domingo, 31 de março de 2024

Livro da Ordem de Cavalaria - prólogo



Livro da Ordem de Cavalaria  

Ramon Llull 

(1279-1283) 




IT 



O.I.T.O.

 





E.T.C.A.  

Escola Terapêutica das Ciências Antigas 
 

 

 

 

 

Deus honrado, glorioso, que sois cumprimento de todos os bens, por vossa graça e vossa bênção começa este livro que é da Ordem de Cavalaria. 

 

 

INICIA O PRÓLOGO 

1. Por significação dos VII planetas, que são corpos celestiais e governam e ordenam os corpos terrenais, dividimos este Livro de cavalaria em VII partes, para demonstrar que os cavaleiros tem honra e senhorio sobre o povo para o ordenar e defender. A primeira parte é do começo de cavalaria; a segunda, do ofício de cavalaria; a terceira, do exame que convém que seja feito ao escudeiro com vontade de entrar na ordem de cavalaria; a quarta, da maneira segundo a qual deve ser armado o cavaleiro; a quinta, do que significam as armas do cavaleiro; a sexta é dos costumes que pertencem ao cavaleiro; a sétima, da honra que se convém ser feita ao cavaleiro.  

2. Em uma terra aconteceu que um sábio cavaleiro que longamente havia mantido a ordem de cavalaria na nobreza e força de sua alta coragem, e a quem a sabedoria e ventura o haviam mantido na honra da cavalaria em guerras e em torneios, em assaltos e em batalhas, elegeu a vida ermitã quando viu que seus dias eram breves e a natureza o impedia, pela velhice, de usar as armas. Então, desamparou suas herdades e herdou-as a seus infantes, e em um bosque grande, abundante de águas e árvores frutuosas, fez sua habitação e fugiu do mundo para que o enfraquecimento de seu corpo, no qual chegara pela velhice, não lhe desonrasse naquelas coisas que, com sabedoria e ventura ao longo do tempo o haviam honrado tanto. E, por isso, o cavaleiro cogitou na morte, relembrando a passagem deste século ao outro, e entendeu a sentença perdurável a qual havia de vir.  

3. Em um belo prado havia uma árvore muito grande, toda carregada de frutos, onde o cavaleiro vivia naquela floresta. Debaixo daquela árvore havia uma fonte muito bela e clara, da qual eram abundantes o prado e as árvores que ali eram ao redor. E o cavaleiro havia em seu costume, todos os dias, de vir àquele lugar adorar e contemplar e pregar a Deus, a qual fazia graças e mercês da grande honra que Lhe havia feito todos os tempos de sua vida neste mundo.  

4. Em aquele tempo, na entrada do grande inverno, aconteceu que um grande rei muito nobre e de bons e bem abundantes costumes, mandou haver cortes. E pela grande fama que tinha nas terras de suas cortes, um escudeiro de assalto, só, cavalgando em seu palafrém, dirigia-se à corte para ser armado novo cavaleiro; e pelo esforço que havia suportado em sua cavalgada, enquanto ia em seu palafrém, adormeceu; e naquela hora,  

o cavaleiro que na floresta fazia sua penitência chegou à fonte para contemplar a Deus e menosprezar a vaidade daquele mundo, segundo que cada um dos dias havia se acostumado.  

5. Enquanto o escudeiro cavalgava assim, seu palafrém saiu do caminho e meteu-se pelo bosque, e andou tão à vontade pelo bosque, até que chegou na fonte onde o cavaleiro estava em oração. O cavaleiro, que viu chegar o escudeiro, deixou sua oração e assentou-se no belo prado, à sombra da árvore, e começou a ler em um livro que tinha em sua falda. O palafrém, quando foi à fonte, bebeu da água; e o escudeiro, que sentiu em sua dormência que seu palafrém não se movia, despertou e viu diante de si o cavaleiro, que era muito velho e tinha grande barba e longos cabelos e rotas vestes por seu uso; e pela penitência que fazia, era magro e pálido, e pelas lágrimas que vertia, seus olhos eram humildes, tudo dando uma aparência de vida muito santa. Muito se maravilharam um do outro, pois o cavaleiro havia longamente estado em seu eremitério, no qual não havia visto nenhum homem depois de haver desamparado o mundo e deixado de portar armas; e o escudeiro se maravilhou fortemente como tinha chegado naquele lugar.  

