quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

LIBERTARISMO, LIBERTARIANISMO E LIBERTÁRIOS

Rapidamente, no intento de apenas apresentar, poderíamos dar uma visão geral do que vem a ser libertário hoje. 

Além de alguns anarquistas (que foram os primeiros a se auto intitularem de libertários na história política, isto não se pode negar) temos exemplos de libertários entre algumas raras correntes liberais (ou mesmo libertárias) brasileiras. Temos também alguns maçons e rosacruzes, bem como os chamados thelemitas, estes quase nunca, ou nunca, sequer são citados. Todos estes de alguma forma concordam com as ideias centrais do pensamento libertário. Que em geral é a filosofia política que tem como fundamento a defesa da liberdade individual, da não agressão[], da propriedade privada[] e da supremacia do indivíduo (em oposição à ideia de que o individuo deve ser sacrificado pela maioria ou que ele é menos importante que o todo, bem como a todos os coletivismos e determinismos)[]; o libertarismo defende os direitos de liberdade de expressão, a liberdade mental (ou de pensamento), os direitos fundamentais e a igualdade perante a lei, a liberdade religiosa e qualquer outra liberdade individual; preconiza a liberdade em todos os aspectos. 

Quanto ao estado pretende o libertarismo a desburocratização estatal, a intervenção mínima do estado (ou mesmo a ausencia total deste no caso de alguns mais radicais), propõe o livre mercado e uma redução drástica de impostos, ou a inexistência de qualquer imposto, a inexistencia de qualquer intervenção estatal na economia e até mesmo no controle da moeda. Quando se fala em estado mínimo as bandeiras variam desde um estado que inclua apenas segurança e defesa nacional e algum poder legislativo até os modelos que incluem alguma forma de administração pública da saúde, estradas, florestas, saneamento básico, e até mesmo educação. 

As raízes remontam ao taoísmo, ao pensamento aristotélico grego, à escolástica espanhola e ao renascimento e iluminismo escocês, que moldaram o liberalismo clássico. São várias as correntes de pensamento e muitas as discordâncias como em qualquer outra ideologia política séria, porém, em seu mínimo denominador comum, apoiam a expansão das liberdades individuais tanto econômicas quanto sociais, alguns falam de uma justaposição entre liberalismo econômico e social.

Existem também divergências significativas entre os autores libertários, ou entre seus precursores, em termos de epistemologia, ontologia e metodologia na interpretação dos fenômenos sociais e econômicos. Mises e Rothbard se distinguem com particular relevância de seus predecessores. São estes tais como John Locke, Frédéric Bastiat, David Hume, Alexis de Tocqueville, Adam Smith, David Ricardo, Rose Wilder Lane, Lysander Spooner, Milton Friedman, David Friedman, Ayn Rand, Friedrich von Hayek. Em próximas publicações estaremos aprofundando também este assunto.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

O FAÇA VOCÊ MESMO E A DIVERSIDADE DE IDEIAS

Quando eu era adolescente naturalmente adotei a disciplina do “faça você mesmo”, reaproveitar e transformar o quebrado e o usado, construir seus próprios utensílios, usar as roupas até acabarem e virar pano de chão, ouvir e fazer músicas bem elaboradas e com letras significativas. Metade dos meus amigos agia de forma parecida, outros exaltavam o poder de comprar, as marcas famosas, o orgulho de se “vestir bem” e saber as músicas da moda.
Evidentemente nós da outra metade achávamos tudo aquilo ridículo, riamos disso e isso, é claro, gerava muitas discussões, mas nada que separasse as amizades nem dividisse os amigos em dois grupos distintos e rivais. Eles também nos ridicularizavam e faziam pantomima nos escarnecendo. Mas naturalmente cada um considerava a liberdade do outro ser o que quer (e a liberdade de falar mal das escolhas do outro também) e pregava a obrigação de suportar a consequência dos seus atos.
Veja bem, tudo isso acontecia naturalmente, sem nenhuma doutrina social, política ou religiosa por trás, nem doutrinação por parte dos pais, mas simplesmente a liberdade de ser. Isso acontecia naturalmente. As turmas eram divididas por localidade. Tinha a turma de cima e a de baixo. Para mim ainda a turma de cima era a do meio porque também me relacionava com a turma mais de cima da ladeira. Todas as turmas se inter-relacionavam principalmente através dos jogos e brincadeiras. Futebol, vôlei, bola de gude, pipa, pinhão (eu não sabia rodar pinhão), figurinha, gibi, se esconder, cola-ajuda, cross, skate, etc.
Isso me levou depois a gostar do anarquismo. Anarquismo não é bagunça, é liberdade de ser e fazer o quiser, é autogestão, ausência do estado controlador, cooperação entre as pessoas de acordo com os interesses e necessidades, é o “faça você mesmo”, enfim, eu já vivia quase tudo isso naturalmente então foi fácil apoiar as ideologias anarquistas e acreditar que elas não são apenas o ideal, mas também possíveis.
E a anarquia tinha como bandeira e sinônimo principal a liberdade. Nós anarquistas, fosse de que tipo fosse, intelectuais, politizados, punks, anarcopunks, surfistas-de-cristo, rastafáris, ou o que fosse que pensasse parecido (sim, porque pouco se sabia sobre as ideias e origens delas, então se chamavam uns aos outros mais ou menos assim não de acordo com a linha de pensamento) éramos todos libertários.
Ainda hoje, acredito que se os seres humanos fossem deixados livres, de ideias coletivistas e sociais, as chamadas ideias políticas (que na verdade são ideologias e não “políticas”, pois animais sociais e portanto políticos todos já nascemos), não seríamos corrompidos pelas ideologias e naturalmente chegaríamos a algum tipo de organização social anárquica ou pelo menos muito liberal. Mas admito que talvez não. E mais, tendo passado ao longo da vida por algumas ideologias diferentes, estudando teóricos diferentes e vivenciando, trocando ideias a respeito do meio que vivemos, admito e sei que diante do mundo como vivemos hoje o anarquismo não é possível.
Isso, se você é um anarquista convicto pode parecer uma leitura decepcionante agora. Se você, por outro lado, defende alguma ideologia ou sistema diferente, parecerá um alívio agora, não? Espero que todos continuem lendo para saber por que eu digo isso.
Penso que a melhor maneira para as sociedades humanas conviverem harmoniosamente é a plena liberdade de cada um respeitando inteiramente a plena liberdade de cada um, a plena liberdade de um respeitando a plena liberdade do outro, a minha e a sua plena liberdade possível. Ressalto ser isto de acordo com o que penso, não por uma arrogância de acreditar que meu pensamento seja mais inteligente ou mais correto ou superior, mas para alertar o leitor que por mais parecidas ou mesmo iguais em alguns aspectos a outras ideias (as ideias libertárias ou liberais, por exemplo), não estou defendendo necessariamente nenhum conjunto de ideias estabelecidas nem alguma corrente de pensamento ou ideologia. Não, pelo contrário, acredito que aceitar ou ter uma ideologia inflexível é um grande aprisionamento. Claramente falando não acredito, ou talvez mesmo abomine a uniformidade de ideias; aborreço o coletivismo em tudo, principalmente o ideológico. Acredito na pluralidade de ideias e na necessidade da contradição, da divergência, da oposição. Isso me parece lógico e sensatamente a melhor opção. Mas isto não é tão óbvio para alguns.