Os autores sagrados haviam deixado discípulos em suas
igrejas, mas só os livros usados pela Igreja como um todo vieram a ser incluídos no cânon.
Como os pastores e membros das várias congregações se comunicavam entre si por cartas,
os livros mais usados se tornaram obviamente conhecidos. Vale a pena lembrar que muitos
livros não foram aceitos por causa desse segundo princípio de aferição. Apesar disso,
alguns, como já dissemos, ficaram restringidos, por algum tempo, a algumas regiões por
falta de comunicação.
C. A ortodoxia na obra. Este foi um dos princípios mais importantes aplicados pelos
líderes das igrejas de então. O ensino da obra deveria concordar com a regra de fé — regula
fidei. Isto é, coerência entre cada livro e a ortodoxia da Igreja. Visto que muitos grupos
heréticos se escoravam em escritos espúrios, a Igreja teve de separar o joio do trigo. Quando a obra apresentava erros teológicos que colidiam com a fé da Igreja como um todo e histórias fabulosas explicitamente reprováveis, era rejeitada.
D. A inspiração da obra. O critério essencial é o mesmo que levou ao reconhecimento
do Antigo Testamento. Um fator preponderante foi o testemunho do Espírito Santo dentro
da Igreja. A inspiração não foi colocada de fora para dentro, mas de dentro para fora, e a
Igreja, como um corpo, discerniu isso. Os livros que iriam ser inseridos na lista canônica
deveriam dar provas cabais dessa inspiração. Os livros apostólicos se mostravam com
autoridade, eram proféticos e, o mais importante, sua mensagem transformava vidas.
Os Primeiros Cânones
Como já vimos, o primeiro a elaborar um cânon na história da Igreja foi Marcião. Mas
como seu cânon era imparcial e tendenciosamente herético, foi imediatamente repudiado
pela Igreja. O fato de Marcião rejeitar certos livros é praticamente uma prova de que tais
livros eram revestidos de autoridade. Não tardou e os principais líderes das igrejas
começaram a atacar a lista proposta pelo herege. Os livros rejeitados por Marcião foram
ardorosamente defendidos por Irineu e Tertuliano, entre outros. Os mesmos estavam
praticamente em uso na Síria, na Ásia Menor e em Roma. A Igreja sentiu a necessidade de
elaborar uma lista oficial dos livros canônicos. Com isso, várias listas começaram a
aparecer. Algumas delas, então, foram sendo criadas pela Igreja. As duas primeiras listas
elaboradas depois de Marcião, quem sabe como uma resposta ao seu cânon particular,
foram o Diatessaron e o Muratoriano.
A. Diatessaron. Em 170 d.C., um cristão chamado Taciano já agregava em uma só
obra os quatro evangelhos.
B. Fragmento muratoriano. Surgido em 170 d.C. (?), tal documento é um manuscrito
do século 8o, cópia do original, descoberto pelo sacerdote italiano Ludovico Antonio
Muratori, no século 13. Alguns o situam até mesmo antes do Diatessaron, por volta de 150
d.C. Essa lista mostra os mesmos livros que temos hoje, com exceção de três epístolas:
Tiago, 2Pedro e Hebreus.
C. O cânon de Orígenes. Orígenes classificou os livros em duas categorias:
homologoumena, conhecidos e aceitos por todos, e antilegomena, aqueles que ainda
perduravam alguma dúvida em algumas regiões, a saber: Hebreus, Tiago, 2Pedro, 1 e 3João,
Judas e alguns apócrifos.
D. O cânon de Atanásio. Em 325 d.C., numa carta enviada à sua Igreja, por ocasião
da páscoa, Atanásio, bispo de Alexandria e campeão da ortodoxia contra o arianismo,
confeccionou uma lista contendo os 27 livros que deveriam ser lidos na Igreja. Essa lista
continha os mesmos livros do nosso atual Novo Testamento.
D. O cânon de Eusébio de Cesaréia. Em 325 d.C., Eusébio seguiu à risca a mesma
lista organizada por Atanásio e classificou os livros em reconhecidos, discutidos e espúrios.
E. Outros cristãos. Clemente de Alexandria, Irineu, Tertuliano e, posteriormente,
Cirilo de Jerusalém (386 d.C.) figuram na história como defensores de um cânon do Novo
Testamento que continham os quatro evangelhos, as epístolas de Paulo, Atos, 1Pedro, 1João e Apocalipse.
F. Concílios da Igreja. O Concílio de Nicéia já havia tocado no assunto, mas foram os