6. O escudeiro desceu de seu palafrém saudando agradavelmente o cavaleiro, e o cavaleiro o acolheu o mais belamente que pôde, e sentaram-se na bela erva, um ao lado do outro. O cavaleiro, que percebeu que o escudeiro não queria primeiramente falar porque lhe queria dar honra, falou primeiramente e disse: — Belo amigo, qual é a vossa coragem, onde ides e por que vieste aqui? — Senhor — disse o escudeiro — é fama por longínquas terras que um rei muito sábio mandou haver cortes, e fará a si mesmo cavaleiro e logo armará cavaleiros outros barões estrangeiros e privados. E por isso, eu vou àquela corte para ser novo cavaleiro; e meu palafrém, enquanto dormia pelo trabalho que tive nas grandes jornadas, conduziu-me neste lugar.  

7. Quando o cavaleiro ouviu falar de cavalaria e relembrou a ordem de cavalaria e o que é pertencente ao cavaleiro, verteu um suspiro e entrou em considerações lembrando a honraria no qual a cavalaria o havia mantido tanto tempo. Enquanto o cavaleiro assim cogitava, o escudeiro perguntou ao cavaleiro quais eram suas considerações. O cavaleiro disse:  

— Belo filho, meus pensamentos são sobre a ordem de cavalaria e do grande dever que é do cavaleiro manter a alta honra de cavalaria.8O escudeiro rogou ao cavaleiro que lhe dissesse o que era a ordem de cavalaria, e de que maneira o homem pode melhor honrá-la e conservar a honra que Deus lhe havia dado. — Como, filho? — disse o cavaleiro — e tu não sabes qual é a regra e a ordem da cavalaria? E como tu podes aspirar à cavalaria se não tem sapiência da ordem de cavalaria? Pois nenhum cavaleiro pode manter a ordem que não sabe, nem pode amar sua ordem, nem o que pertence à sua ordem, se não sabe a ordem de cavalaria, nem sabe conhecer as faltas que são contra sua ordem. Nem nenhum cavaleiro deve ser cavaleiro se não sabe a ordem de cavalaria, porque desonrado cavaleiro é que faz cavaleiro e não sabe lhe mostrar os costumes que pertencem ao cavaleiro.  

9. Enquanto o cavaleiro dizia aquelas palavras e repreendia o escudeiro que desejava cavalaria, o escudeiro perguntou ao cavaleiro: — Senhor, se a vós aprouver dizer-me em que consiste a ordem de cavalaria, assim sentirei coragem de aprender a ordem e seguir a regra e a ordem de cavalaria. — Belo amigo — disse o cavaleiro — a regra e a ordem de cavalaria estão neste livro que leio algumas vezes para que me faça relembrar a graça e a mercê que Deus me fez neste mundo; porque eu honrei e mantive a ordem de cavalaria com todo meu poder; porque assim como a cavalaria dá tudo que pertence ao cavaleiro, assim o cavaleiro deve empenhar todas as suas forças para honrar a cavalaria.  

10. O cavaleiro entregou o livro ao escudeiro; e quando o escudeiro acabou de o ler, entendeu que o cavaleiro é um eleito entre mil homens para haver o mais nobre ofício de todos, e tendo então entendido a regra e ordem de cavalaria, pensou consigo um pouco e disse: — Ah, senhor Deus! Bendito sejais Vós, que me haveis conduzido em lugar e em tempo para que eu tenha conhecimento de cavalaria, a qual foi longo tempo desejada sem que soubesse a nobreza de sua ordem nem a honra em que Deus pôs todos aqueles que são da ordem da cavalaria.  

