segunda-feira, 10 de julho de 2017
V I S Õ E S de M U N D O
No Bundashin, o Livro da Primeira Criação, da
cosmologia de Zaratustra, lemos o seguinte:
“Está desvelado que, desde tempos imemoriais,
Ahura-Mazda (o criador incriado) reside nas
alturas, adornado com onisciência e bondade,
cercado de luz. Essa luz é o lugar e a morada de
Ahura-Mazda. Alguns a denominam luz infinita.
Essa onisciência e bondade formam a veste de
Ahura-Mazda. Alguns a chamam de religião... O
tempo da veste é infinito, pois a bondade e a
religião do criador incriado durarão tanto tempo
quanto Ahura Mazda.”
Henri Corbin diz em seu livro O tempo cíclico e a
Gnosis de Ismail, que o Bundashin é um compêndio
da doutrina de zaratustra e Ahura-Mazda, escrito
em pálavi, uma das línguas do persa médio do
primeiro milênio. Esse compêndio, que data do
século 4 de nossa era, contém certo número de
perguntas que todos os persas com idade superior
a quinze anos deveriam saber responder. As
primeiras perguntas são as seguintes:
“Quem sou eu e a que lugar pertenço? De onde
venho e para onde vou? Qual é a minha filiação e
a que raça pertenço? Qual é a minha missão nesta
existência terrena? ... venho do mundo celeste ou
foi no mundo terreno que comecei a existir? Pertencerei
a Ahura-Mazda ou a Arimã? Faço parte
dos anjos ou dos demônios?”
E aqui estão as respostas:
“venho do mundo celeste. Não foi no mundo
terreno que comecei a existir. Meu estado original
é espiritual; meu estado original não é terreno.
Pertenço a Ahura-Mazda, o Senhor da Sabedoria,
não a Arimã (o espírito da separação e das
trevas). Pertenço aos anjos, não aos demônios...
Sou uma criatura de Ahura-Mazda, não uma criatura
de Arimã. Minha raça e minha ascendência
remontam ao homem original (anthropos). Minha
mãe é Spandarmat, o anjo da terra, meu pai é
Ahura-Mazda... Cumprir minha missão é aprender
que Ahura-Mazda é hoje, que ele sempre foi e
sempre será. É aprender a vê-lo como imortalmente
sublime e perpetuamente puro. E aprender
que Arimã é a pura negatividade que exaure a si
mesmo e retorna ao nada, vê-lo como espírito
da separação (o mal), que antes não existia nesta
criação e que, um dia, deixará de existir na criação
de Ahura-Mazda, e no fim dos tempos desaparecerá.
É considerar que meu ser verdadeiro pertence
a Ahura-Mazda e aos arcanjos”. - Revista Pentagrama 3/2013
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