Concílios de Hipona (393 d.C.) e de Cartago (397 d.C.) que ratificaram a lista dos 27 livros
de Atanásio, conservados até hoje em nossa Bíblia.
Por Que Houve Demora na Aceitação de Alguns Livros?
Escritores como Eusébio de Cesaréia classificaram a literatura cristã vigente como
segue:
 No grupo dos homologoumena, os livros aceitos por todos, estavam os quatro
evangelhos, Atos, as epístolas paulinas, 1Pedro e 1João.
 O grupo dos pseudepígrafos compunha os livros rejeitados, ou seja, todos os
apócrifos do Novo Testamento. Geralmente, tais livros eram escritos por seitas
gnósticas, docéticas ou ascéticas. Eis uma lista de alguns desses livros espúrios:
A. Atos Apócrifos
de André Séc. 3o
de João Séc. 2o
de Tiago Séc. 2o
de Paulo Séc. 2o
de Pedro Séc. 1o- 2o
de Tomás Séc. 3o
de Tadeu Séc. 3o
B. Evangelhos Apócrifos
dos hebreus Séc. 1o (?)
dos egípcios ou tradição de Matias Séc. 2o
dos ebionitas ou dos 12 apóstolos Séc. 2o
de Pedro Séc. 2o
de “pseudoTomé” Séc. 2o
Proto-evangelho de Tiago Séc. 2o
Árabe da infância Séc. 2o (?)
Copta de Tomé, o dídimo Séc. 2o
de Filipe Séc. 3o
de Maria Madalena ?
da Verdade ?
de Nicodemos Séc. 2o – 5o
de Matias ?
de Barnabé ?
de André ?
de Judas Iscariotes ?
de Eva ?
de Basílides ?
de Cerinto ?
de Bartolomeu ?
C.Epístolas Apócrifas
3Coríntios Séc. 2o
dos apóstolos Séc. 2o
aos laodicenses Séc. 2o
aos alexandrinos Séc. 2o
Entre Paulo e Sêneca Séc. 3o
D. Apocalipses Apócrifos
de Pedro Séc. 2o
de Paulo Séc. 3o
de Estêvão ?
de Tomé Séc. 4o
de João ?
da Virgem ?
Sibila cristã Séc. 3o
E. Outros Documentos Apócrifos
Declaração de José de Arimatéia Séc. 2o
Descida de Cristo aos infernos Séc. 5o
A cura de Tibério Séc. 6o
A vingança do Salvador ?
Cartas entre Pilatos e Herodes Séc. 5o
Cartas entre Pilatos e Tibério Séc. 5o
Relatório de Pilatos Séc. 7o
Tradição de Pilatos Séc. 7o
A morte de Pilatos ?
Trânsito ou passagem de Maria Séc. 3o – 6o
Livro do descanso Séc. 3o – 6o
História de José, o carpinteiro
O terceiro e último grupo era formado pelos antilegomena, nos quais perduravam
algumas dúvidas, a saber: Hebreus, Tiago, 2Pedro, 1 e 3João, Judas e Apocalipse.
Entre os questionamentos que retardaram sua aceitação em algumas regiões podemos
destacar os seguintes:
 Anonimato. Por não trazer o nome do autor, a epístola aos Hebreus, por algum
tempo, não foi considerada de origem apostólica. Posteriormente, a crítica primitiva
a incorporou às cartas de Paulo.
 Aparente discrepância doutrinária. Um caso típico foi a carta de Tiago, que não era
considerada por muitos de origem apostólica, devido ao aparente conflito entre os
seus ensinos e os ensino do apóstolo Paulo sobre a justificação pela fé. Contudo,
alguns exegetas resolveram esse problema e a carta de Tiago foi incluída nos livros
canônicos.
 Diferenças de estilo. A segunda epístola de Pedro provê um bom exemplo disso. Ao
contrário da carta aos Hebreus, a segunda epístola de Pedro traz o nome do
apóstolo. Todavia, a objeção maior estava relacionada ao seu estilo literário, quando
comparada à primeira carta de Pedro. No entanto, Pedro poderia muito bem ter
lançado mão de um amanuense (escrevente). Se esse foi o caso, fica, então,
explicada a aparente diferença. As epístolas de João e o livro do Apocalipse entram
também nessa categoria.
 Diálogo com livros apócrifos. O problema quanto ao texto de Judas se deu pelo fato
de ele ter citado os livros apócrifos da literatura judaica, como, por exemplo, o livro
de Enoque (v. 14,15) e a assunção de Moisés (v. 9). Mas devemos lembrar que tais
livros não são postos na mesma categoria das Escrituras Sagradas, antes, são
apenas citações de obras não inspiradas, tal como fez o apóstolo Paulo em algumas
de suas epístolas ao citar poetas pagãos (At 17.28).
 Outros fatores. Além de tudo o que já foi falado, há as questões do tamanho, do
caráter particular de cada livro, do seu destino e/ou a falta de aplicabilidade às
necessidades da Igreja naquele período.
Apesar de a maioria dos pais da Igreja se posicionar a favor de muitos desses livros,
outros, porém, não agiam dessa forma, e isso por causa da questão geográfica, que gerava