11. — Amável filho — disse o cavaleiro — eu estou perto da morte e meus dias não são muitos, ora, como este livro foi feito para retornar a devoção e a lealdade e o ordenamento que o cavaleiro deve haver em ter sua ordem, por isso, belo filho, portai este livro à corte onde ides e mostrai-o a todos aqueles que desejam ser novos cavaleiros; guardai-o e apreciai-o se amais a ordem de cavalaria. E quando fores armado novo cavaleiro, retornai a este lugar e dizei-me quais são aqueles que foram feitos novos cavaleiros e não foram tão obedientes à doutrina da cavalaria.  

12. O cavaleiro deu sua bênção ao escudeiro, e o escudeiro pegou o livro e muito devotadamente se despediu do cavaleiro, e subiu em seu palafrém e se foi para a corte muito alegremente. E sábia e ordenadamente deu e apresentou aquele livro ao muito nobre rei e toda a grande corte, e permitiu que todo cavaleiro que quisesse entrar na ordem de cavalaria o pudesse trasladar, para que de vez em quando o lesse e recordasse a ordem de cavalaria.  

(...)

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sexta-feira, 29 de março de 2024

Chico Xavier: a Farsa - PARTE 2


A Farsa de Chico Xavier - Por Pe. Quevedo

PROCURE A PARTE 1 NA BUSCA DO BLOG, POR FAVOR 

Mais uma máscara

Com a retratação do sobrinho reconhecendo que tudo, dele e do famoso tio, era pura farsa, Chico Xavier, às pressas, simplesmente com a roupa do corpo, abandonando tudo, fugiu secretamente de Pedro Leopoldo.

# Após algum tempo escondido, verificou-se que reaparecera como médium psicógrafo em Uberaba. Até o fim da sua vida. E mais um engano ou disfarce tão grosseiro como atraente: na “Comunhão Espírita Cristã”...

Fingem ignorar que Espiritismo e Cristianismo são absolutamente incompatíveis.

# Mas Amauri Xavier Pena, carregado de remorsos, insistia na retratação. E os “espíritos superiores” decretaram sua morte: num muito conveniente “acidente” de carro...

O Testemunho da Irmã

Dona Maria Xavier, irmã mais velha e que se fizera de “mãe” de Chico Xavier, declarou inúmeras vezes que tudo isso da pretendida psicografia espírita era devido a incansável treino anos e anos a fio.

E freqüentemente declarou mais: que por tais testemunhos, Chico, quando já “médium” famosíssimo, por duas vezes tentou sugestioná-la para morrer, dizendo que os espíritos superiores haviam anunciado a morte dela para tal data. Errou. Novamente anunciou a morte para uns meses mais tarde. Errou de novo. Dona Maria Xavier não se deixou sugestionar pelo famoso irmão espírita.

Malandragens e mentiras

# Chico Xavier, quando “psicografa”, com os dedos tampa o olho esquerdo.

Para que? Nele é completamente cego.

# E com a palma da mão, folgadamente, encobre o olho direito fechado, de forma que num palpebrar rápido pode ver perfeitamente sem que os presentes percebam essa vulgar manobra...

Que, porém, não engana a nenhum aprendiz de mágico...

# Ou, então, deixa ao descoberto o olho esquerdo fechado, o cego, enquanto que encobre com a palma da mão com bastante folga o olho direito...

# Vendo-o falar sozinho, o pai leva-o à paróquia de Matosinhos, próxima a Pedro Leopoldo, para falar com o padre Sebastião Scarzelli. “Era um senhor muito bondoso, de quem eu recebia muitos conselhos e algumas penitências”.

“Uma das pequenas penitências impostas pelo padre: seguir todas as procissões que houvesse, carregando uma pedra de 15 quilos na cabeça. Uma vez eu tinha de rezar mil Ave-Marias. Ia rezando e contando. Quando chegava mais ou menos a 950, vinha um espírito brincalhão e me fazia errar a conta. Lá ia eu começar tudo de novo”.

“‘Cínico, tem parte com o Diabo, precisa internar’, e lá ia o pai com Chico ao padre, e tome mais Ave-Marias e outras penitências” (Entrevista ao repórter Ramón García y García, em “Fatos e Fotos”, 1977, artigo “As torturas a um menino órfão”, págs. 24 s).