falta de comunicação entre as igrejas, ou por causa da má interpretação quanto aos ensinos
dos livros. Mas quando o mal-entendido foi desfeito, tais livros foram definitivamente
incluídos no cânon neotestamentário.
O Novo Testamento é Confiável?
A conclusão que tiramos é que o cânon sagrado não foi imposto como decisão de um
concílio qualquer e muito menos de uma pessoa. Não. O cânon, de per si, já prova sua
autenticidade. O que os cristãos fizeram foi apenas reconhecer aquilo que já era regra de fé
há muito tempo nas igrejas cristãs. Apesar de existirem outros escritos sobre Jesus e sua
doutrina corrente na época, aprouve a Deus separar apenas esses 27 livros e marcá-los com
sua autoridade e aprovação para o uso de sua Igreja.
Já ficou sobejamente demonstrada a genuinidade dos evangelhos. Agora se nos
apresentam outras questões:
 O texto que possuímos hoje é realmente aquele que saiu da pena dos evangelistas e
apóstolos ou foi alterado no decorrer dos séculos?
 Houve interpolações, omissões ou corrupções no texto?
Um documento pode ter sido genuíno, mas de nada adianta se as cópias que
possuímos não refletem a mesma fidelidade no conteúdo como foi escrito.
Geralmente, a acusação feita por alguns críticos é de que as nossas cópias são
corrompidas. Entretanto, o Novo Testamento é, sem dúvida, o documento mais bem
atestado da antiguidade. Existem mais cópias dele do que de qualquer outro documento
antigo. São mais de cinco mil manuscritos em grego e versões antigas em siríaco e em
outras línguas. “Entre a redação de Sófocles, Ésquilo, Aristófanes e Tucídides e o primeiro
códice que possuímos desses escritos, há um intervalo de 1400 anos; 1600 para Eurípedes e
Catulo [...] 1200 para Demóstenes; e 700 para Terêncio. As cópias mais antigas existentes
hoje do Novo Testamento são dos séculos 2º e 3º d.C.”.
Todos esses achados tornam o Novo Testamento o texto antigo mais bem
documentado e atestado, quando comparado com outros escritos da antiguidade clássica.
[No original há uma tabela comparando essas datações entre vários outros autores históricos]
Vê-se, facilmente, que se alguém rejeitar a autenticidade histórica do Novo
Testamento, então deverá, por coerência, rejeitar a autenticidade histórica de todos os
demais escritos antigos, porque o Novo Testamento é, de longe, o mais bem atestado, tanto
pelo número de cópias existentes como pela proximidade em anos da cópia mais antiga em
relação ao original. Nenhum outro escrito sequer chega perto do Novo Testamento nesses
critérios.
As Variantes
As variantes existentes nos evangelhos são outro ponto ressaltado pelos críticos para
diminuir sua confiabilidade. Será que tais variantes não podem prejudicar a crença de que
os nossos textos modernos refletem o mesmo texto do original?
Por terem sido produzidos em diferentes áreas e sob diferentes circunstâncias, e
devido aos erros de ortografia dos copistas, alguns manuscritos contêm diferenças entre si,
o que chamamos de variantes textuais.
Bruce Metzger, uma das maiores autoridades em grego neotestamentário da
atualidade, afirma que as diferenças não afetam substancialmente nenhuma doutrina
cristã.
Norman Geisler e Willian Nix acrescentam: “O Novo Testamento, então, não apenas
sobreviveu em maior número de manuscritos que qualquer outro livro da antiguidade, mas
sobreviveu em forma mais pura que qualquer outro grande livro – uma forma 99,5% pura”.
Grasso cita o parecer de algumas autoridades como Amiot e Hort ao se expressar da
seguinte maneira: “No conjunto dos manuscritos se encontram, aproximadamente, 250 mil
variantes, incluindo as citações dos padres antes do século 4o e das antigas traduções. A
maioria delas é insignificante: refere-se somente à ortografia e à disposição das palavras.
Segundo Hort, 7/8 do texto estão fora de discussão. As variantes que modificam o texto
abrangem a milésima parte dele: somente umas quinze variantes têm certa importância;
contudo, nenhuma delas toca a substância do dogma estabelecido pelas passagens
criticamente certas, sem termos a necessidade de lançar mão de textos duvidosos”.

Fonte: Apologética do Novo Testamento - Universidade da Bíblia ® www.universidadedabiblia.com.br
www.universidadedabiblia.net

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Socialistas e Comunistas Crentes?

Os comunistas que se dizem cristãos ou crentes têm usado Atos 4:32 para defender o argumento comunista ou socialista entre os cristãos.
Mas como sabemos é completamente incompatível a doutrina comunista com o cristianismo. Vamos ao texto usado pelos marxistas em geral para convencer e desviar o povo de Deus para doutrinas de homens e para o pecado da avareza e da inveja.
'Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham." - Atos 4:32 NVI
Agora observe o texto no que diz. Primeiro: "Da multidão dos que creram", eram crentes, cristãos, que repartiam tudo entre si, não com todo mundo. Eram crentes, há portanto uma condição, ser cristão, não um direito natural como querem os comunistas induzir.
Segundo e mais importante ponto: "Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham". Eles não consideravam como unicamente seu coisa alguma, ao contrário dos comunistas que olham para as riquezas e propriedades dos outros como se devessem ser igualmente suas, eles almejam tomar de quem, não dar o que eles tem, justamente o contrário da comunidade cristã. E os cristãos faziam isso porque eram cristãos, porque assim queriam, porque eram livres em Cristo para isso, não porque era imposto por uma lei, sistema, líder ou pelo estado. Havia liberdade, não imposição. Havia compaixão, não apego, não inveja, não cobiçar o que pertence a outro. Havia um querer compartilhar, não um querer ser beneficiado. Ninguém tomava nada de ninguém nem era obrigado a contribuir. Não se apropriavam, não estatizavam, não tomavam de outro porque o outro tinha a mais, como faz o estado comunista, mas todos compartilhavam em liberdade e entre si, cristãos. Não era uma suposta distribuição de renda com todos feita através de impostos e apropriações como propõem os socialistas.
A nossa resposta a esse argumento dessa doutrina sistematizada da inveja, da cobiça, da ganância e da avareza, que é o socialismo, pode ser encontado em Lucas 12:13-15: "Alguém da multidão lhe disse: 'Mestre, dize a meu irmão que divida a herança comigo'. Respondeu Jesus: 'Homem, quem me designou juiz ou árbitro entre vocês?' Então lhes disse: 'Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens'”. - Lucas 12:13‭-‬15 NVI