- Alguém pode duvidar que estas afirmações de Chico Xavier sejam mentiras deslavadas? E quem assim mente quantas outras mentiras haverá proferido?

Doente mental

# Por motivos de saúde houve que fazer o eletroencefalograma de Chico Xavier, fora do controle dos espiritistas quando fingia que estava “psicografando”. Resultado esclarecedor: “Foco temporal classicamente responsável por distúrbios sensoriais, alucinações, ouvir vozes (...), arritmia, tendência a ataques epilépticos ou ‘transes’” (Ver, entre outras publicações, revista “Realidade”, Novembro, 1971).

# Depoimento do pai, Sr. João Cândido. Confessou o próprio Chico Xavier com referência à sua “iniciação mediúnica” na infância, de sonâmbulo falante e ambulante: “Meu pai estava querendo internar-me em um sanatório para enfermos mentais (...). Devia ter suas razões: naquela época me visitavam (...) também entidades estranhas perturbadoras” (Em entrevista ao repórter Mauro Santayana, “Folha Ilustrada”, São Paulo, 11-Julho-1982).

# Depoimento da madrinha, Dona Rita: “Dizia que eu era louco”. Surrava-me “por ser doido (...). Dizia a todo mundo que o menino era doido varrido” (Em entrevista ao repórter Ramón García y García, “Fatos e Fotos”, n.º 1072).

# Por afirmação do próprio Chico. Afirmou inúmeras vezes que estava sempre sendo assistido e inspirado por “Emmánuel”. Continuamente, ininterruptamente, dia e noite..., que o via, ouvia e sentia como a qualquer pessoa viva ou a qualquer coisa ao redor. Especialmente por “Emmánuel”, como chefe, mas também mais de 500 outros “espíritos” subordinados.

Sendo isto não só sem prova nenhuma senão também clarissimamente falso, como veremos, de duas uma: ou Chico Xavier não acreditava no que afirmava e seria um contínuo mentiroso e contínuo farsante, ou acreditava nessa afirmação e então estava completamente fora da realidade, o que significaria que era absoluta e continuamente louco em alto grau.
Surtos ou confirmações da loucura?

Se todo o proceder e afirmações de Chico Xavier foi totalmente farsa, os episódios a que agora vou me referir classificar-se-iam propriamente como surtos, ataques de loucura mais ou menos freqüentes. Se, porem, não fosse farsa, os casos que vamos citar seriam só confirmações, manifestações mais notáveis da sua plena e habitual grande loucura.

# Por exemplo, quando era escriturário no Ministério de Agricultura em Pedro Leopoldo: “Eu estava trabalhando, quando vi entrarem dois espíritos perturbados, que vinham já há vários dias fazendo ameaças. Um deles estava armado de revólver e, depois de me dirigir vários desaforos, disse que ia me matar. Dito e feito: apertou o gatilho e a bala atingiu meu ombro, mas só de raspão, porque eu ainda tive tempo de desviar o corpo (...). Tanto o tiro foi real, que eu fiquei oito dias com o ombro dolorido” (Em entrevista à revista “Realidade”, Novembro, 1971).

“Este coelho não é muito honesto. Outro dia, dois gatos meus vieram denunciá-lo (...). O coelho, disseram, lhes estava comendo a razão de carne. Os coelhos deveriam ser herbívoros, mas este, acanalhado, virou carnívoro” (Ibidem).

“Freqüentemente, quando viaja de carro, se nota uma folha ao vento ou alguma coisa semelhante, ‘mando parar. Temo que os cavalos do motor se assustem’ me diz Chico Xavier” (Ibidem).

# Etc., etc.
E as incongruências

Apresento algumas, entre milhares. Se Chico Xavier não era louco, a farsa seria gravíssima demais... Se Chico Xavier era um grande doente mental, não estranhariam as contínuas e enormes incongruências e que ele as atribuísse a “espíritos” superiores.

A propaganda que dele fazem os líderes do espiritismo é que deveria estranhar se não fosse conhecido o fanatismo e mesmo tortuosa intenção...