Observe que Jesus não se coloca como juiz de bens materiais, de distribuição de riquezas, nem de "justiças sociais", pelo contrário critica a cobiça do homem mesmo tendo sido uma divisão de herança aparentemente injusta (especialmente para os comunistas que pregam o igualitarismo cego, aliás, nem poderiam ver isso como injusto sob esse aspecto, já que sua doutrina é contra o direito de herança).
Observe ainda mais um ponto em que a doutrina comunista, que é o materialismo sistemático, dialético e histórico, é completamente oposta à palavra de Deus. O comunismo afirma categoricamente a dependência da personalidade, educação e do caráter aos bens materiais, exatamente ao contrário do que diz Jesus, que "a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens". Marx dizia que a vida, a liberdade, o conhecimento, o carater, etc. são completamente determinados pela matéria e pelos bens materiais.
Jesus detectou a motivação do homem, a ganância por trás do argumento vazio de justiça, de distribuição de bens, de sentimento de injustiçado, discurso muito usado pelos comunistas para chegar ao poder, quando então agem completamente ao contrário, em benefício próprio e da manutenção do poder, deixando para a grande maioria da população a igualdade em miséria. 

E de que adiantaria ao homem granhar a herança no mundo e perder sua alma?

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Teorias de Surgimento das Igrejas Batistas

A história academicamente aceita sobre a origem das Igrejas Batistas é o surgimento como um grupo de dissidentes ingleses no século XVII. Essa igreja nasceu quando um grupo de refugiados ingleses que foram para a Holanda em busca da liberdade religiosa em 1608, liderados por John Smyth, um clérigo e Thomas Helwys, um advogado, organizaram em Amsterdã, em 1609 uma igreja de doutrinas batistas.
Teoria Tradicional
A teoria mais comumente aceita para o surgimento das Igrejas Batistas é a de que estas surgiram na Europa através de vários grupos que pensavam da mesma forma. Não tem data oficial de criação, pois foi surgindo aos poucos em vários lugares diferentes da Europa. Nunca houve, oficialmente, uma igreja fundadora, nem um fundadoɾː a expressão apareceu em vários tempos e lugares diferentes. As Igrejas batistas interpretam o batismo (imergir em água) como uma exposição pública de sua fé. A denominação historicamente é ligada aos dissidentes ingleses ou movimentos de anticonformismo do século XVI. Um importante movimento batista surgiu em uma colônia inglesa na Holanda, num tempo de reforma religiosa intensa.
John Smyth discordava da política e de alguns pontos da doutrina da Igreja Anglicana da qual ele era pastor após uma aproximação com os menonitas e, examinando a Bíblia, creu na necessidade de batizar-se com consciência e em seguida batizou os demais fundadores da igreja, constituindo-se assim uma igreja batista organizada. Até então, o batismo não era por imersão, só os batistas particulares, por volta de 1642, adotaram oficialmente essa prática tornando-se comum depois a todos os batistas. A primeira confissão dos particulares, a Confissão de Londres de 1644, também foi a primeira a defender o imersionismo no batismo. Depois da morte de John Smyth e da decisão de Thomas Helwys e seus seguidores de regressarem para a Inglaterra, a igreja organizada na Holanda desfez-se e parte dos seus membros uniram-se aos menonitas. Thomas Helwys organizou a Igreja Batista em Spitalfields, nos arredores de Londres, em 1612.
A perseguição aos batistas e a outros dissidentes ingleses, fez com que muitos emigrassem. O mais famoso foi John Bunyan, que escreveu sua obra-prima O Peregrino enquanto estava preso. Nos Estados Unidos, a primeira igreja batista nasceu através de Roger Williams, que organizou a Primeira Igreja Batista de Providence em 1639, na colônia que ele fundou com o nome de Rhode Island, e John Clark que organizou a Igreja Batista de Newport, também em Rhode Island em 1648. Em terras americanas os batistas cresceram principalmente no sul, onde hoje sua principal denominação, a Convenção Batista do Sul, conta com quase 15 milhões de membros, sendo a maior igreja evangélica dos Estados Unidos.
Teoria da Sucessão Apostólica
Teoria de Sucessão Apostólica, ou JJJ (João - Jordão - Jerusalém) postula que os batistas atuais descendem de João Batista e que a igreja continuou através de uma sucessão de igrejas (ou grupos) que batizavam apenas adultos, como os montanistasnovacianosdonatistaspaulicianosbogomilosalbigenses e cátarosvaldenses e anabatistas. Os batistas landmarkistas utilizam este ponto de vista para se auto-proclamar única igreja verdadeira. Existem algumas associações batistas, dentre elas a Associação Batista Missionária da América - BMAA, a qual se ligam as Associação Batista Brasileira e a Associação Batista Missionária Boliviana, que defendem escritos do autor Carrol que sustenta a ideia de que os pontos doutrinários que os batistas sustentam são da igreja primitiva, transmitidos por várias igrejas dentre elas a Igreja Pauliciana, a Igreja Menonita, a Igreja Anabatista, e posteriormente a Igreja Batista Inglesa. Nessa perspectiva, os batistas não seriam protestantes. 
Essa teoria apresenta alguns problemas, como o fato que grupos como bogomilos e cátaros seguiam doutrinas gnósticas e o gnosticismo é contrário às doutrinas batistas de hoje. Também, alguns desses grupos que sobrevivem até o presente, igrejas como a dos valdenses (que desde a Reforma é uma denominação Calvinista) ou dos paulicianos, não se identificam com os batistas.
Esta teoria, assim como a Teoria Anabaptista é rejeitada por muitos historiadores Batistas como Henry C. Vedder e Robert G. Torbet, mas é sustentada teologicamente por alguns ramos batistas. Para eles, varias igrejas batistas fundadas em diversas épocas com fundadores diferentes.
Teoria Anabaptista
teoria anabatista afirma que os batistas descendem dos anabatistas, que pregaram sua mensagem no período anterior e durante a Reforma Protestante.
O evento mais citado para apoiar essa teoria foi o contato que John Smyth e Thomas Helwys com os menonitas na Holanda. Todavia, além de em 1624 as cinco igrejas batistas existentes em Londres terem publicado um anátema contra as doutrinas anabatistas, também os anabatistas modernos rejeitam ser denominados batistas e há pouca relação entre os dois grupos.
Entre os anabatistas e os batistas há algumas similaridades:
·         Crença no Batismo adulto e voluntário;
·         Visão do Batismo e da Ceia do Senhor como ordenanças;
·         Separação da Igreja e Estado.
Existem, contudo, algumas diferenças entre os batistas e os anabatistas modernos (por exemplo os menonitas):
·         Os anabatistas normalmente praticam o Batismo adulto por aspersão e não por imersão como os batistas;
·         Os anabatistas são pacifistas extremos e se recusam a jurar;
·         Os anabatistas creem em uma doutrina semi-nestoriana sobre a Natureza de Cristo, que não recebeu nenhuma parte humana de Maria;
·         Os anabatistas enfatizam a vida comunal enquanto os batistas a liberdade individual;
·         Os anabatistas recusam a participar do Estado, enquanto os batistas podem ser funcionários públicos, prestar serviço militar, possuir cargos políticos;
·         Os anabatistas creem em um estado de "sono da alma" entre a morte e a ressurreição.


Notas históricas sobre o cristianismo esotérico


Do ponto de vista do oculto, a tradição Cristã esotérica remonta-se, a si própria, primariamente a uma excelsa e devota Ordem que existiu na Palestina, designada por Essénios. Eles são descritos como um terceiro grupo que existiu para além dos outros dois mencionados no Novo Testamento, os hipócritas Fariseus e os materialistas Saduceus. Os Essénios não são mencionados no Novo Testamento e evitavam qualquer referência a si próprios e aos seus métodos de estudo e de adoração. Jesus, de acordo com a tradição Cristã esotérica, foi um elevado Iniciado educado pelos Essénios, até aos trinta anos de idade, e alcançou um estado muito elevado de desenvolvimento espiritual. É possível que a sua educação haja sido conduzida entre os Essénios Nazarenos de Monte Carmelo, uma comunidade na zona da Galileia.