# No “Parnaso de Além Túmulo” Chico Xavier apresenta um soneto, no “estilo dos sonetos do exílio” como se fosse uma psicografia ditada pelo “espírito” de Dom Pedro II.

Ora, o “espírito” de Dom Pedro II não sabia nem ninguém lhe comunicou no além, nem a ele nem a Chico, que os “sonetos do exílio” não eram de Dom Pedro senão de um nobre que o acompanhava? (Com toda razão Gustavo Barroso ridicularizava então a Chico Xavier num artigo em “O Cruzeiro”).

# “E no caso de Humberto de Campos é mais grave”...

Porque ele capricha em obedecer ao Decreto do Governo Federal que instituiu a ortografia fonética, decreto baixado depois de seu trespasse” (Timponi, Miguel: “A Psicografia ante os Tribunais”, 4.ª edição, página 333).

# Chico Xavier fundou em Pedro Leopoldo o Centro Espírita São Luís Gonzaga, Rei da França.

Isto é, os “espíritos superiores” que pretendidamente assessoram a Chico seriam tão ignorantes, que não sabem que São Luís Gonzaga, jesuíta, italiano, morto muito jovem no século XVI é completamente diferente de São Luís, Rei da França, das Cruzadas, morto velho no século XIII.

# A “psicografia” mais reeditada e mais vendida, mais traduzida a outras línguas, mais difundida em Teatro e Televisão... é a novela “Nosso Lar”.

Não sabemos que admirar mais, se a tão delirante como brilhante imaginação de Chico Xavier ou o “fanatismo” dos seus propagandistas:

Conta a história no além do “espírito” do famoso médico Dr. Osvaldo Cruz, que no além e nas numerosíssimas mensagens transmitidas a Chico e nos numerosos lares e centros de espiritismo que patrocina, recebe o nome de André Luís. Este espírito “desencarnado”, ficou oito anos andando, andando (com que pernas?) sem saber por onde nem para onde. “Persistiam em mim as necessidades fisiológicas sem modificação” (um desencarnado precisando esconder-se detrás de arbustos para fazer xixi e cocô!). “Castigava-me a fome de todas as fibras” (?), “De quando em quando deparavam-se-me verduras (no além!), que me pareciam agrestes, em torno de humildes filetes d’água a que me atirava sequioso. Devorava (com que dentes?) as folhas desconhecidas, colocava os lábios (?) à nascente turva”, “Suguei lama da estrada”. “Não raro era imprescindível ocultar-me das enormes manadas de seres animalescos, que passavam em bandos quais feras insaciáveis”.

Por fim chegou “à frente de grande porta encravada em altos muros, cobertos de trepadeiras floridas e graciosas”. É o “Nosso Lar”, uma colônia espiritual do além consagrada ao Cristo, fundada por “espíritos” portugueses “desencarnados” no Brasil no século XVI. Tem um milhão de “almirantes”. Está num lugar do espaço mais perto do Sol do que da Terra (que cegos nossos astrônomos e astronautas que não encontraram no nosso sistema solar água, nem plantas, nem feras, nem habitantes, nem construções... nem esse “planeta”). Ocorria um movimento de greve para melhorar a comida, mas a ordem foi logo restabelecida com censura à imprensa, prisões em massa. André Luiz descreve “vampiros, rostos encabeirados, mãos esqueléticas, fácies monstruosas” com vômitos negros (apesar de desencarnados!?). Quem na Terra usou os olhos para o mal, em “Nosso Lar” (como espírito desencarnado!) comparece com as órbitas vazias. Quem usou as pernas para o mal, (desencarnado!) fica paralítico e mesmo sem pernas. Mas de um a outro lado da colônia, há um serviço regular de aerobus.

Naqueles dias o governador do “Nosso Lar” comemorava seu 114.º aniversário de governança (lá também há ditadura!), assistido por doze Ministérios, cada ministério orientado por 12 ministros (lá também há cabides de empregos).

Através das brechas nos muros da cidade, por desleixo do Ministério e dos serviços de Regeneração, havia intercâmbio clandestino (como o contrabando daqui!), pelo que o Governador “mandou ligar as baterias elétricas das muralhas da cidade, para emissão de dardos magnéticos”.

# Toda a sua vida Chico Xavier proclamou que seu principal “espírito guia” era “Emmánuel” (assim, com acento tônico na letra a, proparoxítona), afirmando que fora “senador romano dos tempos de Cristo”.

Chico ouviu que o latim não tem oxítonas, e transformou a palavra em proparoxítona. É que nenhum “espírito” do além saberia que a palavra “Emmánuel” não existe, é Emmanuel (oxítona), como Manuel, Gabriel, Rafael, Miguel.

E nenhum “espírito” de morto saberia que Emmanuel não é uma palavra latina, senão hebraica, que significa “Deus conosco”, termo profético aplicado na Bíblia a Jesus Cristo.

# Quando ridicularizei a afirmação de Chico, pois nos tempos de Cristo nenhum senador romano poderia chamar-se “Emmánuel”, nome cristão, e então o Cristianismo ainda não chegara a Roma, Chico Xavier inventou que “Emmánuel” era o pseudônimo de Públio Léntulo.

Corresponderia o ônus da prova a Chico Xavier..., ou a “Emmánuel”.

Houve um senador romano chamado Publius Cornelius Lentulus, padrasto do Imperador Marco Antônio, e foi destituído do Senado por corrupção e por corrupção executado a pedido do célebre orador Cícero. Mas nenhum “espírito” de morto sabia que essa execução foi no ano 63 antes do nascimento de Cristo... Portanto, bem longe de ser contemporâneo de Jesus.

# Quando perguntei, publicitariamente, contra a absurda afirmação dos espiritistas kardecistas, se “Emmánuel” esquecera de reencarnar, Chico Xavier inventou que “Emmánuel” tivera outras duas reencarnações posteriores, o padre Manuel da Nóbrega, jesuíta, e o padre Damián, espanhol.

O ônus da prova?

Agradeço a homenagem: sou jesuíta e espanhol.

# Acontece que Chico Xavier disse que o padre Manuel da Nóbrega teria sido a última reencarnação de “Emmánuel” segundo revelação dele próprio (Citemos, entre tantas fontes, por exemplo, “O Popular”, de Goiânia, 19-Novembro-1975, 2.º Caderno, página 15).

Quando mente Chico Xavier? Quando diz que a última reencarnação de “Emmánuel” foi no padre Nóbrega, ou quando diz que no padre Damián? (Claro, as duas são mentiras).

# Mas mesmo com as tais supostas duas reencarnações não se resolve o problema. O padre Manuel da Nóbrega morreu em 1570. Segundo Chico teria reencarnado 50 anos depois (portanto 1620) no padre Damián, espanhol que haveria evangelizado na França.

Ora, e depois voltou a esquecer de reencarnar?

# Acontece também que todos os senadores romanos (“Emmánuel”), e todos os jesuítas até há poucos anos (padre Manuel da Nóbrega), e todos os padres antigos (como seria o não identificado padre Damián) falamos latim. Desafiei em nome da Parapsicologia Internacional: 10.000 dólares a Chico e mais outros tantos a cada um dos que coubessem na sala, se Chico conseguisse falar ao menos um minuto comigo em latim. E nas mesmas condições outros 10.000 se falasse em espanhol (padre Damián). E nas mesmas condições outros 10.000 se falasse em francês (padre Damián, de novo).

# Etc., etc., etc. Acrescentarei mais alguns disparates somente a respeito da reencarnação, absurdo de que espiritistas kardecistas são ferrenhos propagadores...

E se dizem cristãos, sendo que é impossível conciliar reencarnação com ressurreição, esta que é baluarte principal da fé cristã. O próprio Cristo, e Nossa Senhora já não mais existiriam, pois haveriam reencarnado já várias vezes!