Os ensinamentos ocultos Cristãos referem que a maior fonte viva da tradição Cristã esotérica, no decorrer do desenvolvimento da civilização ocidental, teve início no século XIV com a constituição de uma irmandade secreta de homens santos designada por Ordem Rosacruz, que se expôs a si mesma pela primeira vez na profunda obra esotérica A Divina Comédia. Esta Ordem abriu a Iniciação nos Mistérios, naquele tempo e nos séculos que se seguiram, aos indivíduos com maior preparação e mérito, qualidades alcançadas por esforço dos próprios. Por volta dessa época começa também a idade da Alquimia, expressando o conhecimentos oculto através de escritos herméticos, do tipo criptográfico, para evitar a perseguição e o mau uso dos ensinamentos sagrados por parte do homem. Nos seus Manifestos do início o século XVII, a Ordem Rosacruz menciona "nós reconhecemo-nos verdadeiramente e sinceramente professar Cristo (...) viciamo-nos na verdadeira Filosofia, levamos uma vida Cristã" (in Confessio Fraternitatis [1], 1615) e estabelece o tempo e o modo como viria a apresentar publicamente ao mundo o seu conhecimento, num esforço para trazer uma "Reforma da Humanidade" através de uma mais avançada fase da religião Cristã. O Cristianismo Rosacruz, começado no início do século XX em 'Monte Ecclesia'  relaciona-se a si próprio com este renascimento público da Ordem.

A teosofia Cristã clássica, que precede a Sociedade Teosófica e o Martinismo, inclui alquimistas conhecidos, através dos seus escritos, como estando ligados ao movimento Rosacruz. Entre os Cristãos teosofistas encontramos homens letrados como Valentin Weigel, Heinrich Kunrath, Johann Arndt, Johann Georg Gitchel, Jakob Boehme, Gottfried Arnold, Jan Baptist van Helmont, Robert Fludd, John Pordage, Jane Leade, e Pierre Poiret.

Mais tarde, é especialmente reconhecido Emanuel Swedenborg porque uma igreja seguiu os seus ensinamentos desde 1787. A New Church e a Swedenborgian Church of North America. Martines de PasquallyLouis-Claude de Saint-Martin e Jean-Baptiste Willermoz são três das mais influentes figuras do Martinismo, que data do início do século XVII e continua a existir até aos dias de hoje.

Outras perspectivas modernas sobre o Cristianismo Esotérico incluem a Ordem Hermética da Aurora Dourada e suas principais ramificações, os Builders of the Adytum, a Society of the Inner Light e os Servants of the Light. Paul Foster Case, W. E. Butler, Dion Fortune e Gareth Knight em particular, são autoridades desses ramos que contribuíram para a literatura dedicada a um Cristianismo Esotérico. Alguns dos modernos neo-Templários e neo-Essénios são também dignos de nota.


Fundamentos Bíblicos:
O Caminho: « Ego sum Via, Veritas et Vita »

Jesus respondeu-lhe: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir até ao Pai senão por mim." (João 14:6)

O Conhecimento Esotérico:

Respondendo, disse-lhes: "A vós é dado a conhecer os mistérios do Reino do Céu, mas a eles não lhes é dado." (Mateus 13:11)
Disse-lhes: "A vós foi dado a conhecer os mistérios do Reino de Deus; mas aos outros fala-se-lhes em parábolas, a fim de que, vendo, não vejam e, ouvindo, não entendam."(Lucas 8:10)

A Vivência Mística (o coração):

Jesus disse, então, aos discípulos: "Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. (Mateus 16:24)
Depois, dirigindo-se a todos, disse: «Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-me." (Lucas 9:23)

O Estudo Oculto (a mente):

e disse: "Em Verdade vos digo: Se não voltardes a ser como as criancinhas, não podereis entrar no Reino do Céu." (Mateus 18:3)
"Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como um pequenino, não entrará nele." (Marcos 10:15)


Fontes:
 EHRMAN, Bart. Lost Christianities (em inglês). New York: Oxford University Press, 2003. 108 p.
Waite, Charles B.. History of the Christian Religion to the Year Two-Hundred (em inglês). [S.l.: s.n.], 1881.
         www.espiritualismo.info