# Inúmeras vezes Chico cai em contradição com respeito à reencarnação. Por exemplo, na “Mensagem aos meus pais” do “espírito” de Syumara de Oliveira “psicografada” por Chico: “Conservem a certeza de que surgirá o dia em que nos reencontraremos para a felicidade sem ponto final” (Reunião Pública no Grupo Espírita da Prece, Uberaba, 7-Junho-1980).

O que é proclamar a ressurreição e felicidade eterna.

# Igualmente na tão paparicada “psicografia” em que teria escrito em espelho e em inglês,

Não fosse evidente que foi desenhada muito pacientemente uma frase aprendida de cor; truque tão infantil; perante que testemunhas “psicografou” tal frase?...

Mas o que agora frisamos: o conteúdo da frase é contra a interpretação reencarnacionista da dor, contra a doutrina espiritista em geral, e no sentido cristão de colaborar com Cristo na Redenção do mundo: (Tradução) “Meus caros amigos espiritualistas, o conhecimento dos homens é nulo em face da morte (o conhecimento dos espiritistas, pois a eles seria dirigida a mensagem de “Emmánuel”); suportai a vossa Cruz com paciência e coragem. A dor e a fé são os maiores tesouros terrenos e o trabalho é o ouro da vida”.

# Se a dor e as doenças fossem em castigo de “reencarnações” anteriores como absurdamente diz o próprio Chico e os espiritistas kardecistas em geral, Chico Xavier seria, em vez de um espírito muito desenvolvido, como pretendem, pois desde criançinha teria péssimo “karma”, perdendo a mãe aos cinco anos, foi maltratado por cruel madrinha, sempre teve péssima saúde, sexualmente invertido, tendência à epilepsia e alucinações, sofreu dois infartos, teve labirintite muito violenta, a próstata temia-se que o levasse à morte prematura, ficou cego do olho esquerdo, etc., etc.: Uma coletânea do pior “karma” (!?).

# Em resposta ao repórter Almir Guimarães, Chico afirma que o Beato padre José de Anchieta está “no plano espiritual” (“Pinga Fogo” da TV Tupi e “Especial Encarte” do “Diário de S. Paulo”, Dezembro 1971, página 12).

É claro, não há reencarnação, está ressuscitado com corpo espiritualizado no Céu por toda a eternidade.

Mas com referência a essa absurda doutrina dos espiritistas kardecistas, também o padre Anchieta esqueceu de reencarnar?

E também agradeço a nova homenagem: O padre Anchieta também era espanhol e jesuíta...

# Quando Chico praticava “exercício ilegal da medicina” (artigo 284 do Código Penal), as receitas seriam por “psicografia” do “espírito” de Bezerra de Menezes.

Mais um que haveria esquecido de reencarnar...

# Etc., etc.
Vaidade doentia

Muitos ficam surpresos pelo fato concreto de o “humildíssimo” Chico usar peruca até terminar o implante de cabelos, e antes sempre boina.

É típica a vaidade exacerbada como mecanismo doentio para compensar defeitos que poderiam levar ao complexo de inferioridade. Em Chico Xavier, homossexualidade, toda a vida doente, surtos ou contínua psicose... Não insistirei nisto, só o mínimo para desmascarar em Chico o contínuo fingimento de humildade. Bastem as palavras do grande psiquiatra Professor Dr. Silva Mello: “Dentro do espiritismo, do mediunismo, da psicografia há muito desejo oculto, muita necessidade de ser diferente e maior e melhor do que os outros, muita vaidade, muito amor próprio (...) bem disfarçado (...). E talvez em nenhum território humano apareça isso de maneira tão evidente como justamente no campo do espiritismo” (“Mistérios e Realidades deste e do Outro Mundo”, página 277).

Nem adivinho, nem inspirado

Nada teria de mais que Chico Xavier tivesse alguma adivinhação, do pensamento ou realidade, em relação com alguma pessoa viva, no presente ou num passado ou futuro não muito distantes. Como tantas outras pessoas têm, ou mesmo todas alguma vez. Mas Chico Xavier não tinha um mínimo que fosse de controle da adivinhação, nem estava contra o que afirmava, inspirado continuamente, ininterruptamente, dia e noite, especialmente por “Emmánuel” e mais outros 500 guias.

Além de ganhar os 60 mil dólares com que durante 40 anos eu lhe vim desafiando em nome da Parapsicologia Internacional,

# Não teria sido enganado por Otília Diogo nas fraudulentas materializações na própria casa de Chico Xavier, em Uberaba, farsa grosseira e contínua na que tão entusiasticamente colaborou, até ser tudo desmascarado pela equipe de repórteres (revista “O Cruzeiro”, ampla série de reportagens nos primeiros meses de 1964; e outras muitas reportagens posteriores, por exemplo, 27-10-1970; e em outras revistas inclusive do estrangeiro, por exemplo, na revista “Creencias Populares”, da Argentina, Março de 1975; e em jornais, por exemplo, série de quatro artigos em “A Gazeta” de Curitiba; etc.).

# Não teria confiado tão entusiasticamente, ao ponto de designá-lo para seu sucessor, em Amauri Xavier Pena, o sobrinho que o desmascarou.

# Não teria confiado nem deixado que seu “filho” adotivo, o dentista Eurípides Higino dos Reis, e a ex-mulher deste, Cristine Gertrude Shulz, desviassem dinheiro em grande quantidade durante anos, como denunciou o promotor de Investigações Criminais Dr. José Carlos Fernandes (“Veja” 14-fevereiro-2001; “Contigo”, 20-Fevereiro-2001; “O Estado de São Paulo”, 31-Março-2001; “Jornal do Brasil”, 21-Setembro-2001; etc., etc.).

# Entre outros muitos exemplos, não haveria obtido tão facilmente êxito o repórter Hamilton Ribeiro. A seu pedido, Chico Xavier “psicografou” uma mensagem do “espírito” da mãe do Sr. João Guignone, Presidente da Federação Espírita do Paraná.

Acontece que foi artimanha do repórter, a senhora “comunicante” está viva em Curitiba.

# Continua o repórter Hamilton Ribeiro: “Agora vou ler a receita psicografada do pedido que fiz hoje em nome de Pedro Alcântara Rodrigues, Alameda Barão de Limeira, 1.327, apto. 82, São Paulo (...). Na letra inconfundível da psicografia (de Chico Xavier), lá está: ‘Junto dos amigos espirituais que lhe prestam auxílio, buscaremos cooperar espiritualmente em seu favor. Jesus nos abençoe’”.

“O que pensar disso? Nem a pessoa com aquele nome, nem mesmo esse endereço existem. Eu os inventei” (revista “Realidade”, Novembro 1971).

# Instruído por mim, um deputado que havia perdido recentemente seu filho num acidente de moto, ficou conversando na ante-sala de Chico Xavier com uma determinada senhora, como se fosse simplesmente uma amiga. Entraram. O “espírito” do filho falecido, pela “psicografia” de Chico Xavier afirmou que estava lá presente, vendo-os, e pediu para que levassem um recado de consolo para a mãe, e comentou sobre a imprudência juvenil com que acelerou a moto...

Falharam os informadores que Chico tinha na cidade e na ante-sala. É prova de que “Emmánuel” & Cia. são pura falsidade. Acontece que a “amiga” que o “espírito” do morto estaria vendo que estava lá, e para quem um recado deveria levar, era mesmo a mãe!

E não fora o filho quem acelerou, ia de carona!

Conclusão Geral

Servimo-nos da recomendação aos espiritistas proferida pelo crítico literário João Dornas Filho que, como vimos, tanto invocavam deturpando-o: “Não devem lançar mão de fenômenos que não têm a transcendência que supõem, dados os veementes indícios de que interessam mais à psiquiatria (...). O fanatismo é o aniquilamento de todas as construções realistas (...). A psicografia (...), já está tomando ares dogmáticos que a boa razão absolutamente não aceita” (“Folha da Manhã”, São Paulo, 19-Abril-1945).

Reportagem completa em:
https://complexogalaad.blogspot.com/2016/01/a-farsa-de-chico-xavier-pe-quevedo.html